As ações da RETEC no apoio ao desenvolvimento tecnológico de Minas Gerais: um
estudo piloto
1 Introdução
As empresas brasileiras estão enfrentando um ambiente cada vez mais
competitivo, que vem impondo, de maneira desafiadora, o crescimento da
capacidade de inovação tecnológica e de gestão. Os aspectos qualidade,
produtividade e competitividade tornam-se cada vez mais dependentes da
capacidade de incorporação da inovação em produtos, processos e gestão. A
necessidade de identificar e implementar conjuntos de instrumentos de fomento e
de marco legal gera condições operacionais coerentes em resposta às demandas
informacionais determinadas pelas indústrias.
Todo esse contexto exige uma série de ações diretas nos segmentos empresarial e
industrial, considerando-se as particularidades das organizações, dos setores,
das cadeias produtivas e, ainda, das situações locais em que as organizações se
inserem (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2003).
Para agilizar e alavancar essas ações em direção ao desenvolvimento de produtos
e serviços inovadores, o Instituto Euvaldo Lodi Nacional promove a consolidação
e implantação da Rede de Tecnologia do Setor Industrial Brasileiro (RETEC/NC),
que tem por missão integrar as Redes de Tecnologia (RETEC) regionais. Hoje, os
estados que compõem a Rede são: Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais e Paraná.
Ainda está sendo negociada a participação dos seguintes estados: Paraíba,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e
Tocantins, além do Distrito Federal2.
O objeto de investigação deste trabalho está fundamentado na Rede localizada no
estado de Minas Gerais, que tem como proposta de atuação promover a integração
da oferta e da demanda tecnológica entre os diversos agentes econômicos,
sociais e institucionais; contribuir para o incremento de negócios
tecnológicos; realizar ações de incentivo e desenvolvimento à pesquisa aplicada
para as empresas; mobilizar as empresas para o desenvolvimento das competências
em pesquisa, tecnologia e inovação, em busca de soluções tecnológicas para a
indústria; e sensibilizar a classe empresarial para a capacitação e o
desenvolvimento tecnológico, tendo como meta o aumento da competitividade de
suas empresas.
Este artigo tem como ponto central a análise dos tipos de serviços e
informações tecnológicos demandados por empresas e pessoas físicas do estado de
Minas Gerais à RETEC, assim como de suas principais ações e resultados. Para a
execução desta pesquisa, foi necessário realizar um recorte temporal. O banco
de dados da RETEC/MG é composto de 4.700 demandas referentes a serviços e
informações tecnológicos, registradas no período de 2002 a 2006. Deste
universo, foram utilizados dados referentes ao segundo semestre de 2006, o que
compreendeu seis meses e 497 demandas.
A busca da compreensão de como se encontra estruturada a RETEC/MG, bem como da
sua importância para o desenvolvimento das indústrias mineiras, norteou este
artigo. Seguem a esta introdução os seguintes itens: "Inovação, classificação e
demanda: aspectos conceituais"; "Rede de Tecnologia do estado de Minas Gerais -
RETEC/MG: aspectos estruturais"; "classificação das demandas da RETEC/MG:
processo de transição"; "Caracterização e tipos das demandas encaminhadas à
RETEC/MG; e "Considerações finais".
2 Inovação, classificação e demanda: aspectos conceituais
No atual cenário vivenciado pelas organizações, a Lei de Inovação surge como um
instrumento que contribui para alavancar as parcerias entre as instituições de
pesquisa, de ensino e indústrias. É função da RETEC/MG promover a intermediação
entre as indústrias (demandantes) e os centros de competências (ofertantes de
informação e tecnologia), de modo a estreitar as relações entre ambas. O seu
papel vai ao encontro das diretrizes traçadas na Lei, podendo servir de
importante fornecedora de indicadores tecnológicos e econômicos capazes de
subsidiar a política de inovação. Estes indicadores poderão, ainda, sinalizar
as regiões mais fragilizadas e aquelas que se encontram em estágio de
desenvolvimento mais avançado, permitindo às instituições privadas e públicas
definirem estratégias e diretrizes direcionadas, segundo a vocação de cada uma.
Cabe reforçar que a Lei de Inovação - Lei 10.973, de 2 de dezembro de 2004
(BRASIL, 2004) - estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa
científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vista à capacitação, ao
alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país.
A Lei oferece abertura e permite às instituições científicas e tecnológicas a
criação de mecanismos de gestão em sua relação com as empresas, principalmente
de base tecnológica, por meio de procedimentos de três naturezas: estímulo à
inovação, flexibilizando atividades e relações das instituições científicas e
tecnológicas; estímulo à gestão da inovação, estabelecendo regimes de
comercialização das inovações científicas e tecnológicas; e estímulo à inovação
nas empresas, a partir da criação de mecanismos capazes de favorecer o ambiente
de inovação empresarial (ROMERO, 2005).
De acordo com Matias (2003, p. 02), "o sucesso da inovação depende, em grande
parte, da capacidade de aplicação contínua de novo conhecimento por parte dos
diversos atores". Assim, torna-se necessário melhorar, de forma eficaz, a
dinâmica com que estes produzem e difundem a informação, o conhecimento e as
competências essenciais, de modo a contribuir para uma cultura de inovação.
