Cooperação internacional em ciência e tecnologia: oportunidades e riscos
Introdução
Este trabalho explicita diferenças entre colaboração e cooperação visando
entender "as novas formas de trabalho conjunto" observadas desde a década de 80
nos países líderes mundiais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)1. Pretende
chamar a atenção de estudiosos, planejadores e administradores de política de
Ciência e Tecnologia (C&T) no Brasil para a evolução deste tipo de
trabalho; a identificação dos parceiros; os motivos que os fazem cooperar, e as
condições para o estabelecimento de parcerias. Razões que diferenciam projetos
internacionais e parcerias bem sucedidas, de outros que têm seu desenvolvimento
comprometido e os objetivos não atingidos. Além disso, a organização em
cooperação favorece o setor público quanto à transparência e coordenação, e
portanto, é um instrumento de política para evitar anomalias de mercado, como
monopólios, que inibem o processo competitivo. Novos tipos de competidores,
trabalho conjunto e restruturação industrial, via introdução de novas
tecnologias e inovação, inclusive organizacionais com impacto sobre a
produtividade, têm acirrado a competição.
A cooperação baseada em P&D enfatizando as alianças estratégicas constitui
tema de vários estudos2 e seu conceito é crucial para se entender a atividade
de P&D, por isso, constam do presente texto. Diferente do conceito de
alianças em setores estratégicos, alianças ou parcerias estratégicas são novas
formas de trabalho conjunto entre parceiros industriais rivais ou não,
derivadas dos princípios da globalização. A aliança inaugura uma vantagem
competitiva dos parceiros e passa pela inovação, tecnologia e crescimento
sustentável. Representa oportunidades, mas, como muitas vezes, a distinção
entre o nacional e o internacional é apenas retórica, pode representar riscos
para os países em desenvolvimento3.
Narula (2001)4 discutiu a pertinência de se desenvolver P&D internamente ou
no exterior e, neste último caso, sob que condições. Estudiosos se dedicaram ao
exame dos benefícios de consórcios de P&D, traduzidos no compartilhamento
de custos fixos e na internalização dos aspectos de P&D entre os
participante. Poyago, Beath e Siegel (2002)5 analisaram o crescimento de
parcerias universidade-empresa, enquanto Sakakibara (2003)6 tratou de inovação
e aprendizado relacionados à P&D. Wagner (2002)7 mostrou como a ciência se
imbricou com a política externa em tempos de paz, assunto enfatizado neste
trabalho.
Vantagens e desvantagens em cooperar internacionalmente
Por que cooperar internacionalmente? Porque cooperação é a melhor forma ou
apenas o único meio para alcançar objetivos comuns no mundo globalizado. A
cooperação internacional abre janelas de oportunidade para os países em
desenvolvimento. Mas cooperação requer barganha para se alcançar um acordo, e
neste processo, todos os parceiros tentam maximizar seus interesses. Assim,
consumar um acordo e sustentá-lo até o final do projeto/programa comum é uma
tarefa árdua.8 Constituem benefícios da cooperação, o compartilhamento dos
custos, o acesso à experiência, tecnologia e instalações. A cooperação serve
também como reforço político para o projeto/programa; cria ou estreita boas
relações, exerce influência sobre os parceiros e funciona como efeito
demonstração de liderança.
Por outro lado, os riscos em cooperar são a perda de liberdade de ação, com a
criação de dependências, além do incremento da complexidade gerencial. Riscos
políticos se a cooperação falhar; transferência "indesejada" de tecnologia
sensível pela comunicação muito pessoal e, ainda, ajuda involuntária em criar
ou fortalecer futuros competidores9. Por isso, os países desenvolvidos reservam
uma parte de conhecimento de fronteira e inovação tecnológica ("core
technologies") para seu uso exclusivo, a fim de poderem garantir liderança e
receber dividendos provenientes de "copyrigths", marcas e patentes, e para tal,
empregam todo o aparato legal disponível de proteção à propriedade intelectual
e industrial. Tais instrumentos, os países mais desenvolvidos "fazem valer"
globalmente, usando os mais diferentes métodos e meios de persuasão, como
barreiras não alfandegárias, alfandegárias, comerciais e todo tipo de
retaliação, política e econômica10. Até nisso, a cooperação é benéfica, pois é
capaz de minimizar estes efeitos.
Colaboração e cooperação: modos diferentes de relação internacional
Colaboração e cooperação têm conceitos diferentes, embora ambas signifiquem
"trabalhar em conjunto" e sejam importantes. A colaboração é não eqüitativa e
assimétrica, o que implica a existência de um ator principal, responsável pelo
projeto/programa e proprietário dos resultados mais interessantes do ponto de
vista de aplicação estratégica, industrial e comercial, enquanto os outros
membros são apenas coadjuvantes. Em geral, este tipo de trabalho conjunto se
limita à assistência técnico-científica, à formação de recursos humanos para a
pesquisa, à utilização de equipamentos e laboratórios do membro principal em
experimentos conjuntos de interesse maior dos "donos da pesquisa"; à doação de
equipamentos usados para países menos desenvolvidos e à instalação temporária e
supervisionada em locais privilegiados no território do participante para
observação/coleta de dados do membro principal.
Critérios de preferência por parte deste último guiam a colaboração e definem,
tanto os participantes, quanto o nível individual de colaboração, o tipo de
projeto (piloto ou outro), além do tema do projeto/programa a ser desenvolvido.
O controle e a gestão da colaboração ficam por conta do membro principal. Não
há confiança mútua. O participante "mais forte", que pode ser individual ou
representante de grupos de interesse utiliza os resultados da pesquisa em seu
benefício, pois tem um sistema de apropriação e valorização do conhecimento
mais ágil e eficiente. Além disso, toma a iniciativa de criar programas
intergovernamentais em assunto de interesse geral, como meio ambiente. Muitas
das colaborações e projetos em andamento Norte-Sul11 na América Latina
apresentam este perfil e estas características.
A cooperação surgiu no final da Guerra-Fria com a efetivação dos princípios da
détente e da globalização. Houve necessidade de inimigos militares
tradicionais, Rússia e Estados Unidos (EUA) trabalharem juntos, tanto para
evitar a transferência de tecnologia sensível (nuclear e espacial) dos russos
para países "indesejados" pelos americanos, como o Iran, por exemplo, quanto
para contribuir para o aumento da competência dos aliados militares dos EUA,
que são simultaneamente seus competidores comerciais, em especial, a Europa
Ocidental e o Japão.
Monitorar estas atividades mundialmente, bem como manter sigilo industrial e
estratégico intramuros ficou muito difícil para os EUA, graças à difusão da
informação e comunicação de alta tecnologia em escala global. A mudança foi
também influenciada pela chegada em cena de novos atores, países não-alinhados,
com intenção de desenvolver atividades nucleares, além do crescimento
exponencial de não-estados. Ademais, organizações do terceiro setor em geral
passaram a ter um papel ativo em C&T.
Como resultado, a colaboração teve que evoluir para parceria mais eqüitativa,
privilegiando o diálogo, a negociação, a decisão conjunta, a definição de
projetos em comum acordo e o compartilhando dos custos, sobretudo os de
P&D.
O grande diferencial entre as duas formas de "trabalhar junto" coloca à
disposição da cooperação, o que cada parceiro tem de melhor, e de maneira
complementar, mas sempre garantindo a independência de cada membro. Coordenação
substituiu controle, e o exercício da confiança passou a ser o princípio básico
em prol da parceria. Os resultados da cooperação pertencem aos parceiros,
segundo definição previamente acordada, proporcional ao esforço de cada um,
pois há confiança entre eles.
Os arranjos legais tornaram-se gradativamente menos formais, e com isso,
permitem maior flexibilização das organizações envolvidas. Cada parceiro traz
para a cooperação o que sabe fazer de melhor. Por este motivo, entram em
cooperação. O processo cooperativo põe em evidência a ausência direta de
disputa em termos de apropriação do conhecimento e de tecnologias entre os
parceiros. Para isso, os acordos e convênios trazem cláusulas de propriedade
intelectual e industrial e todos respeitam porque confiam uns nos outros. Este
é o principal motivo para se entrar em parceria: todos ganham. Cooperar para
competir com outros fora da parceria é a meta.
