A Qualidade da Cortiça Versus Modalidades de Gestão em Montado de Sobro
Introdução
Portugal é herdeiro de um riquíssimo património, os montados de sobro, cuja
exploração nos permite sermos o maior produtor e transformador mundial de
cortiça, tendo a fileira sobreiro/cortiça um perfil único na economia
portuguesa, representando cerca de 3% do PIB Nacional, conferindo-lhe assim,
uma posição dominante em todo este processo, desde a produção à transformação e
à comercialização. Daí o facto, de não podermos alienar-nos das
responsabilidades nacionais e internacionais para mantermos a posição cimeira
de que somos detentores.
Esta espécie florestal está integrada em diversos ecossistemas pelo que as
técnicas de intervenção componentes destes sistemas de gestão deverão ser
minuciosamente apuradas e testadas, tanto numa perspectiva ecológica como
sócio-económica, nas vastas regiões que ocupa.
O Projecto Agro 446 "Influência de modalidades de gestão na conservação/
recuperação de montados de sobro, produção de cortiça e valorização
ambiental" foi elaborado neste contexto.
Do conjunto de actividades desenvolvidas, destaca-se a monitorização integrada
do comportamento dos montados nos diferentes sistemas de exploração
seleccionados, através da validação de parâmetros, ao nível do ecossistema, do
povoamento e da árvore, que integram os "Sistemas de Gestão Florestal
Sustentável: aplicação dos critérios Pan-Europeus para a gestão florestal
sustentável" (NP 4406, IPQ 2003):
Neste artigo pretende-se avaliar a qualidade da cortiça através da utilização
dos parâmetros físicos tais como a porosidade, humidade, massa volúmica, ângulo
de torção, tensão de corte e calibre, com o objectivo de conjugar estas
características para cada tipo de modalidade de gestão do montado.
Material e métodos
Material
Foram identificados quatro sistemas de exploração e/ou modalidades de gestão
dos montados de sobro mais frequentes na Região de Setúbal, a saber:
●Montado ordenado (MO) em linhas de 12 a 16 m resultante de sementeira com 40
anos, na herdade da Espirra (HE)
●Montado de regeneração natural (MRN) sujeito a limpeza periódica de matos, na
herdade da Espirra (HE)
●Povoamento misto de sobreiro com pinhal manso e bravo de regeneração natural
(PMR), na herdade da Espirra (HE)
●Montado com Pastagem Semeada e Pastoreio Intensivo (MPSPI), na herdade de
Palma em Vale de Cascos (VC)
Para cada um dos modelos de gestão identificados anteriormente foram
seleccionadas quatro áreas experimentais, tendo os solos as mesmas
características solos podzolizados e localizadas na mesma região
biogeográfica, num total de 14 áreas experimentais. Dentro destas
identificaram-se as árvores donde foram retiradas as amostras (Quadro 1).
Quadro_1
Identificação das amostras por parcela, por sistema de gestão, nível de
descortiçamento e por herdade
* Amostras onde não foi possível extrair cortiça, uma vez que a despela não
atingiu essa altura
**
Amostras
perdidas
no
transporte
A amostragem efectuada na Herdade da Espirra correspondeu a 9 parcelas,
identificadas no quadro anterior com 5, 6, 14, 14 A, 42, 42 A, 44, 44 A e 52 A.
Quanto à Herdade da Palma em Vale de Cascos foram efectuadas despelas em cinco
parcelas, identificadas com os números 1, 2, 3, 4 e 5 (Quadro_1). Dentro de
cada uma destas parcelas foram numeradas as árvores e em cada uma foi feita a
despela a três níveis com a seguinte designação:
Nível 1 correspondente ao sector entre 0 metros e 0,4 metros de altura em
relação ao calço ("degrau" existente no pé do sobreiro);
Nível 2 correspondente ao sector entre 0,4 metros e 0,8 metros de altura em
relação ao calço;
Nível 3 correspondente ao sector entre 0,8 metros e 1,2 metros de altura em
relação ao calço.
Assim e a título de exemplo, a amostra HE-52A-20-3 corresponde a uma amostra de
cortiça retirada na Herdade da Espirra da parcela 52A, da árvore 20 e no nível
3.
A amostra VC-1-5-1 corresponde a uma amostra de cortiça retirada Herdade da
Palma, em Vale de Cascos, da parcela 1, da árvore 5 e no nível 1.
Metodologia
Preparação_das_amostrasem_laboratório
As amostras são porções de prancha de cortiça cruas, com dimensões aproximadas
de 20cm X 20cm, foram caracterizadas quanto ao local de recolha.
A estas amostras, foram retiradas rabanadas, as quais foram cozidas durante uma
hora. Seguidamente, são colocadas num local arejado até se encontrarem secas ao
ar, sendo depois prensadas. A pressão a que ficam sujeitas as rabanadas
destina-se a endireitar as cortiças, para que as operações posteriores se
tornem mais fáceis.
Posteriormente são colocadas numa estufa a 50ºC, durante 24 horas e deixadas a
estabilizar a 20ºC e 65% de humidade, durante 48 horas. Este procedimento
destina-se a tornar as cortiças suficientemente secas para a fase de preparação
da análise imagem.
