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BrBRCVAg0100-29452001000300035

BrBRCVAg0100-29452001000300035

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2001
Issue0003
Article number00035

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SELEÇÃO E RECOMENDAÇÃO DE VARIEDADES DE MAMOEIRO: AVALIAÇÃO DE LINHAGENS E HÍBRIDOS SELEÇÃO E RECOMENDAÇÃO DE VARIEDADES DE MAMOEIRO - AVALIAÇÃO DE LINHAGENS E HÍBRIDOS1

INTRODUÇÃO O mamoeiro cultivado comercialmente (Carica papaya L.) insere-se na classe Dicotyledoneae, subclasse Archichlamydeae, ordem Violales, subordem Caricineae, família Caricaceae e gênero Carica(Manica, 1982). Seu centro de origem é, muito provavelmente, o Noroeste da América do Sul-vertente oriental dos Andes, ou mais precisamente, a Bacia Amazônica Superior - onde a diversidade genética é máxima, o que caracteriza o mamoeiro como uma planta tipicamente tropical.

Badillo (1993) apresenta o segundo esquema de taxonomia para a família Caricaceae, identificando 34 espécies distribuídas em cinco gêneros: Jacaratia,com sete espécies encontradas desde o México até o norte da Argentina; Jarilla,compreendendo três espécies no México e Guatemala; Cylicomorpha, com duas espécies da África Equatorial; Horovitzia, gênero mais novo, com uma espécie no México; e o gênero Carica, que possui duas seções: Vasconcella, com 20 espécies, e Carica, com uma espécie (C. papaya L.).

O Brasil é o primeiro produtor mundial de mamão, com 1,7 milhão de toneladas em 1999, o que representa uma participação de 31,6 % do total mundial (FAO, 2000).

A maior parte desta produção é dirigida ao mercado interno, haja vista que atualmente não se exporta nem 5% do total produzido. A produtividade média nacional é da ordem de 40 t/ha/ano para as variedades do grupo Solo e 60 t/ha/ ano para as variedades do grupo Formosa.

É evidente que uma das possibilidades para aumentar a produtividade baseia-se na melhoria das práticas agrícolas e na implantação de novos métodos de cultivo, de maneira tal que possam ser obtidos incrementos na qualidade e produção total de diversas espécies frutíferas.

Por outro lado, deve ser considerado que o melhoramento genético do mamoeiro pode contribuir substancialmente para uma maior produtividade. Este objetivo pode ser alcançado mediante aplicação de métodos de melhoramento e seleção de variedades com rendimentos superiores, bem como através da obtenção de linhagens ou híbridos com resistência a doenças e pragas, o que certamente contribuirá de maneira decisiva no melhoramento da cultura, limitada em grande escala pela ampla incidência e distribuição de doenças viróticas (Harkness, 1967; Ishii & Holtzmann, 1963; Gabrovska et al., 1967).

No Brasil, antes da introdução do mamoeiro tipo Solo, praticamente não existiam variedades comerciais para plantio, visto que as sementes utilizadas apresentavam elevado grau de segregação devido à exclusiva existência de cultivares dióicas. Até fins dos anos 70, predominavam no Brasil cultivos de mamoeiros dióicos ou comuns e o Estado de São Paulo destacava-se como principal produtor, porém a ocorrência do vírus do mosaico-do-mamoeiro, na região de Monte Alto - SP, determinou a migração da cultura para outros Estados (Marin & Ruggiero, 1988).

A partir de 1976/77, a cultura retomou sua importância econômica para o Brasil, principalmente devido à introdução de cultivares do grupo Solo e de híbridos do grupo Formosa, notadamente nos Estados do Pará, Bahia e Espírito Santo. Vale ressaltar que a simples introdução de cultivares do grupo Solo provocou uma significativa expansão da comercialização do fruto, devido à sua grande aceitação tanto no mercado interno quanto para exportação (Marin et al., 1994).

Desta forma, este trabalho teve por objetivo avaliar linhagens e híbridos, com ênfase para resistência a doenças, procedendo avaliações agronômicas dos principais genótipos promissores de mamão, a fim de identificar aqueles mais adaptados a diferentes agroecossistemas do País.

MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi conduzido em área experimental da Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas-Bahia, munícipio situado a 12°40'19'' de latitude Sul e 39°06'22'' de longitude W. Gr., a uma altitude de 226m. O clima, segundo a classificação de Köppen, não é caracterizado por uma única zona climática, parecendo ser uma transição entre as zonas Am e Aw (EMBRAPA, 1977).

De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima é do tipo C1, seco e subúmido, com dois a três meses secos e precipitação pluviométrica média anual de 1224mm. A temperatura média anual é de 24°C, com umidade relativa anual de 80%.

Foi utilizado o Banco Ativo de Germoplasma de Mamão (BAG - Mamão), implantado em latossolo amarelo distrófico A moderado, textura franco-arenosa, com declividade de 0% a 3%. O BAG-Mamão foi instalado em uma área de 7200 m2, em espaçamento de 3 m x 2 m, sem delineamento experimental, com 10 plantas por acesso.