Cabe esclarecer que a tecnologia só passa a ser uma inovação quando sai da fase
de uma nova idéia e de produto acabado e transcende para a fase da
comercialização (SILVA, 2000). Para Mueser (1985), citado por Escosteguy e
Cabral (1996), "entende-se que a inovação tecnológica é uma nova idéia, um
evento técnico descontínuo, o qual, após certo período de tempo é desenvolvido
ao ponto em que se torna prático e usado com sucesso". Para que o sucesso da
inovação ocorra é necessário um processo de gestão de informação e do
conhecimento eficaz.
Há muito se discute sobre o tema "informação para a inovação". Esta é uma
questão chave no processo de mudança e competitividade. A informação com foco
tecnológico, que representa todo tipo de conhecimento relacionado ao modo de
fazer um produto ou prestar um serviço, requer conhecimentos de natureza
científica, empírica ou intuitiva. Nesta perspectiva, a informação para a
inovação tem um caráter estratégico no planejamento das atividades das
indústrias, o que envolve as relações interpessoais, os processos técnicos e
gerenciais, o capital intelectual, a prospecção de tecnologia e a
reestruturação das organizações diante das constantes mudanças do meio externo.
Devido às constantes interferências ambientais a que as organizações estão
submetidas no dia-a-dia, os gestores das RETECs regionais não podem perder de
vista a meta de subsidiá-las com informações que lhes permitam aumentar sua
competitividade, não se esquecendo de quão complexo é o procedimento pelo qual
a informação é incorporada nos processos produtivos e de gestão dos segmentos
industriais.
Inúmeras foram as experiências conduzidas no Brasil, no campo da informação
tecnológica, com resultados representativos, embora limitados. Estas
experiências devem servir de referência para a Rede de Tecnologia do Setor
Industrial Brasileiro, de forma a não se limitar apenas à intermediação entre
demandante e ofertante, mas constituir-se em uma gestora de informações que
agregue valor às atividades da indústria brasileira e seja um catalisador dos
elementos que condicionam o processo de inovação.
Pretende-se, aqui, apresentar como as demandas feitas à RETEC/MG são
classificadas e qual a importância de se definir com qualidade e assertividade
os grupos de classificação.
A classificação adotada para classificar as demandas da RETEC/MG é a do tipo
facetada, por permitir o agrupamento por facetas ou classes às demandas. De
acordo com Foskett (1996), citado por Araújo (2006, p.128), para a elaboração
de um sistema de classificação facetado, devem ser desempenhadas as seguintes
atividades:
a) estudo cuidadoso da literatura sobre o assunto para determinar
suas linhas gerais e o seu desenvolvimento;
b) análise do conteúdo do assunto, determinação de suas facetas;
c) nas facetas, seguindo uma seqüência útil, listagem dos focos que
as compõem;
d) determinação da ordem de citação (ordem de precedência ou
prioridade das facetas), que é aplicada quando se faz a síntese para
assuntos compostos;
e) estudo da disposição das facetas dentro do esquema, que deverá
mostrar claramente onde um assunto, simples ou composto, poderá ser
encontrado.
Diante do exposto, percebe-se a importância de um sistema de classificação que
permita a organização especializada e sistematizada das demandas.
Entende-se por demanda de informação, neste artigo, as realizadas pelo usuário
em um sistema de informação e que podem ser registradas. Desta forma, pode-se
dizer que a classificação de demanda de informação visa à organização e à
ordenação de um conjunto de demandas em agrupamentos menores, a partir de
características semelhantes e de suas diferenças.
3 A Rede Tecnológica do estado de Minas Gerais - RETEC/MG: aspectos estruturais
Em outubro de 2002, o Instituto Euvaldo Lodi do Estado de Minas Gerais (IEL/
MG), por intermédio da Gerência de Informação e Projetos Tecnológicos (GIPT),
inaugurou a RETEC/MG, cujos objetivos são: oferecer serviços de forma a
integrar e interpretar demandas das indústrias locais; e oferecer soluções de
melhorias e inovações em gestão, processos e produtos, contribuindo para a
capacitação, competitividade e desenvolvimento da indústria mineira. Para a
oferta dessas soluções, a RETEC/MG passou a disponibilizar serviços de
consultoria, respostas técnicas e administrativas, relatórios estatísticos,
tendo como preocupação principal a qualidade das demandas provenientes do
mercado, de forma a diferenciá-las daquelas similares.
Desde 2005, a RETEC/MG aprimora suas atividades junto à comunidade empresarial,
oferecendo atendimento aos empresários em questões tecnológicas, priorizando as
demandas tecnológicas e, por intermédio do programa Apoio à Melhoria e Inovação
Tecnológica (AMITEC), proporcionando fomento à inovação e a projetos
tecnológicos. Com isso, passou a incluir em suas atividades a disponibilização
de subsídios financeiros para custear os serviços resultantes das demandas
geradas por seus usuários, desde que aprovados pelo Comitê de Investimento do
AMITEC.