São apresentadas no quadro seguinte (Quadro 2) os códigos adoptados para as
características estudadas na análise de imagem e no ensaio de torção.
Quadro 2 Correspondência entre as variáveis e o código adoptado
*Parâmetros
de
análise
de
imagem
Análise_de_imagem
As rabanadas foram seccionadas em pequenos troços provetes , os quais foram
lixados na secção tangencial (Figura 1) e sujeitos a um jacto de ar comprimido,
para que a superfície fique limpa, o que possibilitará uma imagem nítida (sem
pó) e com os poros perfeitamente delimitados.
Figura 1 Imagem da secção tangencial (barriga) de um provete
Seguiu-se o procedimento apresentado por SILVA (2003), recorrendo-se a uma
câmara digital CCD FOculus IEEE 1394 com 6 Mega Pixels, com o programa da
COGNEX Vision Pró 4 CR 2.
Ensaio_de_torção
Para a execução deste ensaio, recorreu-se à metodologia aplicada para a cortiça
na norma NP 2803-6, onde este ensaio faz parte da caracterização físico-
mecânica da rolha cilíndrica de aglomerado composto de cortiça. VARANDA (1984)
faz uma descrição pormenorizada, deste mesmo ensaio, onde refere detalhadamente
a descrição do dispositivo.
Ao conjunto de provetes foi medido o calibre, retirando-se posteriormente três
rolhas, desde que o calibre da amostra de cortiça seja maior ou igual a 25mm. A
broca utilizada nesta operação tem um diâmetro externo de 27mm e um interno de
23mm, e uma altura que penetre no provete no sentido perpendicular aos canais
lenticulares, vazando-o de modo a obter uma rolha com uma altura próxima de
50mm.
Com a fixação deste dispositivo na prensa, é possível determinar o binário
máximo e o ângulo correspondente e, ainda, a tensão de corte.
Determinação_da_humidade
A determinação deste parâmetro foi obtida por um processo expedito NP 2803-2
([2]). Recorreu-se ao equipamento Aqua-Boy, utilizado na indústria da cortiça,
munido de uma sonda com cinco agulhas de 5 cm de comprimento cada.
Foi efectuado uma leitura a cada provete, para se aferir da não oscilação deste
parâmetro.
Determinação_do_Calibre
A medição do calibre foi efectuada nos provetes, com o auxílio de um paquímetro
com uma incerteza de 0,02mm.[3]
Antes de qualquer leitura era acertado a zero. As amostras eram de seguida
colocadas no centro das hastes do paquímetro, registando o valor indicado. O
calibre da amostra foi determinado pela média dos dois valores determinados.
Tratamento dos dados experimentaispor análise de taxonomia numérica
Com os dados obtidos do ângulo de torção e do binário máximo determinou-se o
valor médio destes parâmetros, os quais permitiram ajudar a caracterizar os
provetes. Esta opção é sustentada pela impossibilidade de se determinar
rigorosamente estes parâmetros para os provetes, possibilitando assim, a
obtenção dos valores médios destas características identificadoras das
propriedades de um material que é anisótropo.
Para as árvores (amostra) de diferentes locais, foi efectuada análise dos
dados, recorrendo-se a métodos de taxonomia numérica.
Dada a natureza diversa das diferentes variáveis procedeu-se à estandardização
da matriz de dados original, obtendo-se uma nova matriz de dados
estandardizados.
Dos vários métodos de agregação do tipo sequencial, aglomerativo, hierárquico e
de não sobreposição, i.e., do tipo designado por SAHN (SNEATH e SOKAL, 1973),
usou-se o método UPGMA (Unweighted Pair-Group Method Using Arithmetic
Averages).
Os resultados assim obtidos, são apresentados sob forma de uma estrutura
ramificada, em que os diferentes ramos se relacionam de acordo com os valores
das medidas de semelhança ou dissemelhança, em que se baseou o método de
agregação, que se designa de fenograma.
Para este fenograma, foi calculado o coeficiente de correlação cofenético
(SOKAL e ROHLF, 1962). Este coeficiente de correlação cofenético indica o grau
de concordância entre as duas matrizes (a matriz dos valores cofenéticos e a
matriz semelhança), permitindo avaliar se o fenograma é uma representação
aceitável daquelas distâncias.
Usou-se ainda, um outro método de agregação, para melhor entendimento dos
resultados, o método de agregação designado árvore de conexão mínima (MST-
Mininum Spanning Tree), que consiste em ligar as diferentes entidades que
estamos a estudar por linhas (conexões), resultando uma "rede" de
ligação entre elas. A sobreposição desta às projecções dos objectos em estudo,
obtidos pela análise em componentes principais, vai permitir-nos uma melhor
verificação da agregação e da detecção de distorções em pares de pontos que,
estando as suas projecções muito próximas a duas dimensões, estão na realidade
afastados se considerarmos um número maior (superior) de dimensões.
Foram ainda feitas as projecções das variáveis que caracterizam as entidades em
estudo nas três primeiras componentes principais, o que nos permite analisar a
contribuição de cada uma na disposição espacial dos objectos em estudo
Para estes cálculos recorreu-se de um sistema de programas Ntsyspc (ver. 2.1)
(RoHLF, 1997).
