Utilização de cuidados de saúde pela população idosa portuguesa: uma análise
por género e classes latentes
Introdução
A população mundial está a envelhecer, incluindo a população portuguesa. Em
Portugal, a esperança de vida aos 65 anos passou de 11,9 e 13,8 anos em 1950
para 16,3 e 19,8 anos em 2006, para homens e mulheres, respetivamente. Em 2010,
a população idosa (65 anos ou mais) portuguesa correspondia já a 17,8% da
população total, esperando-se atingir o patamar dos 30% em 20501. Para este
envelhecimento tem sido historicamente determinante o declínio da taxa de
fecundidade, contudo, uma vez atingidos baixos níveis nesta taxa, alterações na
mortalidade e o consequente aumento da esperança de vida assumem também um
papel relevante neste contexto.
O envelhecimento da população coloca vários desafios aos decisores de política
e tem sido apontado como uma das causas, a par de outras, responsável pelo
crescimento das despesas com os cuidados de saúde. Efetivamente, a utilização
destes cuidados tende a aumentar com a idade, acompanhando a deterioração do
estado de saúde dos indivíduos. Os indivíduos mais idosos tendem a apresentar
mais doenças crónicas, bem como comorbilidades e incapacidade, o que faz
aumentar a sua necessidade, e utilização, de cuidados de saúde (embora exista o
argumento de que o impacto da idade sobre a utilização de cuidados de saúde vem
diminuído, uma vez controlado o fator «proximidade da morte», e.g.2).
Neste contexto, torna-se assim importante conhecer as determinantes da
utilização de cuidados de saúde pelos idosos. O objetivo deste trabalho é
identificar essas determinantes e estimar o seu impacto. Em particular, dada a
grande vulnerabilidade deste subgrupo da população a qualquer barreira no
acesso aos cuidados de saúde, é pertinente investigar se persistem fatores,
como o rendimento ou a educação, inibidores da utilização desses cuidados. Por
outro lado, sendo a utilização de cuidados especialmente elevada entre os
indivíduos mais velhos, e num quadro de restrições financeiras crescentes, é
importante verificar se a dupla cobertura de seguro influencia a utilização de
cuidados, criando situações que poderão ser enquadradas como correspondendo ao
fenómeno do risco moral
i
. Apesar da relevância e do interesse antigo e crescente pelo tema da
utilização de cuidados de saúde pelos indivíduos idosos3,4,5,6,7,8,9,10 não se
conhecem à data outros estudos semelhantes para a população (idosa) portuguesa.
Uma das características dos grupos etários mais velhos face a outros é o
desequilíbrio entre homens e mulheres, com as últimas a predominarem quanto
mais se avança na idade. Este dado torna-se pertinente, na medida em que
existem diferenças entre os géneros. O estado civil «viúvo», por exemplo, é
muito mais frequente entre as mulheres (idosas) do que entre os homens
(idosos), devido ao facto de aquelas tenderem a casar com homens mais velhos e
a casarem segunda vez (na sequência de divórcio ou morte do cônjuge) menos
frequentemente do que os homens11. Existem ainda diferenças no percurso
profissional, na acumulação de ativos e no desempenho do papel de cuidadores11.
Estes fatores poderão conduzir a diferentes comportamentos e barreiras na
utilização de cuidados de saúde. Para melhor se apreender e compreender estas
diferenças, procede-se, neste estudo, à análise da utilização de cuidados de
saúde separadamente para a subpopulação dos homens e das mulheres.
Neste estudo identificam-se ainda duas classes de utilizadores de cuidados de
saúde; os utilizadores frequentes e os utilizadores ocasionais. Para isso,
recorre-se à metodologia das classes latentes
ii
já utilizada na análise da utilização de cuidados de saúde da população em
geral (e.g.12,13).
Outra característica da população idosa é a elevada prevalência de indivíduos
dependentes no que diz respeito às suas atividades básicas diárias, sendo assim
extremamente relevante o acesso a cuidados preventivos de modo a evitar, ou
adiar o mais possível, o aparecimento de determinadas condições mais, ou menos,
incapacitantes. Estes cuidados preventivos serão, na generalidade dos casos,
prestados através da rede de cuidados primários e compreendem serviços como a
vacinação e rastreios para deteção precoce de determinadas doenças,
nomeadamente, cancro, hipertensão, colesterol elevado e depressão11. A própria
autoperceção da qualidade de vida relacionada com a saúde, dos idosos, aparece
fortemente associada à utilização de cuidados preventivos15.
