A maneira criativa e sensível de pesquisar
INTRODUÇÃO
As formas de pesquisar em saúde são diversas. No paradigma compreensivo se
destaca a abordagem qualitativa por levar em consideração as relações humanas e
os aspectos da subjetividade dos indivíduos e coletividade(1-2). É comum
estudiosos apresentarem à comunidade científica novas maneiras de pensar e
produzir pesquisa, especificamente, no tocante ao percurso metodológico e
também relacionado à produção de informações, que são os dados empíricos de
pesquisa.
A abordagem qualitativa busca aprofundar-se no mundo de significados das ações
e relações humanas(1-2). Esta aproximação traz à tona uma infinidade de
informações que precisam ser organizadas e analisadas para responderem às
indagações propostas. Na pesquisa qualitativa há a necessidade da compreensão,
exigindo do pesquisador a capacidade de colocar-se no lugar do outro,
estabelecendo uma escuta sensível e atenta à multiplicidade de vozes
compartilhadas pelos participantes. Estas exigências, contudo, apresentam-se no
sentido de um esforço metodológico a fim de que suas análises sejam
suficientemente objetivas e aprofundadas, afastando-se do subjetivismo. Para
tanto, a opção por técnicas de pesquisa, instrumentos, formas de análise
intencionam não apenas a organização ou categorização das descobertas, mas
também uma contextualização coerente(2).
As pesquisas de abordagem qualitativa permitem aproximações com outras áreas do
saber, além da aquisição de habilidades na utilização de outros referenciais
teórico-metodológicos e conhecimento sobre questões pertinentes à saúde e
enfermagem(3). Nesta abordagem, não há um único modo de pesquisar, existem
modos distintos que se apoiam em visões de mundo diferentes(2-3).
É sobre essas práticas distintas que este relato visa discorrer, justificado
pela necessidade de socialização aos pares de mais uma experiência de aplicação
do Método Criativo Sensível (MCS)(4-6) e suas etapas para concretização. Este
método foi utilizado para construção de um estudo exploratório-descritivo de
uma dissertação de mestrado que pretendeu analisar as percepções dos
trabalhadores de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre a participação em
saúde, o controle social e o próprio entendimento sobre a ESF(7).
Neste sentido, o objetivo deste relato de experiência é descrever o caminho
metodológico do MCS, em especial os procedimentos adotados no trabalho de
campo, do estudo anteriormente mencionado, para produzir dados empíricos.
Assim, pretende-se contribuir para futuras pesquisas em saúde e enfermagem.
O ALICERCE TEÓRICO DO MÉTODO – A CONTRIBUIÇÃO FREIRIANA
O MCS tem seus fundamentos em cinco das seis ideias forças da concepção de
educação dialógica e problematizadora de Paulo Freire(8-9). Ao pensar o lugar
social do educando no mundo e na educação, Freire defendeu que essa pessoa
possui raízes espaço temporais (primeira ideia), é vocacionada para
problematizar sobre sua existência (segunda ideia), ao partir de situações
existenciais concretas e refletir criticamente (terceira ideia) pode
transformar seu modo de vida (quarta ideia) e, assim, mudar a cultura do meio
onde vive (quinta ideia). Freire situa a educação como uma possibilidade de o
indivíduo oprimido libertar-se da condição que o oprime, do opressor que há
dentro de si, e assumir um novo lugar social, o de liberto.
Para a sistematização do método criativo sensível, três perspectivas do
construtivismo Freiriano foram essenciais: a ontológica, a epistemológica e a
metodológica.
