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BrBRCVHe0034-71672014000600972

BrBRCVHe0034-71672014000600972

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0034-7167
ano2014
Issue0006
Article number00972

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Mapeamento cruzado: títulos diagnósticos formulados segundo a CIPE® versus diagnósticos da NANDA Internacional INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, percebe-se na prática da Enfermagem a necessidade de construção de vocabulário próprio, preciso e consensual, que permita a sua consolidação como ciência, facilite a tomada de decisão e a utilização de evidências na prática clínica(1).

A falta de uma linguagem universal que estabeleça uma definição e descrição da prática profissional tem levado os enfermeiros a se inquietar e a se comprometer com o desenvolvimento da Enfermagem enquanto ciência(2-3). Uma ciência começa a existir quando seus conceitos são aceitos e a denominação dos seus fenômenos específicos é realizada(3).

As várias tentativas de identificar e denominar os elementos que descrevem a prática da Enfermagem têm sido registradas na literatura, podendo ser citada como grande contribuição nesse processo o fato de, no início da década de 1950, algumas enfermeiras começarem a identificar os conceitos específicos da profissão(4) e propor teorias de enfermagem.

A NANDA International (NANDA-I)(5)estimula a realização de pesquisas para a validação e aperfeiçoamento dos Diagnósticos de Enfermagem (DE). Atualmente, a classificação tem uma estrutura multiaxial e reúne 217 DE(5), sendo utilizada por enfermeiros de diversos países.

A meta da NANDA-I é desenvolver uma linguagem padronizada de DE e, dessa forma, expandir o conhecimento de enfermagem mediante a vinculação desses diagnósticos às intervenções e resultados de enfermagem. Considera-se que estes podem auxiliar na maior eficiência e qualidade do cuidado(6).

O trabalho desenvolvido pela NANDA-I nos Estados Unidos da América (EUA) foi o ponto de partida para o desenvolvimento de outros sistemas de Classificação de Enfermagem como a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®)(7).

A CIPE® é considerada uma referência terminológica eficiente por colaborar com o registro e análise da assistência de enfermagem(8). Ela é composta por termos de domínio da Enfermagem(9), e pode ser vista como um marco unificador que está sendo construído e que deve ser capaz de representar a Enfermagem como uma área de conhecimento(1).

Cabe ressaltar que, mesmo com os esforços para o desenvolvimento das classificações de enfermagem, como a CIPE®(7) e a NANDA-I(5) evidencia-se que existem termos usados por enfermeiros que ainda não se encontram nelas. Logo, pode-se inferir que enfermeiros utilizam uma linguagem própria para comunicar o seu fazer e o raciocínio clínico, independentemente da Classificação de Enfermagem utilizada. Além dis-so, também vem sendo identificado que eles embasam suas ações e tomada de decisão, tanto na designação do fenômeno identificado, como na seleção de intervenções mais adequadas a sua resolução (11).

É importante reforçar que a identificação de um fenômeno de interesse da Enfermagem tem relação com a expertise destes profissionais. Essa se refere à atuação de um enfermeiro em área específica, demonstrando seu domínio sobre situações intuitivamente compreendidas, onde ele é capaz de estabelecer diagnósticos, intervenções e resultados de maneira criteriosa, a partir de base teórica consistente.

Deste modo, constata-se a necessidade de serem feitos estudos de proposição de novos conceitos de DE, e para tanto realizou-se a presente pesquisa com os objetivos de elaborar títulos diagnósticos de enfermagem segundo a CIPE®, realizar mapeamento cruzado entre as formulações diagnósticas e os diagnósticos da NANDA-I, identificar dentre as propostas diagnósticas formuladas as constantes e não constantes na NANDA-I e realizar mapeamento dos títulos formulados com as Necessidades Humanas Básicas(12), referencial teórico empregado para direcionar as etapas do Processo de Enfermagem (PE) por muitos enfermeiros no Brasil.

Pesquisas relacionadas ao refinamento e teste da lingua-gem utilizada pela Enfermagem tornam-se necessárias, pois evidenciam o que tem sido aceito, rejeitado ou modificado quando Classificações de Enfermagem são utilizadas e seus elementos são comparados na prática profissional(13).

METODOLOGIA Trata-se de estudo descritivo em que se utilizou a técnica de oficina para elaborar títulos diagnósticos de enfermagem e a de mapeamento cruzado para identificar aqueles não constantes na NANDA-I.