A utilização de cuidados de saúde depende da conjugação de diversos fatores
relacionados, por um lado, com o estado de saúde do indivíduo e, por outro, com
a disponibilidade da oferta de cuidados de saúde. Os estudos empíricos sobre a
utilização de cuidados de saúde aparecem, por regra, ancorados no modelo
comportamental proposto por Andersen16, em que as determinantes da utilização
são classificadas em 3 grupos: (i) características sociodemográficas (variáveis
de predisposição), como a idade, que conduzem a uma probabilidade de utilização
de cuidados de saúde mais elevada; (ii) fatores que facilitam ou, pelo
contrário, dificultam ou impedem o acesso aos cuidados de saúde (variáveis de
capacitação), sendo o rendimento um exemplo; e (iii) fatores que refletem a
necessidade de cuidados de saúde (variáveis de necessidade), que serão medidos
através de variáveis proxy como, por exemplo, o número de doenças crónicas. As
variáveis consideradas no modelo empírico e descritas mais adiante inserem-se
nesta classificação. Os dados utilizados neste estudo provêm das duas edições
mais recentes do Inquérito Nacional de Saúde, 1998/99 e 2005/06, fornecendo
informação individual sobre o comportamento de cerca de 15 000 idosos
portugueses.
A esta primeira secção introdutória segue-se a exposição da metodologia
adotada, a descrição dos dados e variáveis, a apresentação dos resultados e,
por fim, a conclusão.
Metodologia
Neste artigo, a variável indicadora do consumo de cuidados de saúde dos idosos
é uma variável inteira e não negativa (y = 0, 1, 2, ), pelo que as
especificações econométricas da família dos modelos de contagem são as
adequadas nesta aplicação. São inúmeras as aplicações de análise de dados que
utilizam modelos de contagem para estudar e analisar a utilização de cuidados
de saúde12,17,18.
Dentro da classe dos modelos de contagem, são diversas as especificações
disponíveis para analisar os dados em contexto de regressão. A adoção de umas
especificações em detrimento de outras depende, entre outras considerações, dos
objetivos estabelecidos na investigação, de aspetos conceptuais e
comportamentais associados aos indivíduos e, ainda, das características da
distribuição da variável dependente. Exemplos de modelos de regressão da
família dos modelos de contagem frequentemente utilizados em aplicações
empíricas em economia da saúde são o modelo de Poisson, o binomial negativo, o
modelo de barreira ou modelo de duas partes (também denominado na literatura
por modelo hurdle), modelos inflacionados no zero, modelos de classes latentes,
entre outras possibilidades. Para um estudo detalhado e completo acerca da
utilização de modelos de contagem em contexto de regressão consultar, entre
muitos outros19,20.
Combinando os objetivos estabelecidos nesta investigação com as características
da variável dependente, que apresenta uma distribuição assimétrica positiva,
uma cauda direita longa e sobredispersão, os modelos adotados neste artigo para
analisar a utilização de cuidados de saúde dos idosos são os modelos de classes
latentes. Estes tipos de modelos têm sido aplicados com frequência, e também
com assinalável êxito, na análise de utilização de cuidados de
saúde13,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30. Os modelos de classes latentes (MCL),
também denominados de modelos de mistura finita (MFF), apresentam, entre outras
características que os tornam relevantes para este tipo de análises, a
particularidade de incorporarem a heterogeneidade individual não observada na
especificação do modelo.
Assuma-se que a população dos idosos, na utilização de cuidados de saúde, é
composta por M subpopulações latentes, não observadas a priori, em proporções
(desconhecidas) π1, π2, ..., πM. Estas proporções são tais que . Admita-se
ainda que, condicional a cada subpopulação latente, o modelo gerador da
utilização de cuidados de saúde dos idosos é dado pela função de probabilidade
que é uma função de probabilidade adequada para modelos de contagem.
Não condicional à classe latente a que o indivíduo pertence, a função de
probabilidade da variável dependente yi é dada por,
em que as funções de probabilidade se denominam por distribuições componentes
da mistura.
A especificação apresentada apenas fica completa após a determinação do número
de classes latentes, assim como a escolha das distribuições componentes da
mistura, ou seja, das distribuições que governam a utilização de cuidados de
saúde em cada uma das M classes latentes que constituem a mistura. A função de
probabilidade h (.) adotada mais frequentemente em aplicações em economia da
saúde pertence à família das distribuições binomiais negativas com média
condicional exponencial. A função de probabilidade é dada por:
onde representa a função Gamma, é a esperança matemática e , sendo c uma
constante. O parâmetro é o parâmetro de dispersão do modelo, que converge para
o modelo de Poisson quando α=0. A variância é dada por que, como se pode
observar, é função da média e que, quando α=0, a média coincide com a
variância. Impondo c = 0 ou c = 1, obtêm-se diferentes modelos da família das
distribuições binomiais negativas. Para c = 0 temos o modelo binomial negativo
tipo 2 (NB2) e para c = 1 temos o modelo binomial negativo tipo 1 (NB1). Nesta
aplicação utilizámos modelos da família NB218,21,22,23,29.
A utilização do modelo MCL requer ainda que se escolha o número de classes
latentes. Neste trabalho consideramos apenas modelos com duas classes latentes.