A colaboração bem sucedida pode evoluir para cooperação. Um ponto essencial na
cooperação é que ela agrega funções e age transversalmente, assim, não se
limita à segmentação setorial. Reúne conhecimento tácito12, "kow-how" e
financiamento próprio. Cada parceiro é co-responsável pelo sucesso do
empreendimento. Este procedimento facilita o aprendizado organizacional. A
parceria é uma sociedade em que as regras são conhecidas, aceitas e respeitadas
pelos seus membros. Os conhecimentos multidisciplinar e multisetorial
enriquecem as alianças, tornando-as atraentes em termos de competitividade.
Vários anos de aprendizagem em trabalhar conjuntamente sob estas novas bases
foram necessários, sobretudo nas parcerias de gerência/gestão compartilhada de
programas e projeto13. Cooperação significa decisão conjunta, desde o
planejamento até a execução e avaliação final, bem como correção de rota para
projetos de médio e longo prazos.
As chances de sucesso da parceria aumentam com os esforços em absorver
conhecimentos anteriores de cada parceiro e os adquiridos na parceria.
Parcerias bem sucedidas motivam a realização de outras, mais audaciosas,
exigindo mais conhecimento, confecção de trabalhos mais elaborados;
compartilhamento mais eqüitativo em termos de financiamento de cada um, e às
vezes, conquista de fatias de mercado que as parcerias internacionais promovem
e facilitam.
Origens e características das alianças estratégicas
Desde quando as parcerias começaram a se desenvolver, passaram por várias
fases. Isto permitiu adaptações dos países que perceberam, de início, as
mudanças provocadas internamente, que ocorreram como resposta ao contexto
externo, cujas mutações, eles próprios produziram. Como conseqüência maior
destas transformações, as firmas destes países não mais se apóiam na sua
P&D para se manterem tecnologicamente competitivas. Este aspecto
diferenciou o modo de agir das empresas multinacionais que, anteriormente,
retinham os seus laboratórios de P&D na sede, e, conservavam os rivais à
distância.
A partir de meados dos anos 80, o desenvolvimento tecnológico e econômico
mundial foi guiado pela globalização e seus corolários, a détente (aspecto
político) e a desnacionalização e internalização (componentes econômicos) que
se somaram para influenciar o modo de produzir e de comercializar em escala
planetária.
Em resposta a tais mudanças e com o acirramento da competição, essas firmas
passaram a se agrupar em alianças estratégicas, associando-se, não raro, com
concorrentes, nacionais e internacionais, para sobreviverem no mercado
globalizado. Foi um período marcante de fusões e aquisições de firmas, bem como
da reestruturação de setores industriais tradicionais, através de rearranjos
organizacionais.
O termo aliança ou parceria estratégica foi introduzido nesta ocasião. De um
modo geral, aliança ou parceria estratégica se refere a acordos em que dois ou
mais parceiros compartilham o compromisso de alcançar um objetivo comum,
reunindo seus recursos e coordenando suas atividades. Alianças denotam um certo
grau de estratégia e de coordenação operacional e devem envolver investimentos
de cada uma das partes. Não há repasse de recursos financeiros entre os
parceiros.
Nem todas as parcerias são alianças estratégicas na concepção de Yoshino14,
adotada pelas Nações Unidas e neste trabalho. As excluídas, como fusões e
aquisições, contratos de subsidiárias externas de firmas multinacionais e
acordos de "franchising" não são alianças estratégicas porque não envolvem
firmas independentes, com objetivos separados, ou que apelem para contribuição
continuada de firmas participantes quanto à transferência de tecnologia ou a
habilidades dos parceiros.
No esforço de explicar as mutações então observadas, conceitos novos e
correlatos passaram a compor a literatura sobre as "novas formas de trabalho
conjunto" das firmas.
Redes são as organizações cooperativas interligadas que criam, adquirem e
integram os diversos conhecimentos e capacidades necessárias para inovar
tecnologias complexas. Exemplos destas ligações organizacionais em redes são as
alianças estratégicas. Consórcios, utilizando alianças estratégicas, apresentam
também esta estrutura e são largamente empregados em cooperação internacional
com vários membros. As alianças estratégicas provêem as unidades onde elas são
empregadas com flexibilidade, deixando-as aptas a responderem às mudanças que
ocorrem no mercado, e a reagirem ao aparecimento de novos competidores.
A tecnologia é a engrenagem das economias poderosas das sociedades pós-
industriais. As inovações tecnológicas caracterizam-se por processos auto-
organizáveis nas firmas e nos atores. Não há um controle central para arranjar
as capacidades tecnológicas e recombinar as antigas. As redes de inovação são
auto-organizáveis e estão vinculadas ao processo de globalização, na medida em
que as mudanças organizacionais e tecnológicas ajudam a criar os mercados e a
viabilizar a participação de outras instituições. Tais redes são capazes de
aprender por interação. Para isso, desenvolvem relações de confiança entre as
partes.
Correspondentemente, as instituições políticas e econômicas modificam as novas
organizações e, também, as inovações tecnológicas. A organização/administração
das instituições é tão importante quanto as atividades de P&D, pois delas
depende a efetividade da inovação, até a sua chegada ao mercado. A
flexibilidade das redes e sua renovação são essenciais para as mudanças nas
demandas do mercado. Tais redes precisam responder de maneira competitiva, mas
devem ser capazes de se adaptar de forma a influenciar o meio a que têm acesso.
Há uma auto-organização quando firmas tentam diversificar sua capacidade e
aumentar seus recursos, e para isto, buscam parceria.
As alianças estratégias são orientadas pelas demandas do mercado globalizado,
custos da sua rápida inovação e pelas oportunidades que se abrem pela
regulamentação e as iniciativas de liberalização. Seguindo este padrão, mais de
10.000 alianças estratégicas internacionais em tecnologia foram formadas nos
anos 90. Os EUA contribuíram com 80% das alianças estratégicas, nacionais
(maioria) e internacionais. Projetos cooperativos foram intensamente usados
pelo Japão e o governo coreano lançou uma série de programas cooperativos de
P&D desde 1982.15
Uma reação a tal movimento ocorreu na Europa Ocidental associada à questão do
emprego. As barreiras para mudar foram muitas, pois exigiam alto
investimento16. Foi um período de transformações organizacionais profundas no
setor industrial de vários países que se prepararam para uma nova etapa, com a
intervenção decisiva dos respectivos poderes públicos, mesmo por parte dos
adeptos do livre-comércio. O que estava em jogo, na ocasião, era a
competitividade das indústrias e a sua sobrevivência, inclusive as americanas
que apontavam deficiências em relação à japonesa que introduzira inovação
organizacional no seu setor produtivo anos antes.
Conselheiros em política de C&T dos EUA alertaram o governo sobre a
necessidade de as políticas tecnológica e industrial serem renovadas para
tratarem com as complexidades tecnológica e organizacional para manter a
liderança do seu país17. Estudos acadêmicos e, também, de organismos
internacionais, visando a criação de políticas públicas se dedicaram, a partir
de então, a orientar os governos para tirarem o máximo proveito da "nova ordem
econômica" que se formava. O objetivo para os países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico e para as nações em desenvolvimento, era
no sentido de os governos incentivarem a indústria nacional a se engajarem em
processos inovativos, utilizando a nova maneira de organização. Dunning
(1998)18, por exemplo, se dedicou ao exame do efeito que alianças estratégicas
tiveram sobre o desempenho industrial.
O Brasil se engajou neste movimento para responder a demandas tecnológicas, mas
sem se dar conta do processo global de difusão em curso e do impacto que teriam
nos anos seguintes. A crise econômica que se abateu sobre o Brasil, aliada à
necessária democratização naquele momento (anos 80), desviaram a atenção e o
esforço nacionais sobre as questões tecnológicas e as implicações que as
parcerias vinham provocando mundialmente.
Ora, os países que geram inovação são os que produzem e detém tecnologia. São
também os que mais rapidamente criam ou adaptam suas estruturas industriais e
organizacionais para facilitar a adoção e difusão de novas formas de produzir.
