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BrBRCVAg0100-29452003000200035

BrBRCVAg0100-29452003000200035

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2003
Issue0002
Article number00035

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Interação P x Fe em mudas de macadâmia Interação P x Fe em mudas de macadâmia1,2

Interaction P x Fe in seedlings of macadamia

Paulo Cesar Lima MarrocosI; Herminia Emilia Prieto MartinezII; Victor Hugo Alvarez VenegasIII; Cláudio Horst BrucknerII; Reinaldo Bertola CantaruttiIII ICentro de Pesquisa do Cacau (CEPEC), CEPLAC, C.P. 07, 45.600-000, Itabuna (BA). E-mail: marrocos@cepec.gov.br IIDepartamento de Fitotecnia, UFV, 36.571-000, Viçosa (MG) IIIDepartamento de Solos, UFV, 36.571-000, Viçosa (MG)

INTRODUÇÃO A macadâmia, uma das mais novas alternativas agrícolas do País, produz uma noz de alto valor no mercado internacional, com grande aceitação entres os consumidores. No Havaí, onde o cultivo desenvolveu-se em grande escala, são vários os problemas enfrentados pelos agricultores, entre eles a clorose de Fe induzida pelo excesso de P.

A clorose das folhas de plântulas de macadâmia está associada à baixa reserva de Fe na semente (Guest, 1942). Fox & Warner (1971) relatam que o excesso de P pode induzir o desenvolvimento de clorose em folhas de macadâmia, principalmente as novas. Eles concluíram que o problema é complexo e envolve interações entre a planta e o solo e entre o P e alguns micronutrientes, especialmente Fe e Zn.

Jones et al. (1972) observaram que o alto teor de P na proximidade da raiz pode imobilizar o Fe, limitando seu suprimento às raízes de macadâmia. Adams (1980) concluiu que a interação P x Fe é regulada geneticamente, podendo se manifestar em etapas separadas durante os processos de absorção, de translocação e de assimilação. Essa interação pode ser explicada pela reação de precipitação do Fe+3 com o fosfato, quer na zona externa à raiz, quer internamente, nos espaços intercelulares.

Para Gilfillan & Jones (1968), quando o teor de P na folha excede 2,0 g kg- 1, com o teor de Fe em torno de 30 mg kg-1, manifesta-se a clorose. Hue et al.

(1988) concluíram que a macadâmia produz bem quando o teor de P na folha está entre 1,0 e 1,4 g kg-1, correspondendo a 0,03 e 0,05 mg L-1 na solução dos solos do Havaí. Teores acima dos mencionados resultavam em manifestação da clorose e redução na colheita. Para Nagao & Hirae (1992), concentrações de 1,7 a 1,8 g kg-1 de P na folha podem induzir os sintomas.

A deficiência de Fe pode ser resultado da insuficiência de Fe na planta ou ineficiência da planta em utilizar o Fe, e a clorose, em macadâmia, é resultado do uso ineficiente do Fe e não propriamente da deficiência (Fox & Warner, 1971).

Handreck (1992) verificou uma tendência de redução no teor de P na folha e no caule de macadâmia com o incremento das doses de Fe, quando a fonte de Fe era o FeSO4.7H2O. Em contraste, o FeEDDHA não reduziu sistematicamente o teor de P na parte aérea. Concluiu que o sulfato ferroso e outras fontes de Fe capazes de promover altas concentrações de Fe na solução do solo parecem reverter os efeitos provocados por teores altos de P.

Este experimento teve como objetivo avaliar a interação P x Fe e seus efeitos no crescimento de mudas de macadâmia, bem como de estabelecer os níveis críticos de P e Fe nas folhas de plantas de macadâmia, em solução nutritiva.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em casa-de-vegetação da Universidade Federal de Viçosa, com o cultivar Keauhou (HAES 246), de Macadamia integrifolia. Sementes foram colocadas para germinar em bandejas plásticas contendo areia lavada e as plântulas recém-germinadas foram submetidas a um período de adaptação de 30 dias em vasos contendo 13 litros de solução nutritiva a ½ de força iônica da concentração adequada para a macadâmia. As concentrações de P-H2PO4-, N-NO3-, N-NH4+, K+, Ca2+ Mg2+ e S-SO42- na solução integral foram de 0,3; 14,0; 1,5; 4,0; 4,4; 1,0 e 1,0 mmol L-1, respectivamente. As concentrações de micronutrientes foram estabelecidas de acordo com a solução de Clark (1975), exceto o Fe, usado na concentração de 0,076 mmol L-1 na forma de Fe-EDTA. Após período de adaptação, as plantas foram transferidas para vasos contendo 8 litros da solução nutritiva na concentração integral, com exceção para P e Fe.

