História natural dos tumores mesenquimatosos
História natural dos tumores mesenquimatosos
Natural history of mesenchymal tumors
Hermano Santos, F. Castro-Poças, Paula Lago, Teresa Moreira, Jorge Areias
Agradecemos o interesse e os comentários, da Dr.ª Helena Lomba Viana e do Prof.
Doutor António Alberto Santos, ao nosso artigo, recentemente publicado,
“História natural dos tumores mesenquimatosos do tubo digestivo superior e
ecoendoscopia”. Efectivamente a decisão terapêutica em muitos doentes com
tumores mesenquimatosos digestivos continua difícil e controversa. Entre os
vários motivos que são apontados, está o relativo desconhecimento da história
natural destas lesões. O trabalho publicado teve apenas como objectivo ajudar a
definir essa evolução, servindo-nos para isso, da análise retrospectiva do
seguimento por ecoendoscopia de 82 doentes. Concluímos, à semelhança doutros
trabalhos recentes, que apenas uma minoria dos tumores sem clara indicação
cirúrgica no momento do diagnóstico altera as suas características
ecoendoscópicas ao longo do tempo1-4.
Além disso, concordamos que a avaliação de algumas dessas características, tais
como a dimensão ou a heterogeneidade, é subjectiva. Por outro lado, ainda, tal
como no trabalho de Bruno e colaboradores2, também na nossa série nenhum dos
quatro doentes operados apresentava lesões de alto risco de malignidade.
A pergunta seguinte deverá ser: “qual o significado clínico da alteração das
características ecoendoscópicas que têm sustentado grande parte das decisões de
vigilância / exérese destas pequenas lesões?”. A resposta é, no presente, outro
motivo de controvérsia. Para Jenssen e colaboradores, lesões com aumento de
dimensão e alterações ecoestruturais deverão ser consideradas para cirurgia5.
Outros autores nomeiam a dimensão maior, a heterogeneidade e a irregularidade
dos contornos como factores associados a malignidade6-8.
Naturalmente que as decisões terão de ser consideradas individualmente e de
atender a muitos outros aspectos, mas, apesar de todas as dúvidas e limitações
da ecoendoscopia e da punção / biópsia, concordamos com o Prof. Doutor José
Manuel Pontes quando escreve, no editorial do número anterior do GE, “enquanto
não for clarificado o papel da imunohistoquímica e da análise molecular /
genética nas amostras obtidas por punção na determinação do potencial maligno
dos GIST, a decisão continuará a depender das características morfológicas
avaliadas por EUS”.