Eles são os maiores usuários das parcerias formais, das quais uma faixa
estreita contempla inovação, pois o mapa da inovação é muito restrito a alguns
países desenvolvidos. Os países em desenvolvimento utilizam parcerias
estratégicas, mas representam menos de 5% do total mundial19. Este percentual
indicou para vários estudiosos que os países em desenvolvimento estavam ficando
para trás nos setores emergentes. Parcerias baseadas em P&D são importantes
pois impactam sobre a capacidade industrial dos participantes. Um grande número
de parcerias se destina a atividades como marketing ou somente P&D,
refletindo o papel crescente de firmas de serviço em parcerias internacionais.
Mudanças conceituais envolvendo inovação e reforçando o papel de parcerias
O que mais distingue o período contemporâneo dos anteriores é que inovações a
custos competitivos resultam da organização de pessoas comuns, com treinamento
avançado em trabalho em grupo, e que consideram a inovação como propósito
coletivo. Parcerias podem ocorrer verticalmente através das cadeias de valor,
desde os fornecedores de matérias-primas, passando pela pesquisa, design,
produção e montagem de partes, até a distribuição de produtos e serviços.
Parcerias horizontais envolvem competidores no mesmo nível da cadeia de
valor20. Parceiros podem ter suas bases em um ou mais países, no último caso,
criando cooperação internacional. Enfim, estudos foram dedicados a classificar
os vários tipos de parceria como o de Hagedoorn (2002)21 usando diferentes
níveis de interdependência organizacional entre os parceiros desde 1960.
Há alguns anos, os sistemas nacionais de inovação se organizam para favorecer o
aparecimento e facilitar a utilização e difusão de inovação. Embora sistemas
nacionais de inovação existam em vários países há anos22, no Brasil, ele não
foi implantado, e isto, por vários motivos discutidos, com detalhe por Meyer-
Stamer (1995)23 e cujos argumentos continuam válidos. Nos EUA, no âmbito do
sistema de inovação, as mudanças políticas incluíram a expansão de programas
para apoiar parcerias tecnológicas público-privadas, a relaxação da lei
"antitruste" para promover a pesquisa cooperativa, e a adoção de várias
iniciativas para proporcionar uma difusão mais rápida de tecnologias das
universidades e laboratórios federais para as firmas. O mecanismo usado foi o
de parcerias estratégicas de pesquisa24.
Muitas vezes, entidades públicas e privadas que realizam P&D necessitam
apenas do nome de instituições para legitimarem sua ação. É a marca de
produtos/projetos de pesquisa, ou de instituições que lhes conferem status e
legitimam suas ações conferindo-lhes aval. O processo de desnacionalização
promoveu esta atividade em nível industrial. Como a obtenção de uma marca é
dispendiosa, um parceiro pode usar a marca de outro legitimado no mercado, para
fabricar produtos fora do país de origem da marca. Isso é fruto de colaboração
entre os diversos atores do Sistema Nacional de C&T, os sistemas político,
econômico, e quando existente, com o de inovação.
Dificuldades de adaptação abaixo do Equador
Tirar o máximo proveito de parcerias foi o objetivo de vários países. Para
isto, tiveram que se preparar e, consequentemente, investir nas suas estruturas
industriais, de C&T e em novos conhecimentos, o que provocou o avanço da
fronteira da ciência, propiciou a criação de novos produtos e promoveu a
inovação tecnológica. Ora, os anos 80 e 90 foram marcados por crises
financeiras e econômicas em nível mundial e que demonstraram o nível de
globalização das nações, com impacto extremamente negativo sobre as economias
da América Latina. Porém, sabe-se que é em épocas de crise que as oportunidades
aparecem, e assim, alguns países em desenvolvimento conseguiram resolver seus
problemas internos, pois gozavam de alguns escudos de proteção contra a
especulação financeira, e lograram prosperar moderadamente25. Isto pode ser
observado nas estatísticas deste período.
As Nações Unidas26, usando a base de dados Merit-Cati, listou as 25 firmas mais
ativas em parcerias tecnológicas nos países em desenvolvimento no período 1980-
1994, nos setores eletro-eletrônico, automobilístico, aviação, químico,
aeroespacial, telecomunicações e petroquímico. De um total de 217 projetos de
parceria, o Brasil está representado apenas pela Embraer e com 3 parcerias,
enquanto que a Coréia do Sul, liderando o grupo, comparece com 10 empresas e
100 parcerias, e a Arábia Saudita com 16 parcerias e uma única empresa, sendo
que este país investe pesadamente nos EUA.
Estes dados sugerem que, ao invés de os analistas brasileiros de C&T
compararem somente o número de patentes de países, como o fazem
sistematicamente com o Brasil e a Coréia, um outro indicador interessante de
desempenho tecnológico e industrial é o do número de empresas e de suas
parcerias estratégicas, nacionais e internacionais. Nem sempre empresas
patenteiam seus resultados, por segurança e/ou segredo industrial. Pouco ou
nada, porém, tem sido feito para incluir nos estudos desses analistas,
parcerias estratégicas ou outras formas cooperativas que traduzem as atividades
de P&D nas empresas. Enquanto patente é indicador de "output" de uma parte
da atividade de P&D, o número de parcerias estratégicas por empresa é
indicador de "input" da mesma atividade, guardando relação de dependência com o
desempenho final. A propósito, a Embraer e a Petrobrás dispõem de poucas
patentes se comparadas com empresas de outros países, mas têm alianças
estratégicas, e são empresas líderes no Brasil com mercado internacional para
seus produtos.
Uma explicação possível para este comportamento e a metodologia usada nos
estudos mencionados é que a análise da política tecnológica no Brasil tem um
viés conceitual. Trata-se da sua ligação com o debate da política industrial,
realizada por especialistas em política científica. O motivo é que o Brasil
ficou os últimos 25 anos sem uma política industrial, recriada em 2004. Neste
período, entretanto, se organizou uma comunidade em política de C&T no
País, que usou intensivamente o modelo linear de mudança técnica. Neste modelo,
o desenvolvimento da tecnologia é "input" necessário para a indústria, cujo
desempenho é medido pelo número de patentes. Os setores de aviação e
aeroespacial são os maiores contra-exemplos desta "lógica". A propósito, redes
de cooperação só começaram a ser estudadas no Brasil bem mais recentemente, e,
não necessariamente, com o mesmo enfoque e os mesmos conceitos internacionais,
uma vez que no exterior, elas se desenvolveram como teorias da firma, e no
Brasil, como atividades de C&T em geral, com ênfase na pesquisa ou ligadas
à análise de blocos regionais, como por exemplo, em Velho (2001)27.
Os novos países industrializados contam, entretanto, com um diferencial nas
suas políticas tecnológicas e industriais representados pelas alianças ou
parcerias estratégicas por setor industrial, pelo menos desde a década de 80
(Tabela_1).
Um outro indicador para medir essas atividades diz respeito às remessas
brasileiras ao exterior de contratos de transferência de tecnologia. Conforme a
Tabela_2, há uma tendência de diminuição destas remessas a partir de 1999, em
relação a marcas e patentes licenciadas no exterior.
Isto sugere que o Brasil pode estar substituindo ou modificando o perfil dos
bens e serviços que produzia sob licença internacional, graças ao incremento de
P&D desenvolvido internamente, talvez por meio de parcerias estratégicas.
Isto pode, consequentemente, ser resultado de políticas públicas setoriais
aplicadas à indústria, apesar da ausência de política industrial explícita no
período. Em se comprovando esta hipótese, com a tendência se confirmando no
longo prazo, este comportamento é muito positivo para a política industrial
brasileira. Franquia e assistência técnica que apontam crescimento mais
recentemente não são parcerias estratégicas mas sim as marcas e patentes, que
diminuíram a partir de 1999.
Cooperação internacional e seus pré-requisitos
Por que algumas parcerias internacionais dão certo e outras não? Estudos sobre
o assunto apontam para a existência de pré-requisitos para que parcerias sejam
bem sucedidas. As principais são: a escolha dos parceiros, a definição conjunta
do tema da pesquisa ou do projeto; a divisão de trabalho; os objetivos a serem
alcançados; as condições materiais e intangíveis de cada membro. Isto define o
grau e a natureza do trabalho conjunto, que pode ser, desde uma assistência
técnica à uma genuína cooperação, passando pela colaboração. Manter a
cooperação internacional exige condições como comprometimento, algumas de
Chefes de Estado, confiança e respeito dos parceiros, cumprimento dos objetivos
comuns e de tudo que foi acordado entre eles.