Resultados e discussão
Do conjunto das amostras das duas herdades foi feito uma triagem em função do
calibre, de forma a constituir um grupo de cortiças rolháveis e outro de não
rolháveis. Esta separação foi efectuada para cada uma das herdades e
correlacionada com os modelos de gestão.
Triagem das cortiças rolháveis das não rolháveis por modelo de gestão
Na Herdade de Espirra foram escolhidas as cortiças em função do calibre, tendo
também em conta a sua proveniência (local de onde foi recolhida, i.e., modelo
de gestão) Quadro 3.
Pela a análise deste quadro (Quadro 3) é possível visualizar que as
percentagens de cortiça rolhável (soma dos calibres das cortiças grossas, marca
e meia marca) são de 93,1%, 80% e 79,78% para o modelo de gestão de montado
ordenado (MO), montado com regeneração natural (MRN) e montado com pastagem e
regeneração natural (PMR), respectivamente.
Quadro 3 Distribuição das cortiças extraídas da herdade Espirra de acordo com
o fim a que se destinam, tendo em conta o modelo de gestão
Calibres Tipo de Gestão
MO[4] MRN[5] PMR[6]
Delgadinha (6 a 8 linhas) 0,00% 3,33% 2,25%
Delgadinha ('8 a 10 linhas) 3,45% 3,33% 4,49%
Delgada 3,45% 13,33% 13,48%
Marca e Meia-marca 63,79% 46,67% 61,80%
Grossa 29,31% 33,33% 17,98%
De igual modo, na Herdade de Palma seguiu-se o mesmo procedimento tido na
Herdade da Espirra, i. e., a triagem das cortiças em função do calibre e tendo
em conta o modelo de gestão Quadro 4.
Quadro 4 Distribuição das cortiças extraídas da herdade Vale Cascos (Herdade
da Palma) de acordo com o fim a que se destinam, tendo em conta o modelo de
gestão
Calibres MPSPI[7]
Delgadinha (6 a 8 linhas) 0,00%
Delgadinha ('8 a 10 linhas) 4,08%
Delgada 8,16%
Marca e Meia-marca 57,14%
Grossa 30,61%
A percentagem de cortiça rolhável é de 87,76% para aquele modelo de gestão de
montado.
Análise à cortiça rolhável por modelo de gestão da Herdade daEspirra por
métodos de taxonomia numérica
Para efectuar esta análise, recorreu-se a uma matriz de dados composta por 63
rabanadas (linhas) das árvores estudadas e com as 6 características físicas e
de análise de imagem (colunas).
No Quadro 5 indicam-se o valor mínimo, máximo, média e desvio padrão das
variáveis da caracterização física e de análise de imagem das 63 rabanadas em
estudo.
Quadro 5 Valor mínimo, máximo, média e desvio padrão das variáveis físicas e
de análise de imagem das 63 rabanadas em estudo
___________________________________________________________________________
|_Variáveis_|____Mínimo___|____Máximo____|_____Média____|_Desvio_Padrão|
|NoPoro______|___48.0000____|___281.0000____|___134.6190____|____58.1964____|
|AminP_______|____0.0638____|____0.1657_____|____0.1171_____|____0.0325_____|
|Poros%______|____0.7326____|____18.0489____|____4.8675_____|____3.9701_____|
|Por-cm2 _|____0.0155____|____8.5236_____|____3.4824_____|____2.3908_____|
|BIN_MED ___|____6.0218____|____22.0325____|____11.4418____|____3.2435_____|
|A_MED _|___18.3644____|____75.8534____|____41.1029____|____10.6311____|
O fenograma de distâncias (Figura 2), obtido a partir da matriz de distâncias,
usando o método UPGMA, representa de forma adequada a respectiva matriz, por
possuir um coeficiente de correlação cofenética (r) de 0,749.
Figura_2 Fenograma de distâncias das 63 rabanadas, baseado no método UPGMA
aplicado à matriz distâncias (r = 0,749)
Pela observação do fenograma, é possível verificar a constituição de dois
grupos. Um constituído pelas rabanadas 5-2-1 a 52 A-11-1, e o outro de 5-2-2 a
42-9-2, com três outliers6-33-1, 52 A-15-2 e 52 A-11-3. Do primeiro grupo,
podemos considerar subdividido em três com a seguinte composição: um que inclui
as rabanadas 52 A-11-2, outro sub-grupo por 42 A-12-1, 42 A-13-2 e 52 A-13-2 e
ainda outro sub-grupo pelas restantes rabanadas. O segundo grupo é constituído
pela rabanada 42-9-2 e pelas restantes rabanadas deste grupo.
A projecção das 63 rabanadas no plano definido pelos dois primeiros eixos
principais, que em conjunto representam 72,08% da variância total, às quais foi
sobreposta a árvore de conexão mínima (Figura 3), permite confirmar os
agrupamentos determinados pelo fenograma.
Figura_3 Projecções das 63 rabanadas no plano definido pelos dois primeiros
eixos principais, às quais foi sobreposta a árvore de conexão mínima
Na Figura 4 e no Quadro 6 estão representadas as contribuições das variáveis
para a distribuição espacial das rabanadas.
