EFEITOS DO BAP E DO TDZ NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE BANANEIRA - 'MAÇÃ' ATRAVÉS DA
PROPAGAÇÃO RÁPIDA "IN VIVO"
EFEITOS DO BAP E DO TDZ NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE BANANEIRA - 'MAÇÃ' ATRAVÉS DA
PROPAGAÇÃO RÁPIDA "IN VIVO"
1
INTRODUÇÃO
A bananeira, até pouco tempo, era propagada, exclusivamente, através de
brotações espontâneas do rizoma. Porém, este tipo de propagação,
convencionalmente feito em condições de campo, é bastante limitado pela baixa
taxa de multiplicação, produzindo cada planta-matriz ou rizoma, 5 a 10 mudas
por ano (Vuylsteke & De Langhe, 1984). Além da baixa produção de mudas/
rizoma/ano, é importante salientar o grande risco de disseminação de pragas e
doenças, através dessa técnica (Pereira et al., 1996). Este fato, aliado à
significativa expansão da cultura nos últimos anos, exigindo grandes
quantidades de material propagativo, estimulou o interesse de se desenvolver
técnicas de propagação rápida "in vitro" e 'in vivo'. Atualmente,
graças ao aprimoramento dessas técnicas, é possível produzir grandes
quantidades de mudas em pequeno espaço de tempo e de local, livres de doenças e
pragas. Berg & Bustamante (1974), através do tratamento térmico de rizomas
de bananeira do subgrupo Cavendish e cultivo de meristemas de gemas em meio de
Knudson, obtiveram 75% de plantas livres de vírus. Hwang et al.(1484), através
da propagação rápida "in vitro", conseguiram produzir grandes
quantidades de mudas livres de patógenos sistêmicos como Fusarium oxysporum
f.sp. cubense, agente causal do mal-do-panamá. Todavia, Daniells (1997) alerta
para os perigos potenciais da propagação "in vivo" sobre a maior
suscetibilidade a pragas e enfermidades das plantas jovens oriundas de cultura
de tecidos.
Menendez & Loor (1979), trabalhando em casa de vegetação, obtiveram com o
emprego da propagação rápida "in vivo", através de ferimentos das
gemas laterais de bananeira-'Giant Cavendish', 98 mudas por rizoma tratado, num
período de dois meses. Por outro lado, Hamilton (1965), empregando a mesma
técnica, obteve 150 mudas de um único rizoma, num período de cinco a sete
meses. Dantas et al. (1986), com algumas modificações na técnica de Menendez
& Loor (1979), obtiveram, nas mesmas condições, 9 mudas por gema tratada da
cultivar Maçã, em 194 dias, e apenas 2 da Prata-anã, em 135 dias.
Com relação ao uso de reguladores de crescimento para induzir brotações na
propagação rápida "in vivo" da bananeira, os resultados divergem
bastante. Godinho (1991), empregando esta técnica na propagação da bananeira-
'Prata', obteve 29,6 mudas/rizoma, ou seja, 6,6 mudas/broto tratado com 10,0
mg/l de BAP, em 104 dias. Por outro lado, Menegucci (1993), trabalhando com a
cv. Prata, Silva (1992), com pedaços de rizoma da cv. Mysore e Pereira et al.
(1996) com a cv. Maçã, não obtiveram aumento significativo no número de mudas
produzidas com a aplicação do BAP. Silva (1992) e Menegucci (1993) atribuem o
abaixo índice de brotação às baixas temperaturas, uma vez que, segundo Brunini
(1984), temperaturas e umidade relativa inferiores a 16,0ºC e 75,0%,
respectivamente, são prejudiciais à bananeira. Por outro lado, Teixeira &
Ferreira (1983) conseguiram, após três semanas de cultivo, cerca de 20 vezes o
número de brotações adventícias por explante de bananeira-'Maçã' com 5,0mg/L de
BAP; porém, como se trata de cultura "in vitro", as condições
ambientais são controladas.
Quanto ao uso do TDZ na indução de brotações em bananeira, Pereira et al.
