Profissional da informação: análise da inserção no mercado de trabalho
brasileiro
Introdução
A informação sempre teve grande importância na vida das sociedades, em todos os
tempos; porém, atualmente, é reconhecida como insumo básico, passando a ser
considerada, em alguns casos, como um ativo, um bem simbólico (BORGES, 2004).
O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação 'TIC-, cujo ícone
é a internet, está alterando significativamente o modo de vida da população que
tem acesso às novidades que essas tecnologias estão implementando. Nesse
sentido, verifica-se a ocorrência cada vez mais freqüente de programas de
diversos países preparando-se para integrar esse novo ambiente. Um exemplo, no
Brasil, é o Livro Verde (TAKAHASHI, 2000), documento que coloca os parâmetros a
serem adotados na política brasileira, para diversos setores, visando ao seu
ingresso na chamada sociedade da informação (SI), uma iniciativa do Ministério
de Ciência e Tecnologia (MCT).
Castells (2002), comentando os reflexos que os processos de transição histórica
têm na estrutura ocupacional, isto é, na composição de categorias profissionais
e do emprego, entende que o período denominado Era da Informação e do
Conhecimento é marcado basicamente pelo processamento da informação, culminando
na geração de conhecimentos que se constituem em fontes de produtividade e de
crescimento de todas as esferas da atividade econômica.
Comparando a sociedade industrial e a informacional, Castells (2002) ressalta
que, como tendência, pode-se considerar que na década de 1990, a maioria da
população dos países do G-7 esteve empregada no setor de serviços, mais
concentrada, principalmente, nos Estados Unidos e Canadá. Pelo próprio nome
adotado para o período atual, Era da Informação e do Conhecimento, é de se
esperar que, na nova economia, profissões ligadas aos conteúdos informacionais
e ao conhecimento estejam mais bem inseridas do que outras no mercado de
trabalho.
Assim, Castells (2002) afirma que cargos como os de administradores,
profissionais especializados e técnicos, considerados ricos em atividades de
informação, representam o cerne da nova estrutura ocupacional. Entretanto,
demonstra também que houve crescimento das profissões em serviços considerados
simples e não-qualificados, apontando para uma estrutura social polarizada
nesses dois extremos.
Segundo Schwartz (2000), é preciso que os trabalhadores estejam atentos às
alterações da economia, preparando-se para mudar a própria qualificação
profissional, de modo a acompanhar as tendências de mudanças. O autor ainda
comenta que "é o trabalhador que precisa se adaptar com rapidez ao mercado, em
vez de ficar esperando que surjam, vindas do próprio mercado, as oportunidades
que correspondam ao seu perfil atual" (SCHWARTZ, 2000, p. 23).
A nova economia, de acordo com Takahashi (2000), oriunda da difusão das TIC,
está ampliando negócios e mercados, além de modernizar e revitalizar segmentos
maduros e tradicionais. Mas o autor destaca que empresas e trabalhadores têm
como desafio "adquirir a competência necessária para transformar informação em
um recurso econômico estratégico, ou seja, o conhecimento" (TAKAHASHI, 2000, p.
17, grifo do autor).
Porat, citado por Castells (2002, p. 69), entende que
o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade
de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e
dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de
processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação
cumulativo entre a inovação e seu uso.
A economia que surgiu nesse novo contexto, para Schwartz (2000, p. 11),
funciona com base em redes de conhecimento. Nessa medida, "transformar-se num
elo de uma cadeia de transmissão de conhecimento é a melhor forma de ficar
próximo a um bom emprego". Em relação ao perfil do profissional nesse novo
ambiente, Schwartz (2000) enfatiza que, diferentemente do profissional
generalista que o mercado de trabalho exigia há dez anos, nos dias atuais a
ênfase recai sobre os especialistas em generalidades ' aqueles que sabem muito
sobre várias coisas, ou, melhor dizendo, indivíduos com múltiplas habilidades.
"Não é o fim da 'função', mas a valorização do profissional 'multifuncional',
capaz de exercer várias funções" ou, apoiando-se em outro conceito, o "job
rotation (rodízio de tarefas), que submete o profissional a várias tarefas ou
jobs" (SCHWARTZ, 2000, p. 49-50).
Apesar das grandes alterações no campo do trabalho proporcionadas, basicamente,
pelo desenvolvimento das TIC e pelo processo de globalização, determinadas
áreas tiveram, nesse período, um grande avanço, principalmente as ligadas às
TIC. Takahashi (2000, p. 21), destaca que os perfis profissionais de maior
sucesso, os mais disputados no mercado de trabalho, são: "programadores, web-
designers, administradores de redes, jornalistas e outros profissionais que
lidam com conteúdos na web, especialistas em marketing e gerentes de Internet".
De acordo com Miranda (2000), o ingresso na SI relaciona-se diretamente com as
novas tecnologias, com a identidade cultural e com conteúdos. Nessa abordagem,
vale explicitar mais detalhadamente a questão dos conteúdos, uma vez que estão
diretamente relacionados com o trabalho dos profissionais da informação (PI).
