The Skeptical Environmentalist: Measuring the Real State of the World
Bjorn Lomborg
The Skeptical Environmentalist : Measuring the Real State of the World
Cambridge University Press (Preço: 35,54 Euros). ISBN: 0521010683
Bjorn Lomborg, dinamarquês, professor de estatística e ex-activista da
Greenpeace, escreveu um livro polémico rebatendo os lugares-comuns mais
alarmistas sobre ambiente, baseando-se apenas em dados oficiais - e disponíveis
- da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia (UE), do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
O autor analisa as afirmações catas-trofistas mais comummente repetidas, como o
aumento descontrolado da população no mundo, a falta de alimentos e energia, a
poluição do ar e da água, o efeito de estufa, o desapare-cimento das florestas,
a perda da biodiversidade, demonstrando a sua falsidade e informando-nos sobre
a origem de alguns desses " boatos". Todos os temas tratados - o
livro tem cerca de 500 páginas - são documentados com mais de 2 000
referências, permitindo ao leitor verificar os dados em que o autor se baseia.
Por exemplo, o número de 40 000 espécies que se extinguiriam anualmente, número
esse que todos já vimos escrito e ouvimos repetir, baseia-se num cálculo do
biólogo Myers, do género "se houvesse 1 milhão de espécies extintas em 25
anos, teríamos uma média de 40 000 espécies extintas por ano." Não tem
nenhuma base científica, mas toda a gente fixou o número. Segundo os dados
oficiais do IUCN, a taxa de extinção estima-se em 0,7% das espécies em 50 anos
- e já é bastante!
Ficamos também a saber, pelos dados que Bjorn Lomborg analisou, que o único
resultado prático do cumprimento do protocolo de Quioto será a diminuição de
0,2ºC, do aumento da temperatura esperado para 2100 - aumentará 1,9ºC, em vez
2,1ºC
Para além destas "curiosidades", todas fundamentadas, que se vão
repetindo em cada tema tratado e tornaram Bjorn Lomborg alvo da fúria dos
movimentos ecologistas, o que nos parece mais importante é a filosofia
subjacente a este livro: em resumo, que as condições de vida têm melhorado,
embora ainda haja muito a fazer. Ou seja, é necessário fundamentar as decisões
políticas, no que se refere ao ambiente, em premissas correctas, baseadas em
conhecimentos científicos actualizados, e não em falsidades, a que Lomborg
chama a "Litania". E as decisões devem privilegiar as pessoas, mesmo
que, do ponto de vista do ambiente, essas decisões não sejam as ideais.
Se outro mérito não tiver, este livro será pelo menos útil para re-equacionar
os nossos "dogmas" ambientais.
Ana Ferreira de Almeida
Investigador Auxiliar
EFN
Av. da República, Quinta do Marquês,
2780-159 Oeiras - Portugal
silva.lusitana@inrb.pt