Figura_4 Projecções das variáveis físicas e de análise de imagem das
rabanadas no plano definido pelas duas primeiras componentes principais
Quadro_6
Correlação entre as variáveis originais e as três primeiras componentes
principais
A primeira componente principal é controlada pelos parâmetros de análise de
imagem com excepção da área mínima de poros da barriga (AminP), na segunda
componente principal são de maior importância as variáveis relativas ao ensaio
de torção binário máximo (BIN_MED) e ângulo (A_MED), na terceira componente
principal é dominante e área mínima dos poros da barriga (AminP).
Analisando em conjunto as Figuras 3 e 4, verificamos que a primeira componente
principal separa as rabanadas que apresentam valores elevados de dados de
análise de imagem (número de poros, porosidade e número de poros por cm2) para
o lado direito da Figura 3, das rabanadas que apresentam valores altos das
variáveis de ensaio de torção (binário máximo e ângulo). Por sua vez, a segunda
componente principal direcciona para a zona superior da figura as rabanadas com
valores elevados destas variáveis, colocando-se na zona superior da figura as
rabanadas com valores baixos de análise de imagem (conf. Quadro_6).
Verificamos que as árvores de boa qualidade da cortiça estão posicionadas no
lado esquerdo da Figura 3, enquanto que as de má qualidade se posicionam no
lado direito da mesma figura
Podemos agora afirmar que as rabanadas de boa qualidade apresentam valores
altos de ângulo de torção e binário máximo, com valores baixos de número de
poros, porosidade e número de poros por cm2, com excepção da área mínima dos
poros da barriga (AminP).
Em face do exposto e recorrendo à informação fornecida pelas Figuras 2, 3 e 4,
conjugada com os dados dos Quadro_6, propomos uma nova classificação das
rabanadas quanto à sua qualidade, que se apresenta no Quadro 7.
Quadro 7 Proposta de classificação das 63 rabanadas quanto às cortiças de boa
qualidade, resultante da análise objectiva realizada por métodos de taxonomia
numérica
______________________________________________________________
|________________________Tipo_de_Gestão_______________________|
|MO____________________________________|__________PMR__________|
|________________5-8-2_________________|_______42_A-13-1_______|
|________________5-8-3_________________|_______42_A-13-2_______|
|________________5-14-3________________|_______42_A-13-3_______|
|________________5-18-2________________|_______42_A-17-1_______|
|________________5-22-2________________|_______42_A-17-2_______|
|________________5-22-3________________|_______42_A-18-1_______|
|________________6-7-1_________________|_______42_A-18-3_______|
|________________6-7-3_________________|________44-2-1_________|
|________________6-22-1________________|________44-2-3_________|
|________________6-25-1________________|________44-7-1_________|
|________________6-33-1________________|________44-12-1________|
|________________6-33-2________________|_______52_A-11-1_______|
|________________6-33-3________________|_______52_A-11-2_______|
|__________________ __________________|_______52_A-11-3_______|
|__________________ __________________|_______52_A-13-2_______|
|__________________ __________________|_______52_A-13-3_______|
|__________________ __________________|_______52_A-14-1_______|
|__________________ __________________|_______52_A-16-1_______|
|__________________ __________________|_______52_A-16-3_______|
|__________________ __________________|_______52_A-18-2_______|
Análise à cortiça não rolhável por modelo de gestão da Herdade da Espirra por
métodos de taxonomia numérica
Do mesmo modo, neste ponto tivemos uma actuação idêntica ao ponto anterior
"Análise à cortiça rolhável por modelo de gestão da Herdade da Espirra por
métodos de taxonomia numérica", pelo que iremos apresentar e discutir os
resultados desta herdade.
Assim, o conjunto das 107 rabanadas foi analisado por métodos de taxonomia
numérica. Preparou-se uma matriz de dados composta por 107 linhas,
correspondentes às 107 rabanadas, e com 4 colunas relativas às variáveis de
análise de imagem da cortiça (Quadro 8).
Quadro 8 Valor mínimo, máximo, média e desvio padrão das variáveis de análise
de imagem das rabanadas
________________________________________________________________________
|Variáveis_|Mínimo_______|Máximo_______|Média_________|Desvio_Padrão|
|NoPoros____|___11.0000____|____324,00____|___377.0000____|___75.5072____|
|AminP_(mm2)|____0.0708____|____0.1657____|____0.1188_____|____0.0309____|
|Poro%______|____0.1028____|___59.8176____|____5.9081_____|____7.7873____|
|Por-cm2____|____0.0035____|___11.4356____|____4.0691_____|____2.3677____|
O fenograma de distâncias (Figura 5), obtido pela aplicação do método UPGMA à
respectiva matriz de distâncias, é uma cópia aceitável daquela matriz, tendo em
consideração o valor do coeficiente de correlação cofenética (r) de 0,875.
Figura_5 Fenograma de distâncias das 107 rabanadas, baseado no método UPGMA,
aplicado à matriz distâncias (r = 0,8753)
O fenograma permite visualizar dois grupos aos quais se ligam dois outliers
(42-11-2 e 42-11-3). O primeiro grupo é constituído pelas rabanadas 5-5-1 a 44-
12-3. As restantes rabanadas constituem o outro grupo, que determina vários sub
grupos no seu interior.