Cabe salientar que o AMITEC é um programa criado pelo IEL/Sistema FIEMG, em
conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas
Gerais (SEBRAE/MG), e tem como principal objetivo estimular a melhoria e a
inovação tecnológica das empresas do estado de Minas Gerais. Oferece subsídio
financeiro para as empresas que solicitam serviços de informação, suporte,
consultoria e inovação tecnológica através da Rede. As demandas referentes a
serviços de informação, suporte e consultoria tecnológica são atendidas por
ordem de entrada, com aprovação imediata pela equipe da RETEC/MG. Caso a
demanda seja de inovação tecnológica, é solicitado à empresa o preenchimento de
um formulário padrão (com informações sobre o projeto) que é analisado pelo
Comitê de Investimentos do Programa AMITEC. As linhas de ação e as aplicações
de subsídios são apresentadas a seguir:
·Informação tecnológica - o subsídio é de 100%;
·Suporte tecnológico - o subsídio é de 70%;
·Consultoria em: diagnóstico/parecer; desenvolvimento de projetos
tecnológicos; e melhoria em processos, produtos, máquinas e
equipamentos - o subsídio para cada é de 70%;
·Inovação tecnológica - o subsídio é de 70%.
As empresas que solicitam subsídios ao AMITEC e que se encontram nas linhas de
ações que recebem 70% de subsídio devem, em contrapartida, participar com 30%
de recursos, sendo 10% financeiro e 20% econômico.
Nesse sentido, a RETEC/MG tornou-se um importante instrumento para o processo
de inovação tecnológica, contribuindo para o estímulo, capacitação e iniciativa
das empresas na busca de aprimoramento contínuo em sua atividade.
Além do acesso via internet, a estrutura operacional da RETEC/MG contempla uma
rede de alta capilaridade, constituída de federações e sindicatos da indústria,
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), centros de pesquisas,
universidades e empresas de consultorias, dentre outros, o que permite uma
abrangência única.
A estrutura adotada pela RETEC/MG para classificar uma demanda é a seguinte:
·Classificando a demanda: ao fazer a demanda, o cliente a classifica de acordo
com as opções disponíveis no sistema, em função do tipo, objetivo e enfoque. Em
seguida, por meio de uma descrição livre, apresenta a sua necessidade. A
classificação tem por objetivo auxiliar nas estatísticas e atender aos
seguintes requisitos:
1. Natureza: quanto à informação ou quanto ao serviço.
2. Serviço demandado: neste momento, o cliente determina a opção que
está relacionada com a descrição da demanda. Cabe ressaltar que este
tópico está intrinsecamente relacionado à determinação da natureza.
3. Objetivo da demanda: finalidade da demanda solicitada.
4. Enfoque da demanda: foco em que a demanda se destina.
5. Abrangência: delimitação do tempo e da área geográfica relacionada
a determinado assunto. Quanto à abrangência temporal, determina-se o
limite temporal para a realização da busca de informação sobre o
assunto em pauta (por exemplo: de janeiro de 2000 a dezembro de
2005). Quanto à abrangência geográfica, o cliente informa se o
assunto compreende uma cidade, um estado ou um país. Já quanto ao
grau de conhecimento, busca-se levantar e identificar o grau de
conhecimento do cliente em relação ao assunto, para determinar o
nível de abrangência ou de aprofundamento na resposta a ser
oferecida.
· Cadastro do usuário ofertante: cadastro de pessoas competentes em
campos diversos do conhecimento que ajudarão nas respostas às
demandas solicitadas.
·Cadastro da instituição: a RETEC/MG oferece aos seus usuários a
possibilidade de acessar o cadastro da instituição na qual estão
inseridos, o que permite o vínculo do usuário com a instituição na
Rede.
· Sistema de gestão de atendimento às demandas: para atender com
precisão, clareza e objetividade a uma demanda, a RETEC/MG dispõe de
um sistema de gestão que permite o controle, a organização e o
tratamento das demandas. O sistema oferece um ambiente em que é
possível gerenciar o fluxo de atendimento, permitindo identificar com
quem, onde, quando e em que fase se encontra a solução, sendo ainda
possível rastrear todas as etapas desde a chegada da demanda até o
recebimento da resposta por parte do demandante.
· Processo de seleção/classificação das demandas: é utilizado para
controlar os tipos de demandas e identificar as entidades que as
realizam. Existem quatro tipos de categorias para a realização da
classificação: categoria A, que representa as indústrias e suas
entidades de classe, cujas demandas geram serviços e produtos;
categoria B, que corresponde às entidades que não são indústrias, mas
geram serviços; categoria C, que compreende as entidades que não são
da indústria e que não geram serviços, mas fazem demandas com foco
tecnológico; e categoria D, que corresponde às demandas de conteúdo
não tecnológico.
A determinação das categorias surgiu devido à necessidade de se identificar e
priorizar as demandas industriais com caráter tecnológico e de inovação. Assim,
é possível dimensionar e direcionar esforços na resposta que surge dentro dos
Arranjos Produtivos Locais (APLs), apoiados pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e
nas demais demandas da indústria mineira.