(1996) não encontraram efeito significativo na produção de mudas da cultivar
'Maçã' através da propagação "in vivo" com o uso de 10,0 ou 20,0 mg/
L de TDZ. Daquinta et al. (2000) também relatam que o TDZ a 0,2 ou 2,0 mg/L não
aumentou o número de brotações de bananeira-'FHIA-18' através da propagação
"in vitro", em relação à testemunha, contendo BAP a 4,0 mg/L. Por
outro lado, Schwengber et al. (1999) obtiveram maior número de brotações de
gemas e taxa de multiplicação de microestacas de macieira cv. Mark com 6,0 e
7,0 mm de TDZ que com o uso BAP nas mesas concentrações, em condições
ambientais controladas.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental da EPAMIG, em Lavras, MG, no
período de abril a novembro de 1995. Lavras está localizada a aproximadamente
918 m de altitude, a 21º14'00'' de latitude sul e a 45º00'00'' de longitude
W.Gr. O clima da região de Lavras é subtropical. Durante o período de condução
do experimento, a umidade relativa do ar variou de 55 a 78% e as temperaturas
mínima de 10,0 a 17,4ºC, média de 16,2 a 21,4ºC e a máxima de 23,8 a 28,1ºC.
O experimento foi conduzido em condições de telado, em bancadas suspensas, sob
cobertura plástica transparente em estrutura arqueada, com 0,40 cm de altura
nas laterais e 1,30 na parte mais elevada.
O substrato utilizado nas bancadas foi uma mistura de areia e casca de arroz
(1:1 em volume) mais 10 g de calcário dolomítico e 6,0 g de superfosfato
simples/l de substrato.
Rizomas de bananeira-'Maçã', com 6 meses de idade, foram descorticados e
tratados conforme técnica descrita por Dantas et al. (1986). Após o
descortinamento, foram selecionados para um diâmetro de 16,0 a 20,0 cm.
O substrato foi mantido úmido através de regas quando necessário ( 3 regas por
semana). Aos 40; 80 e 120 dias do plantio dos rizomas, foram aplicados, em
cobertura, 20,0 g de sulfato de amônio e 10,0 de cloreto de potássio/m2 de
substrato.
À medida que os brotos emergidos atingiam, na base, um diâmetro de 3-4cm,
promovia-se a remoção das bainhas e ferimento do meristema, conforme técnica
descrita por Dantas et al. (1986). Imediatamente após o ferimento, foram
aplicadas na superfície dos brotos descapados, 10 gotas da solução contendo BAP
(6-benzilaminapurina) e/ou TDZ (tidiazuron), conforme o tratamento. Foram
testadas as concentrações 0,0 e 10,0 mg/l de BAP e 0,0; 10,0 e 20,0 mg/l de
TDZ, resultando nos seguintes tratamentos: T1= BAP0 + TDZ0 (testemunha), T2=
BAP0 + TDZ10, T3= BAP0 + TDZ20, T4= BAP10 + TDZ0, T5= BAP10 + TDZ10 e T6= BAP10
+ TDZ20. Os expoentes correspondem às concentrações testadas de cada um dos
reguladores de crescimento.
As parcelas constituídas de 6 rizomas para cada tratamento foram arranjadas nas
bancadas, em blocos casualizados, com 5 repetições/tratamento.
As avaliações constaram de 3 observações por semana, identificando e datando a
época de início das brotações, bem como a contagem do número de brotações/broto
tratado. Quando estas atingiam 15 cm de altura, eram retiradas e plantadas em
sacos de polietileno preto de 20 x 35 cm, contendo terra, esterco e areia, na
proporção 4 x 2 x 1, mais 10 g/recipiente, do adubo formulado 20-05-20.
Avaliou-se o número de brotos espontâneos produzidos e tratados/rizoma, número
de brotações induzidas ou mudas/broto tratado e por rizoma, período de pré-
tratamento (do plantio do rizoma até o broto atingir o tamanho ideal para o
ferimento do meristema), período de brotação (do tratamento do broto ao início
da brotação), período de desenvolvimento das brotações (do início da brotação
até a retirada das mudas) e período ou ciclo total da produção das mudas.
Os dados obtidos foram tabulados e submetidos à análise de variância, e os
tratamentos comparados através do teste de médias de Tukey (P£0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados apresentados na Tabela_1, as análises de variância
não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos ao nível de 5%
de probabilidade (Teste F), para número de brotações espontâneas tratadas e de
mudas produzidas por broto tratado e por rizoma. Assim, a aplicação do BAP e do
TDZ juntos, ou separadamente, nas concentrações testadas, não proporcionaram
aumento significativo na indução de brotações em relação à testemunha.