Os dados utilizados para a elaboração dos títulos diagnósticos foram extraídos do banco de termos da linguagem especial de enfermagem para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de adultos(10), que apresenta termos identificados constantes e não constantes na CIPE® versão 1.0 e que são utilizados por enfermeiros que atuam em UTIs de adultos de uma capital brasileira.

A elaboração dos títulos diagnósticos foi realizada em uma grande oficina de trabalho, uma vez que esta é uma forma de coletar dados que favorece a reflexão e cria espaços de aprendizagem(14). A oficina contribuiu para a elaboração de propostas de títulos diagnósticos a partir das experiências dos enfermeiros na assistência a pacientes críticos e de reflexões decorrentes das discussões nos grupos de enfermeiros formados na oficina.

Foram encaminhadas cartas convite por e-mail a enfermeiros de 35 UTIs de adultos da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, e da região metropolitana e para as docentes responsáveis por disciplinas na área de Terapia Intensiva e de Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Na carta constava a programação, a finalidade da oficina e os critérios para poderem participar (obter no mínimo três pontos segundo os critérios de seleção de especialistas preconizados por Fehring(15)).

Utilizou-se também a técnica de bola de neve(16), onde era solicitado que, caso o enfermeiro ou docente conhecesse outro(s) colega(s) que atendesse(m) aos critérios de seleção para participar da oficina, que re-encaminhasse(m) a carta convite para o(s) mesmo(s).

Participaram da oficina 32 enfermeiros. No dia da oficina foi apresentada uma aula sobre a CIPE® 1.0(7) e sobre a pesquisa que gerou o banco de termos(10).

Naquele momento, a partir do banco de termos(10), foi realizado um exercício para a formulação de títulos diagnósticos de enfermagem a partir das diretrizes estabelecidas pelo Conselho Internacional de Enfermagem para a elaboração de títulos diagnósticos na CIPE® 1.0(7). Ou seja, para a formulação dos títulos utilizou-se um termo do eixo foco e pelo menos um outro do eixo julgamento.

Apesar de termos de outros eixos como localização, tempo, cliente poderem ser acrescidos, neste estudo, optou-se por não trabalhar com eles, uma vez que no banco utilizado(10)já havia um número elevado de termos dos eixos foco e julgamento e segundo as diretrizes para formulação dos títulos diagnósticos utilizando a CIPE® termos destes dois eixos são obrigatórios.

Entre os termos do banco, 83 referiam-se ao eixo foco e foram julgados como constantes na CIPE® 1.0, e outros 46 foram identificados como não constantes na classificação(10).

Durante a oficina, os 32 enfermeiros foram divididos aleatoriamente, por sorteio, em sete grupos. Cada grupo recebeu 18 a 19 termos do eixo foco, previamente e aleatoriamente colocados em uma caixa lacrada. Cada um dos sete grupos recebeu também placas contendo 54 termos do eixo julgamento extraídos do banco(10). Destes termos, 34 constavam na CIPE®-Versão 1.0 e 20 não constavam (10).

Os grupos trabalharam na elaboração dos títulos diagnósticos durante seis horas consecutivas, em salas distintas, com a colaboração de monitores. Após receber os títulos diagnósticos elaborados pelos enfermeiros, duas pesquisadoras, pertencentes ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Sistematizar o Cuidar em Enfermagem (NEPESC), peritas em diagnósticos de enfermagem, realizaram o refinamento dos mesmos. Durante este processo, foram excluídas as sinonímias, diagnósticos nos quais foram utilizadas combinações inapropriadas de termos, composições de termos que representassem resultados ao invés de diagnósticos e propostas de diagnósticos que não se aplicavam a pacientes internados em UTI de adultos.

Ressalta-se que a fim de favorecer o processo de análise dos títulos diagnósticos e exclusão de novas sinonímias eles também foram classificados nas Necessidades Humanas Básicas da teoria de Wanda de Aguiar Horta(12) considerando os conceitos propostos por Bub e Benedet(17). Neste momento, pelo agrupamento obtido identificaram-se novas sinonímias que também foram excluídas.

Para verificar se ainda existiam outras sinonímias, foram elaboradas definições para os títulos diagnósticos a partir dos conceitos dos termos constantes no banco de dados(10)e validados por Bedran(18). Ao fim destas ações, constatou-se ainda a existência de sinonímias, que foram também excluídas da lista de propostas diagnósticas.

A seguir foi realizado o mapeamento cruzado entre os títulos diagnósticos formulados utilizando o banco de termos e os títulos diagnósticos da NANDA-I.

