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BrBRCVAg0100-29452004000200043

BrBRCVAg0100-29452004000200043

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2004
Issue0002
Article number00043

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Patogenicidade do fungo Colletotrichum gloeosporioides, patógeno da cochonilha Orthezia praelonga, a diversos frutos e a plântulas de abobrinha COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA DEFESA FITOSSANITÁRIA

Patogenicidade do fungo Colletotrichum gloeosporioides, patógeno da cochonilha Orthezia praelonga, a diversos frutos e a plântulas de abobrinha1

Pathogenicity of the fungus Colletotrichum gloeosporioides, pathogen of Orthezia praelonga, to several fruits and to pumpkin seedlings

Manoel Araújo TeixeiraI; Wagner BettiolII; Roberto CesnikII; Rosana Faria VieiraII IUNIVÁS-Universidade do Vale do Sapucaí, CP 213, CEP 37550-000, Pouso Alegre- MG. Biólogo (035-34492121) teixeira@cnpma.embrapa.br IIEMBRAPA - Embrapa Meio Ambiente, CP 69, CEP 13820-000, Jaguariúna-SP. Eng° Agrônomos (019-38678700) bettiol@cnpma.embrapa.br, cesnik@cnpma.embrapa.br, rosana@cnpma.embrapa.br

A cochonilha Orthezia praelonga Douglas (1981), causa danos diretos e indiretos à citricultura. Como conseqüência, os frutos caem prematuramente ou se tornam "aguados", de tamanho reduzido e com baixos teores de açúcares e ácidos. Vários testes com inseticidas foram realizados na tentativa de controlar a cochonilha, mas os resultados foram somente paleativos. Esses produtos podem contaminar os frutos cítricos e o ambiente. O controle biológico, utilizando o fungo Colletotrichum gloeosporioides (Penz.), patógeno da cochonilha O.

praelonga, tem se mostrado eficiente (Cesnik & Ferraz, 2000) e pode ser uma alternativa de controle da praga. Poucos são, porém, os trabalhos encontrados na literatura sobre o potencial fitopatogênico de C. gloeosporioides, patógeno de O. praelonga, no ambiente. Cesnik & Oliveira (1993) verificaram a sua patogenicidade em folhas de Cocoloba sp., evidenciando a necessidade de realização de testes similares com outros hospedeiros, principalmente, tecidos cítricos. Teixeira et al. (2001) observaram a patogenicidade deste fungo em frutos destacados e em flores de citros, em experimento conduzido em casa de vegetação. O objetivo deste trabalho foi verificar a patogenicidade do fungo C.

gloeosporioides, patógeno de O. praelonga, a folhas cotiledonares de abobrinha e à banana, ao café, ao mamão, à maçã e ao pêssego.

O experimento para avaliação da patogenicidade de C. gloeosporioides a plântulas de abobrinha (Curcubita pepo variedade Caserta) foi conduzido em casa de vegetação, em um delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições, testando nove diferentes isolados de Colletotrichum: CTAA1, CTAA2, CTAA3, CTAA4 e CTAA5 isolados patogênicos a O. praelonga; CCC e CCE - isolados de plantas de citros e identificados como C. gloeosporioides, agente causal da antracnose em pós-colheita; CCA C. acutatum, agente causal da podridão floral dos citros; e CL C. lagenarium, agente etiológico da antracnose em abobrinha. Em vasos plástico de três litros contendo substrato [Latossolo Vermelho-Escuro (LE) e esterco bovino compostado (5:1v/v)] foram semeadas três sementes e mantidas duas plântulas após o desbaste. Aos nove dias da semeadura, foi realizada a inoculação nas folhas cotiledonares, com e sem ferimento, com agulhas múltiplas. Os inóculos dos fungos constituíram-se de uma suspensão de 1x106conídios mL-1, que foram aspergidos na superfície foliar. No tratamento- testemunha, utilizou-se água destilada esterilizada. As plantas foram mantidas em câmara úmida por 24 horas e avaliadas aos 6 dias após a inoculação. A avaliação das folhas, foi feita pela incidência de lesões foliares, utilizando- se de uma escala diagramática, baseada na severidade da doença (1- folhas totalmente sadias; 2- folhas com sintomas em até 25% da área injuriada; 3- de 26% até 50% da área injuriada; 4- de 51% até 100% da área injuriada, e 5- 100% da área injuriada + sintomas da área não injuriada). As folhas sem ferimento foram avaliadas somente pela incidência ou não da doença. Duas folhas com os sintomas da doença foram utilizadas para o reisolamento dos fungos, em cada tratamento, de modo a comprovar a sobrevivência do inóculo.

