Concepções da equipe de enfermagem sobre a exposição a riscos físicos e
químicos no ambiente hospitalar
INTRODUÇÃO
De acordo com o código de ética dos profissionais de enfermagem, o trabalhador
deve atuar de modo a contribuir para a resolução das necessidades de saúde dos
usuários, mediante ações livres de negligência, imperícia e/ou imprudência,
assim como desenvolver suas atividades sob condições seguras(1).
Sendo assim, é oportuno discutir sobre a criação de ambiências saudáveis que
apontem para a prevenção de agravos ao trabalhador e sobre estratégias que
envolvam a atenção integral à saúde, a articulação intra e intersetorial, a
análise da situação de saúde desses sujeitos, a participação popular e, entre
outros, o apoio ao desenvolvimento de estudos(2). Esta pesquisa se alicerça no
pressuposto de que, estando a equipe de enfermagem intimamente em contato com
os usuários dos serviços de saúde, tornam-se sujeitos suscetíveis ao sofrimento
e adoecimento decorrentes, especialmente, da exposição aos riscos ocupacionais,
gerados por conta das condições desfavoráveis do ambiente de trabalho.
Os ambientes hospitalares concentram inúmeros agentes e/ou fatores de risco,
alguns deles ocultos ou desconhecidos, mas que podem causar danos à saúde do
trabalhador. Observam-se, em muitos cenários, deficientes medidas acerca da
gestão de riscos ocupacionais e, diante da magnitude dos problemas consequentes
da falta de biossegurança no campo de trabalho da enfermagem, a exposição aos
agentes de risco é uma realidade que necessita de evidências em bases
estatísticas sólidas que forneçam elementos para a criação de condições
favoráveis ao trabalho e possibilitem práticas de autocuidado(3).
Os riscos ocupacionais referem-se à condições, situações, procedimentos,
condutas ou eventos que podem implicar em efeito negativo, causando dano ao
usuário do serviço, ao trabalhador, ao ambiente e ao estabelecimento(4).
Sabe-se que o trabalhador da enfermagem, mesmo intimamente ligado ao processo
terapêutico do cuidado do usuário, não raramente negligencia o autocuidado,
naturalizando os riscos. O cuidado de si envolve "uma atitude ligada ao
exercício da política, a certo modo de encarar as coisas, de estar no mundo, de
relacionar-se com o outro e consigo mesmo; de agir de si para consigo, de
modificar-se, purificar-se, se transformar, e transfigurar-se"(5). Está
vinculado à ética, à estética, ao fazer o bem a si mesmo e ao viver saudável.
Sendo assim, refletir sobre a saúde do trabalhador torna-se indispensável, no
processo de produção de saúde. Essa atenção está prevista na lei nº 8080/90, no
artigo 6º, parágrafo 3º, que se refere à obrigatoriedade de atividades que se
destinem, por meio de ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à
promoção e proteção da saúde dos trabalhadores e que visem à recuperação e
reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
condições de trabalho(6).
Segundo a Norma Regulamentadora (NR) nº9, do Ministério do Trabalho e Emprego
(BR), que estabelece o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, caracteriza-
se agentes biológicos as bactérias, os fungos, os bacilos, os parasitas, os
protozoários, os vírus, entre outros; os agentes físicos são as diversas formas
de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruídos,
vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não
ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Os agentes químicos podem ser
considerados as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no
organismo pela via respiratória, nas formas de poeira, fumo, névoa, neblina,
gás ou vapor, ou que pela natureza da atividade de exposição, possam ter
contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou ingestão(7).
A Organização Mundial de Saúde acrescenta, ainda, os agentes ergonômicos
decorrentes de má postura, inadequação do mobiliário e outros responsáveis por
distúrbios osteomusculares; os agentes psicossociais advindos de relações
conflituosas, monotonia, ritmo excessivo, entre outros. Já os agentes mecânicos
e de acidentes são aqueles ligados à falta de proteção do trabalhador,
aparelhamento inadequado, arranjo físico, ordem e limpeza do ambiente de
trabalho e sinalização deficientes(8),entre outros.