Conforme se observa na Tabela_2, redução significativa somente foi notada no
período de brotação em que o tratamento contendo somente BAP a 10mg/
l proporcionou uma redução de cerca de 7,8 e 5,4 dias, em relação à testemunha
e aos tratamentos contendo TDZ, respectivamente. Não se observou diferença
significativa entre os tratamentos quanto ao período de desenvolvimento das
brotações. Embora o teste de Tukey (P£0,05) tenha acusado diferença
significativa entre os tratamentos quanto ao período ou ciclo total de produção
de mudas, esta não foi tão expressiva, pois a redução máxima foi de apenas 13,9
dias (6,95%), entre a testemunha e os tratamentos contendo o BAP a 10 mg/l, sem
o TDZ.
Com relação aos períodos de tempo decorridos nas diferentes fases da propagação
"in vivo", verificaram-se diferenças significativas entre os
tratamentos para os períodos de brotação (do tratamento do broto ao início da
brotação) e total ou ciclo completo para a produção de mudas (do plantio do
rizoma à retirada das mudas).
O baixo índice de brotação obtido neste trabalho (Tabela_2), mesmo com o uso
dos reguladores de crescimento BAP e TDZ foi devido, provavelmente, às
condições ambientes não controladas, uma vez que o experimento foi conduzido em
telado, durante todo o período frio (abril a setembro). Nesse período, as
temperaturas mínimas e umidade relativa do ar mantiveram-se sempre abaixo de
16,0ºC e 75%, consideradas prejudiciais à bananeira (Brunini, 1994). Silva
(1992) e Menegucci (1993) também não obtiveram efeito indutor de brotação com o
BAP, quando empregaram a mesma técnica nas mesmas condições, época e local de
condução dos experimentos com as cultivares Mysore e Prata, respectivamente.
Estes autores atribuem às baixas temperaturas, o baixo índice de brotação
obtido. Daquinta et al. (2000), mesmo através da cultura de tecidos, com
condições ambientais controladas, não obtiveram aumento significativo no número
de brotações de gemas e taxa de multiplicação de microestacas de macieira cv.
Mark com 6,0 ou 7,0 mm de TDZ do que com BAP nas mesmas concentrações, em
condições ambientais controladas.
Há evidências de que condições ambientais controladas, quando se emprega a
técnica de propagação rápida "in vivo", proporcionam maior índice de
brotação que com o uso de reguladores de crescimento. Isto se confirma pelos
resultados obtidos por Menendez & Loor (1979) e Hamilton (1965) que,
empregando técnica de propagação rápida "in vivo", em casa de vetação
com temperatura controlada, obtiveram um número de mudas por broto tratado, sem
uso de reguladores de crescimento, significativamente maior (98 e 150,
respectivamente), que os obtidos neste trabalho e naqueles de Silva (1992) e
Menegucci (1993) com uso de reguladores de crescimento, porém, em condições de
telado. Dantas et al. (1986), sem uso de reguladores de crescimento, e Godinho
(1991), usando o BAP, ambos, em casa de vegetação, também obtiveram maior
número de mudas por broto tratado da cultivar Prata que Silva (1992) e
Menegucci (1993) com as cultivares Mysore e Prata, respectivamente.
Com relação aos períodos decorridos nas diferentes fases da propagação rápida
"in vivo", é notório também o efeito do controle das condições
ambientais. Isto fica evidenciado nos resultados obtidos dos trabalhos
conduzidos em casa de vegetação por Menendez & Loor, 1979; Hamilton, 1965;
Dantas et al., 1986 e de Godinho, 1991, que obtiveram maior número de mudas por
broto tratado em um ciclo ou período significativamente menor que neste
trabalho e nos de Silva (1992) e de Menegucci (1993).
CONCLUSÕES
1 - Os reguladores de crescimento BAP e TDZ não afetaram o índice de brotação
nem o período de desenvolvimento de brotações.
2 - Os tratamentos contendo BAP a 10,0 mg/L reduziram em 7,8 dias (24,4%) o
período de brotação e em 13,9 dias (6,95%) o período ou ciclo total de produção
de mudas em relação à testemunha.
3 - A produção de mudas de bananeira através da propagação rápida "in
vivo", em condições de telado, em locais onde ocorrem baixas temperaturas,
é drasticamente prejudicada.