Atualmente, é constituído por 141 acessos, sendo 134 da espécie C. papayaL., dois acessos da espécie C. quercifolia, um Jacaratia spinosa, um C. cauliflorae três híbridos sintetizados entre acessos dos grupos Solo e Formosa.

Para avanço de gerações endogâmicas, visando à síntese de linhagens para posterior intercruzamento, todas as plantas hermafroditas do BAG-Mamão foram submetidas a autofecundações, sendo utilizado o 'sib-crossing' quando das polinizações de plantas femininas.

Foram avaliados 29 acessos do grupo Solo, 59 acessos do grupo Formosa e um híbrido entre os dois grupos, com análises de peso (g), comprimento (cm) e diâmetro (cm) de frutos. Em relação à incidência de pragas e doenças, o comportamento dos acessos foi avaliado quanto aos patógenos mais comuns à cultura do mamoeiro (Phytophthora sp., Colletotrichum gloeosporioides(Penz) Sacc, Asperisporium caricae(Spey) Maubl, vírus da mancha-anelar e Pseudopiazurus papayanus). A reação quanto a Phytophthora sp. foi observada em 105 acessos do BAG-Mamão, mediante observação visual dos sintomas onde as plantas foram infectadas por via natural.

RESULTADOS Nas Figuras_1, 2 e 3, estão representados os valores médios de peso (g), comprimento (cm) e diâmetro (cm) de frutos de 29 acessos do grupo Solo, obtidos durante 18 meses de colheita.

Para o caráter peso médio de frutos, o intervalo de variação para os 29 acessos foi de 284 g a 852 g. O acesso com frutos de maior peso foi o CMF 059 (Malaysian Yellow 422) (Figura_1). A alta heterogeneidade do material avaliado quanto a este caráter, indica a possibilidade de sucesso ao selecionar materiais visando a aumentar o peso dos frutos. Contudo, deve-se atentar para a reconhecida baixa herdabilidade do caráter, dada a marcante influência do ambiente na expressão do mesmo.

As variações observadas nos valores de comprimento e diâmetro de frutos de mamoeiros do grupo Solo foram de 11,7 cm a 21,1 cm (Figura_2) e 6,7 cm a 9,9 cm (Figura_3), respectivamente, refletindo também a heterogeneidade para os dois caracteres.

Os valores médios e desvios de peso (g), comprimento (cm) e diâmetro (cm) de frutos dos 59 acessos do grupo Formosa são apresentados nas Figuras_4, 5 e 6.

Para os caracteres comprimento e diâmetro de frutos, a variabilidade não foi tão acentuada, assumindo valores de 17,2 cm a 35,1 cm e 8,6 cm a 13,6 cm, respectivamente. Por outro lado, de forma semelhante ao que ocorreu para os acessos do grupo Solo, observou-se, no grupo Formosa, uma ampla variabilidade para o caráter peso médio de frutos, tendo esses valores variado entre 710,4 g a 2.191,2 g. O acesso com frutos mais pesados foi o CMF 002 (DCG 439-1). Esses valores também evidenciam as possibilidades de sucesso em programas de melhoramento genético.

Nas Tabelas_1, 2 e 3, é apresentado o comportamento do híbrido CMF 121 em relação aos seus parentais (CMF 034 - grupo Solo e CMF 008 - grupo Formosa), analisando-se caracteres relativos à fenologia, às sementes e à inflorescência e ao fruto, respectivamente.

Observa-se pela Tabela_1 que a redução da altura da inserção da primeira flor (altura do primeiro fruto) do híbrido, em relação aos parentais, reveste-se de grande importância econômica porque permite uma maior longevidade de colheita e, conseqüentemente, uma maior produção por planta, permitindo a exploração de ciclos mais avançados do mamoeiro.

Para os caracteres relativos às sementes (Tabela_2), as modificações no híbrido foram pequenas e não relevantes; todavia, os caracteres de inflorescência e fruto do híbrido sofreram modificações importantes (Tabela_3). Além da ausência de carpeloidia ter sido transferida para o híbrido, o peso dos frutos do híbrido foi intermediário entre os parentais, indicando uma ausência de dominância para este caráter, o que revela a possibilidade de alterações do tamanho do fruto, em plantas com frutos não defeituosos.

Na caracterização dos acessos quanto a Phytophthora, a partir de avaliação compreendendo 125 acessos, observou-se que os acessos CMF 001, CMF 053, CMF 062, CMF 081 e CMF 089 são moderadamente tolerantes, e os acessos CMF002, CMF 007, CMF 033, CMF 060, CMF 065, CMF 070, CMF 071, CMF 083 e CMF 101 apresentam nível maior de tolerância.

CONCLUSÕES 1. Os acessos do Banco Ativo de Germoplasma de Mamão (BAG-Mamão) da Embrapa Mandioca e Fruticultura apresentam grande variabilidade genética para os caracteres peso, comprimento e diâmetro de frutos, passível de ser explorada em programas de melhoramento genético.

2. A análise de planta híbrida em relação aos parentais indica a possibilidade de modificações genéticas de caracteres comercialmente importantes, a exemplo de altura de inserção da primeira flor funcional, altura da planta, carpeloidia e peso de frutos.


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