No o futuro, a RETEC/MG, que tem à sua frente um mercado altamente competitivo,
deverá se posicionar de forma mais estratégica, oferecendo vantagens como:
dinâmica propiciada pela Rede; capilaridade de atuação; relacionamentos dos
Sistemas Confederação e Federação das Indústrias; e maior confiabilidade e
confidencialidade dos dados. Como visão para o futuro, tem como meta tornar-se
referência no provimento de soluções tecnológicas, aqui entendidas de maneira
ampla, no nível de processo, produto e gestão; o que requer ações para a
obtenção de informações de conteúdo relevante, de maneira ágil e eficaz; a
prestação de serviços requeridos nas demandas; e a criação de mecanismos de
acompanhamento e monitoramento que os clientes reconheçam como adequados e
estratégicos.
Diante dessa nova perspectiva, surge por parte da equipe de gestão da
informação e do conhecimento (GIC) a necessidade de melhorar e aprimorar o
processo e a metodologia de classificação das demandas, pois o definido no
início da sua atuação encontra-se obsoleto e ineficaz.
4 Classificação das demandas da RETEC/MG: processo de transição
No passado, o demandante tinha à sua disposição classificações que hoje não
atendem mais às necessidades da RETEC/MG. As classificações anteriores eram
generalistas e, muitas vezes, não representavam o conteúdo da demanda, o que
gerava distorções na caracterização, integridade, clareza e objetividade dos
dados descritos, dificultando a análise quantitativa e qualitativa. Este grupo
de classificações foi adotado de 2002 até o final do primeiro semestre de 2006,
quando, a partir de um estudo minucioso realizado pela equipe de gestão da
informação e do conhecimento (GIC), representada pela GIPT, concluiu-se que
havia a necessidade de redefinir as classificações. A proposta foi uma ação
piloto de adequação das classificações, de forma a atender às necessidades
atuais da Rede. A redefinição das classificações, um processo de transição,
permitiu uma melhor identidade e co-relação do conteúdo descrito com as novas
classificações, proporcionando maior assertividade nas respostas e ações da
equipe técnica.
Durante o processo de transição, a equipe de GIC buscou também averiguar a
adequação e a aceitação das novas classificações pelos clientes, técnicos e
supervisor da RETEC/MG. Observou-se uma grande aceitação dos grupos que compõem
a Rede, assim como ganhos relacionados: à facilidade no desenvolvimento e
atuação; ao direcionamento dos esforços da equipe; à identificação dos serviços
com foco em inovação, em melhoria e em desenvolvimento tecnológico; à
classificação por parte do demandante; à identificação das competências
técnicas que respondem às demandas; à elaboração de relatórios quantitativos
com dados mais direcionados e confiáveis; e à identificação de gargalos e
oportunidades tecnológicas no estado de Minas Gerais.
Com a adoção da nova classificação, percebeu-se que o demandante passou a ter
mais facilidade para classificar as demandas, acarretando em menor
interferência do supervisor no ajuste das classificações de acordo com os
conteúdos.
No tópico seguinte, serão apresentados os dados extraídos da nova proposta. O
delineamento temporal cobre o segundo semestre de 2006. Com este estudo piloto,
foi possível extrair dados como: regiões de Minas Gerais que mais demandam
informação e que demandam mais serviços; tipos de informações mais demandadas e
principais serviços subsidiados com recursos do AMITEC; dentre outros
cruzamentos, como apresentado a seguir
5 Demandas tecnológicas encaminhadas à RETEC/MG: caracterização e tipos
O demandante, após o seu cadastramento, pode acessar imediatamente a Rede e
fazer uso dos serviços, registrando suas demandas. Este acesso pode se dar
quantas vezes o usuário necessitar, sendo que para cada demanda haverá uma
resposta, com tratamento específico e foco individualizado e assertivo. Nesta
fase, uma das dificuldades enfrentadas pelos técnicos e supervisor da RETEC/MG
está relacionada à interpretação clara da demanda, pois, como o contato com o
usuário é realizado via Internet, ocorrem muitas perdas de informações, por
falta de uma descrição precisa e objetiva na hora de compor o texto, por
exemplo: "Gostaria de informações sobre o processo de reciclagem". Veja que
nada foi informado sobre o tipo de material que se deseja reciclar. Dessa
forma, a resposta à demanda pode possuir lacunas e não ser precisa. Para que o
problema seja solucionado, os técnicos ou o supervisor devem entrar em contato
pelo sistema RETEC/MG ou por telefone para obterem as informações faltosas. Na
fase de atendimento por telefone, podem ocorrer perdas de informações, por este
se dar de maneira informal e, algumas vezes, pelo fato do conteúdo das
informações levantadas não ser registrado e nem armazenado, sendo registrado
apenas o fluxo de atividades. Torna-se necessário realizar um estudo mais
aprofundado sobre o controle e o fluxo do conteúdo proveniente de atendimentos
informais. O demandante, ao fazer sua solicitação, deve classificá-la para,
posteriormente, a equipe da RETEC/MG conferir se a classificação ocorreu de
forma correta.