O Brasil integra com mais 15 países, o programa da Estação Espacial
Internacional (ISS). Para implementá-lo, a agência espacial americana (NASA)
firmou acordos bilaterais com as suas congêneres na Europa, Japão, Canadá e
Brasil e o presidente americano assinou um Acordo Intergovernamental com os
chefes de Estado de cada país-membro. Isto só foi possível para o Brasil após a
inclusão de um adendo sobre a participação brasileira na ISS no Acordo-Quadro
sobre o Uso Pacífico do Espaço Exterior assinado entre o Brasil e os EUA em
1996. A contribuição do Brasil se deu a convite do presidente americano para a
realização de uma parcela da tarefa da NASA que detém cerca de 50% do
consórcio, com barganha comandando a negociação que viabilizou a participação
do Brasil como colaboração (participante), enquanto a participação dos outros
15 membros (parceiros) configura cooperação horizontal Norte-Norte29.
Mesmo quando se trata de parceiros de C&T dentro de um bloco comercial, é
necessário distinguí-los. Argentina, Paraguai e Uruguai não têm a mesma
história de cooperação com o Brasil.
Grandes temas com forte apelo político, como espaço, nuclear, e energia,
mudanças globais exigem uma intervenção diferente dos temas menos "sensíveis".
Entretanto, historicamente, têm servido de carro-chefe para alavancar outros
setores de interesse para a sociedade, utilizando cooperação internacional.
O tratamento e a prática da cooperação internacional demandam um conhecimento
prévio dos elementos que lhe são intrínsecos. Identificar o interlocutor/
parceiro é uma tarefa fundamental para as etapas seguintes. Assim, se o
projeto/programa diz respeito à parceria formal, entre Estados, a metodologia
aplicável é analisar os interesses mútuos e áreas nas quais a colaboração ou
cooperação é desejável. Esta metodologia se justifica, pois, geralmente,
parceria deste tipo começa com a definição de áreas de interesse mútuo, seguida
de missões exploratórias cujas recomendações subsidiam acordos bilaterais
posteriormente.
Para isto, há procedimentos padrão e arranjos legais específicos, como
memorandos de entendimento, visitas técnicas e científicas, seguidas de
"workshops" fundamentais para a definição dos termos de referência que comporão
os documentos básicos de formalização da cooperação. Neles ficarão explicitados
os papéis de cada parceiro, os objetivos; recursos empregados, fonte de
investimento, formas de avaliação, enfim, tudo que for necessário ser acordado
na aliança, sendo que a atualização periódica dos acordos é fundamental.
Acordo-quadro e convenção-quadro de cooperação em C&T entre nações
assinados pelos seus mandatários dão respaldo legal e político às parcerias.
Estabelecem os princípios e regras gerais, mas não estipulam prazos nem
obrigações específicas. Têm força de lei nos países que os ratificam, porém não
garantem o cumprimento das suas determinações. Alguns setores, envolvendo
questões estratégicas e complexas como espaço e nuclear (não existe acordo de
transferência de tecnologia de bens sensíveis) necessitam de tratados
ratificados pelo Congresso Nacional, conforme rege a Constituição Federal.
Existe uma hierarquia entre esses acordos dependendo da sua natureza, do grau
de avanço das negociações e do número de nações signatárias. Por exemplo,
Protocolos podem avançar para Tratados, como o de Kyoto, em vigor, após a
ratificação pela Rússia, embora os EUA não tenham aderido e dificilmente o
farão pois utilizam como fonte de energia, preponderantemente, o carvão mineral
(~80%).
Outro exemplo de funcionamento de negociação internacional complexa é o acordo
de salvaguardas para o uso da base de lançamentos de Alcântara por satélites
comerciais (80% americanos) assinado entre o Brasil e os EUA em 2000 e que
necessita ser ratificado pelo Congresso Nacional, com pendência até hoje. Casos
especiais são autorizados pela Advocacia Geral da União, como o estabelecimento
recente da empresa binacional Brasil-Ucrânia na área espacial.
A reboque do compromisso político vem o comprometimento financeiro para que
acordos ou convênios não passem de meros exercícios coletivos sem possibilidade
de realização e de alcance dos objetivos propostos. Acordos internacionais com
o Brasil precisam de "aval" político, pois a credibilidade nacional ainda está
sendo testada por parceiros externos em projetos de longo prazo e garantia de
fluxo de caixa. Parcerias internacionais com o Brasil bem sucedidas tiveram o
apoio mencionado, como a do programa CBERS (China Brazil Earth Resources
Satellites).
Por que C&T está na agenda de política externa?
C&T é uma componente transversal de várias atividades econômicas e sociais.
Assim existe uma tendência de os parceiros de P&D se congregarem em torno
de idéias e de projetos comuns tendo como objetivo final essas e outras
atividades. A finalidade é minimizar gastos em infra-estrutura e valorizar a
fertilização cruzada de conhecimentos, ou seja, com retroalimentação, e não de
maneira linear. Este é um ponto comum à cooperação, que tem a mesma
característica: é também transversal e rompe com os setores, agregando funções.
Não é sem motivos que redes e "clusters", alimentados por alianças estratégicas
e outras formas de arranjos cooperativos, apresentaram crescimento explosivo
nos últimos anos, e se tornaram instrumentos poderosos na estratégia de firmas,
governos e comunidades científico-tecnológicas dos países avançados, rompendo e
ultrapassando barreiras geográficas.
Uma pequena parcela das atividades de P&D fica protegida dentro dos países
desenvolvidos, por motivos de segurança nacional ou proteção à propriedade
intelectual e industrial. Outras atividades, mesmo as que geram inovação, porém
de itens que demandam menos recursos financeiros, tempo de pesquisa e maturação
tecnológica são entregues à parceria internacional sob várias formas, como
alianças estratégicas e terceirização (outsourcing que tem a Índia como
recordista em Tecnologia da Informação). Estas são maneiras de cooperar menos
formais, mais ágeis, sem necessidade de os parceiros criarem uma empresa nova
como nas joint-ventures. Como o marco legal é flexível, o compromisso maior
volta-se para criar, promover e conservar laços de confiança entre os
parceiros.
Além disso, a transversalidade da C&T facilita o diálogo entre os atores
políticos e a retomada de negociações entre nações. Consequentemente, é útil
para compor agenda de política externa. A propósito: "A viagem a Washington se
insere, assim, na estratégia de construção de uma agenda positiva entre Brasil
e Estados Unidos, pela via científico-tecnológica.", afirmou o ex-Ministro da
C&T em 200230.
As comunidades científicas têm experiência em trabalho conjunto sob várias
formas, e por isso, têm servido de facilitadores para abrir canais de diálogo
com outros atores, sobretudo os governamentais e industriais, mesmo em setores
protegidos. Enquanto representantes suprapartidárias, a Academia Brasileira de
Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência atuam como
interlocutores com instâncias políticas. Peças-chave dentro de embaixadas,
adidos científicos desempenham papel primordial em criar oportunidades de
parceria com instituições de C&T nos países onde estão credenciados.
Ciência, tecnologia e política externa se somam, mais do que nunca, mas de
forma diferente da que fizeram durante e logo após a Segunda Guerra Mundial31.
