Uma análise da pobreza multidimensional do Nordeste metropolitano com uso de
modelo de equações estruturais
Introdução
A pobreza é a face mais dramática da concentração de renda de um país, pois se
desenvolve por meio da construção e consolidação de estruturas e processos que
lhe atribuem forma concreta de estágio de privação tanto social como econômica.
Nas últimas décadas, várias abordagens conceituais foram propostas buscando
instrumentos metodológicos que contribuíssem com estudos focalizados no
fenômeno da pobreza. Uma importante referência nesses estudos é Sen_(1999), que
aborda a questão da pobreza avançando para além do corte da renda (material).
Seu posicionamento é favorável ao entendimento da pobreza como um problema
complexo que deve ser visto por meio das privações enfrentadas em todas as
estruturas que compõem a vida das pessoas.
Os estudos que se propõem a mensurar a pobreza a partir de uma estrutura
interdependente entre fatores sociais e econômicos sugerem uma abordagem
multidimensional, que considere as condições de vida de um indivíduo (ou
unidade domiciliar) para além da renda monetária disponível, tais como
educação, saúde, acesso ao mercado de trabalho, condições de moradia, etc. Além
de incluírem tais dimensões, as propostas lhes conferem um contorno estrutural,
ou seja, reconhecem nelas um inter-relacionamento, o que obriga as metodologias
da análise da pobreza a tratarem de sistemas complexos (WAGLE,_2008; KAGEYAMA;
HOFFMANN,_2006; CODES,_2005; LISTER,_2004; SEN,_2000, RAVALLION,_1996).
Para conceituar o fenômeno da pobreza sob a ótica multidimensional e estudar a
pobreza em três regiões metropolitanas do Nordeste brasileiro - Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF), Região Metropolitana do Recife (RMR) e Região
Metropolitana de Salvador (RMS) -, este artigo faz uso da abordagem empregada
por Wagle_(2008), Multidimensional poverty measurement: concepts and
applications. No Brasil, a realidade da pobreza está atrelada a uma herança de
injustiça social que vem desde sua colonização, eclodindo num cenário de
grandes desigualdades e permanecendo um desafio histórico a ser enfrentado. Ao
lado da pobreza também existe reconhecido problema de desigualdades regionais,
com a porção Norte/Nordeste do país apresentando indicadores sociais bem
inferiores. Portanto, a análise das regiões metropolitanas do Nordeste,
evidenciando suas semelhanças e complexidades, pode contribuir para o debate
acerca da construção de políticas públicas mais eficazes visando a redução
deste indesejável fenômeno social.
A operacionalização da abordagem multidimensional, que é composta por uma
estrutura de natureza relacional de um objeto social, utiliza a abordagem da
Modelagem de Equações Estruturais (MEE) por se tratar de um método quantitativo
capaz de determinar os fatores mais influentes nas condições de vida das
pessoas, mostrando-se, também, apto a valorar a intensidade de tais
influências, tanto direta como indiretamente (WAGLE,_2008; CODES,_2005).
Neste estudo, seguindo a abordagem defendida por Wagle_(2008), ressalta-se a
relevância de trabalhos que contribuam para um olhar mais aprofundado sobre o
fenômeno da pobreza por meio de uma lente multidimensional. A seguir apresenta-
se uma revisão de literatura centrada na discussão sobre a abordagem
multidimensional da pobreza e nas dimensões definidas como vetores da pobreza.
Posteriormente, é abordada a discussão metodológica, referente ao método
quantitativo - modelos de equações estruturais -, como instrumento de análise e
medição da pobreza nas regiões metropolitanas do Nordeste, além da construção
dos modelos propostos utilizando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD) 2009, tendo como população-alvo as pessoas responsáveis pelos domicílios
residentes nas regiões estudadas. Na sequência, de posse dos dados, busca-se
analisar os resultados gerados a partir dos dados empíricos, utilizando a
Modelagem de Equações Estruturais (MEE). Para concluir, são tecidas as
considerações finais como forma de se justificar a metodologia de MEE como
método plausível para estudar o fenômeno da pobreza.
Vetores da pobreza: breve discussão sobre a dimensão qualitativa desse fenômeno
Tratar a pobreza como um fenômeno multifacetado é entendê-la como resultante de
um complexo e intrincado sistema de forças que se inter-relacionam e provocam o
surgimento e manutenção de camadas sociais que padecem com diversos tipos de
privações. Qualquer construção teórica que se pretenda viável de ser testada
carece de algum esquema simplificador. Este artigo propõe um esquema a partir
de quatro vetores de análise: bem-estar econômico; capacidade; inclusão
econômica via mercado de trabalho; e inclusão por meio das condições de
moradia. Estes vetores também podem ser entendidos como dimensões, pois em cada
um deles existe um conjunto de atributos, ações e costumes sociais que os
caracteriza.
Para Wagle_(2008), a pobreza possui caráter multidimensional que vai muito além
da renda monetária que implica ter ou não mais recursos materiais demandados em
determinado estilo de vida. Ravallion_(1996) defende que a busca por uma
abordagem "verdadeiramente" multidimensional por meio da agregação de diversas
variáveis dependentes tente resultar em algumas inter-relações complexas entre
essas variáveis, estabelecendo uma base empírica credível para o combate à
pobreza. Corroborando a relevância da abordagem sob a ótica multidimensional,
Diallo_(2010) menciona a grande contribuição dessa metodologia para melhor
caracterização do público-alvo, os pobres. Diante dessa perspectiva, pode-se
verificar que a pobreza é cristalizada como um fenômeno multidimensional e,
para ser identificada sob essa ótica, devem ser consideradas as diversas
dimensões que compõem essa realidade de privação (BARROS;_CARVALHO;_FRANCO,
2006).