Mapeamento cruzado é um processo realizado para a identificação de termos que podem ser usados, comparados ou compreendidos a partir de uma linguagem padronizada. Através do mapeamento cruzado é possível realizar estudos que demonstrem que os dados de enfermagem existentes, em diferentes locais, podem ser comparados às diferentes Classificações de Enfermagem e assim, adaptados para a linguagem padronizada(19).

Para avaliar o mapeamento dos títulos diagnósticos nas NHB(12) e das formulações diagnósticas e os títulos diagnósticos constantes na NANDA-I, foi calculado o índice de concordância (IC) entre esses processos e duas enfermeiras peritas em diagnósticos de Enfermagem utilizando-se a formula onde: IC = ( de concordâncias/ de concordâncias + de disconcordâncias) x 100 (20).

Para a realização desta pesquisa, foi observada a normatização prevista na Resolução 196/96, substituída pela 466/2012, ambas do Conselho Nacional de Saúde, que regulamentam a pesquisa com seres vivos no Brasil.

RESULTADOS Características sócio-demográficas dos enfermeiros participantes da oficina Entre os 32 enfermeiros que aceitaram o convite para participar da oficina e atenderam aos critérios de inclusão, três (3) são do sexo masculino (9,4%) e vinte e nove (29) do sexo feminino (90,6%). A maioria (20-62,5%) atuava em UTI de adultos e 37,5% (12) tinham mais que 8 anos experiência na unidade. Entre os enfermeiros, a maioria (20-62,5%) obteve três pontos segundo os critérios propostos por Fhering(15) e 37,5% (12), cinco ou mais pontos (Tabela_1).

Tabela 1 Distribuição dos participantes nas áreas de atuação profissional, Belo Horizonte, 2014  CARACTERÍSTICAS ENFERMEIROS n % Área de atuação      Assistência em UTI e docência 11 34,4  Assistência em UTI 09 28,1  Docência 07 21,9  Gerenciamento de UTI e docência 04 12,5  Gerenciamento de serviços de saúd01 3,1 Total 32 100 Tempo de graduação (anos)      2 - 4 08 25,0  4 - 6 07 21,9  6 - 8 05 15,6  8 - 10 04 12,5  10 - 12 03 9,4  Acima de 12 anos 05 15,6 Total 32 100 Processo de construção e refinamento dos títulos diagnósticos elaborados durante a oficina Na oficina, os enfermeiros elaboraram um total de 1.665 títulos diagnósticos que consideraram ser possíveis de identificação em pacientes internados em UTI de adultos. Esses foram submetidos ao primeiro processo de refinamento, a partir do qual se obteve um total de 309 títulos.

Os 309 títulos diagnósticos foram classificados nas NHB(12), considerando os conceitos elaborados por Bub e Benedet(17) e novas sinonímias foram excluídas, obtendo-se um total de 226 títulos diagnósticos. Para cada um deles, as pesquisadoras elaboraram uma definição considerando os conceitos dos termos constantes no banco de dados validados por Bedran(18). Neste momento, foram constatadas outras 106 sinonímias que foram, também, eliminadas. Os 120 títulos diagnósticos restantes foram classificados nas NHB(12) (Figura_1 e Tabela_2): Figura 1 Distribuição dos títulos diagnósticos nas Necessidades Humanas Básicas  Tabela 2 Classificação dos 120 títulos diagnósticos segundo as Necessidades Humanas Básicas, Belo Horizonte, 2014   NHB n % Psicobiológicas      Oxigenação 10 8,33  Hidratação 02 1,66  Nutrição 05 4,16  Eliminação 03 2,50  Sono/repouso 04 3,33  Atividade física 02 1,66  Sexualidade 02 1,66  Cuidado corporal 06 5,00  Integridade física 07 5,83  Regulação térmica 04 3,33  Regulação hormonal 01 0,83  Regulação neurológica 14 11,6  Regulação hidrossalina 02 1,66  Crescimento celular 01 0,83  Regulação vascular 12 10,0  Regulação dos órgãos dos sentid04 3,33  Locomoção 02 1,66  Segurança física/meio ambiente 16 13,3 Psicossociais      Segurança emocional 02 1,66  Amor/aceitação 02 1,66  Liberdade/participação 03 2,50  Comunicação 01 0,83  Criatividade 01 0,83  Aprendizagem/educação para a saú05 4,16  Gregária 02 1,66  Lazer 01 0,83  Autorrealização 02 1,66  Autoestima 02 1,66 Psicoespirituais      Espiritualidade 02 1,66 Total 120 100 Mapeamento cruzado entre as propostas diagnósticas e os títulos diagnósticos da NANDA-I Os 120 títulos de diagnósticos reais e de risco elaborados pelos enfermeiros resultantes do processo de refinamento foram submetidos ao mapeamento cruzado com os títulos diagnósticos da NANDA-I versão 2012-2014(5). Após esse processo, constatou-se que das 120 propostas de títulos diagnósticos 73 (60,8%) constavam na classificação e que 47 (39,2%) não constavam. Os títulos diagnósticos não constantes na NANDA-I e mapeados nas NHB estão dispostos no Quadro_1.