Como definição de conteúdos, termo que o autor utiliza de forma genérica,
resume-se "tudo o que é operado na internet" (MIRANDA, 2000, p. 81). Miranda
(2000, p. 81), entende que é mediante a operação das redes de conteúdos, de
forma geral, que a sociedade brasileira pode se conduzir para a SI, sendo os
conteúdos, portanto, "o meio e o fim da gestão da informação, do conhecimento e
do aprendizado na sociedade da informação". Nesse sentido destaca-se a
importância do
processo de seleção de conteúdos e dos níveis de qualidade relativa '
no sentido interpessoal ' que deverá ser objeto de análise e controle
por parte dos sistemas intermediários de informação, mediante
instrumentos adequados nas etapas de formação de estoques,
processamento técnico e disseminação. Da ação normalizadora e do
tratamento parametrizado dos conteúdos, vai depender sua melhor
difusão e uso pela sociedade (MIRANDA, 2000, p. 81, grifo nosso )
As colocações de Miranda (2000) permitem inferir que, no atual momento social,
fica mais reconhecida a importância dos profissionais ligados à organização e
difusão de informações. Nesse sentido, presume-se que os profissionais que
lidam com a informação, também ligados ao trabalho de organização e
disseminação de conteúdos, devem ter uma melhor inserção no mercado de
trabalho, nos dias atuais.
De fato, Jannuzzi e Mattos (2001, p. 128), estudando o comportamento do mercado
de trabalho dos profissionais que trabalhavam com o tratamento, análise e
difusão da informação no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990, concluíram que
houve dificuldades na inserção deles no mercado de trabalho, devido a
vicissitudes da conjuntura econômica. No entanto, mesmo com os problemas
detectados, a inserção dessa categoria ficou, em relação a outras, acima da
média nacional.
Procurando contribuir para essa discussão, muito marcada por estudos de
natureza ensaística, estudos de caso particulares e pesquisas empíricas de
pequeno alcance e representatividade, o presente estudo tem como objetivo
trazer evidências empíricas mais gerais e atuais a respeito da inserção destes
profissionais no mercado de trabalho, na forma permitida pelo Censo Demográfico
2000. Mais especificamente, a pesquisa tem como objetivo o dimensionamento do
contingente de profissionais em atividades de informação que atuavam no mercado
de trabalho brasileiro no ano 2000, segundo as categorias da Classificação
Brasileira de Ocupações, a saber: profissionais da informação (código CBO
2612); e arquivistas e museólogos (código 2613), de nível superior (Quadro_1);
técnicos em biblioteconomia (código 3711); técnicos em museologia e afins
(código 3712), de nível médio; e pelos auxiliares de serviços de documentação,
informação e pesquisa (código 4151), de nível administrativo (QUAD._2).
Parte-se da hipótese de que, no Brasil, os profissionais que trabalham com a
informação estariam aumentando em taxas mais elevadas, continuariam melhor
inseridos no mercado de trabalho e presentes com maior intensidade nos estados
mais desenvolvidos ' São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul.
Inicialmente descreve-se as categorias que compuseram o grupo objeto de estudo
desta pesquisa: "pessoal ocupado em atividades de informação". Em seguida
apresenta-se o contingente de profissionais no país e; então, mostra-se a
distribuição desses profissionais nas diversas regiões. Aborda-se ainda uma
caracterização de cada grupo ocupacional, através de indicadores de
escolaridade, posição na ocupação e o rendimento médio. Finalmente são
apresentadas algumas conclusões em relação aos resultados obtidos.
As categorias de pessoal ocupado em atividades de informação
Entende-se que não existe consenso em relação ao conceito de profissional da
informação, mas uma diversidade de definições sobre os profissionais que
compõem a categoria dos PI. Como a intenção desta pesquisa foi investigar a
inserção dos profissionais que lidam com a informação no mercado de trabalho
brasileiro, em uma perspectiva empírica, foram adotadas as definições propostas
pela CBO de 2002 (BRASIL, 2003). Tal escolha se baseou no conceito de Smit
(2000) sobre as áreas irmãs: Arquivologia, Biblioteconomia, Documentação e
Museologia, apenas incluindo os profissionais de nível médio e administrativo
que atuam nessas frentes.
Outro ponto a ser ressaltado é que a própria CBO de 2002 (BRASIL, 2003), para
definir suas categorias, pela primeira vez, consultou autoridades reconhecidas
de várias instituições do país em cada área de atuação, refletindo, mais ou
menos, o desenvolvimento das denominações, principalmente se referindo ao
profissional da informação e afins.
