XXXI: Contribuição para o conhecimento de novas áreas de plantas raras no
Centro e no Sul de Portugal
XXXI: Contribuição para o conhecimento de novas áreas de plantas raras no
Centro e no Sul de Portugal
Maria Dalila Espírito Santo, José Carlos Costa e Mário Lousã;Departamento de
Protecção de Plantas e de Fitoecologia, Instituto Superior de Agronomia, Tapada
da Ajuda, 1349-018, Lisboa.
Decorrente dos trabalhos realizados nos últimos anos e tendo-se utilizado para
identificação os trabalhos de FRANCO (1971 e 1984), PEREIRA COUTINHO (1939),
VALDÈS et al. (1987), CASTROVIEJO et al. (1986, 1990), TUTIN et al. (1980) e
monografias, quando existentes, bem como bibliografia onde era assinalada a
área distribuição, designadamente relatórios finais de curso de Engº Agrónomo,
trabalhos efectuados pelos autores e revistas nacionais da especialidade,
apontam-se como novas áreas para táxones da flora portuguesa:
1.Silene behenL. , Sp. Pl.: 418 (1753) (Caryophyllaceae).
Planta anual, glabra e glauca, com 10-50 cm de altura, referida para as Regiões
Mediterrânica e Macaronésica e para a Península Ibérica, apenas para o sul, nas
regiões de Cádiz, Granada e Málaga. Segundo TALAVERA(in CASTROVIEJO et al.,
1990) em Espanha ocorre em campos de cultivo, pastos e margens de caminhos
perto do mar, ecologia idêntica à do sítio onde agora se localizou. Como nova
área para este taxon, referimos o seguinte espécimen arquivado em LISI: Tavira,
Conceição, Cerro do Almargem, não frequente na região mas abundante no local
(17/IV/1993; M.D. Espírito Santo).
2. Silene longicilia (Brot.) Otth (Caryophyllaceae)
Efectuaram-se novas herborizações nos seguintes locais: Tomar, Casal da
Azinheira (8/VI/1996; M.Lousã); Torres Vedras, Varatojo (15/III/1995; J.C.
Costa & P. Paes); Vila Franca de Xira, Monte Gordo (11/II/1996; J.C.Costa);
Mafra, Lizandro, near the sea (13/IV/1996; M. Rosário Moreira, Paula Rocha
& Rosa Faria); S. Bartolomeu dos Galegos (15/III/1995; J.C. Costa &P.
Paes); Mourão, Pêro Pinheiro (15/III/1995; J.C. Costa & P. Paes); Ferreira
do Zêzere, Ave Casta (27/V/1995; M. Lousã); Porto de Mós, Reguengo do Fétal,
Cabeço do Poio (13/III/1996; M.D. Espírito Santo, P. Paes & P. Cristovão);
Óbidos, Olho Marinho, entre Camarnais e Cesaredas (19/IV/ /1995; M.D. & A.
Espírito Santo & P. Ferreira); Turquel, Carvalhal (IV/1995; M.D. & A.
Espírito Santo & P. Ferreira); Serra d'El Rei (IV/1995; M.D. & A.
Espírito Santo & P. Ferreira); Cabeço de Montachique (IV/1995; M.D. &;
A. Espírito Santo & P. Ferreira); Loures, Fanhões (21/IV/1995; M.D. &
A. Espírito Santo & P. Ferreira); Loures, entre Murteira e Cabeço de
Montachique (IV/1995; M.D. & A. Espírito Santo & P. Ferreira); Óbidos,
Amoreira, Quinta do Furadouro (21/IV/1995; M. Lousã); Almoster, Casais de Santa
Maria (IV/1995; M.D.& A. Espírito Santo & P. Ferreira); Arruda dos
Vinhos, Alto do Carvalhal, perto de Arranhó (11/II/1995; M.D. Espírito Santo);
Vila Franca, Alhandra, próximo de S. Romão (2/II/1995; M.D. Espírito Santo).
Confirmou-se a sua ocorrência perto de Lisboa (Queluz, Matinha), no Vimeiro
(Maceira), em diferentes locais perto da Batalha e no Parque Natural das Serras
de Aire e Candeeiros, na Serra de Montejunto e na Serra de Sicó. Em conclusão,
considera-se esta espécie frequente na sua área de distribuição, não se
encontrando ameaçada; quanto a nós deve ser excluída do Anexo II da Directiva
92/43/CEE.
3.Cochlearia danicaL. (Brassicaceae).
Esta espécie atlântica encontra-se muito localmente em Portugal, no litoral
Centro e Norte onde é característica da aliança Saginion maritimaee da
associação Sagino maritimae-Cochlearietum danicae Tüxen & Gillner in Tüxen,
Bockelmann, Rivas-Martínez & Wildpret 1957. Aparece sobre os rochedos
marítimos nas bolsas arenosas nitrificadas. Em condições semelhantes ocorre nas
ilhas Ciles - Pontevedra (GUITITÁN & GITITÁN,1989) e na costa escocesa
(GÉHU & GÉHU-FRANK, 1984). Em Portugal, desde o fim do séc. XIX tinha sido
identificada apenas nas ilhas Berlengas (Farilhões e Berlenga) e nos arredores
do Porto, desde o Castelo do Queijo até ao Cabo do Mundo (Matosinhos). Em 1996
confirmou-se a sua presença nestes locais, sempre em estações com apenas 2-
7 plantas, frequentemente em condições de vulnerabilidade. Para além da
distribuição tradicional em Portugal, colheu-se e arquivou-se em LISI plantas
dos seguintes locais: Labruge, Castelo de S.Paio (25/V/1996; M.D. Espírito
Santo); Vila do Conde, frente ao forte (25/V/1996; M.D. Espírito Santo). Esta é
uma planta rara e vulnerável em Portugal, que precisa de regulamento para a sua
protecção.