Cooperação Internacional: instrumento de economia e geopolítica
Dada a importância da cooperação internacional para a aproximação entre os
povos, mas regida por interesses políticos e econômicos, o papel principal
desta atividade tem sido conduzido pelos próprios chefes de Estado e suas altas
administrações. Governos utilizam-se de colaboração internacional por vários
motivos, que desde o final da Guerra-Fria, combinam C&T com geopolítica e
economia. As visitas de governantes a países com os quais mantém relações de
amizade são sempre uma ocasião propícia para incluírem na pauta de negociação,
itens relacionados à C&T, como meio de reforçar suas economias e posições
comerciais e geopolíticas ao redor do mundo. Em geral, tais itens compõem a
agenda maior de política externa de cada país. A propósito, não há dúvidas
quanto à importância da visita do presidente Nixon à China em 1972, inaugurando
uma nova era no relacionamento internacional em escala planetária, enquanto que
apenas um século antes, a frota americana sob comando do Comodoro Perry havia
obrigado o Japão a se abrir para o comércio ocidental e a assinar tratados à
força. A aproximação com a China resultou em intensa parceria através de
alianças estratégicas utilizando, desde então, conhecimento científico e
tecnológico entre os dois países.32 No início, os EUA prestaram assistência
técnico-científica devido ao estado de deficiência em que se encontrava a
C&T resultante de anos de isolamento, principalmente em termos
institucionais. Na mesma linha, a visita do Presidente Sarney à China em 1988 e
a negociação de um projeto conjunto de satélites de sensoriamento remoto CBERS
rendeu seus frutos.33 Em 1985, compartilhando projetos comuns, os Presidentes
Raul Alfonsin e José Sarney assinaram a Ata de Iguaçu, dando início à histórica
aproximação Brasil-Argentina que resultou na criação do Mercosul em 1991. Com
os países do Mercosul, a cooperação representa a sobrevivência deste mercado
regional.34
Dadas as condições econômico'financeiras da maioria dos países da América do
Sul, tem cabido ao Brasil a maior parte do financiamento das atividades de
C&T do bloco, como o Programa Sul Americano de Apoio às Atividades de
Cooperação em Ciência e Tecnologia do Brasil com os Países da América do Sul
(Prosul)35. A cooperação Sul-Sul tem sido muito fraca, desconsiderando-se as
instituições científicas em países em desenvolvimento, capazes de transferir
conhecimentos, que atuando de maneira coordenada e cooperativa, poderiam
reforçar sua capacidade científica e de negociação36.
A política externa adotada pelo atual governo brasileiro é a de procurar
parceiros fora do eixo tradicional, ou seja, da tríade EUA-Europa Ocidental e
Japão, expandindo a sua atuação internacional e abrindo novos mercados para a
sua economia, embora a diferença em relação ao governo anterior seja mais de
estilo do que na substância, de acordo com Almeida37. Entretanto, parcerias com
a tríade, significam para o Brasil, a constante e necessária renovação de
conhecimentos fundamentais para manter-se atualizado e participante em projetos
conjuntos com os produtores de conhecimento de ponta, de tecnologia e de
inovação tecnológica38.
Com países de economia em transição e novos parceiros, o relacionamento é
interessante e estratégico para o Brasil, como o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e
China)39, grupo estimado em ter uma posição de liderança mundial por volta de
2025, segundo Riess40 e o IBAS (Índia, Brasil, África do Sul) cujos ministros
de C&T se reuniram em setembro/2006 para fomentar a cooperação no setor41,
além de países do Mundo Árabe, parceiros em potencial. Esses grupos possuem
nichos e experiências bem sucedidas em alguns setores da economia, ou ainda
dispõem de muitos recursos financeiros para investir (Arábia Saudita) e são os
mais importantes para cooperação efetiva com o Brasil. Com a África portuguesa,
a prioridade em colaboração em C&T se dá por meio de assistência técnica em
setores como agricultura,42 saúde e cultura e esta colaboração tem recebido
atenção especial da parte do atual governo brasileiro.
Para parceiros tão variados, o que o Brasil tem para oferecer para participar
de alianças?
Parcerias: troca de experiências e complementaridade
O Brasil é uma nação com muito a oferecer a outras, e para receber delas
também, portanto, "trocar". O País não tem litígios com vizinhos. Atua até de
mediador em conflitos localizados (Equador com Peru Haiti, e Colômbia com
Venezuela). Avançou em temas como defesa dos direitos humanos e meio ambiente.
Contribui com a Organização das Nações Unidas para o retorno da paz no Timor
Leste e Haiti. Progrediu reconhecidamente em democracia e respeito às leis
internacionais. Estabilizou e cresceu sua economia chegando recentemente ao 11º
lugar em PIB no ranking mundial, na frente da Rússia e da Índia43. Moderniza
suas instituições e diversifica seu parque industrial, além de participar do
comércio global. Assim, passou a ser um país mais confiável, com liderança na
América do Sul.
O Brasil está organizado institucionalmente em termos de C&T há mais de
cinco décadas, dispondo de interlocutores em vários níveis, desde o
planejamento até instâncias decisórias. País continental, possui uma classe
média de umas 75 milhões de pessoas (~1/3 da população total), representando um
mercado das dimensões do mercado de um país consumidor da Europa. Enquanto
isso, a China constrói a sua classe média, os "capitalistas vermelhos", dada à
sua forte vinculação com o Partido Comunista.
Dificilmente o Brasil já não assinou acordo de colaboração científica, técnica
ou tecnológica com alguma nação. Somente o CNPq tem acordos chamados de
"cooperação" mas que são colaborações, segundo as definições adotadas no
presente texto, com mais de 29 delas, envolvendo 53 instituições e organizações
internacionais, muitos sendo apenas intercâmbio científico44. Mesmo assim, nem
todas as colaborações prosperaram, principalmente as multilateriais, ou avançam
muito lentamente.45 Algumas ficam adiadas, como a Cooperação Bi-regional ALCUE
(com a União Européia) que exibe muito mais características de colaboração do
que de cooperação, apresentando dificuldades para ser implementada, como aponta
Schmied46.
Países com maior experiência em firmar parcerias costumam oferecer janelas de
oportunidade, via acordos bilaterais, em grandes projetos definidos e
controlados por eles47 e que são colaborações e não cooperações. Outra forma, é
colaborar sob a modalidade de assistência técnica e científica, mesmo em
setores como espaço e nuclear; ou quanto ao uso compartilhado de grandes
equipamentos, pagando uma quota, mais uma forma de colaboração apenas.
Atualmente, as parcerias com empresas brasileiras são mais eqüitativas, embora
poucas ainda possam ser classificadas como tal. Os exemplos citados são sempre
os mesmos, Petrobrás e Embraer, por estarem em patamar diferenciado de
negociação internacional, com forte vinculação com o mercado externo, altamente
competitivo e cíclico, e por isso, diversificação e flexibilização são aspectos
cruciais nas suas estratégias. A propósito, alianças internacionais, portanto
cooperação internacional efetiva, foram decisivas para a Petrobrás dominar a
tecnologia de águas profundas. Para extrair hidrocarbonetos em grande
profundidade, a empresa investiu em tecnologias associadas, como Tecnologia da
Informação e novos materiais. Parceria estratégica e cooperação foram
efetivamente empregadas para decrescer custos, partilhar riscos, aprender e dar
um salto tecnológico. Cada uma das 3 etapas do projeto com 3 tecnologias
diferentes representou posições competitivas distintas em cooperação com
companhias estrangeiras de petróleo e engenharia e que são: Subsea Multiphase
Flow Pumping System (SBMS); Subsea Separation System (SSS) e Electrical
Submersible Pumps in Subsea Wells (EPRS). A Petrobrás tomou posição mais de
frente quanto à tecnologia mais desenvolvida (ESPS) para a qual a empresa
liderou o consórcio. Assumiu posição mais diversificada na tecnologia mais
intermediária (SSS) e mais conservadora quanto à tecnologia menos desenvolvida
(SBMS)48.
Conhecimento científico e tácito favorecem a cooperação
No universo científico é bem mais fácil e comum o estabelecimento de confiança
entre os parceiros, pois a concorrência ocorre em originalidade de publicação e
no reconhecimento social, sob forma de citações nominais, prêmios, e resultados
em benefício da sociedade. Quando a pesquisa é realizada em laboratórios
industriais ou em institutos tecnológicos de P&D, as parcerias obedecem
lógica diferente. Entretanto, cooperações com competidores e rivais existem, e
são as mais interessantes para examinar pois expõem o conceito de
complementaridade e flexibilização. A maioria das cooperações internacionais
apresentam este perfil.
O fluxo de conhecimento internacional é intenso quando se trata de pesquisa
básica. O interessante dessas iniciativas é que elas criam as oportunidades
(fase inicial) e raízes mais profundas que podem gerar cooperações
posteriormente. Da mesma forma, o conhecimento tácito é fundamental quando
equipes internacionais cooperam, pois existem cláusulas restritivas de
transferência de tecnologia em algumas áreas. A aproximação física dos
parceiros facilita a transferência de conhecimento por interação, fator de
valorização nas cooperações internacionais.