Isto posto, há muito por conhecer e discutir a respeito da origem, do controle
e da prevenção dos riscos ocupacionais, porém pela escassa produção científica
e magnitude do fenômeno à saúde humana optou-se pelo estudo dos riscos físicos
e químicos no trabalho da enfermagem. Estes últimos apresentam significativa
dimensão pela inclusão de substâncias novas no mercado, por conseguinte, no
espaço de trabalho e pela possibilidade de adoecimento em virtude da exposição
constante do trabalhador a substâncias de expressiva toxicidade.
No tocante aos riscos físicos, o trabalhador da enfermagem convive com muitos
agentes de desconforto, sendo que a exposição a extremos de temperatura(9),
desperta preocupação, tendo em vista o desarranjo climático e ambiental que
assola o país, favorecendo ondas de calor que desidratam e provocam mal estar,
visto que, em muitos cenários, ainda é inexistente a climatização artificial.
Além deste, os ruídos tecnológicos, presentes no cotidiano do cuidado, também
são agentes que geram incômodo e estresse ao trabalhador exposto, entre outros
(10).
Pretende-se estudar os riscos físicos e químicos, considerando a relativa
escassez de pesquisas sobre o tema, e pelas observações feitas no cotidiano das
práticas em que os trabalhadores da equipe de enfermagem tendem a banalizá-los,
tornando estes agentes ocupacionais fatores potenciais para o adoecimento.
Acredita-se que agentes físicos e químicos capazes de causar agravos passem
despercebidos pela equipe de enfermagem, fazendo com que ela habitue-se a
conviver com os mesmos na sua rotina de trabalho, desconsiderando danos e
subnotificando acidentes com estes agentes.
Alguns resultados investigativos comprovam o insuficiente conhecimento da
equipe de enfermagem quanto aos fatores de risco químico e físico a que estão
submetidos e sua escassa discussão na literatura(3,11). Tratando-se dos riscos
físicos, poucos profissionais conseguem identificá-los e muitas vezes os
confundem. Um reduzido número de profissionais associa-os de acordo com seus
agentes, ou seja, a temperaturas extremas, ruídos, vibração, radiação e umidade
(12), o que reforça a relevância desse estudo.
Partindo da hipótese de que a equipe de enfermagem não reconhece os riscos
ocupacionais em toda a dimensão necessária que os mesmos exigem para a
prevenção e controle, pretende-se investigar como esta equipe percebe, em
especial, os riscos químicos e físicos que, muitas vezes, emergem de forma
imperceptível, de modo a buscar elementos para que gestores e trabalhadores
possam refletir sobre os mesmos e construir estratégias de prevenção aos
agravos causados pela sua exposição, contribuindo para a saúde do trabalhador.
Assim, o objetivo geral deste estudo foi identificar como os membros da equipe
de enfermagem percebem os riscos físicos e químicos a que estão expostos no
ambiente hospitalar.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa,
realizado no primeiro semestre de 2011, com trabalhadores da equipe de
enfermagem de um hospital geral da região noroeste do estado do Rio Grande do
Sul. O referido hospital possui 116 leitos e presta serviços de atendimento
clínico adulto e pediátrico, cirúrgico, ambulatorial, psiquiátrico e de
obstetrícia.
Participaram da pesquisa 33 trabalhadores, atuantes nos turnos da manhã, tarde
e noite de um total de 78 sujeitos da equipe de enfermagem. Foram definidos os
seguintes critérios de inclusão no estudo: ser enfermeiro e/ou técnico de
enfermagem, integrar o quadro funcional da instituição e aceitar participar.
Foram excluídos da pesquisa os trabalhadores, que, no momento da pesquisa
encontrava-se em férias e/ou afastados, o que correspondeu a oito
trabalhadores.
