A amamentação nos manuais escolares de estudo do meio do 1º ciclo do ensino
básico
Introdução
A amamentação é um acto natural que requer uma aprendizagem precoce (Galvão,
2006) e a importância de difundir informações sobre amamentação à criança de
idade escolar, dos dois sexos, assenta na ideia de que a escola representa o
espaço de aquisição de conhecimentos que tendem a perpetuar-se e a influenciar
as atitudes na vida adulta. A introdução deste tema na escola é uma forma
privilegiada das crianças se familiarizarem com esta prática (Sucupira e
Pereira, 2008), dado que, por vezes, existe distanciamento das suas famílias em
relação a este processo. O material didáctico, sendo um veículo essencial para
se transmitir a importância do leite materno acaba, na ideia de Costa e Silva
(2008), por configurar-se como um espaço de oportunidades desperdiçadas; quando
não se enfatiza a sua importância; se excluem os seres humanos da classe dos
mamíferos; se relaciona a alimentação infantil com o uso de biberões; e se
retira o aleitamento materno dos projectos pedagógicos.
Conhecer a forma como a amamentação é abordada nos manuais escolares das
crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico, e o que aprendem na escola sobre este
tema, foram os objectivos de realização do estudo que se desenvolveu em
estabelecimentos de ensino públicos portugueses. Analisaram-se 19 manuais
escolares, adoptados na disciplina de Estudo do Meio do 1º ao 4º ano de
escolaridade, nas 73 escolas de seis agrupamentos de escolas, de três concelhos
da área educativa de Coimbra, por forma a, despertar para a necessidade de
implementação de medidas promotoras da amamentação desde a infância, contribuir
para a protecção, promoção e suporte da amamentação, considerando-a uma
prioridade de saúde pública e contribuir, de forma sustentada, na evidência
científica para um regresso à cultura do aleitamento materno.
Enquadramento teórico
Ao longo da história as mulheres sempre amamentaram os seus filhos, com
diferentes resultados consoante a época ou situação cultural, todavia, podemos
afirmar que o aleitamento materno tem sido sujeito a modas. Primeiro uma coisa
natural e inquestionável, tornou-se depois algo de absurdo e desprezível para
as mulheres de classes sociais elevadas, ou que a elas aspirassem.
Atualmente, verifica-se a nível mundial que a prática da amamentação está muito
longe de corresponder ao preconizado pela OMS (1994) - que recomenda a
amamentação exclusiva desde o nascimento até aos 6 meses de idade dos meninos
(as) e a manutenção da amamentação exclusiva desde o nascimento até aos 6 meses
de idade os meninos(as) e a manutenção da amamentação com alimentos
complementares até aos 2 anos de idade ou mais - pelo que, cresce a necessidade
de uma efetiva promoção, ou que implica a adopção de politicas promocionais e
de programas sensiveis aos diversos fatores que podem ajudar ou impedir uma mãe
nos seus esforços para amamentar.
Em Portugal, apesar da existência de algumas medidas de promoção da
amamentação, quer junto dos profissionais de saúde, quer junto da comunidade, a
prevalência do aleitamento materno não é satisfatória. Embora nos primeiros
dias de vida a sua incidência seja muito alta (95%), sofre uma redução muito
rápida para atingir os 50% ao mês de idade. A interrupção prematura da
amamentação pode acarretar perigos, pelo que, torna-se relevante investigar os
factores relacionados com o desmame precoce ( Joca et al., 2005). As
prioridades devem ser direccionadas não só para a promoção do aleitamento
materno mas, sobretudo, para a implementação de medidas tendentes a aumentar a
sua duração, mudança de valores e, consequentemente, de comportamentos dos
vários grupos de uma população, nomeadamente, profissionais de saúde, crianças,
jovens e grávidas (Levy, 1994).
Neste sentido, é de extrema importância que se desenvolvam atitudes e
estratégias de promoção do aleitamento materno. Nelas, Ferreira e Duarte (2008)
referem que o aleitamento materno é a forma de contrato íntimo, e proteção,
mais antiga entre a mãe e o recém-nascido, com inúmeras vantagens para ambos. A
sua promoção deve ser preocupação prioritária de todos quantos se dedicam à
saúde infantil (Galvão, 2006).
As experiências e a educação da mulher desde a mais tenra idade influenciarão
as suas atitudes e desempenho posteriores em relação ao aleitamento. Assim, a
própria experiência de ter sido uma filha amamentada e ver regularmente outras
mulheres amamentando, especialmente na mesma família ou grupo social, é uma das
formas através das quais meninas, adolescentes e mulheres jovens podem
desenvolver atitudes positivas em relação à amamentação.