Da perspectiva ontológica Freiriana, tomou-se a crença de que o participante da
pesquisa assume um lugar social de sujeito-pesquisando na relação com o
sujeito-pesquisador. Nesse sentido, há deslocamento de poder daquele que
efetivamente detém o saber sobre o objeto investigado, não sendo mais o
sujeito-pesquisador, mas sim, o sujeito-pesquisando. Nessa perspectiva, o
acesso às situações existenciais concretas, que estão tecidas na história
sociocultural dos participantes da pesquisa (os sujeitos-pesquisandos), requer
do pesquisador, um papel social de animador cultural para mobilizar a
problematização das experiências derivantes dessas situações. A produção de
dados empíricos, centrado no diálogo problematizador, implica uma construção
coletiva, mobilizadora da crítica-reflexiva(8). Daí advém a necessidade de
haver a formação grupal para o desenvolvimento do trabalho de campo da
pesquisa, dentro de uma dinâmica de funcionamento em que o grupo é mais que uma
reunião de pessoas para tratar de um determinado tema. O grupo passa a ser um
espaço democrático, dialógico, interpessoal e mobilizador das múltiplas vozes
dos sujeitos-pesquisandos na enunciação das situações existenciais concretas
que são passíveis de socialização no espaço coletivo.
Da perspectiva epistemológica Freiriana emerge a forma de evidenciar e lidar
com os conflitos no espaço da pesquisa, a partir das situações-limites próprias
das experiências existenciais concretas. No espaço grupal da pesquisa acontece
a circulação de poder e saber, tanto dos sujeitos-pesquisandos como do sujeito-
pesquisador, o que implica uma ação política de mediação, negociação, respeito
à heterogeneidade e pluralidade de ideias polifônicas(7). No processo educativo
tem-se como objetivo promover a ampliação da visão de mundo mediatizada pelo
diálogo educador-educando, centrada em "uma atitude de amor, humildade,
esperança e fé nos homens, no seu poder de fazer e de refazer, de criar e de
recriar"(8). Na pesquisa, essa relação é mediatizada pela atitude dialógica do
sujeito-pesquisador, que empenha a escuta sensível da audiência que ele anima e
a necessidade de propiciar um ambiente em que exista livre expressão do
pensamento crítico. O MCS propõe o estabelecimento de diálogos baseados na
escuta, na capacidade de aceitação do outro e na solidariedade que sustentará
relações de cuidado e de pesquisa.
Nessa relação íntima de diálogo com o educando, ambos são produtores de
conhecimento (sujeito-pesquisador e sujeito-pesquisando), determinando uma
relação menos desigual e menos assimétrica, assim "ninguém educa ninguém, como
tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão,
mediatizados pelo mundo"(8). É na comunhão que a alteridade das experiências
humanas se desvelam para gerar conhecimento.
Explicita-se e ressalta-se a importância da construção coletiva, que deve
acontecer a partir dos saberes adquiridos nas próprias experiências das pessoas
que compartilham o espaço coletivo do trabalho de campo da pesquisa, ou seja,
no MCS a generosa e desimpedida relação entre sujeito-pesquisador e sujeito-
pesquisando é imprescindível. O fruto da troca de experiências entre esses
sujeitos é o substrato para os indivíduos construírem outros saberes, a partir
de então, elaborados e sempre mediados pelo diálogo(9).
Na constante reinvenção dos próprios saberes, os participantes vão se tornando
mais autônomos e capazes de considerar criticamente a realidade em que vivem e,
como consequência, tem a possibilidade de transformá-la. O MCS associa-se à
ciência, arte, criatividade e sensibilidade, e privilegia a participação ativa
dos sujeitos na busca da construção coletiva do conhecimento, fortalecendo uma
relação dialógico-dialética entre os sujeitos envolvidos com o processo(4-6).
Na perspectiva metodológica Freiriana, a discussão de grupo é um pilar
importante do método criativo sensível, pois valoriza-se a singularidade de
cada sujeito-pesquisando na apresentação das produções do tipo artística que
foram construídas na oficina de criatividade e sensibilidade. A análise
coletiva das produções apresentadas representa a problematização das situações
existenciais concretas, é quando ocorre a coletivização de experiências humanas
(4-6).
Durante este processo grupal (oficinas), o pesquisador precisa desenvolver a
escuta sensível para captar e transcender o que está sendo dito, criando uma
zona de produção de dados cuja riqueza e diversidade representa a própria
emergência de conhecimentos(4-7).