Os dados foram coletados, por meio de um questionário autoaplicável, elaborado
pelos pesquisadores, composto por dez questões. As perguntas versaram sobre a
identificação e reconhecimento dos riscos físicos e químicos pelos
trabalhadores, o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e o
adoecimento decorrente da exposição a estes agentes. O formulário foi entregue
aos sujeitos nas dependências do hospital e agendado, junto a eles, um horário
e um dia, de melhor conveniência, para o recolhimento do instrumento. A análise
dos dados teve como suporte a estatística descritiva, utilizando-se a
distribuição da frequência.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões e recebeu o nº 0098-PPH/10, em
cumprimento as orientações das recomendações legais que protegem a pesquisa
envolvendo seres humanos(13). Todos os participantes da pesquisa assinaram um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e ao gestor da instituição foi
encaminhado um Termo de Ciência, o qual foi assinado, autorizado-o.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização dos sujeitos
Aceitaram participar do estudo 33 sujeitos, de um total de 78 trabalhadores da
equipe de enfermagem. Entre os sujeitos, 6% eram enfermeiros e 94% técnicos em
enfermagem; 67% eram do sexo feminino, 45% casados e 100% trabalhavam 36 horas
semanais na instituição. Não houve a intenção de associar variáveis.
O reconhecimento dos Riscos
Questionados sobre o reconhecimento do principal fator prejudicial no trabalho,
apenas 3% dos sujeitos reconheceram os riscos químicos e 6% os riscos físicos.
Os riscos biológicos e ergonômicos foram os mais lembrados, em 42% das
respostas, salientando-se que foi citado mais de um risco pelo mesmo sujeito.
Estudo realizado em um hospital universitário junto a 296 trabalhadores da
enfermagem verificou que, semelhante a esta investigação, os problemas
observados com maior frequência no ambiente de trabalho, envolvendo os riscos
ocupacionais, foram, respectivamente, a exposição aos riscos biológicos,
seguidos dos riscos físicos, ergonômicos e químicos(14).
É válido referir que 3% acreditam não haver nenhum risco para a saúde em seu
ambiente de trabalho e muitos não responderam, analogamente a um estudo que
demonstrou que o risco químico foi percebido por somente um terço dos
profissionais da equipe de enfermagem(14).
O reconhecimento do risco físico
Questionados sobre o risco físico, singular e especificamente, 85% dos
respondentes acreditam estar expostos ao mesmo. Porém a análise das respostas
demonstrou que há um conhecimento deficiente acerca desta categoria de risco,
considerando que o classificaram inadequadamente, atribuindo risco físico a
situações que abalam a integridade do corpo físico/orgânico, desvinculando-o de
agentes como ruído, vibração, radiação ionizante e não ionizante, temperaturas
extremas (frio e calor), pressão atmosférica anormal, e outros(7,9).
Mais de um terço dos sujeitos (36%) atribuiu o risco físico ao risco biológico,
associando-o aos materiais perfurocortantes, a exposição a material biológico,
como sangue, fluídos e secreções; 27% associaram-no ao risco ergonômico, como
'erguer' peso, empurrar macas e cadeiras de roda e 21% atribuíram-no ao risco
psicossocial, como o risco de agressão por parte de pacientes e acompanhantes.
Os sujeitos que não responderam corresponderam a 7%.
Apenas 3% classificaram adequadamente a resposta ao risco físico, conforme sua
concepção científica, citando fatores como mudança de clima, temperatura e
ruídos. É importante salientar que mais de uma classificação de risco foi
atribuída por 6% dos sujeitos, o que reforça que há incompreensão ou
desconhecimento da conceituação e classificação de risco físico, semelhante a
outros estudos(12,15), que demonstram o fato deste risco ser pouco identificado
pelos trabalhadores da enfermagem.
Ao serem abordados sobre as condições de iluminação, umidade, frio, calor,
ventilação e exposição à radiação no cotidiano do seu trabalho, a maioria dos
sujeitos reconheceu a exposição a esses agentes e avaliaram-nos como bom.
Apenas uma minoria reconheceu-os como péssimo, reforçando, ainda mais a
contradição das respostas e, conseqüentemente o reconhecimento deficiente do
agente físico como possível causador de agravos.