Neste sentido, Nakamura et al. (2003, p.182) afirmam que ( ) se desde a escola
as crianças recebessem informações adequadas sobre o aleitamento, quando
chegassem a serem mães, as meninas possivelmente estariam mais motivadas a
amamentar e, no caso dos meninos, mais aptos a apoiar a decisão materna ( ).
No entanto, no dizer de Martins Filho (2008, p. 31) Em alguns lugares, é bem
verdade, parece que ainda a informação não chega como gostaríamos, ( ). Mas
como referem Costa e Silva (2008, p.123) ( ) as crianças precisam conhecer as
vantagens da amamentação e os perigos da alimentação artificial e do desmame
desde cedo. As escolas do 1º e 2º graus deveriam incluir o aleitamento nos seus
currículos pois assim estarão a educar suas crianças, procurando integrar o
ensino ao cotidiano, o ensino à saúde, construindo Escolas Promotoras de
Saúde ( )
A educação pode contribuir de forma significativa par a construção de uma
cultura favorável ao aleitamento materno. Na Semana Mundial da Amamentação, a
World Alliance for Breastfeeding Action (1999) mencionava que a informação
sobre aleitamento materno pode facilmente ser incluída em diversas matérias e
que educadores criativos podem incorporar esta temática em várias disciplinas.
Isto permitiria às crianças começar a tomar consciência das pressões do
marketing na promoção da alimentação artificial, conciliação da actividade
profissional e amamentação e tipo de apoio que a lactante necessita da
sociedade e dos empregadores. Corroborando esta opinião, também Costa e Silva
(2008), Nakamura et al. (2003) e Martins Filho (2008), afirmam que para que a
prática do aleitamento materno seja, novamente, uma norma cultural, é
necessário que os conhecimentos básicos sobre a amamentação sejam incluídos em
todo o sistema educacional.
Em Portugal, tendo por base o documento sobre Organização Curricular e
Programas (Portugal, Ministério da educação, 2004), verifica-se que a
organização curricular do Ensino Básico e os programas escolares são comuns a
todas as crianças e inclui as unidades curriculares: Expressão e Educação;
Físico-Motora; Musical; Dramática e Plástica; Estudo do Meio; Língua
Portuguesa; Matemática e Educação Moral e Religiosa; e que os manuais escolares
a adoptar pelas diferentes escolas do país acontece após a divulgação, feita
pelo Ministério da Educação, da lista dos manuais considerados indicados. Esta
lista surge na sequência da selecção feita por uma comissão de avaliação. As
diferentes escolas e agrupamentos de escolas poderão adoptar manuais de
diferentes editores.
A disciplina de Estudo do Meio, uma das unidades curriculares leccionadas a
todas as crianças do 1º ao 4º ano de escolaridade, é uma área curricular
interdisciplinar, globalizadora, transversal a todas as outras áreas do
programa que reúne os principais ramos do saber - científico, tecnológico e
social - que contribuem para a compreensão do mundo e que integra conteúdos de
Biologia, Geologia, Química, Física, Geografia e História. Do total das vinte e
cinco horas lectivas do horário semanal do estudante, cinco são dedicadas a
esta unidade curricular, distribuídas de uma forma equilibrada ao longo da
semana, sendo que, metade se destina ao ensino experimental das Ciências
(Portugal, Ministério da Educação, 2004).
O Estudo do Meio proporciona aos alunos oportunidades para desenvolverem
saberes e competências que lhes permitam tomar decisões e agir de forma
sensível aos assuntos ambientais e formas de estar próprias de uma cidadania
ativa que envolva conhecimento sobre os seus direitos e responsabilidades
sociais a nível local e global (Portugal, Ministério da Educação, 2004).
Nesta disciplina - que possui um programa organizado em seis blocos de
conteúdos, cinco comuns aos quatro anos de escolaridade e o sexto abordado
apenas no 3º e 4º anos; que obedece a uma ordem lógica, mas que poderá ser
flexibilizada de acordo com os pontos de partida, ritmos de aprendizagem,
interesses e necessidades dos alunos e às características do meio local -os
alunos aprofundam o seu conhecimento sobre a Natureza e a Sociedade através de
atividades de aprendizagem diversificadas, auxiliados pelos professores na
construção de um saber sistematizado (Portugal, Ministério da Educação, 2004).