Deve-se considerar que um ponto negativo da técnica de coleta de informações no
grupo tem relação com a possibilidade de alguns indivíduos sentirem-se
constrangidos num grupo e não revelarem seus pensamentos da mesma forma que
fariam num ambiente privado(10). Entretanto, as maneiras de produzir dados na
pesquisa qualitativa são diversas, sendo possível a proposta de alternativas
que possibilitem conforto, respeitando as individualidades(4-6,11-12).
Constata-se também, que esta interação grupal cria um espaço privilegiado para
a produção de dados, favorecendo o conhecimento de si e do outro de maneira
complexa, revelando o modo de ser de cada um, seus juízos de valores, seu
imaginário, explorando aspectos tais como cultura, religião ou mesmo as
influências do contexto(4-6).
Em síntese, a contribuição do construtivismo Freiriano, como um dos alicerces
teóricos do MCS, se solidifica na necessidade de apresentar a pesquisa como uma
prática desopressora, mediada pela liberdade de pensamentos, incitada por meio
da criatividade, juntamente com a possibilidade de escolhas de múltiplas formas
de manifestação destes pensamentos, utilizando os vários sentidos do corpo e da
sensibilidade por meio de dinâmicas, gerando o nome Método Criativo Sensível(4-
6).
É importante ressaltar que o produto das dinâmicas serviu de base para as
reflexões e discussões coletivas, com a possibilidade de validação das
informações neste espaço, mantendo a singularidade de cada participante que
coletiviza suas experiências no grupo. Estas dinâmicas permitiram a criação de
espaços para a discussão e reflexão, sendo que no processo de produção dos
dados, o sujeito-pesquisador e os sujeitos-pesquisandos do estudo se
encontraram em uma experiência vivencial e existencial, mediada pelo diálogo(4-
6).
PRODUÇÃO DOS DADOS NO INTERIOR DAS OFICINAS
Os participantes do estudo foram trabalhadores de uma ESF(7) dentre os quais:
oito agentes comunitários de saúde, três técnicos de enfermagem, uma
enfermeira, um médico, um odontólogo e um auxiliar de consultório dentário,
totalizando 15 participantes.
Os encontros desse grupo se dividiram em três oficinas com duração de
aproximadamente duas horas cada. A realização de três encontros foi considerada
adequada para produção de conhecimentos sobre o objeto de estudo, tendo em
vista, a riqueza das informações produzidas no campo da pesquisa.
Cada oficina foi pautada em uma temática: a primeira foi sobre Estratégia de
Saúde da Família; a segunda sobre Participação em Saúde; e a terceira e última,
sobre Controle Social em Saúde. Para imergir nestas temáticas, adotou-se o
equivalente à questão geradora de debate no MCS, uma questão disparadora
diferente em cada um dos três encontros: o que é para você a Estratégia Saúde
da Família? (para a primeira oficina); O que é para você Participação em Saúde?
(para a segunda oficina); O que é para você controle social em saúde? (para a
terceira oficina).
Essas oficinas foram desenvolvidas em cinco momentos conforme proposto pelo MCS
(4-6): preparação do ambiente e acolhimento do grupo, apresentação dos
participantes do grupo, explicação da dinâmica e atividade individual ou
coletiva, apresentação das produções e análise coletiva, e validação dos dados.
Entretanto, estes momentos foram renomeados na experiência realizada e
renominados como: introdução, produção, apresentação, discussão e avaliação.
As etapas das oficinas foram ilustradas por meio de desenhos (Figuras_1 a 5),
cujo objetivo foi aperfeiçoar o entendimento de cada uma. Nas ilustrações, o
sujeito-pesquisador é representado como o homem de óculos e o auxiliar de
pesquisa como o homem ao lado direito deste, geralmente de prancheta na mão. As
demais pessoas representam os participantes do estudo (os sujeitos-
pesquisandos). Por se tratar de desenhos meramente ilustrativos, não se deve
levar em consideração o sexo e a cor dos mesmos, mas a situação geral expressa
em um determinado momento da oficina.