Não foi intenção do estudo, medir a iluminação, a temperatura, a umidade ou o
ruído do ambiente, porém se observou que em algumas unidades do hospital,
lâmpadas estavam queimadas ou com capacidade de iluminação diminuída. Não há
climatizadores em nenhum ambiente de cuidado, o que facilita extremos de
temperatura, especialmente na região estudada, noroeste do Rio Grande do Sul,
que oscila entre frio e calor extremos. A Norma Regulamentadora (NR) nº17
recomenda índices de temperatura efetiva entre 20ºC e 23ºC para proporcionar
condições de conforto nos locais de trabalho(7), o que, na região Sul, são
índices difíceis de se sustentar sem o uso de climatizadores.
Estudos apontam suspeitas de doenças relacionadas à exposição constante à luz,
um agente físico de significativo impacto sobre a saúde de quem trabalha por
muito tempo em horário noturno. Há estudos que associam a exposição à luz aos
distúrbios endócrinos, considerando que durante a noite há supressão na
produção de melatonina e o trabalho constante sob a luz artificial poderia
produzir tumores endócrinos, aumentando os riscos de câncer e outras doenças
graves. Além disso, comparado com mulheres que nunca trabalhavam à noite, foi
verificado um risco significativamente maior de fraturas naquelas que
trabalhavam neste turno, embora associados com outras variáveis, e sob alguns
viéses ocasionados por variáveis não controladas(16).
A exposição à radiação ionizante não foi citada por qualquer sujeito da
pesquisa, porém requer estudos específicos, visto que, inúmeras vezes,
especialmente em instituições de pequeno porte, a enfermagem auxilia nas
atividades de contenção, conforto e apoio às atividades do profissional técnico
em radiologia quando da realização de exames no leito(17). Tal situação é
preocupante, pois os trabalhadores de saúde, em geral, ignoram os princípios
básicos de proteção radiológica, além de que, normalmente, há escassez dos
equipamentos de proteção individual para estas situações.
O reconhecimento do risco químico
Ao serem analisadas as respostas com relação à exposição ao risco químico no
trabalho, verificou-se que 51,5% dos sujeitos participantes reconhecem a
exposição a esse risco ocupacional, sendo atribuída, pela maioria, ao contato
com medicamentos e desinfetantes. Do total que reconheceu a exposição, 41%
associaram-no aos medicamentos, 23,5% aos desinfetantes e 17,5% aos 'produtos
químicos', os quais não foram exemplificados; 11% não responderam. O sangue foi
citado por 7% dos respondentes como associado ao agente químico, reforçando o
conhecimento deficiente sobre o risco ocupacional em evidência. Esta
classificação de risco ocupacional, semelhante a outro estudo(15), foi pouco
citada pelos sujeitos, embora exista uma grande variedade de produtos químicos
presentes nos ambientes de atuação da equipe de enfermagem, tais como luvas de
látex , detergentes e sabões, álcool, gases anestésicos, entre outros.
Mesmo reconhecendo o risco químico, é importante salientar que agentes de
outras classificações de risco foram atribuídos pelos respondentes a essa
categoria. Parte dos sujeitos o associou ao risco físico (17,6%) ou ao
biológico (5,8%), o que denota um desconhecimento sobre o conceito desse risco
ocupacional, cujos agentes ou fatores são substâncias químicas, sob a forma
líquida, gasosa ou de partículas e poeiras minerais e vegetais, comuns nos
processos de trabalho expondo o trabalhador(9).
O hipoclorito de sódio foi um dos produtos químicos mais lembrados pelos
sujeitos, em 18% das respostas. No hospital em estudo, a desinfecção química de
alguns materiais é feita com esse saneante, em Centro de Material e
Esterilização. O hipoclorito de sódio é corrosivo e tóxico para a saúde humana
e seu vapor pode levar à irritação dos olhos, nariz, garganta e pele(18).