Sumner_(2004) argumenta sobre a necessidade de estudos mais complexos, que vão
além da análise monetária, pelo fato de proporcionarem um melhor entendimento
sobre a dinâmica do fenômeno da pobreza. Alkire_(2015), por exemplo, chama a
atenção para algumas variáveis presentes em estudos que utilizam as dimensões
educação, saúde, habitação, entre outras, nas abordagens multidimensionais,
constituindo-se em importantes instrumentos de políticas públicas na busca pela
redução da pobreza. Assim, reforça-se a importância de estudos que levem em
conta as características multidimensionais da pobreza. Wagle_(2008)menciona que
Chakravarty (1983) e Tsui (1999, 2002) foram dois pioneiros na utilização de
variáveis reais - métodos quantitativos - para abordagem das características
multidimensionais da pobreza. Deutsch_e_Silber_(2005), utilizando Banco de
Dados de Israel de 1995, trabalharam quatro diferentes abordagens
multidimensionais1 e concluíram que havia uma forte tendência positiva no uso
desses índices de pobreza multidimensional para identificar o fenômeno da
pobreza com maior grau de confiabilidade. Betti,_D'Agostino_e_Neri_(2002)
empregaram a abordagem multidimensional para identificar a dinâmica da pobreza
e como os fatores sociodemográficos a influenciam. Kageyama_e_Hoffmann_(2006),
por exemplo, produziram um estudo da pobreza multidimensional para o Brasil
usando, além da renda, o acesso aos três serviços básicos no que tange à
salubridade de moradia: água encanada; instalação sanitária; e iluminação
elétrica. Barros,_Carvalho_e_Franco_(2003) construíram, a partir da abordagem
multidimensional, o Índice de Desenvolvimento da Família - IDF, formatando-
o sobre seis dimensões, 26 componentes e 48 indicadores. Codes_(2005) defende a
utilização de um método quantitativo que contribua para a explicação da
natureza relacional de um objeto social tão complexo como o fenômeno da
pobreza. O objeto central dessa seção consiste no levantamento de um
embasamento teórico para justificar o uso da metodologia proposta por Wagle_
(2008), com o objetivo de medir e avaliar a pobreza a partir das relações
mútuas entre as dimensões, por meio de uma abordagem multidimensional.
O bem-estar econômico, usado com certa frequência na literatura, é extraído da
valorização das relações humanas, sociais ou econômicas e, por longo tempo, foi
o cerne de estudos sobre a pobreza. Uma das formas de se observar o bem-estar é
por meio da dimensão econômica, seja pela insuficiência de recursos monetários,
seja pela baixa capacidade de consumo das pessoas (ou famílias) (BARROS;
MENDONÇA,_1995; RAMOS;_REIS,_1995; ROCHA,_1997; ORSHANSKY,_1965). Nesse
sentido, segundo Wagle_(2008), o bem-estar econômico tem como premissa captar
os recursos físicos que determinam a qualidade de vida material. Para Ringen_
(1987), por exemplo, a pobreza pode ser definida e mensurada tanto direta
(consumo) como indiretamente (renda). Nessa perspectiva, o bem-estar passa a
ser um indicador do baixo nível de vida das pessoas, via inadequação dos
recursos materiais. Assim, bem-estar econômico pode ser entendido sob a ótica
de que a renda e o consumo de bens e serviços (por exemplo, habitação,
transporte, vestuário) são a materialização da distribuição dos recursos
disponíveis, o que significa, então, que tais variáveis se mostram confiáveis
para se apresentarem como instrumentos de análise para diagnosticar o fenômeno
da pobreza (ROCHA,_1997, 1998, 2005; RAMOS;_REIS,_1995).
Cumpre destacar que a tradição mais prolífica de estudos sobre a pobreza
entende que o bem-estar econômico é suficiente para mensurar em que medida uma
pessoa (ou família) é pobre. Entretanto, olhar apenas esta dimensão leva à
tentativa de construção de "linhas de pobreza", que são muito úteis para
quantificação de efetividades de políticas públicas, mas pouco confiáveis para
realmente auxiliar em como as políticas públicas devem ser desenhadas. Por trás
do argumento de que toda a questão da pobreza pode se resumir na renda subjaz a
ideia utilitarista de que o bem-estar pode ser medido pelo nível de consumo que
uma pessoa (ou família) pode efetivar. Citro_e_Michel_(1995) alertam para o
fato de que esse instrumental de análise para medir a extensão da pobreza
carece de ser revisto tanto entre os grupos populacionais quanto em áreas
geográficas do país, pois é necessária a busca por uma imagem mais real desse
fenômeno ao longo do tempo.
A partir dessa perspectiva, o não atendimento das capacidades básicas passa a
ser muito mais perverso sob o prisma de liberdade e justiça do que as
definições na literatura que consideram a pobreza limitação de determinada
quantidade de recursos monetários2 (SEN,_1999, 2000, 2011; ALKIRE,_2015). Para
Sen_(2011), os mais pobres entre os pobres são aqueles indivíduos que vivenciam
a carência de capacidade além da renda, pois tendem a sofrer o chamado efeito
"desvantagem da conversão",3 ou seja, a inaptidão os leva a não conseguir obter
uma boa qualidade de vida mesmo com acesso a renda e consumo. Essa "desvantagem
da conversão" só será superada por meio de esforços que levem em conta o
caráter multidimensional da pobreza, centrando a devida importância nos
conjuntos de recursos básicos, incluindo educação, saúde, nutrição, etc., que
se apresentam como pilares fundamentais para a redução real da pobreza (ALKIRE,
2015; WAGLE,_2008; SEN,_2000). Nesse sentido, Bourguignon_e_Chakravarty_
(2003)desenvolveram um estudo utilizando a abordagem multidimensional para o
Brasil e constataram uma forte correlação entre renda e educação para
identificar o fenômeno da pobreza. Diallo_(2010), a partir de um modelo
multidimensional, verificou que 54,48% dos domicílios, na Guinea, são
estruturalmente pobres e o baixo nível de escolaridade está entre as dimensões
que mais indicam o grau de privação dessas famílias.
