Consulta de enfermagem à mulher hipertensa: uma tecnologia para educação em
saúde
Consulta de enfermagem à mulher hipertensa: uma tecnologia para educação em
saúde
Consulta de enfermería a la mujer hipertensa: una tecnología para la educacíon
en salud
The nursing appointments for the hypertense woman: a technology for health
education
Zélia Maria de Sousa Araújo SantosI; Raimunda Magalhães da SilvaII
IEnfermeira, Professora do Curso de Enfermagem e do Mestrado de Educação em
Saúde da Universidade de Fortaleza - UNIFOR, Enfermeira da Liga de Hipertensão
Arterial do Hospital de Messejana - LHAHM, Doutora em Enfermagem pela
Universidade Federal do Ceará - UFC
II Enfermeira, Professora e Coordenadora do Mestrado em Educação em Saúde da
UNIFOR, Doutora em Enfermagem. E-mail dos autores:rmsilva@unifor.br
1 Introdução
Nos últimos tempos a enfermagem vem acumulando um corpo de conhecimentos e
técnicas empíricas, e hoje desenvolve teorias relacionadas entre si, que
procuram explicar estes fatos à luz do universo natural.
A enfermagem tem por essência o cuidado humano, que deve ser prestado ao
cliente, à família e à comunidade, sob uma abordagem holística, envolvendo
prioritariamente as necessidades biopsíquicas e socioespirituais.
Portanto, a assistência de enfermagem deve ser integralizada, individualizada e
interativa, pois o cuidado requer conhecimento do outro ser e o (a) cuidador
(a) deve ser capaz de entender as necessidades do outro e a elas responder de
forma adequada(1).
A assistência de enfermagem ao cliente, à família e à comunidade deve objetivar
a promoção, manutenção e recuperação da saúde, utilizando os recursos
disponíveis - técnicos, científicos, habilidades instrumentais e expressivas,
voltados para o autocuidado. O planejamento da assistência de enfermagem requer
do enfermeiro o conhecimento da história natural da doença, a fim de nortear as
dimensões preventivas e curativas do cuidado de enfermagem ao cliente, bem como
as estratégias educativas que o capacitam para executar as atividades de
autocuidado.
A história natural da doença é o conjunto de processos interativos,
compreendendo as interrelações do agente, do suscetível e do meio ambiente que
afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que
criam o estímulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar,
passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um
defeito, invalidez, recuperação ou morte(2).
Educação em saúde é um componente essencial do cuidado de enfermagem, e é
direcionada para a promoção, manutenção e restauração da saúde, prevenção da
doença, e assistência às pessoas para lidar com os efeitos residuais. A sua
meta é ensinar às pessoas uma forma de vida mais saudável - isto é, lutar para
adquirir o potencial de saúde máximo possível(3).
Há anos a enfermagem utiliza recursos teóricos e metodológicos para educar os
indivíduos para a saúde, buscando, junto a essa clientela, construir novos
conhecimentos; mudar idéias, crenças e hábitos; facilitar e promover a
aderência ao tratamento; entre outras finalidades(4).
A prática do autocuidado exige a necessidade de saberes fundantes como o
conhecimento dos problemas de saúde, formas de tratamento, as medidas de
promoção da saúde e prevenção de doenças. Sendo que a educação para a saúde é
sempre uma estratégia primordial para engajar o cliente nas ações de
autocuidado. E o enfermeiro, através de uma reflexão crítica, relacionando a
teoria ao contexto da prática, ou seja, ao contexto sócio-político e econômico
da clientela, cria as possibilidades para a produção ou para a construção do
conhecimento necessário, objetivando atender as demandas de autocuidado,
desenvolvendo capacidades e eliminando déficits de autocuidado.
Ressalta-se o respeito ao saber socialmente construído pela clientela em seu
ambiente, que este deve ser valorizado pelo enfermeiro. Ensinar deve ser uma
prática crítica, reflexiva e associada às experiências do aprendiz e ao
conhecimento do educador, objetivando uma aprendizagem transformadora e,
conseqüentemente, mudança de comportamento, tornando-o agente de autocuidado.
A assistência de enfermagem tem como meta tornar a mulher agente de
autocuidado, a partir do desenvolvimento da sua capacidade para atender a
demanda terapêutica de autocuidado, embasado pelo sistema apoio-educativo de
Orem, e tem como objetivos: promover a qualidade de vida da cliente hipertensa,
estendendo as ações preventivas à família e à comunidade; promover a educação
em saúde com vistas à conscientização da doença, tratamento e complicações da
hipertensão arterial, bem como as ações preventivas de modo geral; reduzir a
morbimortalidade através do controle eficaz da hipertensão arterial; minimizar
a demanda de hipertensos à unidade de emergência e/ou hospitalização; envolver
a família e a comunidade nas ações de prevenção da hipertensão; incentivar o
engajamento contínuo da cliente no autocuidado; integrar e/ou reintegrar a
cliente hipertensa à sociedade.