Figura 1 Primeiro e segundo momentos da etapa Introdução da oficina
[/img/revistas/reben/v67n6//0034-7167-reben-67-06-0994-gf02.jpg]
Figura 2 Segunda etapa Produção da oficina
[/img/revistas/reben/v67n6//0034-7167-reben-67-06-0994-gf03.jpg]
Figura 3 Etapa Apresentação da oficina
[/img/revistas/reben/v67n6//0034-7167-reben-67-06-0994-gf04.jpg]
Figura 4 Primeiro e segundo momentos da etapa Discussão da oficina
[/img/revistas/reben/v67n6//0034-7167-reben-67-06-0994-gf05.jpg]
Figura 5 Etapa Avaliação da oficina
ETAPAS DO MÉTODO CRIATIVO SENSÍVEL
Etapa Introdução
A introdução foi subdividida em três momentos: o primeiro consistiu na
apresentação dos participantes e do facilitador; o segundo, a apresentação da
temática proposta para o encontro e o terceiro, a realização da dinâmica.
O facilitador, para instigar o debate e promover uma reflexão entre os
participantes, começava fazendo a leitura de um caso fictício do cotidiano dos
serviços de saúde ou mostrava alguma parte de vídeo relacionado à temática que
seria abordada (ESF, participação em saúde e controle social em saúde).
Após estas apresentações (caso fictício e ou trechos de vídeos), dava-se início
à parte individualizada da oficina, quando os participantes eram estimulados a
escrever a sua percepção inicial sobre a situação pesquisada partindo sempre de
uma questão disparadora de acordo com a temática do referido encontro. As
percepções eram expressas por meio de uma frase ou palavra com utilização de
canetas esferográficas coloridas para posteriormente coletivizar no grupo e
fazer um contraponto com o resultado da dinâmica realizada na etapa posterior
denominada produção. Os desenhos a seguir (Figura_1) demonstram estes momentos
da etapa introdução:
Etapa Produção
Na sequência, procedeu-se ao segundo momento da oficina chamado etapa produção.
Este consistiu na explicação e realização de uma das Dinâmicas de Sensibilidade
e de Criatividade do MCS (o método tem várias dinâmicas) intitulada Livre para
Criar(10). Para este encontro grupal, foram disponibilizados cartolinas,
canetas hidrocor, pincel atômico, giz de cera, tinta, cola, revistas, jornais,
fita adesiva e tesouras. A Figura_2 ilustra esta segunda etapa da oficina:
Com a disponibilização destes materiais, os participantes tiveram autonomia
para representar individualmente a percepção sobre a temática proposta em cada
oficina objetivando validar ainda mais sua percepção inicial construída na eta-
pa de introdução da oficina.
Etapa Apresentação
A apresentação consistiu na socialização entre os integrantes de suas
percepções sobre as produções. As produções foram sendo coletivizadas de
maneira espontânea no grupo, de acordo com a temática discutida no encontro
(Figura_3).
Os participantes apresentaram suas produções artísticas com os resultados das
dinâmicas iniciais propostas na etapa introdução. Após cada apresentação
procediam à fixação de sua produção na parede.
Etapa Discussão
Atrelada à apresentação aconteceu a discussão grupal, relativa à análise
coletiva do MCS, que se dividiu em dois momentos: o primeiro foi a parte de
construção coletiva da percepção, na qual os participantes, após terem
apresentado suas percepções individuais, foram instigados pelo facilitador
(correspondente ao animador cultural no MCS) com base no que já havia sido
produzido individualmente, para construção de uma percepção coletiva sobre cada
temática norteada pela seguinte indagação: O que é para o grupo a Estratégia
Saúde da Família, Participação em Saúde e o Controle Social em Saúde?
Nesse momento, todo grupo compartilha uma pluralidade de ideias sobre o modo de
apresentação e sobre a percepção propriamente dita, sendo que as conflituosas
foram negociadas e transformadas em percepções complementares, resultando em
aproveitamento de todas as produções pelo pesquisador.