A inclusão social pode ser considerada mais um pilar na estrutura pela busca da
redução da pobreza. Diante dessa perspectiva, Marió_(2005) menciona que, nas
sociedades modernas, o mercado de trabalho passou a ser um dos principais
mecanismos para efetivar a inclusão social de uma parcela significativa da
população mundial. Singer_(1996) identificou que no Brasil fatores estuturais
como desigualdade educacional, emprego informal e trajetória crescente nas
taxas de empregos estão inter-relacionados com a exclusão social no país. Nesse
sentido, o acesso ao mercado de trabalho passou a ser um fator de estudo para
explicar a exclusão social em muitos estudos acadêmicos (WAGLE,_2008; BURCHARDT
et_al.,_2002; OPEL,_2000). Dessa forma, a inclusão da parcela menos favorecida
da sociedade enfrenta constantes desafios para superar as deficiências do meio
social, lutando árdua e continuamente pela conquista de oportunidades no
mercado de trabalho. As maneiras como o capital é utilizado e remunerado nas
atividades econômicas do país acarretam forte impacto no nível de pobreza de
grande parcela da população. Nesse contexto, o mercado de trabalho desempenha
papel predominante na inclusão social desses atores sociais.
A exclusão social também pode ser analisada sob a ótica da precariedade das
habitações. O dimensionamento da carência de muitos domicílios brasileiros
evidencia uma segregação socioespacial que leva várias famílias de baixa renda
a viverem em áreas desestruturadas e com a aprovação do poder público (BARBOSA;
GAVIOLI;_YAMANISHI,_2003). Barros,_Carvalho_e_Franco_(2006), na elaboração do
Índice de Pobreza Familiar (IPF), construído por meio de seis dimensões,
verificaram que a dimensão carência habitacional4 tinha forte correlação com as
dimensões acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, escassez de recursos e
desenvolvimento infantil. No Brasil, especificamente, ainda existem milhões de
famílias que vivem em moradias sob condições inadequadas. Nessa área, o setor
público é o responsável pela infraestrutura ao redor dessas moradias, em termos
de saneamento básico, coleta de lixo, procedência da água disponibilizada,
segurança, etc. No entanto, a precária situação das condições sociais de muitas
famílias no país pode, muitas vezes, ser verificada a partir das condições de
habitação que refletem na saúde desses membros da sociedade (NERY,_2004;
BARBOSA;_GAVIOLI;_YAMANISHI,_2003; BARRETO_et_al.,_2011; HOLANDA_et_al.,_2003;
RODRIGUES,_2005).
O caráter multidimensional do fenômeno da pobreza dividido pelas quatro
dimensões apresentadas nessa seção - bem-estar econômico, capacidade, inclusão
econômica e inclusão por meio das condições de moradias - mostra aspectos
estritamente inter-relacionados tanto pelo grau quanto pela intensidade com o
fenômeno da pobreza. Diante de tal evidência, este artigo promove uma
explicação de natureza relacional, ou seja, como a pobreza pode estar
relacionada com esses vetores, por meio de uma abordagem quantitativa
denominada de Modelagem de Equações Estruturais (MEE) (CODES,_2005).
Metodologia
Tratar a pobreza a partir de distintas dimensões significa enfrentar um desafio
metodológico. Isso porque as dimensões são, na verdade, construções teóricas,
ou seja, não existem mensurações únicas ou viáveis às mesmas. A alternativa
proposta neste artigo é abordar tais aspectos utilizando a metodologia da
Modelagem de Equações Estruturais (MEE), que objetiva a análise da relação
entre as variáveis observadas5 (contínuas, ordinais, dicotômicas ou censuradas)
e as variáveis latentes - dimensões (variáveis não observadas), como já
abordado por outros autores (CODES,_2005).
A MEE é dividida em fases, conforme defendido por Hair_et_al._(2009) e
identificadas por Lamare_(2002) e Silva_(2006). Estas fases são: desenvolver um
modelo teórico com a justificativa sobre as escolhas das variáveis com
embasamento teórico; demonstrar, a partir da representação gráfica, o caminho
dessas relações causais; converter o diagrama de caminho em modelo de
mensuração (em que as variáveis latentes - dimensões - são regredidas em
relação às variáveis mensuráveis - measurement model), resultando em construtos
e o modelo estrutural (structural model) em que se aplica a técnica de
regressão múltipla, ou seja, analisa-se a inter-relação entre variáveis
latentes; e avaliar as estimativas do modelo e qualidade de ajuste. Os
procedimentos de ajuste dos modelos estão centrados na verificação, correção e
confirmação do modelo proposto. Deve-se ressaltar que a MEE é baseada em
relação de causa e efeito, ou seja, mesmo que não se conheça uma medida da
causa, conhecem-se medidas (e elas estão disponíveis) dos efeitos. Assim, a
técnica parte da variabilidade das variáveis de efeito e da estrutura causa-
efeito para construir mensurações factíveis para as causas.
Neste artigo, o comportamento relacional entre as variáveis que identificam a
pobreza é tratado com o uso da técnica estatística da Análise Fatorial
Confirmatória (AFC), ou seja, quando os relacionamentos obtidos são
predeterminados e, a partir daí, ocorre a confirmação ou rejeição das conexões
levantadas como hipótese do modelo proposto diante de determinada teoria. Para
a confirmação do embasamento teórico (descrito na seção anterior) sobre a
abordagem multidimensional da pobreza, o modelo proposto desse estudo é
repesentado pelo Diagrama de Caminhos (Figura_1), que mostra a pobreza e suas
dimensões como variáveis latentes - por isso, marcadas com elipses - enquanto
as variáveis que podem ser medidas (observadas) estão marcadas por retângulos.
Alterações nos níveis de pobreza afetam todas as dimensões, que, por sua vez,
afetam as variáveis que podem ser medidas, o que é representado pelas setas.
Diante dessa perspectiva, é importante identificar o grau de correlação que a
dimensão superior - pobreza - possui com os construtos (dimensões) de primeira
ordem: bem-estar econômico (Bee); capacidade (Capac); inclusão econômica (Ie);
e inclusão por meio das condições de moradia (Icm). Os elementos ζi são os
erros de mensuração de Bee, Capac, Ie e Icm.
