Uma nova página
Uma nova página
Raquel Braga*
*Directora da Revista Portuguesa de Clínica Geral
Com este número iniciamos uma nova página da Revista Portuguesa de Clínica
Geral.
A passagem de testemunho, ocorrida no 28.o Encontro Nacional de Clínica Geral,
em Vilamoura, foi plena de simbolismo e entusiasmo.
Em redor de uma mesa larga, as duas equipas reunidas, uma terminando e outra
iniciando funções, reconheceram-se, reorganizaram-se, reviram trajectos e
traçaram novos rumos a seguir.
É com um sentido de grande responsabilidade que recebemos das mãos competentes
do Dr. Faria Vaz e da sua equipa editorial este legado.
A toda esta grande equipa que cessa funções agradecemos o caminho até aqui
percorrido.
Cientes da importância histórica que esta Revista tem vindo a ter para a nossa
Especialidade, desde o seu início em 1984,1 temos consciência, como afirmou o
Dr. Jaime Correia de Sousa, de que esta já atingiu o seu estado adulto,2
consolidado pelo trabalho da anterior equipa, à qual agradecemos ainda a
preparação e concepção do presente número.
Nos últimos anos, a nossa Revista desenvolveu-se e afirmou-se, fruto de um
trabalho empenhado que queremos ver continuado e reforçado.
Nos últimos anos, um número crescente de autores submete artigos com qualidade.
Desde que começamos a tomar contacto com este projecto, temos reflectido acerca
da natureza do processo editorial e da forma de o agilizar, mantendo rigor,
objectividade e promovendo uma atitude didáctica e facilitadora da melhoria da
qualidade dos artigos publicados, já que queremos conferir uma maior celeridade
aos processos de revisão e edição dos artigos.
Pretendemos que esta seja a revista de língua portuguesa na área da Medicina
Geral e Familiar onde todos os Médicos de Família se revejam e encontrem a
possibilidade de publicação dos seus trabalhos, promovendo, através da revisão
interpares, o desenvolvimento do processo de investigação e de redação de
artigos científicos.
Gostaríamos de ver os artigos publicados na nossa Revista mais vezes citados,3
comentados, discutidos, uma vez que essa é a prova da sua importância e
relevância.
É esse o eco que vamos deixando... a marca impressa no futuro.
A nossa ambição para este triénio é obter a indexação da revista na PUBMED bem
como em outras bases, com vista a que a actividade científica divulgada ganhe
mais visibilidade e mais impacto.
Apesar da nossa preocupação acerca da agilização do processo editorial, estamos
cientes que a verdadeira revisão interpares que perdura e surte efeitos é
aquela que é feita após a publicação dos artigos. Esta é a revisão que
realmente interessa – trata-se do processo através do qual o mundo científico
vai decidindo o lugar, na hierarquia da importância, que ocupa um trabalho de
investigação.4
Essa apreciação e validação dos artigos é feita pelos leitores que os comentam,
que os citam e que escrevem acerca deles, por vezes em outras ou na própria
Revista, construindo com isso o que o Dr. Faria Vaz denominou «a alma de uma
Revista».5
A Revista Portuguesa de Clínica Geral tem de definir e afirmar a sua
identidade. Tem de continuar a sua maturação, limar e trabalhar uma série de
detalhes. Tem de se modernizar e crescer. Tem de fazer escolhas (ainda que
controversas ou pouco populares) para caminhar em passos largos para um
reconhecimento externo que já há muito merece.
Desta forma, planeamos terminar com a secção «Dossier», procurando que todos os
artigos publicados sejam de iniciativa do autor. Nesta linha, sempre que
necessário ou adequado publicaremos «Dossiers Temáticos», o que acontecerá
brevemente, com a compilação de uma série de artigos de iniciativa do autor
acerca de «Dependências».
Nesta edição, porém, fechamos este ciclo com um excelente Dossier acerca de
«Adolescência», importante para colmatar lacunas no âmbito da Saúde Infantil e
Juvenil.
De futuro, incentivaremos a publicação de artigos originais de investigação,
bem como a publicação em língua inglesa, ambos requisitos necessários ao
processo de indexação.
É nosso propósito abrir a Revista a novas realidades nacionais e
internacionais...
Agradeço à nova equipa editorial constituída por editores já experientes como a
Clara Fonseca, Daniel Pinto, Helena Beça, Inês Rosendo, Marlene Sousa, Mónica
Granja, Yonah Yaphe e aos outros que nos trazem nova força e vitalidade, como a
Carla Ponte e o Luís Filipe Cavadas, por terem aceite o desafio de manter este
barco em bom rumo.
A exemplo do que o Prof. Armando Brito de Sá fez no seu primeiro editorial como
Director da Revista, há nove anos atrás, prometemos estar atentos aos erros do
passado e tentar cometer apenas erros diferentes...6
Apelamos, por fim, a toda a comunidade científica e particularmente ao nosso
Conselho Científico para que participem, colaborem e estejam atentos e
intervenientes.
De todos nós depende o futuro da Revista Portuguesa de Clínica Geral e hoje não
é um dia qualquer. Hoje é dia de, com novos erros e renovados projectos,
começar a escrever uma nova página...