Analisando o seu programa é possível observar que no primeiro bloco temático À
Descoberta de Si Mesmo, pretendese que a criança estruture o conhecimento de
si próprio e desenvolva atitudes de auto-estima, de autoconfiança e de
valorização da sua identidade e das suas raízes. Abordam-se conteúdos relativos
à naturalidade e nacionalidade da criança, bem como, do corpo, saúde e
segurança do corpo.
O segundo bloco, À Descoberta dos Outros e das Instituições, procura
desenvolver atitudes e valores relacionados com a responsabilidade, tolerância,
solidariedade, cooperação, respeito pelas diferenças, comportamento não
sexista, valores democráticos e de cidadania. Abordam-se assuntos relativos aos
membros da família, relações de parentesco, passado familiar e passado do meio
local.
O bloco 3, À Descoberta do Ambiente Natural, compreende os conteúdos
relacionados com os elementos básicos do meio físico, os seres vivos que nele
vivem, o clima, o relevo e os astros.
No bloco 4, À Descoberta das Inter-Relações entre Espaços, transmite-se à
criança a noção de espaço, deslocações, localizações, distâncias e de que não
existem espaços isolados.
O bloco 5, À Descoberta dos Materiais e Objetos, procura desenvolver nos
alunos uma atitude de permanente experimentação: observação, introdução de
modificações, apreciação dos efeitos e resultados e principais conclusões.
O último bloco temático, À Descoberta das Inter-Relações entre a Natureza e a
Sociedade, procura alertar os alunos para os efeitos da actividade humana na
Natureza e permite o estudo das actividades económicas da sua realidade
próxima.
Metodologia
Tendo presente as áreas do conhecimento ministradas às crianças durante os
primeiros anos da sua educação escolar, pareceu-nos que seria na unidade
curricular de Estudo do Meio que a temática amamentação poderia ser mais
facilmente abordada.
Neste contexto, em Junho de 2008 estabeleceu-se contacto telefónico com a
Direcção Regional de Educação do Centro, no sentido de agendar uma reunião com
a Directora Geral para apresentação do estudo e pedido formal da sua
realização. Obtevese a informação que todos os procedimentos formais deveriam
ser dirigidos aos Agrupamentos de Escolas. Perante esta informação foi
estabelecido contacto pessoal com os Presidentes dos Conselhos Executivos dos
oito Agrupamentos de Escolas de três concelhos do distrito de Coimbra, onde foi
feito o pedido formal e entregue a solicitação por escrito para realização do
estudo, explicado o estudo que se pretendia desenvolver e seus objectivos.
Obteve se a 16/12/2008 o consentimento escrito de um agrupamento de escolas
para realizar o estudo e, de 03/12/2008 a 07/01/2009, o consentimento verbal de
seis agrupamentos. No contacto estabelecido com os Presidentes dos Agrupamentos
de Escolas e professores foi-lhes solicitado que fornecessem a informação
relativa à referência bibliográfica dos manuais escolares adoptados em cada
escola e em todos os anos de escolaridade do 1º ciclo do ensino básico na
disciplina de Estudo do Meio.
Assim, procedeu-se a um estudo descritivo de natureza qualitativa onde foi
feita a análise dos manuais escolares adoptados, do 1º ao 4º ano de
escolaridade do 1º ciclo, em 73 escolas públicas de seis agrupamentos de
escolas do Ensino Básico de três concelhos da área educativa de Coimbra.
As escolas em estudo adoptaram, para os diferentes anos de escolaridade, um
total de 19 manuais escolares repartidos da seguinte forma: para o 1º ano de
escolaridade dois manuais de dois editores diferentes; oito manuais de seis
editores para o 2º ano; para o 3º ano seis manuais de cinco editores
diferentes; e para o 4º ano três manuais de três editores.
Sendo nossa intenção, exclusivamente, proceder à apreciação dos conteúdos
relativos à amamentação que são oferecidos às crianças nestes quatro anos de
escolaridade, por opção ético-metodológica em nenhum momento será revelada a
referência bibliográfica dos manuais escolares. Assim, para a designação de
cada manual atribuiu-se uma letra maiúscula do alfabeto seguida do ano de
escolaridade. Nos anos de escolaridade em que foram adoptados dois manuais da
mesma editora, um dos manuais foi identificado pela letra maiúscula do alfabeto
seguida do ano de escolaridade e de (2º Manual).