Nota: As
variáveis observadas utilizadas no modelo (retângulos) estão descritas na seção
de dados e variáveis.
FIGURA 1 Diagrama de Caminho do Modelo de análise fatorial do modelo proposto
Formalmente, o modelo multidimensional proposto pode ser representado pelas
equações descritas a seguir. A equação_1representa as variáveis latentes -
dimensões - de bem-estar econômico (ŋ1), capacidade (ŋ2), inclusão econômica
(ŋ3) e inclusão por meio das condições de moradia (ŋ4), que são determinadas
pelas variáveis observadas (y). A equação_2 determina as relações entre os
fatores de primeira e segunda ordens - a pobreza (ξ). O termo Bŋ da equação_2
deve ser desconsiderado quando existem somente fatores de segunda ordem e
nenhum dos fatores de primeira ordem causa efeitos diretos sobre os de segunda
ordem.
[/img/revistas/rbepop/v32n2//0102-3098-rbepop-32-2-0313-e01.jpg]
[/img/revistas/rbepop/v32n2//0102-3098-rbepop-32-2-0313-e02.jpg]
Assim, o modelo de segunda ordem passa a ser representado conforme a equação_3.
[/img/revistas/rbepop/v32n2//0102-3098-rbepop-32-2-0313-e03.jpg]
***EQ3
Em resumo, a equação geral do modelo AFC de segunda ordem deriva de uma
combinação entre a equação_3 (representando o modelo estrutural de ordem mais
elevada) e a equação_1 (representando o modelo de primeira ordem, modelo de
medição). A decomposição pode se apresentar da seguinte maneira, segundo Byrne_
(1998):
[/img/revistas/rbepop/v32n2//0102-3098-rbepop-32-2-0313-e04.jpg]
É importante ressaltar que a MEE tem como premissa básica assumir distribuição
normal das suas variáveis. Para isso, Muthén_e_Muthén_(2007) indicam utilizar o
estimador WLSMV - estimador robusto ponderado - para corrigir a anormalidade da
distribuição quando são empregadas variáveis categóricas (ou seja, dicotômicas
ou politômicas) que venham compor os construtos na MEE. Vale salientar que o
presente estudo fará uso do método WLSMV (Weighted Least Square Means and
Variance Adjusted) para suas análises. Para realizar a estimativa sugerida,
optou-se pelo pacote estatístico Mplus, que é capaz de lidar com o MLSMV em
ambientes de amostras complexas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD).
Vale destacar que, quando se trabalha com pesquisas amostrais complexas, como a
PNAD, é preciso considerar os pesos das unidades amostrais (aqui, as pessoas) e
as informações sobre desenho amostral, a fim de alcançar estimativas não
viciadas dos parâmetros. Os pesos amostrais ajustados são informados nos
microdados da PNAD.6 No caso do arquivo de pessoas, a variável de peso amostral
é V4729 (peso), utilizada na análise.7 É importante ressaltar, também, que o
software Mplus tende a oferecer as melhores opções para a modelagem de AFC com
dados categóricos. Isso é devido, em parte, ao estimador WLSMV (mínimos
quadrados ponderados robustos ajustados pela média e variância), que atualmente
se encontra disponível apenas nesse programa (BROWN,_2006).
Variáveis de estudo
Os dados empíricos que dão sustentação aos modelos de equações estruturais
propostos baseiam-se na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de
2009. O subconjunto da amostra utilizada foi montado a partir da junção dos
dados dos responsáveis pelos domicílios (arquivo de pessoas)8 com dados dos
domicílios. Foi feito corte para pessoas residentes nas três regiões
metropolitanas estudadas: de Fortaleza, de Recife e de Salvador.
É importante mencionar a função de algumas variáveis observadas no modelo
proposto, de acordo com a Figura_1. As variáveis TV em cores, geladeira e
telefone móvel (celular) são utilizadas como proxies do consumo. A variável
carro ou motocicleta para uso pessoal se apresenta como proxy do acesso ao
crédito,9 no entanto, outras formas de medir acesso ao crédito poderiam ser
previstas em outras pesquisas domiciliares. As variáveis do módulo para
estimação da insegurança alimentar no domicílio foram obtidas a partir das
perguntas "se os moradores tiveram a preocupação com o fato de que os alimentos
acabassem antes de poderem comprar ou receber mais comida", "se os alimentos
acabaram antes que os moradores deste domicílio tivessem dinheiro para comprar
mais comida" e "se os moradores deste domicílio comeram apenas alguns alimentos
que ainda tinham porque o dinheiro acabou".10
Nessa perspectiva, as escalas foram construídas de acordo com a proposta de
Codes_(2005) em seu estudo para Salvador.11 As variáveis e suas respectivas
categorias utilizadas neste trabalho se encontram dispostas no Quadro_1. A
análise dessas relações mediante o Diagrama de Caminho (Figura_1) apresenta o
modelo hipotético em duas ordens e é realizada em várias etapas, conforme
exposição na seção subsequente.
QUADRO 1 Variáveis latentes e observáveis utilizadas, em nível domiciliar, no
Modelo de Análise Confirmatória (AFC)
Variáveis latentes Variáveis observáveis
In da renda domiciliar per capita mensal de todas as fontes de rendimento (R$)
Domicílio possui TV a cores (1=não; 2=sim)
Bem-estar econômico (Bee) Domicílio possui geladeira (1=não; 2=sim)
Possui telefone móvel (1=não; 2=sim)
Domicílio possui carro ou motocicleta de uso pessoal (1=não; 2=carro;
3=motocicleta; 4=carro e motocicleta)
Anos de estudo completos do responsável pelo domicílio
Nos últimos três meses, os moradores tiveram a preocupação com o fato de que os
alimentos acabassem antes de poderem comprar ou receber mais comida (1=não;
Capacidade (Capac) 2=sim)
Nos últimos três meses, os alimentos acabaram antes que os moradores desse
domicílio tivessem dinheiro para comprar mais comida(1=não; 2=sim)
Nos últimos três meses, os moradores deste domicílio comeram apenas alguns
alimentos que ainda tinham porque o dinheiro acabou (1=não; 2=sim)
Grupamentos ocupacionais do trabalho principal do responsável pelo domicílio
(1=trabalhadores agrícolas; 2=ocupações mal definidas; 3=outros) (1)
Posição na ocupação principal do responsável pelo domicílio (1=sem remuneração;
2=sem carteira assinada - outros empregos e trabalho doméstico, produção e
Inclusão econômica (le) construção próprio consumo -; 3=militar; funcionário público estatutário; conta
própria e empregador; empregado com carteira assinada e trabalhador doméstico
com carteira assinada).