A consulta de enfermagem originou-se da atuação direta do enfermeiro junto ao
cliente, na relação de ajuda, nos centros de saúde e em domicílio, objetivando
ações educativas, reconhecidas como importantes pela população(5).
Assim, a consulta de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro e
significativa na composição das ações de saúde produzidas pelo sistema de
prestações de serviços de saúde. Os enfermeiros devem aprofundar seus
conhecimentos e as práticas na metodologia proposta, com ênfase no campo
clínico específico da sua área de atuação, desenvolvendo, concomitantemente,
habilidades educativas e psicoterapêuticas, pois a consulta de enfermagem deve
constituir um espaço favorável para a exposição de queixas do cliente para a
identificação das necessidades de autocuidado quanto ao aspecto biopsíquico e
socioespiritual e às capacidades do cliente para o exercício das atividades de
autocuidado(6).
Este estudo objetivou a aplicação da consulta de enfermagem à mulher
hipertensa, baseada na teoria do autocuidado de Orem e a identificação da
satisfação desta mulher com o engajamento no autocuidado .
2 Abordagem teórico-metodológica
A teoria de Orem oferece uma maneira singular de ver o fenômeno de enfermagem,
e o seu trabalho contribui significativamente para o desenvolvimento das
teorias de enfermagem(7). Desta forma, entendemos que esta teoria enquadra-se
no segundo nível, por consistir de um modelo conceitual geral, definindo
perspectivas para a prática e meios de explicação de fenômeno de enfermagem(8).
A elaboração da consulta de enfermagem para a mulher hipertensa, norteou-se no
processo de enfermagem de Orem, embasada nos requisitos universal,
desenvolvimental e por desvio de saúde e sistema apoio-educativo. Este
apresenta um método de determinação das deficiências de autocuidado e a
definição dos papéis do enfermeiro para satisfazer as demandas de autocuidado
do cliente. É constituído por três fases: diagnóstico e prescrição; elaboração
de um sistema de enfermagem e plano para execução do atendimento; e produção e
gerenciamento de sistemas de enfermagem(9). Assim, a metodologia assistencial
tem recebido diferentes denominações, como Sistematização da Assistência de
Enfermagem, Metodologia da Assistência de Enfermagem ou Processo de Enfermagem
(10)
A elaboração dos instrumentos para a consulta de enfermagem, baseou-se na
experiência profissional e nos pressupostos do autocuidado de Orem. A consulta
foi composta pelos instrumentos que seguem:
2.1 Levantamento de dados
Corresponde à primeira etapa do processo de enfermagem, constando dados de
identificação; dados relacionados aos requisitos de autocuidado - universal,
desenvolvimental e por desvio de saúde; saúde relacionados ao exame físico; e
avaliação das demandas e habilidades para o autocuidado.
2.2 Plano de intervenção
Utilizado durante as consultas, e contém os diagnósticos identificados por
consulta; prescrição dos cuidados, utilizando o método de ajuda - ensinando
para o autocuidado; e evolução das mudanças ocorridas com a implementação das
prescrições (demanda do autocuidado terapêutico).
Ressalta-se que os diagnósticos de enfermagem foram elaborados de acordo com as
demandas de autocuidado relacionadas aos requisitos universal, desenvolvimental
e por desvio de saúde. Para facilitar a identificação dos diagnósticos de
enfermagem, elaborou-se um guia instrucional e um quadro para computação dos
diagnósticos identificados em cada consulta durante o período de
acompanhamento.
2.3 Acompanhamento de enfermagem
Impresso utilizado durante as consultas de enfermagem para os registros de
pressão arterial, índice de massa corporal (IMC), pulso, freqüência cardíaca,
condutas terapêuticas e perfil de engajamento no autocuidado (PEAc).
Para apreciação do peso, utilizou-se o IMC - índice de massa corporal ou índice
de Quetelet. O registro das informações relativas ao tratamento envolve o
exercício das atividades de autocuidado pelo cliente para o atendimento dos
requisitos de autocuidado - universal, desenvolvimental e por desvio de saúde.
Entre as atividades de autocuidado estão incluídas as modalidades de tratamento
de hipertensão arterial: tratamento básico ou medidas higieno-dietéticas,
envolvendo as condutas - hábitos alimentares adequados, combate ao
sedentarismo, gerenciamento do estresse, abstenção do tabagismo, abolição ou
redução do consumo de bebidas alcoólicas, e suspensão de drogas hipertensivas;
e tratamento medicamentoso, incluindo as condutas do uso regular, guarda e
conservação da medicação anti-hipertensiva.