Os testes para avaliação da patogenicidade de C. gloeosporioides, patógeno de O. praelonga, em banana (cultivar Nanica), café (Cultivar Catuaí Vermelho), mamão (cultivar Papaya), maçã (cultivar Gala) e pêssego (cultivar Chimarrita), foram realizados utilizando-se dos isolados CTAA1, CTAA4, CTAA5, CCC e CCA. O experimento consistiu de dois métodos de inoculação: frutos injuriados até a polpa com um conjunto de agulhas e frutos não injuriados. Para cada isolado e para cada método de inoculação, foram feitas 10 repetições por variedade estudada. Antes da inoculação, os frutos foram desinfestados com hipoclorito de sódio a 0,5% e enxaguados por 2 vezes. Discos de 0,7 mm de diâmetro foram utilizados para a banana, maçã, mamão e pêssego, como fonte de inóculo. Para o café, o inóculo foi feito conforme descrito para as folhas de abobrinha. As testemunhas foram pulverizadas com água destilada. O material inoculado foi mantido em câmara úmida por 24 horas, temperatura entre 24 e 26º C, fotofase de 10h e UR média de 80%. A avaliação da patogenicidade dos fungos foi feita medindo-se o diâmetro médio das lesões de dois em dois dias, durante uma semana.

Os ferimentos foram determinantes na patogenicidade dos isolados de C.

gloeosporioides, patógeno de O. praelonga, às folhas cotiledonares de abobrinha. Os isolados CTAA2, 4 e 5 induziram severidades em escala 4 e 5 em, aproximadamente, 94% das folhas (Figura_1). O isolado CTAA1 induziu severidades entre 4 e 5 em 75% das folhas, enquanto o CTAA3 induziu severidade 4 em 67% das folhas (Figura_1). A baixa patogenicidade do isolado CL pode ser atribuída a excessos de manuseios no laboratório. Nas folhas sem ferimentos, o CCA foi o isolado que apresentou maior porcentagem de doença, com uma incidência de 41,6 % (Figura_2). Para os isolados de Colletotrichum, patogênicos a O. praelonga, com exceção do CTAA3 e os CCC e CCE, a incidência da doença foi baixa. Esses resultados demonstram a pequena capacidade dos isolados de C. gloeosporioides em penetrar no tecido das folhas jovens de abobrinha, ao contrário do ocorrido com o CCA. A recuperação dos isolados CTAA1 5, CCC e CCE em meio de cultura foi elevada, o que demonstra que as lesões desenvolvidas nos tecidos foram causadas pelos isolados inoculados.

Nenhum dos isolados foi patogênico à banana, ao mamão, à maçã e ao café, quando inoculados sem ferimentos. Dos frutos que sofreram ferimentos, somente a maçã e o pêssego foram suscetíveis aos isolados inoculados. Esse resultado é importante, em especial para o café, considerando-se que esta cultura é mencionada como hospedeira de O. praelonga. No pêssego, os sintomas consistiram de uma necrose marrom e circular na casca e um apodrecimento da polpa. As lesões induzidas pelos isolados CTAA1,4,5 foram de 1,56 cm de diâmetro, em média, enquanto para o CCC e para o CCA, elas foram de 1,36 e 1,16 cm de diâmetro, respectivamente (Tabela_1). Para as maçãs, as lesões desenvolvidas foram de 1,39; 1,43 e 1,27cm de diâmetro, respectivamente, para os isolados CTAA, CCC e CCA (Tabela_1). Os sintomas observados foram manchas pardas ou marrom-claras na casca e na polpa. A patogenicidade dos isolados de C.

gloeosporioides, patógenos da O. praelonga, na maçã e no pêssego, alerta para os cuidados da utilização destes fungos em pomares cítricos infestados com a cochonilha, situados próximos àquelas culturas, uma vez que seus frutos se mostraram suscetíveis.


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