Nesse sentido é preciso comentar uma das diferenças entre a CBO de 1994
(BRASIL, c1995) e a CBO de 2002 (BRASIL, 2003), em relação à constituição da
família dos profissionais que lidam com a informação. Na CBO de 1994 (BRASIL,
c1995) os bibliotecários, arquivologistas e museólogos compunham o grupo de
base 1-91 que fazia parte do subgrupo 1-9 "Trabalhadores das Profissões
Científicas, Técnicas, Artísticas e Trabalhadores Assemelhados Não-
Classificados Sob Outras Epígrafes". Já na CBO de 2002 (BRASIL, 2003) existe a
categoria Profissionais da Informação (código 2612), formada pelo
bibliotecário, pelo documentalista e pelo analista de informações. Outra
categoria é a dos arquivistas e museólogos (código 2613), composta somente pelo
arquivista e pelo museólogo. Nota-se aí uma separação entre os profissionais
das áreas consideradas irmãs.
Deve ser notada a diferenciação do próprio título do profissional do arquivo,
que na CBO de 1994 é arquivologista e na CBO de 2002 é arquivista. Outro ponto
de mudança entre uma classificação e outra é que na CBO de 1994 (BRASIL, c1995,
p. 172) existe um código (1-91.90) para
outros bibliotecários, arquivologistas e museólogos no qual são
incluídos os profissionais dessas categorias que não são
classificados nas anteriores epígrafes deste grupo de base, por
exemplo, os que se especializam na aquisição, avaliação,
classificação, compilação e catalogação de documentos sobre assuntos
de interesse para organizações comerciais e de outro gênero.
Esse tipo de divisão desapareceu na CBO de 2002.
É preciso justificar a inclusão dos profissionais de nível médio e
administrativo no grupo pessoal ocupado em atividades de informação. Apesar de
se entender que os profissionais de nível médio e administrativo trabalham com
o suporte ao invés de trabalharem com a informação efetivamente, eles estão
ligados a atividades de informação. Esta pesquisa pretende investigar, de
acordo com a própria denominação do grupo a ser estudado, todo o pessoal que
atua em atividades de informação, não se atendo aos PI, nem somente aos
profissionais de nível superior como arquivistas, bibliotecários e museólogos.
Diferentemente de Jannuzzi e Mattos (2001), que incluíram na categoria dos
profissionais da informação, professores universitários, jornalistas e
escritores, entre outros profissionais, o grupo formado para esse estudo,
denominado pessoal ocupado em atividades de informação, não incluirá, por
exemplo, professores de arquivologia, biblioteconomia ou museologia do ensino
superior, pelo fato de o código da família, 2347 ser o mesmo para docentes de
outras áreas, como de antropologia, ciência política, comunicação social,
direito, filosofia, geografia, história, jornalismo, psicologia, serviço social
e sociologia; o que causaria problemas em relação aos dados coletados no Censo
Demográfico, que se centra no grande código (de quatro dígitos) da família.
O processamento dos microdados do Censo 2000 teve início em julho de 2004 e,
para isso, utilizou-se o software SPSS for Windows, versão 11.0
(STATISTICAL..., 2001). Em primeiro lugar, é preciso destacar alguns pontos a
serem considerados, quando da observação dos números apresentados:
1) Pelo fato de se trabalhar com pessoas ocupadas, procedeu-se a um filtro
geral, que separou, para processamento, somente os registros de pessoas em que
a faixa etária ficasse entre 10 e 65 anos1, o que ocasionou, em algumas
tabelas, pequenas diferenças amostrais, porém, dentro do limite permitido;
2) Outro fator que interferiu no processamento é que os microdados do Censo
possuem uma variável de peso (P001), que foi acionada durante todos os
cruzamentos para que as estimativas fossem corretamente calculadas. Também
devem ser consideradas situações em que ocorreram problemas na própria coleta
do dado pelos entrevistadores do Censo, citando, como exemplo, casos de idade
não declarada. Situações como essa fazem com que certos registros não sejam
incluídos em nenhuma das faixas estabelecidas para o processamento, trazendo
como resultado pequenas diferenças nos totais encontrados, em especial no caso
de tabelas cruzadas;
3) O grupo denominado Outros Profissionais das Ciências e das Artes,
considerado, para essa pesquisa, grupo comparativo, é formado por profissionais
de várias frentes, e inclui os Pesquisadores e Profissionais Policientíficos;
Profissionais das Ciências Exatas, Físicas e da Engenharia; Profissionais das
Ciências Biológicas, da Saúde e afins; Profissionais do Ensino ' e, entre eles,
destacam-se os Professores de Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia;
Profissionais das Ciências Jurídicas; Profissionais das Ciências Sociais e
Humanas e Comunicadores, Artistas e Religiosos (BRASIL, 2003). Para o
processamento dos microdados da categoria Outros Profissionais das Ciências e
das Artes, foram excluídos os grupos dos Profissionais da Informação (Código
2612) e dos Arquivistas e Museólogos (Código 2613), pelo fato de estas
categorias já estarem explicitadas e destacadas, sendo parte do objeto de
estudo desta pesquisa.