Aos países em desenvolvimento interessa participar de projetos de pesquisa
conjunto com países em desenvolvimento para aprender com eles. Mas a recíproca
é verdadeira, pois a cooperação só ocorre quando todos ganham, o que favorece o
trabalho em bases mais eqüitativas, quando as negociações são bem conduzidas.
Neste tipo de relação, o foco dos países desenvolvidos, em particular no
Brasil, é no conhecimento tácito e na coleta de material sujeita à legislação
local, como a lei brasileira contra a biopirataria, e de laboratórios naturais,
como ecossistemas e o Atlântico Sul.
Oportunidades e riscos para parcerias internacionais e a política externa
O relacionamento dos países avançados com o Brasil quando apenas técnico,
científico e cultural foi sempre bom. Reduzido algumas vezes, mas nunca
interrompido, mesmo sob governos militares e regime ditatorial. Os problemas
surgiram no plano tecnológico para o Brasil quando pretendeu ter autonomia em
setores que podiam comprometer países militarmente aliados, EUA e Europa
Ocidental, buscando colaboração com os Soviéticos nas áreas nuclear49 e de
veículos espaciais50.
A falta de adesão do Brasil ao sistema internacional de proteção à propriedade
industrial até 1997, quando foi assinada a lei de patentes, provocou
turbulências na relação EUA-Brasil, com prejuízo sobre vários outros setores da
economia. O Brasil, de fato, sofreu embargos tecnológicos e "resfriamento
diplomático"51 dos EUA até assinar essa lei e adotar mecanismos de disciplina e
controle nuclear no mesmo ano.
Levantando a bandeira de "isenção quanto à ideologia política", desde o pós-
guerra, a ciência brasileira avançou, usando intercâmbios, projetos comuns de
interesse da sociedade; trocou idéias em congressos; muita parceria e ganhou
legitimidade perante a comunidade internacional. A partir de 2001 ocupa 17º
lugar em publicações científicas internacionais, segundo o "Institute of
Scientific Information". Cientistas brasileiros participam de projetos
internacionais multilaterias de impacto. A lista é qualitativamente importante
e uma medida da atividade de colaboração internacional mantida pelo Brasil,
membro de mais de 30 organismos científicos internacionais52.
Representação brasileira em fóruns internacionais
Acordos-quadro e convenções-quadro são discutidos e memorandos de entendimento,
protocolos e tratados internacionais são assinados entre nações para formalizar
as suas participações. Funcionam como orientadores de princípios e regras
gerais, mas não estipulam prazos nem obrigações específicas. Têm força de lei
nos países que os ratificam, mas não asseguram as condições de fazer valer suas
determinações53.
Os oceanos, o espaço cósmico e a Antártica são as últimas fronteiras
científicas reconhecidas internacionalmente54. O seu impacto sobre o clima,
reservas naturais e meio ambiente é rico em conseqüências em várias esferas,
começando pela política.
Usando estatísticas desfavoráveis ao Brasil, a comunidade internacional o
acusou de incapacidade e falta de vontade em deter os desmatamentos na
Amazônia, até que imagens do satélite CBERS apontaram exageros. Em 2004, o
desmatamento voltou a ser preocupante, segundo informações do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais baseadas em dados de satélites fornecidos a
cada 3 dias. Este fato tem implicações internacionais sérias, pois o Brasil
passou a ocupar o 5º lugar dentre os maiores emissores de gases causadores do
buraco na camada de ozônio, posição que o torna frágil politicamente nas
negociações internacionais, mas os dados de satélite são obtidos pelo Brasil e
podem ser comparados com os internacionais, ambos com base científica.
O poder público e a sociedade têm o dever de manter as fronteiras da ciência
preservadas para as futuras gerações como bens públicos. É assim que este
assunto é entendido e tratado em países desenvolvidos. Por isso é que, de
tempos em tempos, ressurge o discurso planetário de que a Amazônia é patrimônio
da humanidade, e por isso, transcende as fronteiras geográficas e interesses
nacionais, e todos têm que "tomar conta dela", internacionalizando-a55.
O sucesso da cooperação internacional em C&T tem como importante
pressuposto, o da cooperação e articulação inicialmente em nível nacional. Se
esta última não funcionar, dificilmente a primeira o fará. Um exemplo mais
complexo desta relação é a organização de blocos regionais, pois vai além do
relacionamento bilateral entre os participantes. Seu funcionamento coloca à
prova as condições tratadas no presente trabalho para que a cooperação se
estabeleça e seja efetiva.
Preparação de blocos regionais: políticas públicas em ação
Um bloco regional para funcionar precisa estar maduro em todos os aspectos,
este é o principal legado que a União Européia nos deixou, através da lenta e
gradativa "construção da Europa" com 23 Estados-membros, e sua participação
como produtora de ciência, tecnologia e inovação.
A implantação da língua espanhola nos currículos universitários e sua exigência
para alguns concursos públicos no Brasil segue a lógica da União Européia, e é
resultado de fases preparatórias para uma posterior integração dos países da
América Latina, bem como, da preparação do País para o cumprimento de pré-
condições com vistas à "construção" do Mercosul. Normas técnicas, qualificação,
padronização e certificação dentro do bloco dependem da utilização de técnicas
e métodos científicos e tecnológicos confiáveis, e de um sistema unificado,
senão não existirá integração regional. Isto, sem dúvida, é política de C&T
para este bloco regional.
Alguns projetos/programas precisam de comprometimento político. Apropósito,
este foi um fator essencial para o programa CBERS, cooperação Sul-Sul sem
precedentes e exemplo de aplicação das definições e discussões do presente
texto, principalmente as que tratam da diferença entre colaboração e
cooperação56.
Ocorrem também por iniciativa de um dos parceiros com países sem experiência
nesta atividade, mas que os governantes desejam realizar para promoverem as
suas políticas externas e galgarem posições internacionais. Este fenômeno é
provocado pelas transformações introduzidas com a nova ordem internacional do
pós-guerra. As nações globalizadas redirecionaram as suas políticas externas, o
que envolve muita negociação e barganhas. Na prática, trata-se de um processo
de trabalho conjunto no qual todos aprendem por interação. Este processo é
fundamental quando a cooperação envolve múltiplos parceiros, e se constitui em
ferramenta poderosa no gerenciamento de projetos/programas coletivos.57 Manter
os compromissos firmados em todos os seus aspectos conta positivamente no
futuro relacionamento dos parceiros.
Apoio político e respeitabilidade em fóruns internacionais são importantes para
países como o Brasil que aspiram a uma posição no Conselho de Segurança da ONU
e vão além, defendendo uma ampla reformulação da própria organização, tema
estratégico para o Governo Federal58.
Considerações Finais: oportunidades, riscos e desafios
Entender porque, como, com quem e quando cooperar demandam conhecimento dos
benefícios e riscos de fazê-lo. A absorção de conhecimentos de C&T gerados
na cooperação pelas instituições passa por esta etapa. Esta é uma condição sine
qua non quando se trata de projetos estratégicos internacionais. Exceto em
casos excepcionais, sujeitos a cuidados especiais e legais, a parceria pode ser
usada em uma grande gama de aplicação, sem salvaguardas, e como colaboração
apenas. A cooperação é o meio pelo qual o trabalho conjunto de P&D se
realiza como aliança estratégica, mas existem outras formas de trabalho
conjunto, apresentados neste artigo. Distinguir qual delas é a mais adequada
para cada caso demanda estratégia concertada de governo com o setor produtivo
para ser bem sucedida.
Para o governo traçar políticas públicas estáveis e duradouras favorecendo a
cooperação internacional, sobretudo facilitando os resultados em benefício do
Brasil, políticas e ações complementares devem, necessariamente, fazer parte de
estratégia do Estado brasileiro, em vários níveis, passo a passo, integrada,
envolvendo muita ciência e tecnologia, mas também política interna e externa.
Interna, no âmbito das próprias instituições, que deveriam trabalhar mais as
interfaces e privilegiar as funções e os grandes temas, e não a divisão
artificial a que são obrigadas a se submeter por questões burocrático-
administrativas endógenas, que estão algumas vezes, na origem dos grandes
gargalos. Superposições e duplicidade de esforços são apenas o corolário da
falta de reconhecimento de tais problemas, não tão raras na administração
pública, pelo contrário.