Número de horas trabalhadas semanalmente pelo responsável do domicílio na semana
de referência, numa escala que vai de 1 a 98 horas.
Domicílio possui banheiro ou sanitário
(1=não; 2= sim)
Forma de escoadouro do banheiro ou sanitário
Inclusão por meio das condições de moradia (1=fossa rudimentar; valas; direto para o rio, lago ou mar; 2=fossa séptica não
(lcm) ligada à rede coletora de esgoto ou pluvial; 3=rede coletora de esgoto ou
pluvial e fossa séptica ligada à rede coletora de esgoto ou pluvial)
Destino do lixo domiciliar
(1=jogado em terreno baldio; jogado em rio; lago ou mar e outro destino;
2=queimado ou enterrado na propriedade; 3=coletado direta ou indiretamente).
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009.
(1)Outras ocupações incluem: dirigentes em geral; profissionais das ciências e
das artes; técnicos de nível médio; trabalhadores de serviços administrativos;
trabalhadores dos serviços; vendedores e prestadores de serviços do comércio;
trabalhadores da produção de bens e serviços e reparação e manutenção; membros
das forças armadas e auxiliares.
Análise dos resultados
Verificou-se empiricamente que a pobreza possui características complexas,
resultantes de uma inter-relação entre vários fatores que se manifestam na
mesma sincronia e intensidades muito próximas, conforme pode ser comprovado
pelos resultados apresentados nesta seção.
As análises subjacentes dos modelos mostraram que, no conjunto das formulações
focalizadas na teoria, de maneira geral, as articulações dos fatores tendem a
se aproximar do modelo proposto. No primeiro momento, constata-se que a
confiabilidade das variáveis latentes que compõem o modelo hipotético sob a
análise do Coeficiente de Crombach (α),12 em que valores superiores a 0,70
indicam que elas podem ser utilizadas na modelagem, foi observada para as três
regiões metropolitanas estudadas.
Nessa perspectiva, analisa-se que a construção do modelo sinaliza uma boa
estrutura teórica que, primeiramente, será estudada a partir da avaliação dos
critérios de ajuste apresentados na Tabela_1. O RMSEA (Root Mean Square Error
of Approximation) indica ajustamento13 global do modelo para grandes amostras,
além de ser um dos mais indicados para modelagens que utilizam estruturas de
covariâncias (CODES,_2005; SILVA,_2006). Neste estudo, foram empregados, como
referência para esse índice com ajuste satisfatório, valores menores ou iguais
a 0,08 (MACDONALD;_RINGO_HO,_2002; HAIR_et_al.,_2009). Todos os modelos
apresentaram bom ajuste, ao tomar como referência os índices de ajuste
incremental CFI (Comparative Fit Index), que possui em sua estrutura muitas
propriedades satisfatórias, tais como seu alto poder de medir a sensibilidade
relativa no ajuste, e o TLI (Índice de Tucker-Lewis). Ambos índices de ajuste
incremental (CFI e TLI) têm seus valores variando de 0 a 1, sendo que quanto
mais próximo de 1 melhor é o ajuste. Diante dos valores expostos na Tabela_1, é
possível verificar que todos os modelos propostos, tanto de primeira quanto de
segunda ordem, apresentaram bons ajustes, ou seja, os dados empíricos sinalizam
estar representando de forma satisfatória a teoria estudada.
TABELA 1 Índices de ajuste para os modelos de Análise Confirmatõria (AFC) de
primeira e segunda ordens Regiões Metropolitanas de Fortaleza, Recife e
Salvador - 2009
Regiões AFC - primeira ordem AFC - segunda ordem
metropolitanas RAMSEA CFI TLI RAMSEA CFI TLI
Fortaleza 0,074 0,972 0,964 0,074 0,972 0,964
Recife 0,067 0,963 0,953 0,065 0,965 0,956
Salvador 0,068 0,942 0,927 0,066 0,944 0,931
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009.Nota:
RAMSEA - Root Mean Square Error of Approximation; CFI - Comparative Fit Index;
TLI - Índice de Tucker-Lewis.
As cargas fatoriais, que mostram a relação de cada variável mensurável com a
respectiva dimensão da pobreza, são apresentadas na Tabela_2. Verifica-se, por
exemplo, que na Região Metropolitana de Recife a aquisição do bem material
"carro ou motocicleta"14 está relacionada com o aumento do bem-estar econômico
do chefe do domicílio em torno de 77%, sendo que as outras duas regiões
metropolitanas apresentam cenário parecido. Percebe-se que nas três regiões
estudadas o aumento do bem-estar econômico está associado ao aumento das
variáveis observadas: renda, TV, geladeira, celular e carro/motocicleta. Nesse
caso, renda e consumo despontam como materialização da redistribuição dos
recursos materiais e financeiros disponíveis na economia, destacando-se como
variáveis preponderantes para analisar a magnitude da satisfação bem-estar
econômico do indivíduo (ROCHA,_1997, 1998, 2005; BARROS;_FERES,_1998; BARROS;
MENDONÇA,_1995; NERI,_2008, 2011; NERI;_SOARES,_2010).