4) Vale observar que a análise da distribuição dos profissionais pelas regiões
deve ser feita com cautela, por causa do erro amostral a que certos grupos como
o de Técnicos em Museologia e afins, por exemplo, estão sujeitos.
Dimensionando o pessoal ocupado em atividades de informação
Este tópico diz respeito ao número total de profissionais ligados ao trabalho
com informação, segundo as categorias da Classificação Brasileira de Ocupações
de 2002 (BRASIL, 2003), e selecionadas para este estudo.
O grupopessoal ocupado em atividades de informaçãocompreendeu, de acordo com o
processamento dos microdados do Censo Demográfico de 2000, um total de 85.166
pessoas ocupadas. Este número, diante do universo de ocupados, composto por
64.384.786 pessoas, é muito pequeno, pouco mais de 0,1%2.
A TAB.1 mostra que, tratando-se de profissionais de nível superior, em
quantidade, o Censo Demográfico de 2000 indica que os profissionais da
informação são mais numerosos em relação aos seus colegas Arquivistas e
Museólogos, com totais de 10.896 e 1.059, respectivamente. Em relação aos
profissionais de nível médio, os técnicos, a mesma tendência é verificada, com
os Técnicos em Biblioteconomia tendo 636 profissionais e os de Museologia
apenas 205 trabalhadores. O último grupo analisado, de nível administrativo, os
Auxiliares de Serviços de Documentação, Informação e Pesquisa, em 2000,
totalizavam 50.738 ocupados. Destaca-se que existem razões históricas para isso
como a regulamentação das profissões, número de escolas etc.
Talvez um dos achados mais surpreendentes desta pesquisa seja a situação
encontrada na categoria dos PI, pelo fato de a maioria dos profissionais '
21.632 pessoas que atuavam nessa categoria ', não possuir o nível de
escolaridade compatível com o estabelecido pela CBO. Esse fato pode estar
relacionado a um longo período de experiência acumulado por uma parcela desses
profissionais na área de informação, porém, sem o grau de estudo necessário
para ser reconhecido como um Profissional da Informação.
O título Profissional da Informação dá abertura à entrada de profissionais
variados nessa classe. O próprio conceito de Profissional da Informação ainda
não possui consenso na literatura da área de CI. Além disso, falta a esse grupo
a regulamentação necessária por parte de órgãos fiscalizadores. Entende-se que
todos esses fatores colaboraram para que a situação se apresentasse da forma
como mostram os dados do Censo.
No trabalho de Jannuzzi e Mattos (2001)3, foi estabelecido um grupo que era
composto por bibliotecários, Arquivistas e Museólogos. Esse grupo possuía, em
1991, 11.601 profissionais. Comparativamente, somando-se o número de PI
(efetivamente de nível superior) com o de Arquivistas e Museólogos, chega-se a
11.955 profissionais, um crescimento de apenas 354 pessoas em 9 anos.
Aplicando-se a taxa de crescimento de 0,7% proposta por Jannuzzi e Mattos
(2001), para o grupo dos bibliotecários, Arquivistas e Museólogos de 1991,
chega-se a uma estimativa para o ano 2000 de 12.352 profissionais, número este
que o Censo mostrou que não foi atingido, isto é, os microdados do Censo
indicam que a categoria não cresceu o esperado.
A distribuição de Pessoal Ocupado em Atividades de Informação pelas Regiões e
Estados
Quanto à distribuição do grupo estudado por região, como era de se esperar,
ocorreu uma maior concentração de profissionais, de todas as categorias, na
região Sudeste (TAB._2, 3 e 4).
As evidências empíricas da TAB._2 mostram que os Outros Profissionais da
Informação são mais numerosos que os PI de Nível Superior em quase todas as
regiões, e que os primeiros totalizam quase que o dobro dos PI de Nível
Superior da CBO. Observando-se casos como o do estado do Rio de Janeiro e do
Distrito Federal, nota-se uma superioridade de PI de Nível Superior, em relação
aos Outros Profissionais da Informação. Entende-se que o problema referente à
autodeclaração de profissionais de nível médio como PI ocorre mais nas regiões
menos desenvolvidas do país.
O Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e o Conselho Federal de Museologia
(Cofem), além dos Conselhos Regionais de Biblioteconomia e dos Conselhos
Regionais de Museologia, foram consultados ' primeiramente via e-mail e, em
alguns casos, via postal ' para que fornecessem o número total de profissionais
cadastrados em suas instituições, bem como o número de profissionais em
atividade, isto é, o número de registros ativos. Vale observar que, após
insistentes contatos, dos 22 órgãos consultados, somente 5 responderam.
De acordo com informações obtidas junto ao Corem 3ª Região, referente ao Rio
Grande do Sul, o número informado4 de profissionais Museólogos foi de 84,
sendo, desse total, 39 profissionais com registro ativo. Comparando-se esse
resultado ao total de Arquivistas e Museólogos encontrado no processamento dos
microdados do Censo, com 68 profissionais, entende-se que os valores
encontrados nesta pesquisa podem ser entendidos como um retrato fiel e próximo
da realidade do mercado de trabalho nessas ocupações, dentro do erro amostral
da pesquisa.