As projecções das 107 rabanadas, no plano definido pelas duas primeiras
componentes principais, que em conjunto representam 88,48% da variância total
implícita na matriz de dados originais, às quais foi sobreposta a árvore de
conexão mínima (Figura 6), para detecção de eventuais distorções locais nas
projecções das rabanadas. A análise desta figura permite-nos afirmar que as
ligações e disposição espacial das rabanadas estão em concordância com a
maioria dos agrupamentos determinados pelo fenograma.
Figura_6 Projecção das 107 rabanadas no plano definido pelas duas primeiras
componentes principais, a que foi sobreposta a árvore de conexão mínima para
detecção de distorções locais
Pela análise das projecções das variáveis no plano definido pelas duas
primeiras componentes principais (Figura 7), conjugada com o Quadro 9, das
correlações entre as variáveis com as três primeiras componentes principais,
podemos afirmar que a primeira componente principal é controlada nos quatro
parâmetros, ou seja, porosidade (poro%), número de poros por cm2 (Por-cm2),
área mínima de poros da barriga (AminP) e número de poros (NoPoro), indicando
que as rabanadas situadas no lado direito da figura têm valores elevados nestas
variáveis; enquanto as rabanadas situadas no lado esquerdo da mesma figura,
apresentam valores baixos destas mesmas variáveis. A segunda componente
principal separa as rabanadas com valores elevados de área mínima de poros
(AminP) que se posiciona do lado inferior da Figura 6, das rabanadas com baixos
valores desta variável. A terceira componente principal direcciona para lado
opostos as rabanadas com valores elevados de porosidade (poro%) e área mínima
de poros da barriga (AminP) dos que apresentam valores também elevados das
outras duas variáveis número de poros por cm2 (Por-cm2) e número de poros da
barriga (NoPoro) , i.e., os dois primeiros direccionam as rabanadas para baixo
do plano da Figura 6, enquanto que as segundas direccionam para o lado oposto
das anteriores (para cima do plano da Figura 6).
Figura_7 Projecções das variáveis de análise de imagem das rabanadas, no
plano definido pelas duas primeiras componentes principais
Quadro_9
Correlação entre as variáveis e as três primeiras componentes principais
____________________________________________________________________________
| Variáveis |_________________Componentes_Principais__________________|
|__________________|______1______|__________2__________|__________3__________|
|NoPoros___________|___0,9574____|_______0,0526________|_______0,2737________|
|AminP_(mm2)_______|___0,7635____|_______-0,5920_______|_______-0,2580_______|
|Poro%_____________|___0,7841____|_______0,4175________|_______-0,4591_______|
|Por-cm2___________|___0,9439____|_______0,0786________|_______0,3125________|
|Variância_(%)____|____75,1_____|________13,3_________|________11,2_________|
|Var._acumulada_(%)|____75,1_____|________88,4_________|________99,6_________|
Assim, verificamos que as cortiças consideradas de boa qualidade posicionam-se
para o lado superior esquerdo da Figura 6, as consideradas más, pelo contrário,
situam-se do lado direito da mesma figura, i.e., as cortiças boas têm valores
mais baixos destas quatro variáveis.
Se visualizarmos a projecção das rabanadas no plano definido pela primeira e
segunda componentes principais (Figura 6), podemos observar a separação nítida
das rabanadas segundo os valores da variável área mínima de poros da barriga
(AminP). Tal separação faz-se pelas rabanadas 6-31-1 (pertencente às rabanadas
de pior qualidade) e a 44-12-3 (que faz parte das rabanadas de melhor
qualidade).
Seguindo o mesmo procedimento adoptado, propomos, no Quadro 10, a constituição
dos grupos de rabanadas em relação à sua qualidade, recorrendo à informação
fornecida pelas Figuras 5, 6 e 7, conjugada com os dados do Quadro 9.
Quadro 10 Proposta de classificação das rabanadas não rolháveis de melhor
qualidade resultantes do critério objectivo por métodos de taxonomia numérica,
para a Herdade da Espirra
Análise à cortiça rolhável por modelo de gestão da Herdade de Palma por métodos
de taxonomia numérica
Actuando do mesmo modo ao verificado no capítulo "Análise à cortiça
rolhável por modelo de gestão da Herdade da Espirra por métodos de taxonomia
numérica", podemos apresentar e discutir os resultados desta herdade.
Assim, o conjunto das 41 rabanadas foi analisado por métodos de taxonomia
numérica. Preparou-se uma matriz de dados composta por 41 linhas
(correspondentes às 41 rabanadas) e com 6 colunas relativas às variáveis
mecânicas e de análise de imagem da cortiça (Quadro 11).