Quadro 1 Listagem dos títulos diagnósticos não constantes da NANDA- I classificados nas NHB da Teoria de Wanda de Aguiar Horta, Belo Horizonte, 2014  NHB TD Necessidades psicobiológicas Risco para desobstrução ineficaz de vias aéreas; Risco para oxigenação Oxigenação prejudicada; Risco para padrão respiratório ineficaz; Risco para desmame respiratório ineficaz.

Nutrição Risco para deglutição prejudicada; Risco de náusea.

Sono/repouso Risco de repouso perturbado; Risco para desconforto.

Sexualidade Risco de sexualidade alterada Cuidado corporal Risco para auto cuidado prejudicado; Higiene ineficaz; Risco para higiene comprometida; Saúde bucal prejudicada; Risco para saúde bucal prejudicada.

Integridade física Risco de mucosa prejudicada; Risco de queimadura.

Risco para agitação psicomotora; Risco de pressão intracraniana alta; Risco de Regulação neurológica pressão intracraniana baixa; Risco de pressão intracraniana instável, Risco de orientação prejudicada; Risco de delírio.

Regulação hidrossalina Risco de hiponatremia; Regulação hidrossalina prejudicada.

Risco para ingurgitamento mamário; Risco para taquicardia; Risco para Regulação vascular bradicardia; Débito cardíaco alto; Risco para débito cardíaco alto; Risco para débito cardíaco baixo.

Necessidades psicobiológicas Órgãos dos sentidos Risco de percepção sensorial perturbada.

Locomoção Risco de mobilidade física prejudicada.

Segurança física/meio Risco de segurança física prejudicada; Segurança física prejudicada; Risco de ambiente perfil imunológico comprometido; Risco de perfil sanguíneo comprometido.

Necessidades psicossociais Segurança emocional Risco para depressão; Liberdade/participação Participação comprometida; Acesso limitado; Risco para participação prejudicada.

Criatividade Criatividade prejudicada Aprendizagem/educação para aRisco para saúde prejudicada.

saúde Autorrealização Autorrealização prejudicada; Risco para comprometimento da autorrealização.

Autoimagem Risco para integridade prejudicada; Integridade prejudicada.

O índice de concordância com mapeamento cruzado, das formulações diagnósticas com os títulos diagnósticos da NANDA-I(5), entre a pesquisadora e a perita 1 também foi de 92% e a pesquisadora e perita 2 foi de 100%. Esses índices são considerados uma concordância quase perfeita(21).

DISCUSSÃO Constata-se na Figura_1, que a maioria dos títulos diagnósticos formulados pelos enfermeiros (97-80,8%) refere-se às necessidades psicobiológicas. Vinte e um (17,5%) são classificados nas necessidades psicossociais e dois (1,7%), às necessidades psicoespirituais.

As necessidades psicobiológicas são aquelas relacionadas ao corpo do indivíduo, as psicoespirituais referem-se às questões de significado da própria vida e da razão de viver, independente de crenças e práticas religiosas(22) e as necessidades psicossociais são aquelas relacionadas à convivência com outros seres humanos em sua família e grupos sociais(12).

Esse resultado mostra que existe uma tendência dos enfermeiros intensivistas em voltar-se para o atendimento de necessidades fisiológicas dos pacientes. Isso, em parte, se justifica pela especificidade clínica dos pacientes críticos, porém, cabe ressaltar que havendo desequilíbrio em uma das NHB desequilíbrio nas demais(12).

É fundamental que a equipe de enfermagem valorize a assistência integrada na UTI, tendo uma visão mais ampla do paciente, reconhecendo os aspectos biopsicossocioculturais de cada indivíduo. Esta equipe desempenha um importante papel, não apenas em relação ao cuidado com o corpo físico do paciente, mas também em relação ao cuidado emocional e espiritual, bem como com o cuidado social, atuando como intermediária no contato com a família e com o ambiente externo(23).