De acordo com informações fornecidas pelo Conselho Regional de Biblioteconomia
-CRB-1ª Região5, que engloba as unidades federadas de Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Distrito Federal, o número total de profissionais inscritos
nesse órgão é de 2014, sendo 1182 registros ativos. Entende-se que os números
encontrados no Censo se referem a uma amostragem da população ocupada, e, por
esta razão, constata-se uma proximidade entre os dois resultados.
Entretanto, causa estranheza o fato de o número total do cadastro desse órgão
chegar perto do número de profissionais juntando-se os de nível superior
efetivos e os Outros PI, que não possuem escolaridade superior. Seguindo essa
linha de raciocínio, como estaria a fiscalização em relação à comprovação de
estudo e nível profissional pelas instituições fiscalizadoras? Ou, ainda,
estariam os cadastros dos CRBs, na melhor das situações, precisando de
revisões?
O grupo pessoal ocupado ematividades de informação ficou distribuído, entre as
regiões brasileiras, da seguinte forma: 6,4% na região Norte; 22,0% na região
Nordeste; 47,6% na região Sudeste; 15,5% na região Sul e 8,3% na região Centro-
Oeste.
Confirmando a hipótese, a maior concentração de PI (de Nível Superior) ficou na
região Sudeste, com 49,1% desses profissionais. Em relação ao número de PI em
São Paulo (2.353 pessoas), comparou-se esse resultado com dados informados pelo
CRB 8ª região, de São Paulo*, que forneceu o total de cadastrados nesse órgão,
com 7.672 pessoas, sem destacar o número de registros ativos.
Foi também na região Sudeste onde se concentrou a maior parcela dos Arquivistas
e Museólogos em 2000 (55,0%). Quanto aos ocupados de nível médio, os Técnicos
em Biblioteconomia, a maioria encontra-se na região Sudeste (60,0%); quanto aos
Técnicos em Museologia e afins chama a atenção sua concentração nas Regiões
Sudeste (43,1%) e Nordeste (30,3%).
Já os Auxiliares de Serviços de Documentação, Informação e Pesquisa, de nível
administrativo, se dividiram em 5,4% na região Norte; 21,8% na região Nordeste;
50,5% na região Sudeste; 13,0% na região Sul e 9,0% na região Centro-Oeste.
De todos os resultados apresentados nas Tabelas_2 e 3, chama a atenção, em
relação aos Profissionais da Informação (de Nível Superior), a concentração na
região Nordeste, com 2.198 pessoas (20,1%). Na introdução desta pesquisa
colocou-se a hipótese de que a inserção desses profissionais seria mais alta em
estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e principais capitais
do país. Comparando-se a região Nordeste e a Sul, percebe-se uma diferença
pequena, tendo a Nordeste 20,1% dos profissionais e a Sul 18,0%. Esse resultado
aponta para um aparente paradoxo, pois, apesar de a região Nordeste possuir uma
maior população e capitais dinâmicas, como Fortaleza e Salvador, possui áreas
de extrema pobreza, comparando-se com a região Sul, de forma geral. O aparente
paradoxo é dirimido com a comparação dos dados da Tabela_4, na qual se
apresenta a razão de profissionais pelas regiões por 100 mil habitantes, a fim
de permitir a comparação das condições de oferta de profissionais, tendo em
vista os diferentes volumes populacionais.
Em relação especificamente ao número de Profissionais da Informação de nível
superior, comparando-se os números das regiões Nordeste e Sul, percebe-se
grande concentração de profissionais na região Sul, considerando que, esta
última, possui uma população bem menor que a da região Nordeste.
De acordo com informações coletadas no site do IBGE (IBGE, 2004), no Censo de
2000 a população total no Brasil era de 169.799.170 pessoas. Desse total,
apenas 85.166 delas compõem o grupo objeto de estudo desta pesquisa, isto é,
trabalhavam de alguma forma com informação.
Considerando que cada empresa de médio e grande porte lida com um volume de
documentos significativo, pode-se entender que deveria existir um campo de
trabalho maior para os Arquivistas. Não é o que os dados do Censo mostram: a
realidade do grupo composto pelos Arquivistas e Museólogos é ruim para os
profissionais de nível superior. No ranking das regiões a ordem seria a região
Sudeste em primeiro lugar, com 0,8 profissionais a cada 100 mil habitantes;
seguida da região Sul (com 0,7), Centro-Oeste (0,6), Nordeste (0,3) e Norte
(0,2). Faz-se uma ligação desses resultados com a pouca visibilidade da
categoria profissional, de maneira geral.