A equipe, após a redefinição das classificações, buscou, a partir de um recorte
temporal, apresentar algumas possibilidades de cruzamentos. A apresentação e
análise dos dados ocorreram a partir do registro das demandas e dos meses em
que foram registradas no sistema. O universo estudado foi o segundo semestre de
2006, correspondente aos meses de julho a dezembro. Os dados analisados
encontram-se na Tabela_1 (TAB.1).
A RETEC/MG respondeu a 497 demandas no período em análise, sendo 260
provenientes de pessoas físicas e 237 de pessoas jurídicas. Deste universo, 309
demandas foram classificadas na natureza informação e 188 na natureza serviços.
Agosto foi o mês em que mais se demandou informações (72), seguido de julho
(59). Quanto a serviços, agosto continua na liderança, com 72 demandas, seguido
de setembro, com 68 demandas. Dezembro foi o mês com menos demandas, talvez
pelo fato de ser um período de férias coletivas tanto do sistema FIEMG quanto
dos sindicatos. Salienta-se que essa tendência não se aplica a todas as regiões
ou segmentos do estado. Por exemplo, o Arranjo Produtivo Local de Fogos de
Artifício experimenta, neste período, intenso processo de produção. As demandas
classificadas na natureza informação sobressaem em relação ao número de
demandas classificadas na natureza serviço, talvez por ser recente o apoio
financeiro do AMITEC às demandas referentes a serviços com foco tecnológico. A
tendência é que este número cresça.
O processo interno de classificação de demandas por tipo, A, B, C, D, conforme
anteriormente especificado, visa identificar as demandas potenciais de geração
de serviços tecnológicos, separando-as das demandas que não possuem caráter
tecnológico. Esta classificação é muito importante para direcionar os esforços
e as ações da GIPT e do IEL no apoio às indústrias do estado de Minas Gerais.
Dentro do universo estudado não houve demandas classificadas pelo tipo B, por
esta corresponder às entidades que não são indústrias. Quanto às demandas do
tipo C, não se referem à indústria, não demandam serviço, mas demandam
informação tecnológica, representando 80 demandas do universo investigado. Já
as demandas do tipo D correspondem às demandas de conteúdo não tecnológico,
sendo que 204 demandas foram classificadas por este tipo. Por outro lado, 82
demandas não receberam classificação por parte da equipe da RETEC/MG. Desta
forma, focar-se-á na análise das demandas classificadas no tipo A, que
representam as indústrias e suas entidades de classe e geram serviços e
produtos, podendo ser apoiadas pelo programa AMITEC. Os dados apresentados
estão estritamente relacionados às demandas de serviços provenientes da Rede.
Do universo de 188 demandas referentes à natureza serviços, 131 foram
classificadas no tipo A, sendo que 84% geraram serviços apoiados pelo AMITEC.
Muitas vezes, este tipo de classificação está relacionado a: melhoria de
processo, desenvolvimento de produto, parecer e análise técnica e diagnóstico
de teor tecnológico, dentre outros serviços. Percebe-se a importância da RETEC/
MG na identificação de projetos que possam contribuir para o desenvolvimento da
indústria mineira. No universo dos 84% de indústrias apoiadas pelo programa,
torna-se importante realizar estudos in loco para averiguar os ganhos da
indústria com o apoio AMITEC. Os dados apresentados a seguir foram extraídos
dos relatórios técnicos realizados pelos consultores contratados, os quais se
encontram sob a responsabilidade e guarda da GIPT. Trata-se de descrições de
alguns projetos beneficiados pela rede e agrupados por setor. Por questão de
sigilo, os dados das empresas não serão divulgados.
·Projetos beneficiados - setor de eficiência energética: aempresa 1
atua no mercado de transformação, fabricação de estruturas metálicas
em aço e caldeiraria em geral. Com os resultados, economizou
aproximadamente R$ 2.665,00 por mês em sua conta de energia elétrica,
o que corresponde a 43% do total consumido, com o retorno do
investimento em seis meses. A empresa 2 atua no mercado de máquinas e
equipamentos: fabrica, fornece e instala retomadoras, empilhadeiras,
transportadores de correias, guindastes, descarregadores de navios,
máquina perfuratriz de túneis, caçambas, estruturas metálicas e
sistemas de automação. Com os resultados, economizou aproximadamente
R$ 9.777,00 por mês na conta de energia elétrica, ou seja, 31% do
valor total, com um retorno do investimento em seis meses. A empresa
3 atua no mercado de siderurgia, desenvolvendo atividades de
engenharia, projeto, fabricação e instalações "chave na mão",
relativas a processos industriais e manuseio de materiais. A economia
foi de aproximadamente R$ 7.456,00 por mês na conta de energia
elétrica, ou seja, 35% do valor total, com um retorno do investimento
em sete meses. A empresa 4 atua no mercado de transformação,
produzindo embalagens metálicas industriais para gêneros
alimentícios, decorativas e promocionais. A economia foi de
aproximadamente R$ 10.333,00 por mês na conta de energia elétrica, ou
seja, 52% do valor total, com retorno do investimento em seis meses.