TABELA 2 Cargas fatoriais das variáveis observadas em suas correspondentes
variáveis latentes no modelo de primeira ordem
Regiões Metropolitanas de Fortaleza, Recife e Salvador - 2009
Variáveis RM de Fortaleza RM de Recife RM de Salvador
observadas
Bee Capac Ie Icm Bee Capac Ie Icm Bee Capac Ie Icm
Renda 0,797 0,765 0,847
TV 0,580 0,571 0,575
Geladeira 0,609 0,582 0,654
Celular 0,632 0,560 0,447
Carro/ 0,726 0,770 0,567
motocicleta
Educação 0,548 0,536 0,558
Alimentos - - -
acabar 0,947 0,945 0,878
Alimentos - - -
acabar antes 0,996 0,964 0,964
Comeram - - -
alguns 0,942 0,955 0,938
alimentos
Grupo 0,752 0,723 0,408
ocupacional
Posição na 0,532 0,513 0,456
ocupação
N° de horas - 0,615 0,677
trabalhadas
Banheiro 0,782 0,260 0,611
Escoamento 0,417 0,667 0,415
sanitário
Lixo 0,598 0,432 0,310
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009.Nota: Bee
- bem-estar econômico; Capac - capacidade; Ie - inclusão econômica; Icm -
inclusão por meio das condições de moradia.
Ao analisar a dimensão capacidade, verifica-se que nas três regiões
metropolitanas foi possível constatar forte presença de algum tipo de
insegurança15 alimentar na população-alvo do estudo. Se for considerada uma
média da variância para todas variáveis que registram a insegurança alimentar
nas regiões analisadas, chega-se a um valor negativo acima de 0,90, sinalizando
que o aumento na capacidade só será alcançado se a insegurança alimentar for
reduzida. Tal fato indica a fragilidade que essas condições desfavoráveis podem
acarretar para a saúde da população, principalmente quando se verifica que essa
deficiência nutricional tende a prejudicar principalmente as crianças em idade
escolar (MACHADO,_2007). A dimensão capacidade, no modelo proposto, aumenta a
educação.
No quesito mercado de trabalho dos chefes dos domicílios, foi na RM de Salvador
que as variáveis mensuradas referentes à posição na ocupação e grupo de
ocupação apresentaram as menores cargas fatoriais, na dimensão inclusão
econômica. Vale salientar algumas características sobre o mercado de trabalho
nesta região, de acordo com os dados da PNAD 2009. No que tange ao construto
inclusão econômica, a tendência dos resultados foi muito similar à encontrada
para a RM de Recife, ou seja, o "número de horas trabalhadas" registrou o maior
impacto nesta dimensão (0,677), seguido por "posição na ocupação do trabalho
principal" (0,456) e "grupo de ocupação no trabalho principal da ordem"
(0,403). Em termos comparativos, tanto a RM de Salvador como a de Recife
registraram chefes de domicílios trabalhando com carteira assinada em
proporções maiores do que a encontrada na RM de Fortaleza: 44,10%, 43,62% e
38,14%, respectivamente. Na posição diametralmente oposta, os indivíduos que
trabalhavam sem carteira assinada correspondiam a 16,42% na RM de Salvador,
16,97% na de Recife e 22,22% na de Fortaleza, ou seja, o mercado de trabalho
nesta última região se mostrou mais frágil do que nas outras duas.
A Tabela_3 traz a intensidade das intercorrelações entre as dimensões de
primeira ordem: bem-estar econômico; capacidade; inclusão econômica; e inclusão
por meio das condições de moradia. Constata-se que, para a RM de Fortaleza, as
correlações entre todas as dimensões se mostram relativamente altas. Nas RMs de
Recife e Salvador, o construto inclusão econômica apresentou a menor
intensidade na correlação com as outras dimensões que compõem o modelo de
primeira ordem. Diante desse fato, são necessários alguns posicionamentos dessa
dimensão - inclusão econômica - com as outras - bem-estar econômico, capacidade
e inclusão por meio das condições de moradia.
TABELA 3 Correlação entre fatores latentes no modelo de primeira ordem Regiões
Metropolitanas de Fortaleza, Recife e Salvador - 2009
Variáveis RM de Fortaleza RM de Recife RM de Salvador
latentes Bee Capac Ie Icm Bee Capac Ie Icm Bee Capac Ie Icm
Bee 1 1 1
Capac 0,669 1 0,696 1 0,717 1
Ie 0,598 0,445 1 0,345 0,194 1 0,207 0,183 1
Icm 0,668 0,497 0,892 1 0,592 0,469 0,166 1 0,749 0,546 0,145 1
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009.Nota: -Bee
- bem-estar econômico; Capac - capacidade; Ie - inclusão econômica; Icm -
inclusão por meio das condições de moradia.
No que se refere ao bem-estar econômico e à capacidade, fez-se uma busca nos
dados para entender o porquê desse comportamento da dimensão inclusão econômica
nas RMs de Recife e Salvador. Primeiramente, como o bem-estar econômico na RM
de Recife tem seu crescimento em maior grandeza atribuído à "proxy" acesso ao
crédito - carro/motocicleta -, é importante mencionar o trabalho de Galeano_e
Feijó_(2011). Nele, as autoras afirmam que existe forte indicativo de que a
maior disponibilidade de crédito e financiamento está diretamente ligada a
maiores taxas de crescimento econômico. Essa linha de raciocínio pode ser
sustentada pela análise do crédito disponível para o consumo por meio do saldo
de operações de crédito do sistema financeiro nacional para pessoa física, em
2009, sendo possível constatar que o Estado do Ceará demandou aproximadamente
R$ 99.051 milhões, Pernambuco R$ 127.459 milhões e Bahia R$ 201.682 milhões
desses recursos.16 Se compararmos o crescimento econômico desses Estados,
verifica-se que o Ceará cresceu menos (9,33%) do que Pernambuco (11,34%) e
Bahia (12,81%). Assim, é possível observar a existência de correlação entre
crescimento econômico e disponibilidade de crédito para pessoas físicas,
conforme defendido pelas autoras. Sob esse prisma, é justificável perceber que
o consumo de bens nesse período (2008-2009) ficou mais atrelado ao acesso ao
crédito do que propriamente à inclusão econômica.