As características sócio-Demográficas do grupo pessoal ocupado em atividades de
informação
Em relação às características socioDemográficas destaca-se a escolaridade, por
se tratar de um indicador significativo para essa discussão, além de o mesmo
ser considerado clássico em estudos dessa natureza (JANNUZZI, 2003).
A escolaridade também foi dividida em faixas (anos completos de estudo) que
correspondem, respectivamente, ao ensino médio; superior incompleto e superior
completo. A TAB._5 apresenta os resultados encontrados:
Em relação aos dados encontrados, o maior achado, como foi anteriormente
destacado, foi o fato de haver uma grande concentração de profissionais que
declararam ocupar postos de trabalho classificados da forma como os que a CBO
classifica como Profissionais da Informação na entrevista do Censo 2000, mas
que não possuem nível de escolaridade compatível com o exigido para esse tipo
de trabalho, segundo a própria CBO. Vale lembrar que as informações obtidas
pelos entrevistadores do Censo resultam da declaração direta dos indivíduos na
data da coleta de dados. Esse fator interfere nos números encontrados, pois
podem existir casos em que uma pessoa desempenha duas funções diferentes e,
quando da entrevista, ela terá de optar por uma delas, sendo contabilizada no
grupo profissional a que deu ênfase e preferência.
Chamam a atenção resultados como os encontrados para os técnicos (19,8% para os
Técnicos em Biblioteconomia, por exemplo) e auxiliares (9,0% com nível superior
completo). Pode-se questionar por que um profissional que possui nível superior
se auto-afirma técnico ou auxiliar em uma pesquisa como o Censo? Não deveria
essa pessoa se incluir na faixa com maior nível de escolaridade que possui?
Entende-se que o que pode ter influenciado as respostas dos entrevistados seja
o tipo de função que eles exerciam em seus empregos na data da entrevista do
Censo: por exemplo, nem todos os profissionais que possuem nível superior
trabalham em cargos ou funções que estejam ligados a essa formação. Por essa
razão, sendo fiéis ao tipo de ocupação que estão desempenhando, vários
respondentes se incluíram nas faixas de acordo com o cargo ou função a que
estavam ligados na época de entrevista do Censo.
Destaca-se ainda, para os profissionais de nível superior, a porcentagem de PI
com mais de 15 anos de estudo (33,4%) e a do grupo dos Arquivistas e Museólogos
(59,5%). Comparando-se esses resultados, pode-se entender que o grupo dos
Arquivistas e Museólogos, apesar de contar com um número bem menor de
profissionais do que o grupo dos PI de nível superior, tem enfrentado menos
problemas quanto à compatibilidade do nível escolar com as atividades
desenvolvidas.
Tratando-se ainda dos PI de nível superior, vale lembrar que o BLS fornece
pontos significativos em relação ao perfil dos librarianscomo: pós-graduação
usualmente requerida em Biblioteconomia; necessidade de possuir uma graduação
adicional; e uso das tecnologias de informação para desenvolver suas
atividades, entre elas, pesquisas, classificação de materiais e assistência a
usuários (BUREAU..., 2004a). Esse assunto já foi amplamente discutido em
Loureiro (2004). É importante destacar que, comparando-se Brasil e Estados
Unidos, vê-se claramente a diferença em relação à formação cultural dos
profissionais que atuam no tratamento da informação, quando se coloca a
exigência de um curso de graduação na área em que determinado profissional vai
atuar, para que o mesmo seja capaz de entender e dominar conceitos importantes
daquela área do conhecimento, sendo, assim, mais eficiente no seu trabalho de
organização da informação e do conhecimento.
De qualquer forma, entende-se que as profissões ligadas à informação requerem,
até pelo seu objeto de trabalho, um nível de estudo mais elevado, quando
comparado a outras atividades profissionais como os enfermeiros, por exemplo.
Indicadores de Inserção Ocupacional
Como indicadores de inserção ocupacional, para esta pesquisa, foram
selecionados a posição na ocupação e o rendimento médio (Tabelas_6, 7 e 8).
As categorias estabelecidas no Censo foram as seguintes: 1) empregado com
carteira assinada e empregado sem carteira assinada; 2) integrantes do Regime
Jurídico dos Funcionários Públicos ou Militares; 3) autônomo; 4) empregador; e
5) outros (categoria na qual se incluem, basicamente, aprendizes e
estagiários).
Os dados do Censo mostraram que no grupo 'pessoal ocupado em atividades de
informação', em 2000, não havia nenhum empregador. Esse resultado deve ser
analisado com cautela, não podendo ser considerado tão alarmante quanto parece,
já que o Censo questiona a atividade que o profissional desenvolve naquela
data. Por exemplo, o caso de um micro-empresário, que possua dois ou três
empregados seria incluído como Dirigente de empresas e organizações, membro do
Grande Grupo 1 da CBO, fugindo, nesse caso, de sua formação. Para se detectar o
número de profissionais ligados à informação que estivessem em situações como a
do exemplo citado, seria preciso investigar e cruzar o último curso concluído
para tentar mapear esses profissionais, o que poderá ser desenvolvido em estudo
posterior.