Na análise dos livros escolares os conteúdos foram organizados segundo os
princípios de análise de conteúdo de Bardin (2008) que se aplica à grande
diversidade de conteúdos e continentes e que refere ser um processo que inclui
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições
de produção/percepção dessas mensagens (2008, p.44). Na categorização, à
semelhança do estudo realizado na Catalunha em 2007 por Pegenaute (2007), com
os livros de texto do ciclo médio e superior de educação primária (3º, 4º, 5º e
6º anos), para alunos com idades compreendidas entre os 8 e os 12 anos,
definimos, a priori, alguns baseados nas recomendações da Semana Mundial da
Amamentação de 1999: Amamentar: Educar para a vida, os seguidos pela autora
Pegenaute (2007) e outros considerados por nós importantes e imprescindíveis
para ensinar e explicar à criança noções básicas de amamentação: Somos
mamíferos. Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o nascimento; A
amamentação é nutrição e relação; O natural é tomar leite materno logo depois
do nascimento; Vantagens da amamentação para a mãe, bebé, família, comunidade e
ambiente; A amamentação é melhor que a alimentação artificial; Fisiologia da
amamentação. Como funciona uma mama para que produza leite? A posição de
amamentar é muito importante e é um procedimento a aprender; Dar a mama não
dói, se dói é porque a criança está mal colocada; Como se deve dar a mama:
posturas e sem horários; Importância de iniciar a amamentação logo que possível
para que a pega seja correcta e porque o colostro beneficia o bebé fornecendo-
lhe uma altíssima concentração de anticorpos que o protegem de muitas doenças e
um alto conteúdo de proteínas, vitaminas e minerais; Período de amamentação (do
nascimento até aos 6 meses exclusivamente e de modo complementado até aos 2
anos ou mais, até que a mãe e o bebé queiram); O pai é um elemento importante
no processo da amamentação; O uso de chupeta e de biberão prejudicam a
amamentação; Mitos corrigidos (Não existe leite fraco. Noção de leite anterior
e posterior. Alimentação materna variada e equilibrada; Não necessita de água.
Até aos 6 meses deve-se amamentar de forma exclusiva e os bebés não precisam de
água). Na selecção destes conteúdos esteve-se atento à exclusão mútua,
homogeneidade, pertinência, objectividade, exaustividade e produtividade.
Considera-se, portanto, que foi seguida uma técnica de análise de conteúdo de
nível semântico tendo em conta que Gil-García et al. (2002) a caracteriza por
estar atenta ao sentido das palavras e à análise dos temas ou categorias
propostas.
Como se apresentou, definiram-se a priori as categorias e seguiu-se o método
dedutivo, todavia, estivemos atentos ao surgimento de novas categorias que
pudessem surgir durante o processo de análise, pelo que, a acontecer,
seguiríamos também o método indutivo. Para um primeiro contacto e conhecimento
dos conteúdos versados em cada um dos manuais foi feita uma leitura integral de
cada um dos manuais, como refere Bardin (2008). Posteriormente, cada livro foi
analisado, foi verificado se a observação incluía os conteúdos determinados
previamente e construída uma grelha de análise que permitiu obter a perspectiva
de cada manual escolar e estabelecer a comparação entre os manuais.
Resultados
Nos manuais escolares do 1º ano de escolaridade em nenhum momento se aborda o
tema amamentação, todavia, no bloco temático 1, À Descoberta de Si Mesmo, são
introduzidas noções importantes sobre hábitos saudáveis de vida e também se
questionam as crianças, no item do Seu Passado Próximo, sobre momentos
importantes do seu crescimento e desenvolvimento nomeadamente: quando nasceu o
1º dente; quando começou a andar; quando entrou para o jardim-escola; e para o
1º ciclo. É ainda neste bloco temático que se abordam as partes que constituem
o corpo humano e se refere a importância da vacinação para a saúde da criança.
No bloco temático 3, À Descoberta do Ambiente Natural, quando se lecciona o
capítulo Os Seres Vivos do Seu Ambiente introduzem-se noções sobre cuidados a
ter com os animais para que nasçam, cresçam e se reproduzam e, ainda, sobre os
alimentos que preferem. Uma imagem visualizada num dos manuais (B1) inclui
vários animais, onde também se inclui o Homem.
Foi ainda possível apurar que, embora no manual (A1) aparecesse uma imagem de
uma mulher despida grávida onde se visualizam as mamas, não se faz qualquer
alusão à sua função de nutrição e relação. Neste mesmo manual são visíveis
imagens de biberões, chupetas e de crianças com chupetas, utilizadas na
ilustração de objectos associados a crianças pequenas.