Quadro 11 Valor mínimo, máximo, média e desvio padrão das variáveis físicas e
de análise de imagem das rabanadas, da Herdade de Palma Vale Cascos
___________________________________________________________________________
|_Variáveis_|____Mínimo___|____Máximo____|_____Média____|_Desvio_Padrão|
|NoPoro______|___84.0000____|___564.0000____|___333.6585____|____99.9819____|
|AminP_______|____0.1653____|____0.1819_____|____0.1726_____|____0.0083_____|
|Poros%______|____1.2387____|____17.7857____|____7.9202_____|____4.5500_____|
|Por-cm2 _|____1.0560____|____8.0272_____|____4.6121_____|____1.4279_____|
|BIN_MED ___|____8.5390____|____19.0393____|____13.2922____|____2.6148_____|
|A_MED _|___26.0688____|____88.4311____|____53.2373____|____13.5460____|
O fenograma de distâncias (Figura 8), obtido pela aplicação do método UPGMA à
respectiva matriz de distâncias, é uma cópia aceitável daquela matriz, tendo em
consideração o valor do coeficiente de correlação cofenética (r) de 0,755.
Figura_8 Fenograma de distâncias das 41 rabanadas, baseado no método UPGMA,
aplicado à matriz distâncias (r = 0,755)
O fenograma permite visualizar dois grupos aos quais se ligam dois outliers
(VC4251 e VC4252). O primeiro grupo é constituído pelas rabanadas VC4221 a
VC4223. As restantes rabanadas constituem o outro grupo, que determina vários
subgrupos no seu interior, de que são exemplos: os subgrupos VC2152 e VC5171;
VC4101, VC4102, VC4103 e VC4242, entre outros.
As projecções das 41 rabanadas no plano definido pelos dois primeiros eixos
principais, que em conjunto representam 67,7% da variância total implícita na
matriz de dados originais, às quais foi sobreposta a árvore de conexão mínima
(Figuras 9 e 10), permite confirmar os agrupamentos determinados pelo
fenograma.
Figura_9 Projecção das 41 rabanadas no plano definido pelas duas primeiras
componentes principais, a que foi sobreposta a árvore de conexão mínima para
detecção de distorções locais
Figura_10 Projecção das 41 rabanadas no plano definido pela primeira e
terceira componentes principais, a que foi sobreposta a árvore de conexão
mínima para detecção de distorções locais
Nas Figuras 11 e 12 e no Quadro 12 estão representadas as contribuições das
variáveis para a distribuição espacial das rabanadas.
Figura_11 Projecções das variáveis físicas e de análise de imagem das
rabanadas, no plano definido pelas duas primeiras componentes principais
Figura_12 Projecções das variáveis físicas e de análise de imagem das
rabanadas, no plano definido pela primeira e terceira componentes principais
Quadro_12
Correlação entre as variáveis e as três primeiras componentes principais
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| Variáveis |_________________Componentes_Principais__________________|
|__________________|______1______|__________2__________|__________3__________|
|NoPoro____________|___0.9440____|_______0.1525________|_______0.0932________|
|AminP_____________|___0.3357____|_______-0.5054_______|_______-0.7857_______|
|Poros%____________|___0.8658____|_______0.0372________|_______0.0162________|
|Por-cm2___________|___0.9397____|_______0.1075________|_______0.1142________|
|BIN_MED___________|___0.0186____|_______-0.7671_______|_______0.1762________|
|A_MED_____________|___0.1284____|_______-0.7259_______|_______0.3982________|
|Variância_(%)____|____44.2_____|________23.5_________|________13.8_________|
|Var,_acumulada_(%)|____44.2_____|________67.7_________|________81.5_________|
A primeira componente principal é controlada pelas variáveis de análise de
imagem com excepção da área mínima de poros da barriga (AminP), ou seja,
porosidade (poro%), número de poros por cm2 (Por-cm2) e número de poros
(NoPoro), na segunda componente principal são de maior importância as variáveis
binário máximo (BIN_MED) e o ângulo (A_MED), na terceira componente principal é
dominante a área mínima de poros da barriga (AminP).
Analisando em conjunto as Figuras 9, 10, 11 e 12, verificamos que a primeira
componente principal separa as rabanadas que apresentam valores elevados de
análise de imagem (com excepção da área mínima de poros da barriga AminP)
para o lado direito da Figura 9, daquelas que apresentam valores baixos destes
parâmetros. Por sua vez, a segunda componente principal direcciona para a zona
inferior da mesma figura as rabanadas com valores elevados das variáveis do
ensaio de torção (binário máximo BIN_MED - e ângulo A_MED) colocando-se na
zona superior da figura as rabanadas com valores baixos destes mesmos os
parâmetros.
Se conjugarmos agora a informação das Figuras 10 e 12, verificamos que a área
mínima de poros da barriga (AminP), posiciona as rabanadas com valores deste
parâmetro elevado, na zona inferior do plano definido pelo primeiro e terceiro
eixos principais.
Verificamos assim, que as árvores de boa qualidade da cortiça estão
posicionadas no lado superior esquerdo da Figura 9, enquanto que as de má
qualidade se posicionam no lado direito da mesma figura, o que permite afirmar
que as rabanadas de boa qualidade apresentam valores altos de ângulo de torção
e binário, com valores baixos de número de poros (NoPoro), porosidade (Poro%) e
número de poros por cm2 (Por-cm2).
Em face do exposto e recorrendo à informação fornecida pelas Figuras 8, 9, 10,
11e 12, conjugada com os dados do Quadro_12, propomos uma selecção das
rabanadas de melhor qualidade, para este modelo de gestão nesta herdade
(Herdade de Palma), que se apresenta no Quadro 13.