A maior concentração de PI de nível superior, em 2000, era de empregados com
carteira assinada (6.414 pessoas), seguida de funcionários públicos e militares
com 3.802 profissionais.
Ainda em relação aos PI (de Nível Superior), vale salientar a inexistência de
profissionais autônomos tanto nessa categoria como no grupo dos Outros
Profissionais da Informação. Os resultados mostram que o tipo de relação
contratual predominante dos PI é melhor, pois a maioria é de empregados com
carteira assinada ou funcionários do Regime Jurídico dos Funcionários Públicos.
Mesmo com os problemas já discutidos em relação à grande concentração de
profissionais no grupo dos Outros Profissionais da Informação ' isto é, pessoas
que não possuem o nível escolar compatível com as atividades que,
aparentemente, executam ', é importante observar, diante das porcentagens
apresentadas na TAB._7, como o nível superior torna-se um diferencial para se
inserir no grupo dos profissionais empregados e com carteira assinada.
Já no caso dos Arquivistas e Museólogos, embora o maior número de profissionais
seja o grupo de empregados com carteira assinada (42,2%), devem-se destacar os
11,8% de profissionais que atuavam, em 2000, como autônomos, diferentemente dos
PI de nível superior, como foi discutido acima.
Entre os profissionais de nível técnico, merecem destaque os Técnicos em
Museologia e afins com 36,0% de profissionais na categoria dos autônomos. Seria
esta grande concentração de profissionais ligados aos trabalhos de arquivos e
museus, como autônomos, um indicador de maior independência no exercício da
ocupação do que a dos PI de nível superior (ou bibliotecários)? Estaria essa
atitude ligada ao tipo de trabalho executado? Estariam essas duas vertentes
pendendo para uma atitude mais empreendedora em relação aos PI de nível
superior?
O grupo dos Auxiliares de Serviços de Documentação, Informação e Pesquisa
possuía a maior parte de seus profissionais como empregados com carteira
assinada (56,1%); seguida dos empregados sem carteira assinada (20,5%) e com
15,7% dos profissionais como funcionários públicos ou militares.
De acordo com Jannuzzi (2001, p. 93), dentre os indicadores para estudos de
mercado de trabalho, o rendimento médio é um dos mais significativos, sendo
sensível às variações conjunturais da economia, da produção industrial e nível
da inflação observada. O mesmo autor destaca ainda que o rendimento do trabalho
corresponde, para os assalariados, de forma geral, à remuneração bruta
efetivamente recebida no mês anterior à pesquisa, que inclui salários, abonos e
gratificações. Já no caso dos trabalhadores autônomos e empregadores,
corresponde à retirada ou ao ganho líquido realizado no mês anterior. Não são
considerados rendimento os benefícios adicionais em espécie ou em dinheiro,
como cesta de alimentos, vale-transporte, vale-refeição ou plano de saúde.
Na TAB._8 são apresentados os dados apontados pelo Censo 2000 em relação ao
rendimento médio do grupo 'pessoal ocupado em atividades de informação':
Para se tratar o rendimento médio foram estabelecidas quatro faixas de
remuneração: 1) até R$ 500,00; 2) de R$ 501,00 a 1.000,00; 3) de R$ 1.001,00 a
2.000,00; e, 4) R$ 2.001,00 ou mais. Vale ressaltar que não houve, aqui,
diferenciação de profissionais com relação à carga horária trabalhada, sendo
este o rendimento do trabalho principal.
Assim, segundo os microdados do Censo 2000, a maior concentração de PI (de
nível superior) está na faixa de R$ 1.001,00 a 2.000,00, com 32,2%, seguida de
perto pelos profissionais da faixa de R$ 501,00 a 1.000,00, com 28,9%. Causou
estranheza uma faixa dos profissionais de nível superior estar inserida na
faixa com remuneração até R$ 500,00 (22,2%).
Já em relação aos Outros Profissionais da Informação, grupo encontrado com
nível de escolaridade inferior ao superior completo, destaca-se a grande
concentração de profissionais na faixa de rendimento de Até R$ 500,00, com
73,9% dos profissionais. Entende-se ser esse um indicador da precariedade a que
esses profissionais estão submetidos e, pelo fato de serem reconhecidos como
PI, poderão acarretar à categoria uma visibilidade inferior à sua realidade.
Causou surpresa ainda, nesse grupo, a pequena, porém existente, concentração de
2,3% de profissionais com salários acima de R$ 2.000,00. Faz-se essa referência
apoiando-se em Fligenspan (2003), que ressalta que entre as diferentes
variáveis que justificam os diferenciais salariais no Brasil, encontra-se a
escolaridade.
Para os Arquivistas e Museólogos o maior grupo ficou na faixa de rendimento de
até R$ 500,00, com 43,3%. Esse achado também pode ser considerado inferior ao
esperado, pois essa categoria é efetivamente composta por pessoal de nível
superior. Será o tipo de trabalho que não é reconhecido e, conseqüentemente,
bem remunerado no mercado?