A empresa 5 atua no mercado de química e petroquímica, sendo
fabricante de lubrificantes para motores a gasolina/álcool e a diesel
para transmissões, graxas e lubrificantes industriais, além de
fluidos e produtos especiais. A empresa obteve economia de R$
13.692.61 por mês na conta de energia elétrica, correspondendo a 18%
do valor total, com retorno do investimento em seis meses. A empresa
6 atua no mercado automotivo, fabricando peças e acessórios para
veículos automotores. A empresa conseguiu com o benefício a economia
de R$ 83.769.50 por mês na conta de energia elétrica, ou seja, 20% do
valor total, com um retorno do investimento em 24 meses. As seis
empresas, com o apoio do AMITEC, realizaram as seguintes ações:
ajuste do fator de potência; desligamento definitivo do transformador
de 500 kVA; alteração tarifária e procedimento operacional para o
horário de ponta; eliminação de vazamentos e otimização do sistema de
ar comprimido; substituição dos componentes de iluminação; melhoria
de processos; instalação do sistema de co-geração de energia; e
correção do fator de potência;
·Projetos beneficiados - setor moveleiro: a empresa 1 atua no mercado
de móveis, produzindo móveis domésticos em madeira, sem instalação.
Os resultados obtidos com o investimento foram: redução do tempo de
embalagem e aumento da produtividade; redução de custo e melhoria da
qualidade da superfície dos móveis; criação de uma cultura de
melhoria da qualidade, tanto por parte dos encarregados quanto dos
colaboradores dos setores; padronização dos processos críticos,
evitando empirismo e possíveis falhas; maior suporte do setor
comercial ao setor de produção (produção puxada); aumento da
autonomia dos setores e consecutiva agilidade no processo de tomada
de decisão; e organização do tempo do colaborador envolvido no
planejamento de controle de produção. A empresa 2 atua no mercado de
fabricação de móveis em madeira e a empresa 3 atua no mercado de
fabricação de móveis e outros produtos em madeira. Ambas alcançaram
os seguintes resultados: redução do volume de estoques intermediários
dentro da produção; redução da circulação de peças na produção;
redução da movimentação de funcionários entre os setores; e melhor
acompanhamento das atividades no processo fabril;
·Projetos beneficiados - setor automotivo: a empresa 1 atua no
mercado automotivo e a empresa 2 atua no mercado de autopeças,
produzindo estamparia de componentes automotivos, solda, perfilaria e
ferramentaria. As empresas alcançaram os seguintes resultados com o
benefício: adequação do produto às exigências do mercado; atendimento
da legislação e normas específicas; atendimento de exigências de
caráter ambiental; diferenciação do produto e/ou serviço; melhoria da
posição no mercado; e redução dos impactos ambientais;
·Projetos beneficiados - setor de alimentos e bebidas:a empresa 1
atua no mercado de alimentos e bebidas. Os resultados alcançados
foram: minimização de investimentos, por meio do programa de
manutenção preventiva dos equipamentos, do programa de limpeza e
educação de uso de equipamentos e do programa de conscientização de
funcionários e clientes; criação de uma comissão interna de
conservação de energia, que tem como uma de suas atividades o
acompanhamento semanal do consumo; aquisição de equipamentos novos; o
que gerou uma economia mensal de R$1.229,22.
Os dados obtidos dos relatórios técnicos mostram que com pequenos investimentos
as empresas podem economizar na linha de produção, no consumo de energia e no
atendimento às especificações da legislação de meio ambiente, como também
produzir e fornecer com mais qualidade e alcançar novas fatias de mercado.
A próxima análise, na tabela_2 (TAB._2), apresenta as demandas, segundo tipo de
informação e serviço (veja conceitos referentes aos tipos, em anexo),
classificando-as por microrregião. A classificação por microrregião do estado
de Minas Gerais segue o padrão FIEMG. Esta classificação permitiu avaliar qual
região do Estado demandou mais ou menos informações e serviços à RETEC/MG.
Ainda, a classificação pode contribuir e ajudar o sistema FIEMG a dimensionar
oportunidades e ameaças no momento presente e futuro.
A tabela_2, a seguir, foi estruturada a partir do modelo matricial3.
Tabela_2-_Clique_aqui_para_ampliar
A região que mais demandou informação tecnológica em Minas foi a Região
Metropolitana de Belo Horizonte (88), seguindo-se a região Sul (82). Os tipos
de informação mais demandados foram os referentes a processos (92), seguindo-se
produtos (69) e linha de financiamento (53). Em último lugar no ranking,
aparecem as demandas associadas ao campo da metrologia (2). Observa-se que as
indústrias precisam de informações que contribuam para a resolução de questões
básicas, visto que estão atuando pouco no campo da propriedade intelectual,
tendo sido cadastradas apenas quatro solicitações nesta área. Estes dados
sinalizam oportunidades e frentes de atuação da RETEC/MG perante seus clientes.