Sete concentrações de P e sete de Fe foram combinadas de acordo com a matriz experimental Box-Berard aumentada (3) e modificada, constituindo 14 tratamentos (Tabela_1), dispostos em delineamento de blocos ao acaso, com cinco repetições.

As unidades experimentais foram constituídas por vasos contendo duas plantas.

Durante o período experimental realizaram-se trocas periódicas das soluções, em intervalos determinados pela redução na condutividade elétrica das soluções a 30% do seu valor inicial. O volume de solução nutritiva nos vasos foi mantido pela reposição diária de água desionizada e o pH monitorado diariamente e mantido entre 5,0 e 5,5.

As plantas foram colhidas aos quarenta e quatro dias após a instalação do experimento, sendo subdivididas em folhas superiores, folhas inferiores, caules e raízes. Após lavagem em água desionizada, o material vegetal foi seco em estufa com circulação forçada de ar a 70ºC, até peso constante. A matéria seca foi pesada, sendo em seguida moída até passar em peneira de 20 mesh de abertura de malha. Para análise de P e de Fe, a matéria seca foi mineralizada pela mistura nítrico-perclórica (4:2 v/v). O P foi dosado colorimetricamente pelo método de redução do fosfomolibdato pela vitamina C, descrito por Braga & Defelipo (1974), e o Fe determinado por espectrofotometria de absorção atômica.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e os efeitos de tratamentos avaliados por equações de regressão, ajustadas entre as variáveis avaliadas e as doses de P e de Fe. As equações foram selecionadas em função da significância dos coeficientes de regressão, considerando o nível de significância até 10% de probabilidade e do maior coeficiente de determinação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção de matéria seca de plantas de macadâmia (Tabela_2) não variou de forma significativa em função das concentrações de P e de Fe ( = = média), não sendo possível estabelecer os níveis críticos de P e de Fe nas folhas. No entanto, as folhas das plantas de macadâmia crescidas nas soluções com concentrações maiores de P e menores de Fe e na solução com menor concentração de P e de Fe apresentaram sintomas típicos da deficiência de Fe, inicialmente uma clorose internerval (nervuras verdes sobre fundo amarelado) nas folhas novas, seguidas de intenso amarelecimento da lâmina foliar. Em um estágio mais avançado, observou-se necrose na ponta e nos bordos de algumas folhas, permanecendo verde apenas a nervura central.

Os teores de P nas folhas aumentaram linearmente com as concentrações de P, mas decresceram com o incremento das concentrações de Fe (Tabelas_3 e 4). O maior teor de P nas folhas superiores foi observado na concentração de Fe de 0,119 mmol L-1, a partir daí, aumentos nas concentrações de Fe na solução provocaram redução nos teores de P nas folhas, de aproximadamente 24% na menor concentração de P e de aproximadamente 16,7% na maior concentração de P. Com a menor (0,03 mmol L-1) e a maior (0,570 mmol L-1) concentração de P, os teores de P nas folhas superiores foram de 2,5 e 3,0 g kg-1, respectivamente. Tais resultados sugerem que a influência do Fe na absorção do P pela planta é maior, em menores concentrações de P na solução.