Os resultados empíricos obtidos na literatura sugerem que duas classes são
suficientes para um bom ajustamento estatístico21,22,23,25,26,28. Para além
disso, modelos com 3 ou mais classes são difíceis de estimar, devido ao elevado
número de parâmetros envolvidos e ao facto de a forma funcional da função de
verosimilhança logaritmizada que não apresenta boas propriedades matemáticas
que facilitem o processo de otimização, por exemplo, ser uma função côncava. As
especificações da família dos modelos de classes latentes fornecem uma
representação natural e intuitiva da heterogeneidade não observada num número
finito de classes latentes, em que cada uma delas pode ser vista como um grupo
de indivíduos que partilham certas características não observadas19. A geração
das classes, ou segmentos da população, é motivada por fatores que contribuem
para explicar a utilização de cuidados de saúde, mas que não são observados.
Em suma, nesta aplicação empírica a utilização de cuidados de saúde dos idosos
é analisada adotando o seguinte processo gerador de dados:
Condicional na classe latente, o modelo probabilístico que governa a variável
dependente é dado pela seguinte função de probabilidade:
Para além disso, condicional a cada uma das classes latentes, a média da
variável dependente é dada por:
Na aplicação desenvolvida neste artigo, admitimos que todos os parâmetros
caracterizadores dos modelos que governam a utilização de consultas médicas em
cada uma das classes latentes são diferentes. Em termos intuitivos, isto
significa que estamos a admitir, entre outras coisas, que as variáveis
independentes apresentam efeitos diferenciados na utilização de consultas por
classe latente. Note-se que esta é uma especificação abrangente, pois não está
a impor, a priori, quaisquer restrições aos parâmetros de cada uma das classes
latentes.
Todos os modelos são estimados utilizando o método da máxima verosimilhança e
recorrendo a programação do modelo em Stata 10. Todas as etapas pós-estimação,
testes de especificação e de hipóteses, cálculo de valores marginais, etc. são
efetuados recorrendo, igualmente, ao Stata 10.
Dados e variáveis
Os dados utilizados neste artigo são provenientes das duas últimas edições do
Inquérito Nacional de Saúde (INS), realizados nos anos de 1998/1999 e de 2005/
2006. O Inquérito Nacional de Saúde é um instrumento que recolhe informação
demográfica e socioeconómica, que reflete o estado de saúde dos indivíduos,
assim como informação acerca da utilização de cuidados de saúde, estilos de
vida e de outros comportamentos relacionados com a saúde dos indivíduos.
Relativamente ao INS 1998/1999, a população abrangida é constituída por 21808
unidades de alojamento correspondendo a 48606 indivíduos. Por outro lado, a 4.º
edição do INS, referente aos anos 2005/2006 recolheu informação acerca de 19
950 unidades de alojamento, o que corresponde a 41 195 indivíduos. A fusão da
informação das duas bases de dados fornece informação individual de,
aproximadamente, 89800 indivíduos. Neste artigo estamos interessados em
investigar os fatores determinantes do consumo de cuidados de saúde da
população idosa, definida como os indivíduos com 65 anos ou mais, pelo que a
dimensão final da base de dados para análise estatística é de 15 680
observações.
A variável dependente adotada como indicadora do consumo de cuidados de saúde
dos idosos é o número de consultas efetuadas nos 3 meses anteriores à
administração do questionário (variável designada por y). Este número inclui
todos os tipos de consultas médicas independentemente da natureza do prestador
ou especialidade.
A Figura 1 apresenta a distribuição observada do número de consultas para toda
a população idosa e por género. Cerca de 34% dos idosos do sexo masculino não
consultou o médico nos últimos 3 meses. Essa proporção baixa para cerca dos 27%
quando se considera a população das mulheres.
Figura 1. Número de consultas por género.
Um primeiro aspeto a notar nesta distribuição é que o comportamento de homens e
mulheres na utilização de consultas médicas difere (utilização como sinónimo de
acesso). Na Figura 1 observa-se com facilidade que a probabilidade de não
consultar o médico num período de 3 meses é substancialmente maior para os
homens, relativamente às mulheres, e que a proporção de mulheres que procuram o
médico entre uma e 6 vezes é maior relativamente à utilização observada nos
homens. Em suma, o que estes resultados preliminares sugerem é que o padrão de
utilização de consultas médicas difere entre homens e mulheres idosos.
Para uma análise mais completa da utilização de cuidados médicos por género, a
Tabela 1 resume algumas características da distribuição do número de consultas
da população idosa.
Tabela 1 - Número de consultas nos últimos 3 meses da população idosa:
estatísticas descritivas
Dependendo da população (masculina/feminina) e do período analisado, o número
médio de consultas situa-se entre 1,5 e 1,9 por período de 3 meses. Em todas as
situações consideradas, o número máximo de consultas é de 30 e o mínimo de 0.