Quadro 13 Proposta de classificação das rabanadas rolháveis de melhor
qualidade resultante do critério objectivo por métodos de taxonomia numérica,
para a Herdade de Palma
Análise à cortiça não rolhável por modelo de gestão da Herdade de Palma, por
métodos de taxonomia numérica
O número de rabanadas não rolháveis disponíveis para tratamento estatístico
recorrendo a metodologias de taxonomia numérica, é muito escasso pelo que
apresentaremos somente os resultados de análise de imagem, com alguns
comentários que nos pareceram oportunos.
Assim, pela visualização dos resultados apresentados no Quadro 14 para as 9
rabanadas não rolháveis desta herdade, é possível verificar que o número de
cortiças não rolháveis é bastante baixo, pelo que podemos assegurar (pela
informação disponível) que a relação entre rabanadas rolháveis e não rolháveis
é bastante elevada.
Quadro 14 Resultados de análise de imagem às rabanadas não rolháveis da
herdade de Palma Vale Cascos
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|____Amostra_____|___Nopros____|____AminP_____|_____Poro%_____|____Por-cm2____|
|____VC,1,1,3____|_____495_____|___0,18186____|___5,931553____|___6,417706____|
|___VC,1,18,1____|_____301_____|___0,18186____|___19,79728____|___3,425531____|
|___VC,1,18,2____|_____294_____|___0,16532____|___10,78482____|___3,345868____|
|___VC,1,18,3____|_____558_____|___0,16532____|___8,878316____|___6,350321____|
|____VC,1,2,2____|_____203_____|___0,16532____|___4,058996____|___2,801568____|
|___VC,2,13,1____|_____289_____|___0,16532____|___6,282204____|___3,988439____|
|___VC,3,24,2____|_____614_____|___0,18186____|___15,21751____|___7,719028____|
|___VC,4,22,2____|_____204_____|___0,18186____|____7,7159_____|___2,564628____|
|___VC,4,25,3____|_____546_____|___0,18186____|___12,68062____|___7,771043____|
Constatamos ainda que a árvore 18 da parcela 1 não fornece material para a
produção de rolhas e que nos níveis mais elevado do tronco (zona 2 e 3) também
existe um número mais elevado de cortiças que não permitem obter rolhas.
Análise às cortiças por modelo de gestão das duas herdades Herdade da Espirra
e Herdade de Palma, por métodos de taxonomia numérica
Para efectuar esta análise, recorreu-se a uma matriz de dados composta por 220
rabanadas (linhas) das árvores estudadas e com as 4 características de análise
de imagem e o calibre (colunas).
No Quadro 15 indicam-se os valores mínimo, máximo, média e desvio padrão das
variáveis da caracterização física e de análise de imagem das 220 rabanadas em
estudo.
Quadro 15 Valor mínimo, máximo, média e desvio padrão das variáveis físicas e
de análise de imagem das rabanadas, das duas herdades
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|_Variáveis_|____Mínimo___|____Máximo____|_____Média____|_Desvio_Padrão|
|NoPoro______|___11.0000____|___614.0000____|___180.9773____|___120.1378____|
|AminP_______|___0.06383____|____0.1819_____|____0.1306_____|____0.0361_____|
|Poros%______|____0.1028____|____59.8176____|____6.1586_____|____6.3457_____|
|Por-cm2_____|____0.0035____|____11.4356____|____4.0376_____|____2.2476_____|
|Calibre ?___18.7400____|____61.6433____|____37.1865____|____8.6541_____|
As projecções das 220 rabanadas, no plano definido pelos dois primeiros eixos
principais, que em conjunto representam 73,86% da variância total, às quais foi
sobreposta a árvore de conexão mínima (Figura 13).
Figura_13 Projecção das 220 rabanadas no plano definido pelas duas primeiras
componentes principais, a que foi sobreposta a árvore de conexão mínima para
detecção de distorções locais
Na Figura 14 e no Quadro 16 estão representadas as contribuições das variáveis
para a distribuição espacial das rabanadas.
Figura_14 Projecções das variáveis físicas e de análise de imagem das
rabanadas, no plano definido pelas duas primeiras componentes principais
Quadro 16 Correlação entre as variáveis e as três primeiras componentes
principais
A primeira componente principal é controlada pelas variáveis de análise de
imagem, ou seja, porosidade (poro%), número de poros por cm2 (Por-cm2), área
mínima de poros da barriga (AminP) e número de poros (NoPoro), na segunda
componente principal é de maior importância o calibre (Calibre) e na terceira
componente principal têm alguma preponderância novamente as variáveis de
análise de imagem porosidade (poro%), número de poros por cm2 (Por-cm2), área
mínima de poros da barriga (AminP) e número de poros (NoPoro).
Analisando em conjunto as Figuras 13, 14, 15 e 16, verificamos que a primeira
componente principal separa as rabanadas que apresentam valores elevados de
análise de imagem para o lado direito da Figura 13, daquelas que apresentam
valores mais baixos destes parâmetros. Por sua vez, a segunda componente
principal direcciona para a zona inferior da mesma figura as rabanadas com
valores elevados de calibre, colocando-se na zona superior da mesma figura as
rabanadas com valores baixos deste parâmetro.