Externa, na montagem de uma estratégia que integre os esforços internacionais
feitos pelo Brasil em C&T&I (e com muita precaução no I de Inovação) e
que passa, necessariamente pela compreensão do papel da comunidade de C&T
como geradora e produtora de conhecimento.
Em segundo lugar, é a necessária organização nacional prévia. Esta distinção é
fundamental para os planejadores e tomadores de decisão envolvidos nas relações
Norte-Sul, Sul-Sul, inter e intra blocos regionais.
Instrumento poderoso para impulsionar atividades importantes para o Brasil, a
cooperação internacional exige respeito aos seus condicionantes. Confiança,
compromisso, respeito a prazos e repasses financeiros para o projeto comum são
cruciais na cooperação Como os recursos tangíveis e intangíveis são escassos,
existe uma tendência mundial de que só permaneçam com apoio financeiro, os
projetos/programas que gerem resultados de mais curto prazo, ou que o impacto
contribua efetivamente para o desenvolvimento da economia, ou ainda, muito
emblemáticos. Esta é também a posição do atual governo brasileiro59.
As oportunidades para o Brasil são muitas. Cooperações podem ser firmadas por
representantes de agências com organismos internacionais; entre universidades e
institutos de pesquisa nacionais e internacionais, entre instituições de
pesquisa e empresas visando a colaboração bilateral; além da formação de redes,
"clusters", consórcios,60 sem necessariamente autorização oficial, exceto nos
casos previstos na Constituição Federal. Estes mecanismos são importantes na
medida em que as maiores iniciativas de colaboração científica e tecnológica
envolvendo países em desenvolvimento são do tipo Norte-Sul que podem avançar
para cooperações, se os pré-requisitos discutidos neste artigo forem
satisfeitos.
Quanto aos riscos de participar de parcerias internacionais, existe a
possibilidade de efeitos anticompetitivos, nos casos em que as alianças colocam
os competidores lado a lado em um mercado. Os países mais desenvolvidos tendem
a se impor sobre os menos desenvolvidos, através de suas firmas, podendo mudar
de estratégia sem os outros, o que já não é tão fácil, quando cooperação está
envolvida, devido à indispensável confiança e independência entre os parceiros.
Manter os compromissos internacionais em termos de prazos, padrão técnico, e
fluxo de liberação de recursos financeiros representa um gargalo para países em
desenvolvimento, como o Brasil. Existe um leque de opções políticas para o País
aumentar o número de parcerias, e por meio delas, a competitividade das firmas.
Entretanto, dependem de o governo sinalizar com os seus objetivos, pois falta
ao Brasil um projeto nacional de desenvolvimento. Em tempos de democracia, a
sinalização do governo ainda é importante. O setor privado não é audacioso.
Além disso, é fundamental distinguir-se as lógicas dos setores público e
privado para não criar expectativas inúteis. A parceria é interessante para
ambos, mas de maneira complementar, e não substitutiva e, por isso, a
cooperação é um instrumento importante. Existem atividades que são de Estado,
em qualquer lugar do mundo, pois dizem respeito a bens públicos, segurança e
pesquisa genérica de alto risco e longo prazo.
Em termos de desafios, um papel nobre do governo brasileiro seria o de
favorecer um ambiente de negócios para cooperação, com estabilidade
macroeconômica, arcabouço legal ágil e credibilidade; infra-estrutura
revitalizada e diminuição dos juros para incentivar parcerias entre firmas.
Alguns dos pontos enfatizados no presente trabalho foram destacados por Krieger
e Góes como desafios para que a cooperação Norte-Sul traga benefícios para o
Brasil. São eles:
"Incrementar a cooperação institucional com a participação do MCT e
suas agências, do Ministério das Relações Exteriores e a Academia
Brasileirade Ciências;
Evitar a assimetria entre as equipes e grupos que cooperam de forma
que se evite que os investimentos realizados não tenham continuidade.
É fundamental que as equipes e os programas tenham estabilidade nas
equipes e no financiamento;
Seguindo a tendência mundial, a cooperação multilateral deve ser
privilegiada, não em detrimento da cooperação bilateral mas como um
mecanismo mais ágil para a formação de redes de colaboração entre
pesquisadores."61
1 Ohmae, K. "The Global Logic of Strategic Alliances". Harvard Busisness
Review, Mar-Apr. 1989, p. 143-154; Gomes-Casseres, B. The
Alliance Revolution: The New Shape of Business Rivalry. Harvard University
Press: Cambridge, MA, 1996; Brascomb, M.M.; Keller, J.H.
(Eds). Brascomb, L.M; Florida, R. "Challenges Technology Policy in a Changing
World Economy" in Investing in Innovation, MIT Press, 1998.
2 Gibbons, M.et al. The new production of knowledge ' The dynamics of science
and research in contemporary research. London: Sage Publications, 1994; Etzkowitz, H. et al. "The Future of the University and the
University of the Future: Evolution of Ivory Tower to Entrepreneurial
Paradigm". Research Policy, Vol. 29, 2000, p. 313-330; Von
Zedtwitz, M; Gassmann, O. "Market Versus Technology Drive in R&D
Internationalization: Four Different Patterns of Managing Research and
Development". Research Policy, Vol. 3, 2002, p. 569-588.
3 Kats, J. "Structural reforms and technological behaviour. The sources and
nature of technological change in Latin America in the 990s". Research Policy
30, 2001, p. 1-19.
4 Narula, R. "Choosing Between Internal and Non-internal R&D Activities:
Some Technological and Economic Factors". Harvard Business Review Technology
Analysis & Strategic Management, Vol. 13, nº 3, 2001.
5 Poyago-Theotoky,J.; Beath, J; Siegel, D.S. "Universities and Fundamental
Research: Reflexions on the Growth of University ' Industry-Partnerships".
Oxford Review of Economic Policy, Vol. 8, nº 1, Oxford University Press, 2002,
p. 10-21.
6 Sakakibara M. "Knowledge Sharing in Cooperative Research and Development".
Managerial and Decision Economics, Vol. 4,2003, p. 117-132 .
7 Wagner, C.S. "The elusive partnership: science and foreign policy". Science
and Public Policy, December 2002, p. 409-415.
8 Logsdon, J.M. Conferência do curso "US Space Policy" realizado pela "Elliot
School of International Affairs" da Universidade George Washington, em
Washington DC, em 16.10.2003, mimeo, 7 páginas.
9 Caloghirou, Y; Hondroyannis, G.; Vonortas, N.S. "The Performance of Research
Partnerships". Managerial and Decision Economics, Vol. 4, 2003, p. 85-99.
10 O acordo nuclear Brasil-Alemanha foi firmado sob enormes pressões norte-
americanas. Sobre este assunto vide "A importância da cooperação internacional
para o desenvolvimento da ciência brasileira", Krieger, E.M. e Góes Filho, P.
de, Parcerias Estratégicas, nº 20, Parte 4, junho/ 2005, Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos (CGEE)/MCT, p. 1.196-1.198.
11 Aragón, E.L. em "Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Científico e
Tecnológico da Amazônia", Trabalho apresentado no Seminário Preparatório da 3ª
Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, CGEE/MCT, Brasília 15-
16.3.2005, mimeo 30 páginas, apresenta definição de cooperação
Norte-Sul, Sul-Sul, e Norte-Norte.
12 Conhecimento não-codificado ou escrito, pessoal ou institucional, segundo,
dentre outros, Brooks, H. "The relationship between science and technology",
Research Policy, 23 September 1994, p. 485; Bell, M e Pavitt,
K. em "Technological accumulation and industrial growth: contrasts between
developed and developing countries", in Technology, Globalisation and Economic
Performance, Archibugi, D. e Michie. J (Eds), Cambridge University Press, 1997
, p. 92.
13 Vonortas, N. S. Cooperation in Research and Development. Kluwer Academic
Publishers, 1997; Georghiou, L. "Global Cooperation in
Research", Research Policy, Vol. 27 , 1998, p. 611-626.; Link,
N.A; Paton, D; Siegel, D.S. "An analysis of policy initiatives to promote
strategic research partnerships". Research Policy, Vol. 3, 2002, p. 1.1459-
1.466; Caloghirou, Y; Hondroyaiannis, G.; Vonortas, N.S. op.
cit., Ref. 9.