Das estatísticas descritivas apresentadas, é ainda possível constatar que,
entre 1998 e 2005, o número médio de consultas diminuiu, sendo este padrão
semelhante independentemente da população analisada. Relativamente à comparação
entre géneros, que é um aspeto relevante neste estudo, os dados confirmam o
padrão usualmente reportado pela literatura, que indica que os indivíduos do
sexo masculino procuram o médico com menor frequência relativamente aos do sexo
feminino.
No que concerne ao grau de dispersão das distribuições em causa, verifica-se
que o desvio padrão se situa sempre acima de 2, o que equivale a uma variância
acima de 4. Tendo em conta a relação entre a média e a variância, podemos
concluir pela propriedade de sobredispersão da variável dependente, fenómeno
que é indicador da presença de heterogeneidade não observada. Este é um
indicador de que os modelos de classes latentes, tal como se observou na secção
anterior, são os mais apropriados para modelar a procura de cuidados de saúde.
Os fatores determinantes da utilização de consultas médicas considerados neste
estudo são apresentados na Tabela 2. Tal como se referiu na introdução, a
decisão de utilizar cuidados de saúde é influenciada por uma multiplicidade de
fatores relacionados, por um lado, com o estado de saúde do indivíduo e, por
outro, com a disponibilidade da oferta de cuidados de saúde. Assim, e em função
do modelo proposto por Andersen16, o modelo empírico inclui variáveis que
refletem a região de residência do indivíduo, a idade, o estado civil, o nível
de escolaridade, a situação de atividade e o rendimento do indivíduo. No
conjunto de variáveis de controlo, incluímos ainda as indicadoras do estado de
saúde dos indivíduos. É importante referir que não incluímos, ao contrário do
que é comum neste tipo de análises, o estado de saúde autoavaliado, pois a
inclusão destas variáveis em modelos econométricos desta natureza levanta
preocupações de endogeneidade31. Consideramos que as variáveis para refletir o
estado de saúde incluídas no modelo são suficientes para controlar a maior
parte da heterogeneidade na saúde dos indivíduos. Por outro lado, o modelo
adotado para analisar o fenómeno também apresenta uma especificação apropriada
para incorporar explicitamente a heterogeneidade não observada.
Tabela 2 - Designação e definição das variáveis independentes
As variáveis que controlam para a «região de residência» do indivíduo são
incluídas para captar o efeito de diferentes preferências e/ou diferenças na
oferta de cuidados. A variável idade é incluída no modelo para controlo da taxa
de depreciação do stock de saúde, que aumenta com a idade, e com o consequente
aumento na utilização de consultas. A idade ao quadrado é incluída na lista de
regressores para considerar a hipótese da existência de efeitos não lineares
entre a idade e a utilização de cuidados de saúde.
Relativamente à variável rendimento, esta foi construída a partir das classes
de rendimento de cada agregado familiar. Para cada agregado familiar, calculou-
se o número de adultos equivalentes, utilizando a escala modificada da OCDE que
atribui uma ponderação de 1 ao primeiro adulto do agregado familiar e de 0,5
aos restantes, sendo as crianças (< 14 anos) ponderadas com 0,3, o que nos
permitiu calcular o rendimento por adulto equivalente. Considerou-se a marca da
classe como representativa do rendimento do agregado familiar. O rendimento é
considerado uma das variáveis de capacitação do modelo de Andersen16,
esperando-se que, a ter impacto na utilização de cuidados de saúde, este seja
positivo (rendimentos mais elevados representarão maior capacidade de pagar,
logo, uma maior utilização de consultas). O estado civil pode afetar a
utilização de cuidados de saúde pelas diferenças na taxa de depreciação de
saúde e na quantidade e tipo de informação que se verifica entre os diferentes
estados civis. Por exemplo, no caso de indivíduos casados, pode defender-se que
há uma decisão conjunta partilhada pelos membros do casal, e também pelo facto
de o consumo conter externalidades: as consequências de procurar, ou não,
cuidados de saúde podem afetar significativamente o bem-estar do outro membro
do casal.
O facto de viver só (variável «viveso») pode também ter impacto diverso, isto
é, o facto de viver só pode funcionar como um incentivo para ir a uma consulta
médica pelo contacto social que proporciona; já no caso dos indivíduos mais
doentes, e sobretudo tendo em atenção que estamos a falar de indivíduos idosos,
viver só pode mesmo funcionar como uma barreira à utilização.
O efeito esperado da educação é indeterminado a priori, isto porque, por um
lado, mais escolaridade representa mais informação e eventualmente maior valor
atribuído à saúde e, desse modo, esperar-se-ia um efeito positivo sobre a
utilização de cuidados. Mas, por outro lado, mais educação pode também
representar maior eficiência na produção de saúde e melhor aprendizagem em
termos de gestão de doenças crónicas e, logo, menor necessidade de cuidados32.