Figura 15 Projecção das 220 rabanadas no plano definido pela primeira e
terceira componentes principais, a que foi sobreposta a árvore de conexão
mínima para detecção de distorções locais
Figura 16 Projecções das variáveis físicas e de análise de imagem das
rabanadas, no plano definido pela primeira e terceira componentes principais
Se conjugarmos agora a informação das Figuras 15 e 16, verificamos que a área
mínima de poros da barriga (AminP) faz a separação dos dois grandes grupos
apresentados na Figura 15 e não o calibre, com se poderia antever (é ele quem
restringe a selecção primária das cortiças para a produção ou não de rolha). No
entanto, ao efectuarmos a análise conjunta de todas as rabanadas, não estamos a
criar qualquer critério de selecção, pelo que é interessante verificar que a
variável que separa as cortiças é área mínima de poros (AminP)
Verificamos assim, que as árvores de boa qualidade da cortiça estão
posicionadas no lado inferior esquerdo da Figura 15, enquanto que as de má
qualidade se posicionam no lado direito da mesma figura, o que permite afirmar
que as rabanadas de boa qualidade apresentam valores baixos de número de poros
(NoPoro) e de área mínima de poros (AminP).
Se conjugarmos agora, a selecção obtida pelo calibre (variável que limita a
obtenção de rolha), com as variáveis atrás referidas para a selecção de cortiça
de boa e má qualidade e ainda com o modelo de gestão do montado podemos então
obter a súmula que se apresenta no Quadro 17.
Quadro 17 - Conjugação da selecção obtida pelo calibre, com as restantes
variáveis usadas na selecção da qualidade da cortiça e com o modelo de gestão
do montado
Cortiça Tipo de Gestão
MO MRN PMR MPSPI
Total 93,10% 80,00% 79,78% 87,75%
Rolhável Boa 54,17% 0,00% 51,28% 48,78%
Qualidade
Total 6,90% 20,00% 20,22% 12,25%
Não RolháveBoa 75,00% 73,33% 61,22% -([8])
Qualidade
Assim, pela análise do Quadro 17 é possível verificar que numa gestão de
montado ordenado (MO) retirou-se uma maior quantidade de cortiça rolhável,
i.e., a cortiça tem maior calibre. Pelo contrário, o tipo de gestão MPSPI de
Vale Cascos é aquele onde se tem cortiças com menor calibre, o que origina
menor quantidade de cortiça rolhável.
Do mesmo quadro (Quadro 17) podemos ainda constatar que o tipo de gestão MO
(montado ordenado) tem uma maior contribuição para a produção de rolhas de boa
qualidade. Em oposição a esta, encontra-se novamente o montado com o tipo de
gestão MPSPI.
Para as cortiças não rolháveis é mais uma vez o montado ordenado a deter um
valor mais elevado de boas cortiças e o montado com pastagem e regeneração
(PMR) aquele que tem um valor mais baixo de cortiça de boa qualidade não
rolhável (Quadro 17). Fica no entanto a dúvida, se seria novamente o montado
com gestão tipo MPSPI que deteria esta posição, pois a escassez de informação,
não possibilitou efectuar o tratamento de dados que tínhamos preconizado para
este trabalho.
Assim, podemos afirmar que por este estudo, o montado ordenado permite retirar
cortiça com maior calibre e melhor qualidade; assim como, cortiças de melhor
qualidade para os menores calibres, ou seja, este tipo de montado detém
sobreiros que possibilitam a obtenção de rolhas e discos de melhor qualidade.
Conclusões
A classificação objectiva (critério objectivo), baseada na medição das
características físicas e de análise de imagem da cortiça, permite-nos
distinguir:
· As rabanadas de boa qualidade para a produção de rolha apresentam valores
altos de ângulo de torção e binário máximo, com valores baixos de análise de
imagem, com excepção da área mínima dos poros transversais (AminP);
· As rabanadas de boa qualidade mas que não permitem a extracção de rolhas, têm
valores baixos de número de poros da barriga (NoPoro), área mínima de poros
transversais (AminP), porosidade (Poro%) e número de poros por cm2 (Por-cm2);
· Se adicionarmos a informação da variável calibre ao conjunto de parâmetros
de análise de imagem à totalidade das cortiças estudadas, verificamos que a
área mínima de poros da barriga (AminP) faz a separação dos dois grupos
exibidos. Como não efectuamos qualquer restrição no calibre das rabanadas, pelo
que não estamos a criar qualquer critério de selecção, verificamos que a área
mínima de poros (AminP) é a variável que separa as boas das más cortiças, sendo
as rabanadas de boa qualidade, aquelas que apresentam valores baixos de número
de poros (NoPoro) e de área mínima de poros (AminP).
Neste trabalho foi ainda verificado que o montado ordenado permite retirar
cortiça com maior calibre e melhor qualidade; assim como, cortiças de melhor
qualidade para os menores calibres, i.e., este montado possui sobreiros que
permitem a obter rolhas e discos de melhor qualidade das suas cortiças.