Quanto às microrregiões que demandaram poucas informações, talvez haja uma
oportunidade para a RETEC/MG intensificar a divulgação dos seus serviços
perante as comunidades empresariais. É importante realizar um estudo mais
pontual para verificar por que as regiões utilizam menos os serviços da Rede.
Com relação aos serviços solicitados, a Região Metropolitana de Belo Horizonte
encontra-se em primeiro lugar no ranking (71), seguindo-se a Centro-Oeste (60)
e a Sul (35). Cabe salientar que, das 34 solicitações da Região Metropolitana
de Belo Horizonte, referentes a desenvolvimento e melhoria de processo, 30
foram provenientes de projetos de eficiência energética. Daquelas da região
Centro-Oeste, 58 foram provenientes do arranjo produtivo local de calçados,
estando relacionadas com licenciamento ambiental; e daquelas da região Sul, 17
foram provenientes do arranjo produtivo local de eletroeletrônica. O tipo de
serviço mais demandado foi sobre parecer e análise técnica (73), seguindo-se
desenvolvimento e melhoria de processo (53) e projetos tecnológicos e de
inovação (25); e com os menores índices de solicitações encontram-se
capacitação e treinamento de pessoal (2), propriedade intelectual (1) e
prospecção tecnológica (1). Aqui, aparece um indicador positivo: uma
percentagem de projetos que foram apresentados com foco em inovação. Percebe-se
por estes dados que as empresas estão mais atentas às atividades de inovação.
Finalizando a análise dos dados, cabe ressaltar que ainda há problemas na
classificação adotada neste processo de transição. Em primeiro lugar, deve-se
mencionar que os dados referentes ao campo "objetivo" apresentam 151 demandas
classificadas como Outros, o que chamou a atenção da equipe de GIC, pois este
número é um ponto crítico no processo de classificação. Com este dado, pode-se
levantar algumas questões: será que o demandante está classificando a sua
solicitação de forma correta? Será que a equipe de Gestão do Conhecimento e da
Informação definiu os objetivos de forma a atender às necessidades do
demandante? Para obter respostas a estas perguntas, será preciso analisar
individualmente e de forma qualitativa cada demanda. Só assim será possível
identificar as lacunas. Em segundo lugar, o campo Abertura de empreendimentos
recebeu 121 classificações, mostrando que há um grande interesse dos
demandantes em obter informações sobre como abrir seu próprio negócio. Foram
classificadas como melhoria tecnológica 86 demandas, o que mostra a preocupação
em obter maior qualidade do produto, redução de tempo de fabricação e maior
produtividade. Inovação ficou em quarto lugar, com 55 classificações, o que é
um indicador positivo, pois se percebe que as empresas estão atentas à
necessidade de inovar no mercado em que atuam, na busca de desenvolvimento de
produtos e/ou de processos, por meio de recursos financeiros público/privado. A
atenção aqui se prende ao conceito e à compreensão do termo inovação
tecnológica. É preciso analisar com cautela e, de preferência, in loco, o que
os demandantes compreendem e consideram como produto ou processo inovativo. Os
objetivos menos solicitados foram os de transferência de tecnologia, (1),
patente e marca (2 cada uma).
Percebe-se que a RETEC/MG tem um importante papel na oferta e na demanda de
informações e de serviços tecnológicos. Estes, depois de classificados e
tratados de forma adequada, podem permitir estudos de prospecção tecnológica e
estratégica para as regiões de todo o estado de Minas e contribuir com
indicadores de apoio à política industrial e de inovação.
5 Considerações finais
Este artigo foi estruturado a partir de um estudo pioneiro e piloto realizado
na Rede de Tecnologia de Minas Gerais. Através deste, foi possível perceber que
a Rede é um ambiente rico em informações e em serviços tecnológicos
provenientes de demandas. Constata-se que a informação com foco tecnológico é
de suma importância para as atividades estratégicas de uma organização, pois
está carregada de ativos tangíveis e intangíveis de como fazer um produto ou
prestar um serviço, e de como manter-se num mercado cada vez mais competitivo e
mutável.
Percebe-se que a RETEC/MG está alinhada com as diretrizes da Lei de Inovação na
busca pelo estímulo dos centros científicos e técnicos em relação à indústria,
através de pesquisas aplicadas, por ser um ambiente de compartilhamento de
informação e de suporte tecnológico; por permitir a integração da demanda e da
oferta tecnológica entre os diversos agentes econômicos, sociais e
institucionais; por prover ações colaborativas entre instituições públicas e
privadas voltadas para a política industrial e de inovação; e por mobilizar as
empresas no desenvolvimento das competências em pesquisa, tecnologia e
inovação, na busca de soluções estratégicas.
A partir deste estudo, observa-se que não se pode desprezar as teorias e
metodologias de classificação. O processo de classificação é importante na
ordenação e organização das informações que compõem um sistema. O sistema de
informação só pode ser bem sucedido se em seu processo contemplar adequadamente
a etapa de classificação. Como a RETEC/MG é um sistema em rede e requer a
adoção da classificação das demandas, verifica-se que a redefinição das
classificações é de extrema relevância.