Seguindo essa ótica, verifica-se que a inclusão econômica na atividade
econômica na RM de Recife tende a estar fortemente ligada ao crescimento
econômico desse período. Nesse sentido, o crescimento econômico passa a ser o
determinante na alocação de mão de obra, o chamado efeito multiplicador17 de
Keynes_(1992). E a mesma visão pode ser estendida para a RM de Salvador, pois
se trata da região do Nordeste que mais recebe investimentos estruturadores,
tanto os já instalados quanto os novos, como, por exemplo, o polo petroquímico
de Camaçari, a montadora Ford Motors do Brasil e a fábrica de matéria-prima
para herbicida Monsanto. Esses investimentos se tornaram um dos principais
propulsores da expansão e diversificação da base produtiva do Estado da Bahia e
principalmente da RM de Salvador.
No que se refere à ocupação dos espaços urbanos, a RM de Salvador apresenta
certa similaridade com a de Recife e, por isso, um aumento em infraestrutura em
bairros mais centrais implicará também melhorias nas condições de moradia da
população menos favorecida, pois parte dessas moradias está localizada nesses
bairros ricos/nobres, ou seja, é possível visualizar em Salvador ou Recife
moradias de alto padrão muito próximas de moradias bem precárias/favelas.
De acordo com a Tabela_4, a dimensão de ordem superior - nível de pobreza - na
RM de Fortaleza explica a variância das dimensões de nível inferior: bem-estar
econômico com 88,5%; capacidade com 49,6%; inclusão econômica com 46,8%; e
inclusão por meio das condições de moradia com 55,3%. Na RM de Recife verifica-
se que o bem-estar econômico tem sua variância explicada pela dimensão superior
em 92,4%, a capacidade em torno de 52,40%, a inclusão econômica aproximadamente
9,20% e a inclusão por meio das condições de moradia em 66,40%. Na RM de
Salvador esses valores são de 71,23%, 52,85%, 5,20% e 51,84%, respectivamente.
TABELA 4 Correlação do construto de segunda ordem (pobreza) com os construtos
do modelo de primeira ordem Regiões Metropolitanas de Fortaleza, Recife e
Salvador - 2009
Variáveis latentes Pobreza
RM de Fortaleza RM de Recife RM de Salvador
Bee 0,941 0,961 0,988
Capac 0,704 0,724 0,727
Ie 0,684 0,304 0,228
Icm 0,744 0,815 0,720
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009.Nota: Bee - bem-
estar econômico; Capac - capacidade; Ie - inclusão econômica; Icm - inclusão
por meio das condições de moradia.
No que tange ao construto inclusão econômica, a baixa correlação em relação às
outras dimensões no modelo de primeira ordem - nível inferior - das RMs de
Recife e Salvador foi captada pela dimensão de segunda ordem - pobreza. Essa
linha de raciocínio pode ser sustentada a partir do momento em que se analisa a
baixa intensidade na correlação da dimensão inclusão econômica em relação a
bem-estar econômico, capacidade e inclusão por meio das condições de moradia.
Diante do que foi apresentado, é possível verificar que a dimensão pobreza -
modelo de segunda ordem - demonstra a multidimensionalidade das características
do fenômeno da pobreza por meio da forte correlação com bem-estar econômico,
capacidade, inclusão econômica (exceto nas RMs de Recife e Salvador que
apresentaram baixa correlação) e inclusão por meio das condições de moradia.
Considerações finais
Percebe-se, ao longo das análises, que em todas as regiões metropolitanas
estudadas o aumento do bem-estar econômico está associado ao aumento
principalmente das variáveis renda e consumo. E este construto tem forte
impacto imediato na pobreza. Tal fato faz a privação econômica se tornar um dos
instrumentos de análise para identificar o fenômeno da pobreza (ROCHA,_2005).
No entanto, a análise do modelo de segunda ordem demonstra a
multidimensionalidade das características do fenômeno da pobreza por meio da
forte correlação com bem-estar econômico, capacidade, inclusão econômica
(exceto nas RMs de Recife e Salvador) e inclusão por meio das condições de
moradia.
Na perspectiva exposta, a estrutura teórica - a pobreza - se depara com uma
realidade complexa. Somente por meio de ações e execuções de políticas públicas
mais amplas que venham focalizar as outras dimensões de forma eficiente é que
se poderá realmente promover a redução da pobreza de grande parcela da
sociedade. Em síntese, este artigo mostra uma medição quantitativa das
múltiplas facetas do fenômeno da pobreza e sinaliza o caminho a ser percorrido
para o enfrentamento desse estágio de privação, procurando colaborar com as
propostas metodológicas que fazem uso da PNAD para o estudo multidimensional da
pobreza, sob a ótica de algumas dimensões, como a geração de emprego e a
ampliação do acesso a serviços públicos e moradia.
1O objetivo desse trabalho não foi comparar as diferentes abordagens
multidimensionais, mas sim apenas indicar algumas delas: conjuntos fuzzy;
teoria da informação; análise de eficiência; e derivação dos axiomas de índices
de pobreza.
2Essa metodologia determina um limite de renda e, caso o indivíduo esteja
abaixo desse limite, ele é considerado pobre.
3Sen_(2011,_p._293) cita, como exemplo de "desvantagem de conversão", dados
empíricos sobre a pobreza no Reino Unidolevantados por Wiebke Kuklys (2005),
mostrando que 17,9% dos indivíduos viviam com renda abaixo da linha de pobreza.
Essa proporção passa para 23,1% quando se constata que existe pelo menos um
membro incapacitado na família. Logo, segundo o autor, esse hiato de cinco
pontos percentuais está diretamente relacionado à deficiência de renda,
resultado da privação de capacidades.