Conforme o esperado, os Técnicos em Biblioteconomia, os Técnicos em Museologia
e afins e os Auxiliares de Serviços de Documentação, Informação e pesquisa
tiveram as maiores concentrações na faixa de remuneração de até R$ 500,00, com
57,2%, 67,3% e 73,0%, respectivamente. Ainda que esse resultado seja
considerado esperado para esses grupos, devido a seu menor nível de
escolaridade, surgiram pequenas concentrações dos três grupos na faixa de
remuneração de R$ 2.001,00 ou mais. Esses achados ficam difíceis de ser
explicados e, talvez, esse fosse um tema interessante para pesquisas futuras.
Conclusão
Na atualidade o trabalho tem sido objeto de interesse crescente e tem levado
cada vez mais pesquisadores a desenvolverem estudos sobre este tema, mostrando
que este assunto continua tendo grande ênfase no mundo todo.
Esta pesquisa partiu da hipótese de que, no Brasil, os profissionais que
trabalhavam com informação estavam bem inseridos no mercado de trabalho, mesmo
considerando-se possíveis influências das políticas econômicas. Entendia-se,
ainda, que essa inserção não se dava de maneira uniforme e que seria mais
intensa nos estados mais desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e, também, nas principais capitais.
De fato, entre as regiões, constatou-se uma maior concentração de profissionais
na região Sudeste, porém, de forma geral, este estudo constatou que a inserção
de pessoal ocupado em atividades de informação, segundo os microdados do Censo
Demográfico de 2000, não pode ser considerada muito melhor em relação ao total
de ocupados do país e, também, em relação ao total da população.
Quanto aos objetivos específicos, o dimensionamento do contingente de
profissionais do grupo pessoal ocupado em atividades de informação, que atuava
no mercado de trabalho no ano 2000, é de 0,1%, em relação ao total da população
ocupada. Este resultado demonstrou o quanto esse grupo precisa melhorar,
principalmente, comparando-se com os dados dos Estados Unidos.
Quanto ao rendimento, os dados mostraram que 66,2% do grupo objeto de estudo
desta pesquisa têm um rendimento médio de até R$ 500,00, isto é, apesar de a
maioria das categorias que compõem o grupo 'pessoal ocupado em atividades de
informação' possuir nível escolar médio ou superior incompleto, mesmo assim os
rendimentos são baixos, considerando-se todas as discussões a respeito da
sociedade da informação e do conhecimento como um período em que haveria
crescimento e valorização das profissões ligadas a conteúdos informacionais.
Quanto à posição na ocupação, mesmo com o contexto geral no campo do emprego
convivendo com bruscas mudanças ' podendo-se até pensar em uma mudança de
paradigma, do trabalho com carteira assinada e estabilidade mais comum na
década de 1980, para formas diferenciadas de relações trabalhistas, com
contratos com prazo limitado, locação de serviços, etc. ' constatou-se, a
partir dos microdados do Censo Demográfico de 2000, que o grupo pessoal ocupado
em atividades de informação se mantém no perfil tradicional, com a maioria dos
seus ocupados atuando como empregados com carteira assinada ou como
funcionários públicos.
A grande concentração de pessoal de nível médio que se autoclassifica como
Profissional da Informação foi um dos achados mais importantes deste estudo.
Entende-se a necessidade de que outras pesquisas sejam feitas nesse sentido
para que mais discussões possam levar a categoria a se firmar e se expandir no
mercado de trabalho brasileiro.
É muito importante a intensificação da fiscalização pelos conselhos da área,
além do desenvolvimento de um trabalho de conscientização dos empregadores
tanto em relação aos próprios serviços desenvolvidos pelos Profissionais da
Informação ' visando um aumento da inserção desses profissionais ', como também
para que esses mesmos empregadores exijam o nível de escolaridade apropriado
para o tipo de atividade executada por um profissional da informação.
É preciso que a categoria dos PI, como um todo, desenvolva mais uma atitude
crítica em seus profissionais. Entende-se que essa atitude advém, basicamente,
de um nível de escolaridade mais elevado. A intenção é melhorar o nível e a
visibilidade da área e dos profissionais que nela atuam, trazendo benefícios
para todos. Além disso, muito se discute nos dias atuais sobre a educação
continuada como ponto fundamental para a manutenção do emprego num mercado de
trabalho cada vez mais concorrido.
Entende-se que a CBO é uma ferramenta que deveria ser mais utilizada em estudos
sobre o mercado de trabalho. No caso deste estudo, seu uso foi considerado
satisfatório. Discutindo-se sobre o conceito de Profissional da Informação de
acordo com a CBO, pode-se entender que, na prática, esse grupo é, basicamente,
composto pelos bibliotecários, posição também sustentada por Cunha e Crivellari
(2004).