Por outro lado, espera-se que variáveis que reflitam menores (maiores) custos
de oportunidade da utilização de cuidados de saúde tenham um impacto positivo
(negativo) sobre a utilização (por exemplo, ser reformado, em princípio,
representa maior disponibilidade de tempo, logo, menor custo de oportunidade).
O efeito esperado de todas as variáveis indicadoras do estado de saúde e, desse
modo, indicadoras da necessidade de cuidados, será positivo conforme se trate
da presença de doenças ou da adoção de estilos de vida saudáveis (e.g. não
fumar).
O efeito esperado do tipo de cobertura de seguro, neste caso, ter apenas a
cobertura do SNS, é negativo. Dizê-lo é o mesmo que admitir que indivíduos com
dupla cobertura de seguro (aqueles que, além do SNS, que é universal, também
são cobertos por subsistemas, como ADSE, SAMS, entre outros) utilizam mais
cuidados de saúde. Este fenómeno pode ser entendido como risco moral.
A Tabela 3 apresenta estatísticas descritivas das variáveis independentes que
foram incluídas no modelo de regressão e que se consideram como potencialmente
explicadoras da utilização de consultas médicas para a população idosa
portuguesa.
Tabela 3 - Estatísticas descritivas das variáveis independentes
Relativamente à Tabela 3, uma primeira nota de relevo é o facto de as
diferenças entre homens e mulheres serem estatisticamente significativas (p <
0,01), com exceção das variáveis Norte, Centro, Asma e IMC, que não apresentam
diferenças estatisticamente significativas.
No que concerne aos valores sumários apresentados, confirma-se que o estado
civil casado tem maior representatividade no grupo dos homens do que nas
mulheres, ocorrendo o inverso com o estado civil viúvo. Talvez por esse facto,
há uma maior percentagem de mulheres idosas que vivem só. O número médio de
anos de estudo é de 3,4 para os homens, sendo inferior para as mulheres (2,2).
Em termos de ocupação, também há diferenças significativas, verificando-se que
a percentagem de mulheres trabalhadoras nesta faixa etária é, diferentemente
dos homens, praticamente nula. O mesmo acontece aos homens no caso da ocupação
«doméstica». SNS é o tipo de seguro preponderante entre os idosos. No
respeitante a variáveis indicadores do estado de saúde, cerca de metade das
mulheres sentiu-se doente ou sofre de dor crónica, sendo estas percentagens
inferiores no caso dos homens. Há mais fumadores entre os homens idosos, mas
estes apresentam um menor número médio de doenças crónicas (1,12 que compara
com 1,38 para as mulheres). Por fim, o rendimento médio dos homens é superior
ao das mulheres, sendo o rendimento médio para toda a população idosa igual a
377 euros.
Em resumo, todos os modelos estimados, cujos resultados são apresentados na
secção seguinte, incluem uma componente linear do tipo:
O ano de referência é o ano de 1998. Dada a especificação exponencial da média
é fácil concluir que o parâmetro da variável (logaritmo do) rendimento (β22,k)
representa a elasticidade da utilização relativamente ao rendimento.
Resultados
Nesta secção, apresentam-se e discutem-se os resultados do modelo de classes
latentes estimado (duas classes com distribuições componentes binomial negativa
2). Começamos por apresentar os resultados de alguns testes de hipóteses
relativos a alguns parâmetros do modelo. De seguida, apresentamos estimativas
de alguns parâmetros que nos ajudam a interpretar e a caracterizar as classes
latentes, continuando com uma análise do efeito individual das variáveis
independentes na utilização de consultas em cada uma das classes latentes.
A primeira hipótese testada foi para avaliar se, conjuntamente, o efeito das
variáveis independentes na utilização média de consultas é estatisticamente
igual em ambas as classes latentes, ou seja, o efeito conjunto das variáveis
não difere entre as classes latentes. Estatisticamente, a hipótese é formulada
da seguinte forma:
O teste efetuado foi um teste de Wald. Para ambos os géneros, a hipótese nula
é rejeitada (Homens , p<0,01; Mulheres , p<0,01). De seguida, efetuou-se um
outro teste, semelhante ao anterior na sua formulação, mas condicionando no
tipo de variáveis incluídas no teste. Colocou-se a questão de saber se as
variáveis de estado de saúde, quando consideradas conjuntamente, apresentavam
igual impacto na utilização média de consultas em cada uma das classes
latentes. As variáveis de estado de saúde consideradas no teste são IMC,
Doente, Diab, Ht, NudCron e NaoFuma. Para ambos os géneros, a hipótese nula é
rejeitada, o que significa que as componentes observadas do estado de saúde
individual têm um efeito diverso em função da classe latente em que estão
incluídas (Homens , p < 0,01; Mulheres , p < 0,01).