14 Citado por Kang, N-H.; Sakai, K, p. , International Strategic Alliances:
Their Role in Industrial Globalisation, Organization for Economic Co-operation
and Development (OCDE) (2000)5.
15 Narula, R.; Hagedoorn, J. "Innovating through strategic alliances: moving
towards international partnerships and contractual agrrements", Technovation
19, may 1999, p. 283-294.
16 Sachwald, F. "Cooperative Arguments and the Theory of the Firm. Focusing on
the barriers to change". Journal of Economic Behavior & Organization, Vol.
35, 1998, p. 203-225.
17 Rycroft,R.W.; Kash, D.E. "Innovation Policy for Complex Technologies".
Issues in Science and Technology, Fall 1999, p. 7379.
18 Dunning, J.H. "Location and the Multinational Enterprise: a Neglected
Factor". Journal of International Business Studies, Vol. 29, nº 1, 1998.
19 Kang, N-H; Sakai K. International Strategic Alliances: Their Role in
Industrial Globalisation, OCDE, (2000)5, p. 13.
20 United Nations. Partnership and Networking in Science and Technology for
Development, Technology Series ' United Conference on Trade and Development,
New York and Geneva, 2002, p. 3 .
21 Hagedoorn, J. "Inter-Firm R&D Partnership ' An Overview of Major Trends
and Patterns since 960". Research Policy, Vol. 31, 2002, p. 477-492.
22 Nelson, R.R. National Innovation Systems. A Comparative Analysis. New York-
Oxford, Oxford University Press, 1993.
23 Meyer-Stamer, J. "New Departures for Technology Policy in Brazil". Science
and Public Policy, Vol. 22 , Nº 5, 1995, p.295-304.
24 Vonortas, N.S. 99 , op. cit. Ref. 13.
Link, N.A., Paton, D. and Siegel, op. cit. Ref. 3.; Audretsch, D.B. "Strategic
Research Linkages and Small Firms". Strategic Research Partnerships,
Porceedings National Science Foundation Workshop, July 2001.
25 Vonortas, N.S. Building competitive firms: technology policy initiatives in
Latin America, Technology in Society, Vol. 24, 2002, p. 433-459.
26 United Nations, 2002, op. cit. Ref. 20.
27 Velho, L.S. "Redes Regionais de cooperação em C&T e o Mercosul".
Parcerias Estratégicas, CGEE/MCT, nº 10, Março 2001, p. 58-74.
28 Narula, R; Sadowski, B.M. "Technological catch-up and strategic technology
partnership in developing countries". International Journal of Management, Vol.
23, 2002, p. 599-617.
29 Silva, D.H. da. "Brazilian Participation in the International Space Station
(ISS): commitment or bargain struck?" Space Policy, Vol. 2, 2005, p. 55-63.
30 Relatório da Missão aos EUA do Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia de
17 a 24 de abril de 2002, mimeo, 17 p.
31 Wagner, C.S. 2002, op. cit. Ref. 7.
32 Kang, N-H, Sakai, K. OCDE, (2000)5, p. 13. op. cit. Ref. 19.
33 Costa Filho, E. J. A Dinâmica da Cooperação Espacial Sul-Sul: O Caso do
Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satelitte), tese apresentada ao
Instituto de Geociências da Universidade de Campinas para obtenção do título de
Doutor em Política de Ciência e Tecnologia, 2006.
34 Velho, L. Redes Regionais de Cooperação em C&T, março 2001, op. cit.
Ref. 27 e Redes Regionais de Cooperação em C&T e o Mercosul, Síntese Final,
MCT, 1997, mimeo, 60 páginas.
35 Dias, L.C. "Programa Sul-Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em
Ciência e Tecnologia do Brasil com Países da América do Sul (Prosul)",
Parcerias Estratégicas, nº 20, Parte 4, junho de 2005, CGEE/MCT, p. 1.247-
1.268.
36 Aragón, L. E., 005, op.cit. Ref. 11.
37 Almeida, P.R. de. "Uma Política Externa Engajada: A Diplomacia do Governo
Lula", Revista Brasileira de Política Internacional, vol. 47, nº , 2004, p.162-
184.
38 Queiroz, S.R.R de. "Globalização da P&D: oportunidades para o Brasil",
Parcerias Estratégicas, nº 20, parte 5, junho de 005, CGEE/MCT, p. 1.515-1.533
[ STANDARDIZEDENDPARAG]
39 Trabalhos apresentados no Seminário Alianças Estratégicas para o Brasil:
China e Índia, organizado pelo Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República, Brasília 22.7.2005.
40 Reiss, C. p. 49, "A new setting for international cooperation?" Space
Policy, 2005, p. 49-53.
41 Índia, Brasil e África do Sul avançam em programa de cooperação trilateral,
Agência CT/MCT 4.9.2006.
42 http://www.embrapa.br/linhas_de_acao/desenvolvimento/coop_internacional.
Disponibilidade 16.11.2006.
43 Folha on line, htpp:www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro. Disponibilidade:
30.3.2006.
44 Relatórios CNPq, 2003,2004 (Estatísticas Comentadas).
45 Por exemplo, o Brasil tem Acordo Quadro com a Eslovênia desde 1998 sem ter
ainda sido ratificado pelo Congresso Nacional.
46 Schmied, J. no artigo "Ciência, desafios do acordo de cooperação científica
EU-Brasil" discute as dificuldades burocráticas, além de problemas com repasses
dos recursos financeiros pelo Brasil. Folha on line, p. 1-3,10.10.2003 (http;//
tools.folha.com.br )
47 A título de exemplo o Programa Piloto de para a Proteção das Florestas
Tropicais do Brasil (PPG-7) proposto pela Alemanha ao G-7 em 1990. Vide
Capacitação para Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (primeiro Relatório),
p. 17-22, de Paulo César G. Egler, Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia, Brasília, 19.6.2000, mimeo, 42 p.
48 United Nations, 2002, op. cit. Ref. 19.
49 Salles, D. Um inquérito que abalou o Brasil, Ed. Fulgor Ltda, São Paulo,
1958.
50 Santos, R. "O Programa nacional de atividades espaciais frente aos embargos
tecnológicos", Parcerias Estratégicas nº 7, CGEE/MCT, 1999, p. 115-128.
51 Representantes da Embaixada brasileira tiveram dificuldade para serem
recebidos por autoridades políticas em Washington. Vide http://
www.brasilemb.org
52 MCT, Plano Plurianual/ 2005.
53 Albagi, S. analisa este aspecto para a Convenção sobre Diversidade Biológica
no artigo "Amazônia: fronteira geopolítica da biodiversidade" em Parcerias
Estratégicas, Tiragem Especial, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos/ MCT,
Brasília, 2001, p. 5-19.
54 Programa Antártico Brasileiro, fev./ 2004 publicado pelo Governo Federal.
55 Autoridades brasileiras tem refutado tais declarações, como no artigo A
Amazônia não está à venda, publicado na Seção Opinião da Folha de São Paulo em
17.10.2006, e de autoria dos ministros Sérgio Rezende, Marina Silva e Celso
Amorim, respectivamente, das pastas da C&T, Meio Ambiente e Relações
Exteriores.
56 Silva, D. H. da. The China-Brazil Earth Resources Satellites (CBERS):
policies and program, submetido ao jornal Space Policy em outubro de 006.
57 Ohmae K., op. cit. Ref. 21.
58 Projeto Brasil 3 Tempos 50 Temas Estratégicos, Núcleo de Assuntos
Estratégicos, Presidência da República, 2004, mimeo 36 páginas.
59 O Sistema de Gerenciamento do Ministério do Planejamento (SIGPLAN) faz o
acompanhamento e avaliação dos projetos na esfera federal, e assim detecta os
que estão com problemas.
60 Narula, R.; Hagedoorn, J. Innovation through strategic alliances: moving
towards international partnerships and contractual agreements, Technovation 19,
May 1999, p. 283-294.
61 Krieger, E.M. e Góes Filho, P. de. Op. cit. p. 1.200 e 1.201.