O PEAc recebeu os conceitos: mau, regular, bom ou excelente, conforme o
somatório dos escores atingidos pelo cliente e de acordo com o guia
instrucional para o cálculo deste perfil. Este perfil é estabelecido em cada
consulta de enfermagem a partir do somatório dos escores estipulados: cinco
para os requisitos de autocuidado universal, e dez para os requisitos de
autocuidado desenvolvimental e por desvio de saúde.
2.4 Resultados de exames laboratoriais
Contém os resultados dos exames realizados, objetivando o controle nos casos de
dislipidemias, alterações de função renal, controle glicêmico, etc.
2.5 Metas desejáveis para o engajamento da cliente hipertensa no autocuidado
Este plano de metas é mediado pelas atividades de autocuidado de acordo com os
níveis de aplicação de condutas preventivas nos planos primário, secundário e
terciário.
- Prevenção primária - incorpora as atividades de autocuidado relacionadas aos
requisitos de autocuidado universal e desenvolvimental.
- Prevenção secundária e terciária - agrupam as atividades de autocuidado
relacionadas aos requisitos de autocuidado por desvio de saúde.
Para esta experiência foram acompanhadas 50 mulheres, durante os meses de
setembro de 2001 a fevereiro de 2002, e as mesmas receberam seis consultas de
enfermagem em um ambulatório de hipertensão arterial de um hospital público de
Fortaleza-CE. Foi garantido às participantes o anonimato e a liberdade para
retirar seu consentimento no momento que fosse necessário, sem que houvesse
prejuízo para a continuidade do tratamento, sendo os dados coletados após
parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa.
Os instrumentos foram validados por esta clientela e por estudantes de
enfermagem, que desenvolviam atividades práticas no referido ambulatório. E a
análise dos resultados pautou-se na demonstração quantitativa dos diagnósticos
de enfermagem, sua experiência de vida e na saúde da mulher, e fundamentados
nos conceitos de autocuidado(9).
3 Resultados e discussão
O quadro_1 mostra os 14 diagnósticos de enfermagem com suas respectivas
prescrições dos cuidados, elaborados com base na teoria de Orem.
Dentre os 14 diagnósticos de enfermagem, 8 estão relacionados aos requisitos de
autocuidado universal - oxigenação inadequada, insuficiência de líquidos,
ingesta inadequada de alimentos, eliminações adequadas, desequilíbrio entre
atividades e repouso, desequilíbrio entre solidão e interação social, risco à
vida e ao bem-estar, e inadequada promoção da saúde; 2 relacionados aos
requisitos de autocuidado desenvolvimental - adaptação inadequada às
modificações do ciclo vital e inadequada adaptação social; e 4 relacionados aos
requisitos de autocuidado por desvio de saúde - desconhecimento da doença e do
tratamento, falta de aceitação da doença , adaptação inadequada ao problema de
saúde e falta de execução efetiva de condutas orientadas.
Os diagnósticos foram identificados em toda clientela na primeira consulta,
porém, 4 permaneceram até a sexta consulta, variando em freqüência, mas com
necessidade mínima de intervenções. Portanto, estes diagnósticos incluíram:
oxigenação inadequada, riscos à vida e ao bem-estar, inadequada promoção da
saúde e falta de execução efetiva de condutas orientadas.
Constatou-se que a maioria das mulheres desenvolveu habilidades para o
autocuidado, a partir da implementação da prescrição de enfermagem e alcançou
progressivamente o PEAc, pois os diagnósticos de enfermagem foram reduzidos
gradativamente a partir da terceira consulta. Este fato também é observado com
relação às intervenções, pois embora se mantivesse o diagnóstico, a maioria
necessitava cada vez menos de intervenções de enfermagem.
A educação do cliente tem como objetivo maior o seu engajamento para o
autocuidado, aderindo ao esquema terapêutico e preventivo, a fim de que ele
atinja o melhor nível de saúde, consequentemente, a melhor qualidade de vida
possível. Sendo a hipertensão arterial uma doença crônico-degenerativa e,
atualmente, constituindo grave problema para a saúde pública, a educação é o
pilar do seu tratamento. Através das estratégias educativas, o enfermeiro busca
a adaptação do cliente à doença, à prevenção de complicações, e à aderência ao
tratamento(11).
No PEAc, os escores foram estabelecidos segundo os requisitos de cada categoria
de autocuidado. Atribuiu-se 5,0 para os requisitos universais, e 10,0 para os
requisitos desenvolvimentais e por desvio de saúde.