A Tabela 4 apresenta uma estimativa, gerada pelo modelo, do número médio de
consultas, evidenciando algumas diferenças entre os géneros. Para a população
(idosa) em geral, a média nos homens (1,70) é ligeiramente inferior àquela
estimada para a população das mulheres (1,83); contudo, é na divisão por
classes latentes que as diferenças são mais notórias e com maior interesse
económico. A repartição dos utilizadores segundo a frequência de utilização de
consultas difere ligeiramente entre homens e mulheres, correspondendo a classe
dos utilizadores frequentes a 12% da população, no caso dos homens, o que
compara com 14% para as mulheres. No grupo dos utilizadores ocasionais, o
número médio de consultas é superior no caso das mulheres, comparado com os
homens. A utilização média dos utilizadores frequentes é, no entanto, inferior
nas mulheres (3,15 consultas e 4,07 consultas para os homens). Os resultados
que vêm sendo relatados na literatura indicam, de facto, que as mulheres
utilizam mais cuidados do que os homens. Mas também se diz que os homens tendem
a esperar mais até tomarem a decisão de procurar cuidados e que, quando o
fazem, a sua necessidade entretanto aumentou22,33. Assim, faz sentido que, no
contexto de indivíduos mais saudáveis, a procura seja maior entre as mulheres,
ocorrendo o inverso na classe dos indivíduos mais doentes.
Tabela 4 - Consultas por género e classe latente: média, mediana, primeiro e
terceiro quartis
Em termos de diferenças de utilização entre classes latentes, dentro de cada
género, no caso dos homens, os utilizadores frequentes apresentam uma média
sensivelmente 2,95 vezes superior à média dos pequenos utilizadores, enquanto,
no caso das mulheres, a média dos utilizadores frequentes é 1,94 vezes superior
à média dos utilizadores ocasionais. Apesar destas diferenças entre classes, os
valores obtidos por estudo anterior13 para a população geral são mais díspares:
4,29 e 1,13 para utilizadores frequentes e ocasionais, respetivamente. Ou seja,
embora o modelo de classes latentes tenha gerado duas classes latentes (por
género) que se distinguem quanto à frequência de utilização, as diferenças
entre classes são menos acentuadas na subpopulação dos idosos, o que é
compreensível por se tratar de um grupo da população com utilização
relativamente mais elevada. Ainda assim, pela Tabela 4, constata-se que 50% dos
utilizadores ocasionais do género feminino apresenta uma utilização entre 1,15
e 1,99 consultas, enquanto nos utilizadores frequentes, 50% destes apresenta
uma utilização que se situa entre 2,04 e 4,02 consultas. Para os homens, o
terceiro quartil relativo aos utilizadores ocasionais corresponde a 1,72
consultas, o que fica abaixo do primeiro quartil relativo aos utilizadores
frequentes (2,38 consultas). Por fim, salienta-se a maior representatividade
das mulheres (cerca de mais 30%) nesta amostra de indivíduos idosos, refletindo
a maior prevalência deste género nas faixas etárias acima dos 65 anos.
A Tabela 5 apresenta o impacto de diversas variáveis sobre a utilização de
consultas médicas por género e classe latente.
Tabela 5 - Impacto das variáveis independentes sobre utilização de consultas
médicas, por género e classe latente
Dadas as diferenças encontradas, torna-se difícil extrair um padrão geral de
utilização de cuidados de saúde a partir da Tabela 5. Ainda assim, constata-se
que, em geral, as variáveis indicadoras da necessidade de cuidados de saúde
tendem a apresentar coeficientes positivos, embora existam exceções, contudo,
não significativas do ponto de vista estatístico.
O possível impacto do rendimento sobre a utilização de cuidados de saúde tem
constituído uma das preocupações principais das autoridades de política e tem
sido alvo de inúmeros estudos. Aqui, esta variável surge com três coeficientes
positivos como esperado, mas nenhum se revela estatisticamente significativo,
tanto no grupo dos utilizadores frequentes como nos ocasionais e
independentemente do género, não se podendo assim concluir que o rendimento
funcione como fator facilitador para a utilização de cuidados. Este resultado
não nos deve surpreender, dada a organização do nosso sistema de saúde, baseado
num Serviço Nacional de Saúde de acesso universal e praticamente gratuito no
ponto de consumo, e dada a população em estudo, idosos que, pode-se defender,
utilizam maioritariamente as consultas do SNS.
A região de residência, pelo contrário, parece ter alguma influência na
utilização, surgindo quase todas as regiões com coeficientes positivos,
indiciando maior utilização face à região excluída (Algarve). A idade e algumas
outras variáveis relativas ao estado civil e situação profissional apresentam
resultados mistos. O ano de inquérito, 2005, apresenta coeficientes negativos
face a 1998, em linha com as diferenças no número de consultas médio, atrás
referidas. Estes coeficientes não são, contudo, estatisticamente
significativos. Globalmente, o conjunto dos pequenos utilizadores, homens e
mulheres, apresenta a maior parte das variáveis estatisticamente significativas
(17 num total de 29). Este resultado vai ao encontro de estudos anteriores que
adotaram a metodologia das classes latentes, uma vez que se espera que, no caso
dos utilizadores frequentes e dada a maior necessidade, as eventuais barreiras
à utilização tendam a ser ultrapassadas, ainda que com maior ou menor esforço
por parte dos indivíduos.