O segundo momento foi a explanação da construção coletiva, que serviu para uma
maior validação das informações obtidas através dos momentos individuais da
oficina. Para consolidação grupal da percepção foi disponibilizado papel pardo,
pincel atômico, cola, tesoura entre outros materiais. Estas duas etapas estão
tipificadas através dos desenhos a seguir (Figura_4):
Etapa Avaliação
Por fim, a avaliação consistiu no fechamento diário de cada encontro
aproximando e distanciando da realidade dos participantes e estava pautada na
seguinte pergunta: O que os participantes acharam da oficina? Além de
direcionar a oficina para o término e de oportunizar aos participantes fazerem
suas considerações sobre o encontro, esta etapa permitiu ainda que pudessem ser
reforçados aspectos inconclusos, incompletos e inacabados, que foram abordados
na parte intermediária da oficina. Posteriormente, seguiu-se uma
confraternização com o grupo, oportunizando uma maior integração e
descontração. A Figura_5 ilustra e finaliza as etapas da oficina:
Síntese das etapas
Os participantes (sujeitos-pesquisandos) exteriorizaram suas concepções, fruto
de construção coletiva, alicerçada nas suas situações existenciais concretas,
mediadas pela crítica e reflexão, pela prática democrática do grupo para
transformar percepções conflituosas em complementares. Nisso reside a liberdade
e a autonomia mediada por escolhas e pela negociação coletiva. Esta
possibilidade solidificou a discussão fomentada e oportunizou àquele que até
então estava restrito ao microespaço de atuação, ser protagonista de um
coletivo que procura compreender e fazer-se compreendido.
Cabe ressaltar que as etapas supracitadas não dividem ou interrompem o processo
de construção do conhecimento, mas se complementam, pois permitiram a
problematização coletiva de uma realidade, mediada pelo diálogo das situações
existenciais concretas plurais e heterogêneas, pela capacidade de escuta e pela
possibilidade de as pessoas verem e serem vistas no grupo.
Uma relação dialógica, no método criativo sensível de pesquisar, pressupõe um
exercício de poder horizontal entre os participantes, sendo que o facilitador
assume o papel de animador cultural das relações intragrupais. A fundamentação
Freiriana do MCS situa-se, justamente, na transformação da singularidade de
cada participante, expressa nas situações existenciais concretas, em alteridade
com as experiências coletivas resultantes de seu compartilhamento grupal.
As etapas introdução, produção, apresentação, discussão e avaliação permitiram
o conhecimento de percepções, concepções e fomentaram a participação ativa de
todos. As três oficinas totalizaram 6 horas de gravação, cujas transcrições
resultaram no material empírico, que constituiu a fonte primária de dados da
dissertação de mestrado. Os produtos das oficinas, onde o MCS foi aplicado,
consistiram nas produções do tipo artísticas individuais e grupais, nas
situações existenciais concretas emergentes das apresentações e na análise
coletiva e validação dos dados produzidos pelos próprios participantes.
Além disso, atingiu-se a saturação dos dados pela profundidade, consistência e
coerência das experiências heterogêneas que foram compartilhadas no espaço
coletivo, ao responder as questões disparadoras e confirmá-las no
sequenciamento da realização dos encontros. O uso de uma única dinâmica no
espaço grupal da oficina, que se reuniu em três momentos, foi suficiente para
atingir a profundidade necessária da experiência. O método preconiza que para
manter a credibilidade dos dados, nos casos em que há variação dos
participantes, é preciso manter uma única dinâmica aplicável a todos os grupos
(4-6).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A investigação qualitativa utilizando o MCS demonstrou-se profícua e aplicável
à busca de conhecimentos em trabalhos de campo que privilegiam as experiências
de cuidado nas práticas de saúde e enfermagem. Revelou-se também como
importante estratégia para abordagens do cotidiano dos profissionais de saúde.
Os participantes tiveram possibilidade de ser escutados, se perceberem e se
ouvirem, despertando para ir além do que está previamente posto e valorizando
continuamente os preceitos da pesquisa qualitativa. O MCS permitiu a utilização
de inúmeras dinâmicas, desenvolvidas por meio de variadas técnicas grupais,
adequadas ao problema de pesquisa. O método também ofereceu a possibilidade de
manifestação tais como afeto, solidariedade, compreensão e escuta quando foram
abordados temas de interesse comuns e de construção coletiva tornando a coleta
de dados humana, acolhedora, amorosa e não mecanizada.