Observa-se na tabela_1 uma variação no PEAc entre mínimo, médio e máximo para
cada requisito de autocuidado, durante o período de acompanhamento. Nos
requisitos de autocuidado universal, as mulheres atingiram o PEAc mínimo,
variando de 0,3 a 3,7, sendo que, nos requisitos - adequada promoção de saúde,
eliminações adequadas, oxigenação adequada - houve uma variação de 0,3 a 2,0,
respectivamente. O PEAc máximo atingido foi de 5,0 que coincidiu com o escore
máximo estabelecido para cada diagnóstico desta categoria. Portanto, o PEAc
médio(2)oscilou entre 2,9 a 4,8.
O PEAc mínimo atingido pelas mulheres nos requisitos desenvolvimentais foi de
1,1 para adaptação às modificações do ciclo vital e de 7,7 para adequada
adaptação social, e o PEAc máximo foi de 10,0, coincidindo com o escore máximo
pré-estabelecido. Então, o PEAc médio foi de 8,9 para o primeiro requisito e de
9,6 para o segundo.
Quanto aos requisitos por desvio de saúde, as mulheres apresentaram PEAc mínimo
variando de 3,1 a 6,7 e o PEAc máximo oscilando entre 8,8 a 9,7, significando
que as mulheres não desenvolveram habilidades suficientes para atingir o escore
máximo. Porém, o PEAc médio variou de 8,2 a 8,6.
A tabela_2 mostra a ocorrência do aumento progressivo nos perfis de engajamento
no autocuidado - mínimo, médio e máximo - no período de acompanhamento das
mulheres, totalizando seis consultas de enfermagem. E neste o PEAc mínimo foi
de 28,5 na primeira consulta, e de 91,5 na última; o médio iniciou-se com 56,2,
atingindo 98,0 no final do acompanhamento de enfermagem; e o máximo registrou-
se em 77,5 na consulta inicial, atingindo 100,0 na final.
Após o acompanhamento de enfermagem, observou-se que as mulheres apresentaram
satisfação com o engajamento no autocuidado e pelas mudanças comportamentais
reveladas nos depoimentos e comprovadas pelo PEAc atingido. Os depoimentos
revelaram: satisfação com o atendimento (100%); alterações positivas
aconteceram nas dimensões pessoal, familiar, social e ocupacional (98%);
modificações na saúde em geral; desenvolvimento de capacidade para o
autocuidado (100%); desempenho do papel de multiplicador das ações de
autocuidado na família e na comunidade; e desenvolvimento da consciência
crítica que as capacitou a apresentar sugestões para a melhoria do atendimento
no serviço, de modo geral, envolvendo as questões assistenciais e
administrativas.
Inicialmente, o PEAc foi insuficiente em 3 mulheres, regular em 29 e bom em 18,
na primeira consulta de enfermagem. Porém, na segunda consulta, variou de
regular a excelente; na terceira e quarta, variou de bom a excelente; e nas
duas últimas consultas, as mulheres atingiram o PEAc excelente. Portanto, o
acompanhamento de enfermagem facilitou a mulher a ser agente de autocuidado.
Ao refletir sobre estes depoimentos e as mudanças positivas no PEAc, constata-
se que a educação em saúde é mudança de comportamento para o exercício da
cidadania. Esta mudança é viabilizada quando o profissional de saúde reconhece
e valoriza o saber socialmente construído pela clientela em seu ambiente. A
partir deste reconhecimento, ocorrerá a produção efetiva de novos
conhecimentos, modificando o comportamento de saúde da clientela, objetivando
atingir o melhor nível de bem-estar(12).
4 Considerações finais
A cliente por ocasião da consulta de enfermagem, recebeu as orientações
educativas, engajando-se no autocuidado, tornando-se agente e multiplicadora
das ações de autocuidado na família e na comunidade. E constatou-se que a
orientação de enfermagem através de uma intervenção sistematizada, facilita à
cliente buscar o engajamento para o autocuidado.
Esta proposta demonstra, clara e objetivamente, o objeto de trabalho da
enfermagem - o cuidado; define o seu papel junto ao cliente e a outros
profissionais da equipe de saúde; e propicia a satisfação e o aperfeiçoamento
profissional.
Portanto, o serviço poderá se beneficiar, com alto nível de atendimento de
enfermagem, subsídios para o aperfeiçoamento das atividades; redução dos
custos, mediante o nível razoável de saúde da clientela engajada no
autocuidado; minimização de internações e de procedimentos terapêuticos de
reabilitação e incremento da oferta à demanda reprimida.
Certifica-se que as orientações de enfermagem, através de uma intervenção
sistematizada, possibilitaram às mulheres o engajamento para o autocuidado.
Então, sugere-se a implementação do modelo assistencial na Instituição, que
constituiu o locus deste estudo e nas demais instituições que prestam
atendimento à clientela hipertensa. Pretende-se dar continuidade ao trabalho
com vistas à criação de um modelo teórico embasado nas experiências de vida das
mulheres e nas vantagens do cuidado em si.