Coincya johnstonii(Samp.) Greuter & Burdet (Brassicaceae).
Confirmou-se a sua presença em Matosinhos e Aguçadouro, e arquivaram-se em LISI
exemplares dos seguintes novos locais: Angeiras (25/V/1996; M.D. Espírito
Santo) e Labruge (25/5/1996; M.D. Espírito Santo).
5. Astragalus sesameus L., Sp. Pl.: 759 (1753) (Fabaceae)
Em Portugal era conhecida desde 1887 dos arredores de Faro, tendo sido sempre
registada apenas para esta área nas principais Flora portuguesas (PEREIRA
COUTINHO, 1913, 1933; Franco, 1971). Na última década observou-se esta espécie
no Barrocal (Algarve), em novas localidades. Assim, para a área deste taxon,
juntam-se os seguintes exemplares, arquivados em LISI: Loulé, Querença, Serra
de Picavessa (1/IV1988; M.D. Espírito Santo) e Cerro da Vegueira (1/V/1988;
M.D. Espírito Santo); Loulé, Boliqueime, Campina, (13/V/1991; M.D. Espírito
Santo); Albufeira, Cerro do Ouro (11/V/1991; M.D. Espírito Santo); Vila do
Bispo, Budens, Burgau (27/III1991; M.D. Espírito Santo). Este taxon também é
citado por ESPÍRITO-SANTO et al. (1992) para Albufeira (Paderne, Centieira and
Barradinha). Considera-se Astragalus sesameus frequente e abundante no Barrocal
apesar de em 1998 PINTO-GOMES só o ter identificado na Ribeira das Mercês
(Loulé, Amendoeira) referindo-o como muito raro.
6.Galium minutulum Jordan(Rubiaceae)
Foi considerada por Franco (1984) apenas para "Serra da Caveira", no Sudoeste
meridional. Na realidade, nessa data, em LISI não havia nenhum exemplar
arquivado, havendo em LISE exemplares herborizados no Algarve (S. Braz de
Alportel, perto Pero Amigo; 10/V/1947, P. Silva, Fontes, Myre & Rainha, nº
1910) e na Estremadura (Sintra; 4/IV/1949, Bento Rainha, nº 1769 e 5/V/1950,
P.Silva & F. Fontes, nº 4085). Em 1958, MALATO-BELIZ, alarga a área desta
espécie para a Serra da Arrábida. Nas duas últimas décadas localizou-se esta
espécie em muitos mais locais. Colheu-se este taxon e arquivou-se em LISI, dos
seguintes locais: Loulé, Alte, Touxegueira, na encosta sul, 170 m.s.m. (1/IV/
1988; M. Dalila Espírito-Santo); Loulé, Querença, Serra da Picadessa, 500 m a
norte da Ribeira de Algibre (29/IV/1988; M. Dalila Espírito Santo); Tavira, Stª
Maria, entre Vale do Junco e Arneiro, num mato sobre solo xistoso (16/IV/1991;
M. Lousã & J.C. Costa); Figueira da Foz, Buarcos, Cabo Mondego, 300 m a
nordeste do Farol Novo, num pinhal (29/IV/1988; J.A. Franco, J.C. Costa &
M. Lousã); Évora, Nossa Senhora da Tourega, Herdade da Mitra (30/IV/1996; I.
Pereira). Assim, considera-se que não se trata de uma planta rara, de que
existem poucas herborizações provavelmente por causa do seu tamanho diminuto o
que a torna imperceptível. Em 1998 PINTO-GOMES localizou este taxonem Azinheiro
(Moncarapacho, S. Miguel), referindo-o como pouco frequente.
7.Scabiosa turolensisWillk. (Dipsacaceae)
Para além do local onde foi colhida por R. Fernandes, foram arquivados em LISI
espécimes dos seguintes locais: Porto de Mós, Serro Ventoso (VIII/1981, M.
Lousã & J.C.Costa); Alvados, na encosta frente à Costa de Alvados (V/1987;
M.D. Espírito Santo & P. Cortes); Alvados, Costa de Alvados (VI/1987;
M.D.& J. Espírito Santo); Alvados, Orçário (VI/1987; M.D. Espírito Sanro,
P. Cortes & P. Paes); Mira d'Aire, perto da Pedra do Altar (V/1987; M.D.
Espírito Santo & P. Cortes); Porto de Mós, Serro Ventoso, Cabeço da Fórnea
(V/1987; Espírito Santo & P.Cortes); S. Bento, Codaçal (IV/1987; M.D.
Espírito Santo, P. Cortes & P. Paes). Por último, localizou-se na Serra da
Pevide, numa parede rochosa dum local inacessível (17/4/1996; M.D. Espírito
Santo).