Feita esta leitura global, passemos então a analisar com maior detalhe os
resultados, socorrendo-nos também da Tabela 6 que fornece informação sobre os
efeitos marginais das variáveis independentes sobre a utilização de consultas.
No grupo dos utilizadores ocasionais, o impacto da região de residência sobre a
utilização é sempre positivo para homens e mulheres. Entre as várias regiões, é
no Centro que aquele impacto é mais elevado, verificando-se também que os
coeficientes para as mulheres são mais elevados do que para os homens.
Excluindo o Norte e Alentejo/homens, todos os coeficientes são significativos;
a residência aparece assim como um elemento mais ou menos facilitador da
utilização. Quando se analisa o efeito desta variável no grupo dos utilizadores
frequentes surgem três coeficientes com sinal negativo, contudo, deixam todos
de ser estatisticamente significativos, tanto para os homens como para as
mulheres.
Tabela_6 - Estimativas dos efeitos marginais médios das variáveis independentes
para cada uma das classes
O efeito da variável idade, dependendo da especificação utilizada, tanto pode
ser positivo como negativo. Desta multiplicidade de resultados ressalta o facto
de esta variável não ser significativa em nenhum caso. Embora se espere um
efeito positivo da idade sobre a utilização de cuidados de saúde, há que ter em
conta que a amostra deste estudo diz respeito aos idosos, concluindo-se assim
que, dentro desta subpopulação, a idade deixa de ser uma determinante da
utilização; deverão ser as variáveis do estado de saúde a captar as diferenças
na utilização decorrentes de diferentes níveis de necessidade entre os
indivíduos.
O efeito do estado civil «viúvo», bem como «casado» é positivo, com exceção das
mulheres no grupo dos grandes utilizadores. Estes coeficientes não são,
todavia, estatisticamente significativos. Viver só tem impacto distinto sobre a
utilização de cuidados consoante o género e a classe latente. Deste modo, no
grupo dos pequenos utilizadores, o efeito de viver só é negativo para os homens
e positivo para as mulheres, sendo sempre negativo na classe dos grandes
utilizadores. Os coeficientes são significativos apenas para as mulheres no
grupo dos utilizadores ocasionais, prevalecendo assim o efeito de motivação
para consultar o médico.
A educação tem um efeito positivo na classe dos utilizadores pouco frequentes e
homens grandes utilizadores e negativo na classe dos grandes utilizadores/
mulheres. Apenas o coeficiente para os pequenos utilizadores do sexo masculino
é significativo. Sobressai assim o efeito positivo da informação, nos
indivíduos saudáveis, não se verificando o efeito negativo, atrás discutido, da
eficiência na produção de saúde.
Os indivíduos que no inquérito afirmaram ter trabalhado nas duas semanas
anteriores utilizam menos cuidados. É de realçar o facto de os coeficientes
serem estatisticamente significativos para as mulheres, nas duas classes
latentes, e ainda para os homens pequenos utilizadores. É de sublinhar também o
valor elevado do coeficiente para as mulheres no grupo dos grandes
utilizadores. No grupo dos utilizadores pouco frequentes (mais saudáveis), é
aceitável que o custo de oportunidade de ir a uma consulta, o qual é maior para
quem trabalha, exerça um efeito negativo sobre a utilização. Mas os resultados
indicam que este efeito é ainda mais forte para o caso de indivíduos mais
doentes, podendo tratar-se efetivamente de uma barreira à utilização, o que é
pertinente num contexto em que se continua a discutir o alargamento da idade da
reforma.
Ser doméstica tem sobretudo efeito negativo sobre a utilização de cuidados,
sendo significativo para os indivíduos do sexo feminino, nas duas classes.
Estranhamente, o valor é relativamente elevado na classe dos utilizadores
frequentes. Ser reformado, e apesar de se esperar um efeito positivo sobre a
utilização via menores custos de oportunidade, tem um efeito negativo.
Provavelmente por se tratar de uma amostra de indivíduos com idade igual ou
superior a 65 anos, coincidente em muitos casos com o início da reforma, esta
variável não é significativa em três casos.
A variável «doente», que diz respeito aos indivíduos que se sentiram doentes
nas duas últimas semanas anteriores ao inquérito, não só apresenta coeficientes
positivos nas duas classes e géneros, como também é significativa em todos os
casos, sendo de resto a única variável da Tabela_6 em que tal acontece. O
número de doenças crónicas tem um efeito positivo (com exceção das mulheres, na
classe dos grandes utilizadores), sendo significativo para o grupo de
utilizadores pouco frequentes. Sofrer de dor crónica tem um efeito
inesperadamente negativo sobre a utilização de cuidados, no grupo dos
utilizadores ocasionais, sendo mesmo significativo para os homens. No caso dos
utilizadores frequentes, o efeito já é positivo, embora não significativo.