Ainda quanto ao adoecimento e à associação com produtos químicos, uma pesquisa
que examinou as relações entre o trabalho, o uso de produtos saneantes e uso de
luvas de látex com o surgimento de asma entre os enfermeiros e outros
trabalhadores da saúde europeus, verificou aumento dos riscos entre os técnicos
hospitalares e entre aqueles que utilizam amônia e/ou produtos sanitários no
trabalho. Tarefas como processamento de artigos, tais como a desinfecção foram
fatores de risco apontados(19).
Abordou-se, também, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos
sujeitos da equipe de enfermagem. Todos referiram utilizar algum EPI, sendo que
100% dos respondentes assinalaram luvas de procedimento; 82% relataram usar,
além das luvas, máscaras e aventais e 34% acrescentaram, também, o uso de
óculos. Uma pequena minoria (3,5%) citou a touca. Esses dados não permitem
generalização, pois podem ser respostas atribuídas a pessoal de unidades
críticas.
Constatou-se que 12% dos sujeitos sofreram acidente de trabalho no último ano,
todos com materiais perfurocortantes, notificados. Dos entrevistados, 15%
referiram agravos em decorrência da sua atividade, sendo todos relacionados ao
risco ocupacional ergonômico, como dores na região lombar, 'problemas' de
coluna e tendinite. Merece ser destacado que nenhum sujeito mencionou os
agentes físicos ou químicos como responsáveis por doenças ou acidentes
ocupacionais.
Agentes químicos estão presentes no trabalho da Enfermagem e são manuseados
cotidianamente durante a assistência ao paciente, na organização da área de
trabalho ou na desinfecção e esterilização de materiais. Isto posto é preciso
atenção à periculosidade que representa ao sujeito que o manuseia. Cabe à
instituição a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Químicos
Perigosos, que envolva desde a segregação até o tratamento e disposição final
de resíduos de produtos químicos utilizados ou vencidos. Quando este Plano não
está organizado adequadamente, mais facilmente é disseminado o potencial de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade das substâncias
químicas aos trabalhadores, à comunidade e à fauna e flora(18), situação
preocupante à saúde individual e coletiva.
Da mesma forma, barulhos e ruídos, causados pela conversação entre as pessoas,
pelos alarmes de aparelhos, pelo uso de telefones fixos e celulares, por jato
d'água da pia, especialmente em turnos movimentados,(20) entre outros, são
muitas vezes, assim como a exposição à radiação e à temperaturas extremas,
naturalizados e banalizados pelo trabalhador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados encontrados neste estudo demonstram que os riscos químicos e
físicos ainda são negligenciados pela equipe de enfermagem. Sendo assim, é
preciso atenção à educação permanente em saúde focada na atualização de saberes
acerca dos riscos ocupacionais desta natureza, considerando que, de forma
direta ou indireta, estes agentes configuram um ambiente desfavorável ao
cuidado saudável e seguro ao usuário do serviço e ao trabalhador, além de
comprometer a qualidade de vida.
O estudo teve relevância, tendo em vista que a produção científica é escassa
nesta temática, além de que evidenciou que a equipe de enfermagem pesquisada,
embora perceba os riscos a que seus membros estão expostos, contradiz-se quanto
à definição científica do risco físico e uma minoria dos profissionais
reconheceu os riscos químicos e físicos como fator prejudicial em seu ambiente
de trabalho.
Elaborar e fomentar estratégias para a inserção de temas, oficinas e conteúdos
relativos a prevenção de agravos e promoção da saúde do trabalhador nos cursos
técnicos e de graduação das áreas de saúde pode preparar os profissionais para
o enfrentamento e gestão dos riscos ocupacionais a agregar valor a saúde
ocupacional e à qualificação do trabalho.
Sugere-se a realização de outros estudos que possam explorar os riscos físicos
e químicos nos ambientes de trabalho, de modo a tirá-los da invisibilidade e a
sensibilizar gestores e profissionais para a prevenção de agravos e promoção da
saúde do trabalhador de enfermagem.