E, como a maioria das teorias de enfermagem enfatiza o cuidado integral como foco de interesse da Enfermagem, é preciso avaliar todas as áreas do indivíduo que demandam cuidado de enfermagem durante a formulação dos DE, de forma que intervenções possam ser propostas para o atendimento de necessidades do indivíduo nos diferentes aspectos.

Além disso, no Quadro 2, fica evidente que dos 47 títulos diagnósticos não constantes na NANDA-I versão 2012-2014, 10 (21,3%) referem-se às necessidades psicossociais e 37 (78,7%) às necessidades psicobiológicas. Nenhuma das propostas de títulos diagnósticos identificados como não constantes na NANDA- I se refere às necessidades psicoespirituais, ou seja, os dois títulos diagnósticos relacionados a essa necessidade, formulados pelos enfermeiros durante a oficina, constam da NANDA-I.

É importante enfatizar que os enfermeiros devem considerar a espiritualidade como um componente importante do cuidado integral e para tanto precisam ampliar seus conhecimentos e compreensão sobre esta NHB e desenvolver ferramentas para avaliá-la(24).

Logo, a assistência prestada nas UTIs deve estar imersa no cuidado humanístico, atendendo às necessidades biológicas, sociais, psíquicas e espirituais. Apesar dos aspectos científicos e aparatos tecnológicos serem importantes na assistência, o paciente e seus familiares precisam sentir que, muito mais do que a habilidade técnica e conhecimentos específicos, existe nestes profissionais sentimentos de compaixão, companheirismo e respeito às especifidades, crenças, hábitos e costumes dos seres humanos(25).

Verifica-se que o processo de raciocínio clínico na elaboração dos títulos diagnósticos de enfermagem, tanto usando a CIPE® 1.0 como quando se utiliza a NANDA-I acontecem e levam os enfermeiros a formular DE semelhantes para problemas clínicos que identificam nos pacientes. Observou-se ainda que a CIPE® 1.0 favorece a elaboração dos diagnósticos, uma vez que foi constatado, pelo mapeamento cruzado, que das 120 propostas de títulos diagnósticos elaboradas pelos enfermeiros usando a CIPE® 1.0, 47 (39,2%) não constavam na NANDA- I versão 2009-2011. Neste sentido, constata-se que, na percepção de enfermeiros especialistas, existem problemas e necessidades diagnosticadas em pacientes internados em UTIs de adultos ainda não constantes na NANDA-I(5). Isto, por sua vez, demonstra a necessidade de continuarem sendo realizados estudos comparando os diagnósticos obtidos com uma e outra classificação de forma a favorecer o desenvolvimento de uma linguagem única a ser utilizada pela Enfermagem.

CONCLUSÃO Com a realização deste estudo, foi possível elaborar títulos diagnósticos de enfermagem a partir de um banco de termos usados por enfermeiros que atuam em UTIs de adultos, realizar o mapeamento cruzado entre os títulos diagnósticos formulados e os constantes na NANDA-I, mapear com as NHB e descrever títulos diagnósticos ainda não constantes naquela classificação.

Apesar dos 47 títulos diagnósticos identificados neste estudo como não constantes na NANDA-I ainda precisarem passar por um processo de validação de conteúdo e validação clínica, contata-se que existem problemas de enfermagem identificados em pacientes internados em UTIs de adultos que ainda não constam nesta classificação. Por este motivo, pesquisas de propostas e validação de DE precisam continuar sendo realizadas a fim de contribuir para o desenvolvimento da NANDA-I e da CIPE® e, consequentemente, com a consolidação da Enfermagem como ciência.

LIMITAÇÕES Neste estudo foram identificados títulos diagnósticos que devem ser testados em pesquisas futuras de validação diagnóstica, seja de conteúdo, clínica, de correlação etiológica ou diferencial de forma a favorecer sua inclusão na NANDA-I ou em um catálogo CIPE® na especialidade de UTI adulto.

Além disso, foram utilizados os critérios estabelecidos por Fehring(15) para a seleção dos especialistas que participaram da oficina para a elaboração de propostas de títulos diagnósticos. Esses critérios ainda têm sido os mais utilizados nas produções na área dos programas de pós-graduação do Brasil(26).

Contudo, é importante ressaltar que eles tendem a privilegiar a formação acadêmica em detrimento da experiência clínica(27), o que pode dificultar o processo de raciocínio clínico para a análise e validação dos diagnósticos de enfermagem.


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