Sofrer de diabetes tem o efeito positivo, que era expectável, em três casos,
embora o coeficiente nunca se afigure estatisticamente significativo. A asma e
a hipertensão não têm impacto significativo sobre a utilização e aparecem até
dois sinais negativos. Um IMC superior a 30 tem um efeito quase nulo em três
situações, sendo curiosamente significativo num caso em que o sinal é negativo
(homens/utilizadores frequentes). Não fumar apresenta três sinais positivos,
contrariamente ao esperado, sendo significativo para homens no grupo de
pequenos utilizadores e mulheres/utilizadores frequentes. Estes resultados
sugerem a ausência de efeitos significativos de diversos fatores de risco (como
hipertensão ou obesidade) sobre a utilização de consultas. Este dado é em certa
medida preocupante face à relevância, referida na introdução, da prevenção
veiculada através dos cuidados primários e destinada à população idosa.
Tal como já foi referido, o rendimento e o ano de inquérito não têm impacto
significativo sobre a utilização, com o primeiro a apresentar coeficientes
nulos. Ter apenas a cobertura do Serviço Nacional de Saúde apresenta o efeito
negativo (como esperado) sobre a utilização, mas nenhum coeficiente é
estatisticamente diferente de zero. Este resultado não permite, assim, concluir
que a dupla cobertura de seguro tenha impacto sobre a utilização de consultas,
ou seja, não permite concluir que se verifica o fenómeno de risco moral entre
os idosos e para este tipo de cuidados médicos.
Conclusões
Neste estudo, procurou-se compreender o comportamento da população idosa
portuguesa no que concerne à utilização de cuidados médicos, neste caso, medida
através do número de consultas médicas.
A metodologia utilizada evidenciou algumas diferenças entre géneros e classes
latentes de utilizadores, surgindo as mulheres com maior nível de utilização,
embora na divisão por classes latentes, sendo os homens que aparecem com maior
utilização na classe dos grandes utilizadores. Os efeitos das diversas
variáveis independentes também diferem em muitas situações entre a amostra
feminina e a masculina. Medidas de política de saúde destinadas a idosos devem
assim ter em conta os diferentes impactos consoante o género e tipo de
utilizador.
Das variáveis estudadas, destaca-se a predominância de efeitos significativos
no caso dos utilizadores pouco frequentes, devendo ser dada atenção a este
grupo, em que fatores como a residência, educação, estatuto profissional e
viver só parecem ter impacto sobre a utilização, podendo assim constituir
barreiras no acesso aos cuidados médicos. Ao invés, fatores de risco,
relacionados nomeadamente com doenças cardiovasculares (que são a principal
causa de morte em Portugal) parecem estar a influenciar pouco a utilização de
cuidados preventivos. Neste caso, medidas de descriminação positiva dirigidas a
indivíduos idosos devem ser ponderadas.
No caso dos utilizadores frequentes, no geral as variáveis revelaram-se não
significativas, seguindo a tendência dos estudos que adotam a metodologia das
classes latentes. Destaca-se o efeito negativo e significativo que se verifica
no caso das mulheres que se encontravam a trabalhar aquando da administração do
inquérito. Este é um resultado pertinente, tendo em conta a discussão sempre em
aberto do alargamento da idade da reforma.
Os resultados sugerem a ausência de qualquer efeito do rendimento sobre a
utilização de consultas, bem como a inexistência de risco moral resultante da
dupla cobertura de seguro. A respeito destes dois últimos resultados, refira-
se, no entanto, que o INS não distingue as consultas de clínica geral das
consultas de especialidade, pelo que tanto o efeito do rendimento como o efeito
da dupla cobertura poderão ser diferentes caso se considere o tipo de
consultas. Existem também outras variáveis potencialmente relevantes para
explicar a utilização de cuidados médicos pelos idosos mas que não são
incluídas no INS, como, por exemplo, os cuidados informais que os idosos
recebem de familiares e amigos. Além disso, pode fazer sentido tratar o
agregado familiar (os dois cônjuges, quando se aplica) como a unidade de
análise, dada a partilha de estilos de vida e efeitos cruzados do estado de
saúde.
As políticas de saúde e sociais têm de ser redesenhadas num contexto de
envelhecimento crescente da população e pressão contínua sobre os custos no
setor da saúde, ao mesmo tempo que o Estado é confrontado com a necessidade de
contenção da despesa pública. Torna-se assim relevante prosseguir esta linha de
investigação, de modo a identificar-se pontos críticos para a atuação seletiva
das autoridades.