O maior teor de P nas folhas inferiores observou-se na concentração de Fe de 0,136 mmol L-1. Na concentração de P de 0,03 mmol L-1, o teor de P foi de 2,4 g kg-1 e na concentração de P de 0,570 mmol L-1, o teor de P foi de 3,5 g kg-1. A maior concentração de Fe provocou redução no teor de P na folha, sendo esta redução maior na menor concentração de P, de aproximadamente 33%; a redução no teor de P observada na maior concentração de P foi de 23%. A redução nos teores de P, como verificado, tanto nas folhas superiores como inferiores, concorda com o observado por Hue & Nakamura (1988). Sendo as folhas inferiores de referência para o diagnóstico foliar da planta, vale considerar que o teor de 1,9 g kg-1 de P encontrado na menor concentração de P e de Fe é considerado alto, se comparado com os valores citados por Nagao & Hirae (1992). Ele seria alto o suficiente para desenvolver os sintomas da clorose de Fe induzida por excesso de P, dependendo do teor de Fe observado. Isso sugere que a dose de P pode ser ainda menor que a concentração de 0,03 mmol L-1 na solução nutritiva.

Os teores de P no caule aumentaram linearmente com as concentrações de P e Fe, havendo ainda efeito negativo da interação entre as doses de P e de Fe (Tabelas 3 e 4). Nas menores concentrações de P e de Fe, o teor de P foi de 3,7 g kg- 1 na MS, com o aumento da concentração de P; mantendo-se o Fe constante na menor concentração, houve incremento de aproximadamente 108 % no teor de P.

Mantendo-se constante a menor concentração de P e variando a concentração de Fe até a máxima, houve incremento no teor de P de aproximadamente 43 %.

Entretanto, ao se elevarem as concentrações de P e de Fe, aumento no teor de P de apenas 19%.

Os teores de P nas raízes (Tabelas_3 e 4) variaram em função das concentrações de P e não foram afetados pelas concentrações de Fe. Na menor concentração de P, o teor de fósforo foi de 3,6 g kg-1 e na maior concentração de P, o teor foi de 5,8 g kg-1, correspondendo a um incremento de aproximadamente 61%.

Os teores de Fe nas folhas superiores e inferiores (Tabelas_3 e 4) aumentaram com as doses de Fe, enquanto que não variaram com as doses de P. Na menor e maior concentração de Fe, os teores nas folhas superiores foram de 15,45 e de 22,37 mg kg-1 de Fe, respectivamente.

Na menor e na maior concentração de Fe, os teores nas folhas inferiores foram de 28,8 mg kg-1 e de 42,4 mg kg-1 de Fe, respectivamente. Considerando que estas são as folhas indicadoras do estado nutricional da macadâmia, vale observar que os teores de Fe encontrados, mesmo na maior concentração de Fe, são considerados baixos, se comparados ao teor de 50 mg kg-1 de Fe, citado como adequado por Bittenbender & Hirae (1990). As relações Fe:P obtidas foram menores que 60, sugerindo que mesmo as folhas das plantas que permaneceram verdes estariam deficientes em Fe. Essa falta de expressão visual da deficiência pode caracterizar um estado de fome oculta ao elemento.

Bittenbender & Hirae (1990) citam ainda que a relação Fe mg kg-1 : P g kg1 deve ser superior a 60.

O teor de Fe no caule respondeu às concentrações de Fe e não foi afetado pelas concentrações de P. A concentração de Fe que proporcionou o maior teor no caule, 50,9 mg kg-1 de Fe, foi de 0,208 mmol L-1. Na menor concentração de Fe, o teor foi de 22,4 mg kg-1 de Fe, e na maior concentração, o teor foi de 48,3 mg kg-1 de Fe. Nas raízes, as médias dos teores de Fe variaram de 429,3 a 1021,7 mg kg-1 de Fe.

CONCLUSÕES Os teores de Fe nas folhas de macadâmia aumentaram com a elevação da concentração de Fe na solução nutritiva e não foram afetados pela concentração de P na solução nutritiva. O incremento das concentrações de Fe na solução nutritiva reduziu os teores de P nas folhas inferiores de plantas de macadâmia.

As relações Fe mg kg-1 : P g kg -1 foram menores que 60, sugerindo que mesmo as folhas das plantas que permaneceram verdes estavam deficientes em Fe. No período estudado, o crescimento das plantas não foi influenciado pelos teores de P e de Fe observados nas folhas.


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