4Essa dimensão engloba: propriedade do imóvel; déficit habitacional; capacidade
de abrigar; acesso inadequado a água; acesso inadequado a esgotamento
sanitário; falta de acesso a coleta de lixo; falta de acesso a eletricidade; e
faltade acesso a bens duráveis
5Conhecidas também como variáveis independentes, covariáveis, variáveis
preditivas. Os valores das variáveis exógenassão assumidos como dados, ou seja,
o modelo não tenta explicá-los (CODES,_2008, p. 31).
6Dados faltantes (missings) ficaram sem tratamento prévio (imputação de dados),
mas não comprometem a análise, uma vezque o software Mplus oferece uma opção
para lidar com dados faltantes. Para mais informações, ver Muthén_e_Muthén_
(2007).
7Para detalhes de como o Mplus lida com amostras complexas, ver Asparouhov e
Muthén_(2010). Basicamente informam se o peso e dados do desenho amostral, que
estão disponíveis na documentação da PNAD. Os autores descrevem que o
procedimento é suficiente para resolver a maioria dos problemas de estimação de
modelos para situações em que o desenho amostral complexo extrapola a intenção
inicial. O software permite uso de procedimentos como bootstrap e jackknife
para resolver eventuais problemas de mal entendimento do desenho amostral
original. Neste artigo não foram utilizados estes procedimentos.
8O uso de informações dos responsáveis pelo domicílio pressupõe que as
informações socioeconômicas desses são boas aproximações das condições de todos
os moradores do domicílio.
9Vale ressaltar que não se deve afirmar que essa seja uma boa proxy, mas foi o
possível nesta base de dados.
10É importante ressaltar que a pesquisa suplementar sobre Segurança Alimentar
foi publicada pela PNAD mais recentemente em 2009, fato que se mostrou
relevante para esse estudo e que procura justificar a utilização da amostra do
ano em referência.
11A autora propõe utilizar as seguintes categorias para medir as dimensões
relacionadas à pobreza multidimensional: "i) conforto no lar (variável
latente): existência de geladeira no domicílio (1=não; 2=sim); existência de
televisão no domicílio ( 1=não, 2=sim); existência de banheiro (1=não, 2=sim);
ii) saneamento básico (variável latente): abastecimento de água, origem
(1=outra; 2=poço ou nascente; 3=rede geral); abastecimento de água, canalização
(1=não canalizada; 2=canalizada só na propriedade ou terreno; 3=canalizada em
pelo menos um cômodo); iii) tipo de inserção no mercado de trabalho (variável
latente): qualidade da ocupação / grau de garantias e proteção social
(1=desocupado; 2=trabalhador não contribuinte; 3=trabalhador contribuinte);
condição de inserção na organização social do trabalho (1=desinserido; 2=conta-
própria; 3=empregado/trabalha para terceiros), incluindo as variáveis
observadas: renda domiciliar per capita mensal (R$); educação (anos completos
de estudo )" (CODES,_2005, p.188), entre outras.
12Codes_(2005,_p.179) menciona que "quando se trata de estimar a confiabilidade
de um fator, que é composto por um grupo de variáveis observáveis, o cálculo é
feito com base nas correlações entre elas. A medida mais comum de
confiabilidade é o Coeficiente Alfa de Cronbach (?), que afere a consistência
interna entre aqueles itens que compõem o fator. De modo simplificado, tal
coeficiente fornece a proporção da variação da variável latente que é comum
entre os itens que a compõem. Em outras palavras, ele indica a proporção da
informação social ‘verdadeira’ ou ‘confiável’ existente naquele fator. Em
geral, variáveis latentes que tenham valores de ? iguais ou superiores a 0,70
são consideradas satisfatórias. A partir desse patamar, as variáveis latentes
são vistas como suficientemente confiáveis para participarem das modelagens".
13O RMSEA é também conhecido como índice de ajuste parcimonioso e foi elaborado
por Stiger e Lind (1980).
14A demanda por "carro/motocicleta" está em trajetória crescente no país desde
o final de 2008 com a facilidade do crédito, aumentando, nesse momento, o nível
de confiança dos consumidores em relação ao comprometimento de parte da sua
renda (SILVA;_MORAES,_2012, p. 3).
15Segundo Nota Metodológica da PNAD 2009: "Insegurança alimentar está
diretamente relacionada com a incapacidade ou incerteza de se obter o alimento
com qualidade e quantidade suficientes, por meios socialmente aceitos. Está
relacionada com escassez de alimentos, falta de acesso aos alimentos,
desnutrição e pobreza e, também se expressa pelo medo ou preocupação da pessoa
com a possibilidade de vir a ter fome" (IBGE,2009)
16Segundo o Banco Central do Brasil. Disponível em: <www.bacen.gov.br>.
17"Matematicamente, a expressão é dada da seguinte maneira: ΔYw> ΔCw , onde Yw
representa a renda em unidades de salário e Cw denota o consumo imediato em
unidades de salário. Assim, a propensão marginal a consumir é dada pela
expressão dCw/dYw e sinaliza como se dividirá o próximo incremento da produção
entre o consumo e o investimento. Isso porque ΔYw = ΔCw + ΔIw, onde ΔCw e ΔIw
são incrementos do consumo e do investimento, de maneira que podemos escrever
ΔYw = k ΔIw, onde 1 - 1/k é igual à propensão marginal a consumir. E k
representa o multiplicador de investimento, o mesmo indica que, quando se
produz um acréscimo no investimento agregado, a renda sobe num montante igual a
k vezes o acréscimo do investimento" (KEYNES;_1992, p. 101).
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Received: April 25, 2015; Revised: July 19, 2015; Accepted: August 25, 2015
Lucilena Ferraz Castanheira Corrêa, Rua Frei Leandro, 70, 51011-600 - Recife-
PE, Brasil
Lucilena Ferraz Castanheira Corrêa é doutora em Economia pelo Programa de Pós-
Graduação em Economia (Pimes) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Professora adjunta da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - campus
Agreste.
João Policarpo Rodrigues Lima é PhD em Economia pela University College London.
Professor titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Luís Henrique Romani de Campos é doutor em Economia pelo Programa de Pós-
Graduação em Economia (Pimes) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Pesquisador titular e diretor de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco.