Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

BrBRCVHe0034-71672005000200013

BrBRCVHe0034-71672005000200013

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0034-7167
ano2005
Issue0002
Article number00013

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

Intervenções terapêuticas em Unidade de Terapia Intensiva: análise segundo o Therapeutic Intervention Scoring System-28 (TISS-28) PESQUISA

Intervenções terapêuticas em Unidade de Terapia Intensiva: análise segundo o Therapeutic Intervention Scoring System-28 (TISS-28)

Therapeutic interventions in Intensive Care Units: analysis according to Therapeutic Intervention Scoring System-28 (TISS-28)

Intervenciones terapéuticas en Unidad de Cuidados Intensivos: análisis según el Therapeutic Intervention Scoring System-28 (TISS-28)

Paulo Carlos GarciaI; Leilane Andrade GonçalvesII; Adriana Janzantte DucciIII; Maria Cecília ToffoletoIV; Sandra Cristina RibeiroV; Kátia Grillo PadilhaVI IEnfermeiro intensivista do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo

IIEnfermeira da UTI adulto do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo IIIEnfermeira intensivista pela Escola Paulista de Medicina IVMestre em enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo VDoutora em enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo VIEnfermeira. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Médico- Cirúrgica da EEUSP

1. INTRODUÇÃO Destinadas ao tratamento de pacientes graves, passíveis de recuperação ou em risco de vida, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são unidades que exigem recursos humanos e materiais especializados para a monitorização contínua das funções vitais dos clientes a fim de prevenir e detectar complicações.

Assim, conhecer as intervenções terapêuticas a que os doentes críticos são submetidos torna-se necessário não para fundamentar e planejar a assistência de enfermagem em UTI, como também para fazer a previsão de recursos materiais e humanos com vistas à prestação de cuidados com qualidade nestas unidades.

Atualmente, a mensuração da gravidade dos doentes internados na UTI pode ser obtida por meio de instrumentos de medida objetivos, os quais são definidos como classificações numéricas relacionadas a determinadas características apresentadas pelos pacientes e que proporcionam meios para avaliar, inclusive, a probabilidade de mortalidade e morbidade resultante de um quadro patológico (1-12).

Dentre estes indicadores, destaca-se como pioneiro o sistema de classificação mundialmente conhecido como Therapeutic Intervention Scoring System-28(TISS- 28). Desenvolvido por Cullen em 1974 e simplificado por Miranda e colaboradores (8) em 1996, o TISS-28 é um sistema que classifica indiretamente a gravidade dos pacientes tendo por base as intervenções terapêuticas a que os mesmos são submetidos. O instrumento é constituído por 7 categorias (Atividades Básicas, Suportes Ventilatório, Cardiovascular, Renal, Neurológico, Metabólico e Intervenções Específicas) e respectivos itens, que no conjunto perfazem um total de 28. Com esses atributos, é um instrumento capaz de, entre outras possibilidades, medir a carga trabalho de enfermagem exigida pelos doentes críticos internados em UTI(13,14).

A literatura nacional e internacional é vastano que se refere à utilização do TISS-28 para classificação da gravidade indireta dos doentes com vistas a subsidiar o dimensionamento de pessoal de enfermagem na UTI(10-18). Contudo, a exploração das intervenções terapêuticas a que os pacientes são submetidos tem sido pouco investigada.

Na Europa, tem-se a referência de dois trabalhos que focalizaram tais intervenções: estudo que comparou o TISS-28 com o seu antecessor TISS-76, utilizando dados de 10448 dias de avaliação(11), e pesquisa multicêntrica desenvolvida por Miranda e colaboradores(8), quando simplificou a versão TISS- 76 para sua versão atual, TISS-28.

No Brasil, as intervenções terapêuticas foram também analisadas em um único estudo que classificou os pacientes das UTIs do município de São Paulo(10); e quantificadas no trabalho de tradução e validação para a língua portuguesa do próprio TISS-28(13) e de sua versão simplificada, o Nursing Activities Score (NAS)(19).

Assim, acreditando que a caracterização das intervenções terapêuticas é relevante quando se pretende fundamentar e planejar a assistência de enfermagem, bem como prever e adequar recursos materiais e humanos para prestação de cuidados com qualidade, e considerando a inexistência de estudos que analisem de forma evolutiva a prevalência das intervenções terapêuticas na UTI, optou-se pela realização do presente estudo.

2. OBJETIVOS - Verificar a prevalência das categorias de intervenções terapêuticas realizadas na UTI, segundo o TISS-28.

- Descrever a prevalência diária das categorias de intervenções terapêuticas realizadas na UTI, segundo o TISS-28.

- Identificar a prevalência dos itens componentes das categorias de intervenções terapêuticas realizadas na UTI, segundo o TISS-28.

3. CASUÍSTICA E MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, longitudinal, desenvolvido na UTI de adultos de um Hospital Universitário do município de São Paulo, instituição de nível secundário, que atende pacientes com diferentes patologias, submetidos a tratamentos cirúrgico e clínico. A Unidade dispõe de um total de 11 leitos destinados a pacientes críticos e agudos, contando com o suporte de uma Unidade de Cuidados Semi-intensivos (USI) provida de 8 leitos.

A amostra foi composta por 77 pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, admitidos consecutivamente na UTI nos meses de junho, julho e agosto de 2001, e que nela permaneceram internados na UTI por um período mínimo de 24 horas.

Readmissões foram incluídas no estudo.

Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética do Hospital campo de estudo, a coleta de dados foi feita por meio dos dados contidos nos prontuários dos pacientes, sendo registrados os escores TISS-28 diários, da internação à alta da UTI.

Para fins de padronização foram consideradas as informações referentes às 24 horas do dia anterior que se completavam às 8 horas da manhã. Avaliações realizadas no primeiro e no último dia de permanência na UTI, ou seja, na admissão e alta, foram feitas, independente de terem sido completadas 24 horas.

Sempre que os pacientes permaneciam internados na UTI por um período superior a duas semanas, isto é, 14 dias, o registro do TISS-28 diário foi feito do primeiro ao décimo quarto dia e do último dia de internação, considerado como décimo quinto dia. Tal critério foi adotado considerando-se o dobro do tempo médio de internação nessa unidade, estimado em cerca de sete dias.

Os dados coletados foram armazenados em um banco criado no programa Microsoft Excel. A análise foi feita no programa Epi Info 6.0, segundo freqüência em números absolutos e percentuais, e os resultados, apresentados em forma de Tabelas e Figuras, encontram-se descritos a seguir.

4. RESULTADOS Os resultados deste estudo referem-se aos dados de 77 pacientes admitidos na UTI adulto de um hospital universitário do município de São Paulo, nos meses de junho a agosto de 2001, dos quais 10 (12,9%) foram readmitidos 1 vez e 1 (1,2%) duas vezes, resultando em 89 admissões. Nesse período foram registradas 708 medidas TISS-28.

Os pacientes que compuseram a amostra apresentaram uma média de idade de 60 anos, com variação de 19 a 92 anos, havendo predomínio de pacientes com idade superior a 60 anos. Cinqüenta e sete por cento dos pacientes pertenciam ao sexo masculino.

Em relação à existência de doença crônica preexistente verificou-se que 53,0% dos pacientes eram portadores de doenças cardiovasculares, seguidos por 15,0% com doenças do sistema renal e 12,0% que tinham doenças respiratórias. Apenas 6,0% apresentavam comprometimento do sistema imunológico e 2,0%, doença hepática.

Quanto à procedência, houve um predomínio de admissões da USI (31,5%), seguidos daqueles provenientes do Pronto-socorro (28,1%). Vinte por cento foram admitidos do Centro Cirúrgico.

Referente ao tipo de internação, a maioria dos pacientes (78,0%) foi internada na UTI por razões clínicas. Das 19 admissões cirúrgicas, 14 (73,6%) foram cirurgias de urgência.

Quanto ao tempo de permanência, observou-se uma média de 8 dias, com variação de 2 a 52 dias. Em 51,7% das admissões, os pacientes permaneceram internados na UTI por um período que variou de 1 a 5 dias. Permanências entre 6 e 10 dias e maior do que 10 dias foram encontradas em respectivamente, 15,7% e 32,6% das admissões.

Em relação ao destino após a saída da Unidade, verificou-se que a maioria (58,4%) foi transferida para a USI. A taxa de mortalidade encontrada foi de 32,6% e a média do TISS-28 dos pacientes não sobreviventes foi de 31,1 pontos.

A análise da associação do TISS-28 com relação à procedência mostrou diferença estatisticamente significativa (p=0,013) dos valores do escore entre pacientes provenientes da USI e Pronto-Socorro (PS). Pacientes admitidos do PS apresentaram média TISS-28 menor, de (22,6+9,0), comparativamente àqueles vindos da USI, com (28,5+ 3,5).

Também relacionado ao tempo de permanência, houve diferença estatisticamente significante (p<0,001) da média TISS-28 dos pacientes que permaneceram de 1 a 5 dias, ou seja, (22,2+7,6) pontos, daqueles com permanência maior, entre 6 a 10 dias (28,5+ 5,9) e acima de 10 dias (28,7+2,3).

Em relação à condição de saída dos pacientes da UTI, verificou-se que a média TISS-28 dos pacientes não sobreviventes (31,1+3,9) foi significativamente maior (p=0,039) do que dos sobreviventes (22,5+6,). Tais diferenças mantiveram-se estatisticamente significativas também na análise de cada um dos meses.

A Figura_1 mostra a distribuição das sete categorias de intervenções terapêuticas a que os pacientes foram submetidos durante os meses de avaliação.

Referente a categoria Atividades Básicas, verifica-se que houve uma freqüência de 100,0% nos meses de junho a agosto, o mesmo ocorrendo na categoria Suporte Renal, com mínimas variações.

Os dados da categoria Suporte Ventilatório demonstram que nos meses de junho e julho, aproximadamente 99,5% dos pacientes internados pontuaram nesse item, sendo que, no mês de agosto, a freqüência foi discretamente menor (94,9%).

Quanto ao Suporte Cardiovascular, apesar de uma freqüência elevada nos três meses de estudo, houve aumento dessas intervenções no mês de junho (87,9%) para julho (95,4%) e decréscimo para 73,7% no mês de agosto.

A distribuição da categoria Suporte Metabólico, comparativamente às demais categorias, teve freqüência menor, em torno de 70,0% nos meses de junho e julho com uma queda para 61,9% no mês de agosto.

A freqüência da categoria Intervenções Específicas foi a menor quando comparada às demais categoria. Durante os meses de junho e julho, aproximadamente 10,0% dos pacientes pontuaram essa categoria, enquanto que, no mês de agosto, 14,5% dos pacientes receberam este suporte.

Como esperado, o Suporte Neurológico não recebeu pontuação, uma vez que a instituição não atende casos de pacientes neurológicos complexos.

A Figura_2 mostra a evolução da prevalência diária de cada uma das sete principais categorias de intervenções terapêuticas contidas no TISS-28, no decorrer da internação dos pacientes na UTI. Os dados referentes ao primeiro dia correspondem à média das primeiras horas de internação (13 horas), enquanto que os valores referentes ao décimo quinto dia, referem-se à média das últimas horas de permanência dos pacientes na Unidade (11 horas).

No decorrer de todo o período analisado, a categoria Atividades Básicas foi 100,0% pontuada em todos os dias de internação dos pacientes. Resultados semelhantes foram observados nas categorias Suportes Respiratório e Renal que, embora apresentando discreta diminuição nos dias iniciais, mantiveram-se em 100,0% nos dias subseqüentes.

Em relação à categoria Suporte Cardiovascular, constatou-se que 72,7% dos pacientes receberam pontuação em algum item deste suporte no dia de internação, observando-se um aumento de freqüência com variação entre 85,0% e 96,3% nos demais dias.

A curva do Suporte Metabólicomostra aumento expressivo do primeiro (29,5%) para o sexto dia (83,0%), continuando ascendente até o 13º (92,6%) dia de internação, porém, com diminuição para 84,0% nas últimas horas de permanência na UTI.

Quanto à freqüência das Intervenções Específicas, nota-se que, no primeiro dia, 16,1% dos pacientes pontuaram nesta categoria, diminuindo para 9,3% no sétimo dia, atingindo o máximo de 29,6% no décimo terceiro dia de internação.

A análise da prevalência de cada item integrante das diferentes categorias do TISS-28, no decorrer da internação dos pacientes na UTI, mostrou os resultados a seguir. Dos 7 itens componentes da categoria Atividades Básicas, verificou-se que 5 (monitorização padrão, laboratório, medicações múltiplas, troca de curativos de rotina e cuidado com drenos) tiveram freqüência maior que 90,0%.

Com relação ao Suporte Ventilatório, verificou-se que 3 deles (ventilação mecânica, cuidados com vias aéreas e tratamento para melhora da função pulmonar) tiveram freqüência superior a 78,0%. Da categoria Suporte Cardiovascular, destacou-se o item via venosa central, pontuado em 78,8% das avaliações, enquanto que do Suporte Renal, a medida quantitativa do débito urinário esteve presente em 98,6% dos pacientes.

Com relação à freqüência dos itens componentes das categorias do TISS-28 em cada um dos meses investigados, verificou-se resultado semelhante aos encontrados na análise conjunta do período.

5. DISCUSSÃO A caracterização da clientela quanto ao gênero e idade mostra que a maioria dos pacientes é do sexo masculino (57,0%) e idosa, com idade acima de 60 anos (53,0%), dados compatíveis aos de estudos nacionais e internacionais(11- 12,15,19-20). Tais achados vem confirmar que a longevidade e presença de doenças previamente existentes acabam por desencadear agravos à saúde que exigem tratamento em UTI.

Semelhante ao presente estudo, pesquisas realizadas no Brasil encontraram uma predominância de internações por razões clínicas(10,19). Quanto às admissões decorrentes de pós-operatório, estudo comparativo com uso de índices prognósticos encontrou que 85,0% das admissões ocorreram após cirurgia de urgência(21).

O fato de os pacientes em maior proporção serem procedentes da USI se justifica, em razão dessa unidade ter sido criada para atender pacientes que não necessitam de assistência de alta complexidade, porém, apresentam alta dependência de cuidados e requerem monitorização e controles freqüentes. Por serem ainda instáveis e suscetíveis a mudanças súbitas do quadro clínico, a maior procedência dos pacientes dessa unidade para a UTI era esperada. Notou- se, porém, que o PS foi a segunda unidade de procedência dos pacientes, o que parece indicar que, por atender pacientes de uma região de baixo poder aquisitivo, essa unidade acaba sendo a porta de entrada de pacientes idosos, com condições de saúde precárias, que apresentam descompensação aguda e são encaminhados para a UTI.

Na literatura, poucos estudos indicam a USI como sendo a unidade de procedência dos pacientes em UTI, talvez por serem pouco comuns no nosso meio, apesar da sua importância(22). Procedências do CC, PS e UI são mais freqüentemente encontradas(10-12,15,20).

A média de 8 dias de internação encontrada é compatível com os resultados de estudo realizado em UTIs brasileiras, em que se encontrou permanência de 9,4 dias(1). No entanto, essa média está acima da verificada no segundo Censo Brasileiro de UTI's, realizado pela AMIB, onde o tempo médio de permanência variou de 3 a 6 dias, com predomínio de uma média entre 3 e 4 dias(23).

Quanto ao destino de saída da UTI, a USI foi a unidade que recebeu a maioria dos pacientes (58,4%), provavelmente pelas razões anteriormente apresentadas, diferindo de outros estudos nacionais que constataram que a maioria dos pacientes foi para unidades de internação(10,18). Em um estudo realizado em duas UTI's brasileiras, apenas 12,6% dos pacientes receberam alta para a USI, sendo que esta esteve presente apenas nas instituições particulares(20).

A taxa de mortalidade de 32,6%, embora compatível com a verificada em estudos realizados no Brasil, entre 29,0% e 35,0%(10,24-25), situa-se acima da observada em estudos estrangeiros, entre 8,0 e 19,0%(14,26). Na Europa, índices elevados de mortalidade, entre 40,0% e 65,0%, foram encontrados apenas entre pacientes com doenças oncológicas(27-28).

Frente à elevada mortalidade encontrada nesta amostra, que se considerar que as próprias características da clientela atendida pelo hospital contribuem para uma maior gravidade, menor resposta ao tratamento e, conseqüentemente, maior mortalidade. Além disso, outro fator que pode ter influenciado em tais resultados foi a exclusão dos doentes internados por tempo menor do que 24 horas na UTI.

Considerando-se neste estudo que a média TISS-28 dos pacientes que não sobreviveram foi significativamente maior (p=0,039) do que dos sobreviventes, respectivamente, 31,1 e 22,5 pontos, a média TISS-28 do conjunto da amostra (25,3 pontos) aponta para gravidade moderada das condições clínicas dos pacientes. Assim como no presente estudo, pontuações médias mais elevadas entre os não sobreviventes foram também verificadas em trabalhos nacionais(10,18) e internacionais(11,14-15), referendando a premissa de que pacientes mais graves, são submetidos a maior número de intervenções terapêuticas e exigem maior tempo de trabalho de enfermagem.

Buscando analisar a distribuição das categorias de intervenções terapêuticas no decorrer do período, foi interessante notar que estudo que caracterizou a evolução da gravidade dos pacientes segundo o TISS-28, com a mesma amostra de pacientes, constatou que, apesar de o número de pacientes ser menor no mês de julho, quando comparado com os meses de junho e agosto, a pontuação TISS-28 média foi mais elevada, ou seja, de 27,7 pontos, o que poderia explicar o aumento da pontuação dos Suportes Cardiovascular, Renal e Metabólico (Figura_1) durante esse mês.

Quanto à freqüência em que a categoria Atividades Básicas foi pontuada, os resultados encontrados são reiterados por outros autores(10,13-14), evidenciando que os pacientes internados na UTI demandam controles estritos dos parâmetros vitais, em razão da instabilidade das condições clínicas, normalmente presentes nos doentes críticos.

Em relação ao Suporte Respiratório, segunda categoria mais pontuada nesta investigação, verificou-se achados semelhantes em outros estudos(10,14). Pode- se dizer que tais resultados eram esperados uma vez que, na UTI, a presença de insuficiência respiratória ou de outros quadros que requerem assistência ventilatória intensiva é comumente encontrado, independente do motivo de internação na UTI e mesmo do tipo de doença crônica pré-existente.

Em que pesem essa consideração, estudo realizado em UTIs cirúrgicas, na Alemanha, constatou que o suporte respiratório foi a quarta categoria mais pontuada, após Suportes Cardiovascular e Renal, talvez justificado pelo fato de serem UTIs cirúrgicas(15).

A categoria Suporte Renal, terceira mais pontuada nesta pesquisa, parece reforçar que a necessidade de suporte a esse aparelho é independente do motivo que levou o paciente à UTI. Quanto à pontuação nas categorias Suportes Cardiovasculare Metabólico,resultados semelhantes ao desta investigação foram encontrados em estudo(10) que analisou pacientes internados em UTIs no município de São Paulo, nas primeiras 24 horas de internação, onde apenas 60,0% e 37,9% dos pacientes necessitaram, respectivamente, de Suportes Cardiovascular e Metabólico.

Referente à categoria Intervenções Específicas,os resultados encontrados são corroborados por outros autores(8,10,13,18), permitindo dizer que parece haver um grande investimento no tratamento dos doentes, que exigem maior número de intervenções específicas, a medida em que apresentam agravo nas condições clínicas e necessitam de maior permanência na UTI.

Em síntese, a análise da distribuição das categorias de intervenções terapêuticas do TISS-28 durante o período de internação avaliado, demonstrou uma freqüência de 100,0% ou valores próximos, nas Atividades Básicas e Suportes Ventilatório e Renal, seguido pelo Cardiovascular, o que também foi verificado, quando se estudou a distribuição das mesmas segundo cada um dos meses de avaliação.

Diante desses resultados, pode-se dizer que a freqüência elevada dessas categorias no decorrer da internação traz subsídios para a adequação da previsão de recursos humanos e materiais na unidade, com vistas a um atendimento ao paciente grave com qualidade.

A análise da prevalência dos itens componentes na categoria Atividades Básicas em que se evidenciou uma freqüência de 90,0% nos itens monitorização padrão, laboratório, medicações múltiplas, troca de curativos de rotina e cuidados com drenos, permite aferir que são intervenções rotineiras, muito realizadas no atendimento ao doente grave na UTI, voltadas a monitorização das condições clínicas e resposta aos tratamentos instituídos. Apesar disso, estudo desenvolvido em UTIs alemãs(15) verificou que as investigações bioquímicas foram observadas em apenas 31,3% da amostra o que, de certa forma, surpreende, dada a importância da monitorização dos exames laboratoriais dos pacientes internados na UTI. Provavelmente, as características dos doentes e a gravidade das condições clínicas justifiquem a menor solicitação das dosagens no estudo daqueles autores. Por outro lado, também que se considerar que uma avaliação clínica mais sensível pode implicar em uma solicitação mais parcimoniosa de exames frente aos custos que acarretam.

Embora os resultados desses itens sejam superiores aos de outros estudos, parecem justificáveis tendo em vista a idade avançada dos pacientes, a existência de doença preexistente e da procedência predominante da USI e PS, cujos pacientes apresentam, com freqüência, condições clínicas mais graves.

A elevada freqüência do item medida quantitativa do débito urinário (98,6%) da categoria Suporte Renal eram esperados e são corroborados por outros autores (13,15), em razão da necessidade do controle desse parâmetro no mínimo para a realização do balanço hídrico, indispensável na avaliação do doente grave.

No Suporte Cardiovascular, valores inferiores, ou seja, de 45,5%, foram descritos na investigação que validou o instrumento TISS-28(13), enquanto que no estudo de Lefering e colaboradores(15), a intervenção via venosa central foi utilizada em 92,8% dos pacientes, justificada, talvez, pelo fato de serem pacientes cirúrgicos.

Em síntese, a elevada prevalência das categorias de intervenções terapêuticas,como Atividades Básicas e Suportes, Ventilatório, Cardiovascular e Renal,no geral e nos diferentes meses de avaliação, trazem importantes subsídios para o gerenciamento da UTI, tanto no que diz respeito à fundamentação teórico-prática sobre as diferentes intervenções terapêuticas realizadas no paciente grave, quanto para a adequada previsão de recursos materiais e de equipamentos voltados a uma assistência com qualidade.


transferir texto