Com o processo de transição das classificações, observa-se que o demandante
passou a ter mais facilidade para classificar as demandas e o supervisor
interferiu menos no ajuste dos dados, o que gerou mais confiabilidade. Apesar
deste esforço, nota-se ainda que em algumas situações houve dificuldade por
parte do demandante na realização da classificação.Talvez esta dificuldade
ocorra pela falta de conhecimento do demandante sobre os termos utilizados pela
Rede para classificar as demandas, como: propriedade intelectual, insumos,
prospecção tecnológica, inovação, dentre outros. Isto ocorre pela falta de um
manual de orientação e de um glossário que ajudem os demandantes na atividade
de classificar de forma correta e que esclareça o significado de cada termo.
A partir da análise dos dados, averigua-se a situação atual das empresas nas
regiões do estado de Minas Gerais como demandantes de informações e serviços
tecnológicos. Conclui-se que todo o estado faz uso da Rede, sendo que algumas
regiões mais e outras menos. As regiões que mais fazem uso dos serviços são a
Região Metropolitana de Belo Horizonte e o Sul de Minas, exatamente aquelas
mais desenvolvidas social e economicamente. As regiões que menos solicitaram os
serviços são aquelas com baixo aglomerado industrial de micro e pequeno porte.
Outra constatação é que as indústrias buscam o apoio da Rede para realizar
empreendimentos e obter informações sobre desenvolvimento e melhoria de
processos e produtos. Porém, quando se analisam os dados sobre a proteção do
conhecimento na perspectiva da propriedade intelectual, as indústrias não estão
atentas a este item, sendo que a principal causa pode ser o fato de inovarem
pouco e também dos custos de proteção ainda serem caros para a micro e pequena
indústria.
Cabe ressaltar que as demandas por informação destacam-se em relação às
demandas por serviços. Esta afirmação é ponderada pelos dados apresentados no
estudo, onde a informação tem se destacado como um recurso estratégico
fundamental para o desenvolvimento organizacional e a abertura de
empreendimentos. Outro motivo que mantém a informação no ranking em relação aos
serviços tecnológicos se dá pela atuação recente do AMITEC. Para ilustrar esta
afirmação, toma-se como exemplo o APL de calçados de Nova Serrana em Minas
Gerais. No mês de julho de 2006, houve uma ação da Gerência de Meio Ambiente do
Sistema FIEMG junto às empresas do Arranjo, na qual o coordenador do programa
AMITEC realizou uma divulgação sobre os benefícios que a empresa tem à
disposição para a solução de problemas tecnológicos. Após o trabalho de
divulgação, houve um aumento representativo das demandas por serviço no mês de
agosto e setembro. Talvez em um futuro próximo este tipo de demanda venha a se
igualar às demandas por informações. Mas para que esta equivalência ocorra será
preciso uma atuação direcionada, constante e forte do AMITEC junto às
indústrias.
Outra afirmação é a de que os serviços oferecidos pela Rede têm minimizado os
gargalos e contribuído para o desenvolvimento das indústrias mineiras,
principalmente aquelas beneficiadas com o programa AMITEC. Quanto aos
investimentos provenientes deste programa, percebe-se que as indústrias buscam
este apoio para a resolução de questões de base, como: diminuição de gastos com
energia, alteração de layout da área de produção, desenvolvimento e melhoria de
produtos e processos.
É importante frisar que este trabalho não se encerra com este estudo piloto,
configurando-se mais como o início de vários estudos que podem ser realizados a
partir dos dados que compõem a Rede, como: ajuste das demandas de 2002 a 2006 à
nova proposta de classificação (com este estudo pode-se extrair vários
indicadores capazes de retratar as indústrias de Minas com relação às questões
tecnológicas); estudos prospectivos sobre estratégias, tecnologias,
desenvolvimento e inovação em Minas Gerais; estudo de monitoramento e análise
de tendências; estudo sobre as principais informações e serviços demandados
durante a atuação da Rede; estudos in loco com empresas beneficiadas com o
programa AMITEC; estudos baseados em demandas realizadas por indústrias que
compõem a estrutura de APLs, visando identificar suas fragilidades e
potencialidades, o que pode permitir um melhor direcionamento dos esforços do
sistema FIEMG; estudos qualitativos sobre as demandas classificadas no campo
Outros, visando verificar a razão do alto índice de classificação neste item;
estudo de metodologia para controle e fluxo de conteúdo proveniente de
atendimentos informais.
A Rede de Tecnologia de Minas Gerais tem sido um instrumento importante para
intermediar as necessidades do demandante, alinhando-as à oferta de serviços
disponibilizados. E, com a implementação dos estudos mencionados acima, estes
poderão contribuir com o desenvolvimento e o crescimento das indústrias,
orientando no direcionamento de recursos públicos e privados para questões
estratégicas da indústria e subsidiando políticas públicas.
O Sistema FIEMG pode ser beneficiado com este estudo, por este permitir o
dimensionamento de oportunidades e de ameaças no momento presente e futuro, e
orientar a RETEC/MG em suas ações, principalmente, junto às microrregiões que
pouco demandam informações e serviços, uma oportunidade que não pode ser
desconsiderada.