Nos manuais do 2º ano de escolaridade observouse, igualmente, que nenhum aborda
o tema amamentação, no entanto, a análise dos oito manuais adoptados permitiu
constatar que é no bloco temático 1, À Descoberta de Si Mesmo, capítulo O
Passado Mais Longínquo da Criança, que se recolhem informações sobre o passado
da criança, concretamente o nascimento: nasceu-me o 1º dente, comecei a andar
( ). A criança tem, assim, oportunidade de construir a sua própria linha do
tempo.
Analisando-se o manual D2 constatámos tratar-se do único que, neste capítulo,
tem uma caixa de informação que menciona: com um mês dormia quase 20 horas e
mamava (p.14), todavia, a ilustrar esta frase aparece uma figura de uma
criança com chupeta numa alcofa.
É ainda neste bloco temático que, nos capítulos O Seu Corpo e A Saúde Do Seu
Corpo, são ministrados conteúdos relativos aos órgãos dos sentidos, abordando-
se a função de cada um deles e é mencionada a importância da vacinação na
promoção da saúde e prevenção da doença.
No bloco temático 3, À Descoberta do Ambiente Natural, o manual D2 é o único
que, neste ano de escolaridade, quando aborda os animais, no capítulo Os Seres
Vivos do Seu Ambiente, introduz a noção de mamífero referindo que O veado
bebe leite da mãe quando é pequeno. É um animal mamífero tal como o cavalo, o
boi, o coelho, o porco ( ). (p. 99). O manual A2 não foca o termo mamífero
mas, neste capítulo, referindo-se aos gatos e aos cães, menciona: Nascemos do
ventre da mãe. Em pequenos alimentamo-nos do leite materno ( ) (p. 100).
Relativamente às imagens ilustrativas utilizadas verificou-se que o uso de
chupeta é recorrente (B2, C2, D2, D2 (2º Manual), E2 (2º Manual) e F2) e
associada, essencialmente, às datas importantes da vida da criança e às
modificações do corpo. A figura do biberão é também visível quando se abordam
estes conteúdos agora em três manuais, A2, C2 e F2, e no C2 aparece mesmo uma
mãe a alimentar com biberão. É interessante notar que C2 é também o único
manual, deste ano de escolaridade, que tem uma imagem que ilustra um nascimento
em que o bebé é colocado em contacto precoce e que numa outra altura, que não
no nascimento, aparece uma figura de uma criança a mamar.
A nível do 3º ano de escolaridade teve-se oportunidade de verificar que é no
manual A3 que se refere às crianças o conteúdo por nós selecionado como
propedêutico: Somos mamíferos. Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o
nascimento. Este manual no bloco temático 3, À Descoberta do Ambiente
Natural, quando aborda os animais, concretamente os mamíferos e os vivíparos,
refere que o Homem faz parte destes grupos e que são alimentados, enquanto
pequenos, com o leite da mãe. Este manual ao referir-se aos mamíferos inclui
uma imagem ilustrativa onde se visualiza uma criança e uma ovelha. Referindo-se
às características deste grupo menciona: ( ) nascem do ventre da mãe,
alimentam-se de leite em pequenos, ( ).(p. 74). Quando aborda os animais
vivíparos acrescenta: Normalmente, são alimentados com o leite da mãe enquanto
pequenos. São exemplo o cão, o homem, a baleia e o leão. (p. 76).
Ainda neste bloco temático verifica-se que, embora os outros manuais quando se
referem aos mamíferos mencionem que estes se alimentam de leite enquanto
pequenos, não incluem o Homem nesta classe de animais e, embora nem todos
mencionem o leite materno, no caso do B3 e D3 com o exemplo que dão, dado
tratar-se de um animal selvagem, pode depreender-se que se trata do leite da
mãe. O manual D3 (2º Manual) refere mamam e mamar pressupõe que se alimenta
de leite directamente da mama da mãe.
Uma perspectiva importante a ter em atenção é o facto de C3 e D3 (2º Manual)
introduzirem o conteúdo Alimentam-se das mamas das mães após o nascimento.
B3 -os mamíferos alimentam-se de leite enquanto são pequenos (p.68) e na
imagem ilustrativa dos mamíferos apresentam um urso.
C3 -os mamíferos alimentam-se de leite materno quando nascem (p.72) e na
imagem aparece um gato.
D3 -os mamíferos alimentam-se de leite quando bebés (p. 87) e na imagem
ilustrativa dos animais mamíferos aparece um urso.
D3 (2º Manual) - os mamíferos nascem do ventre da mãe e mamam ao nascer (vaca,
cavalo, golfinho) (p. 76).
E3 - (...) as suas crias alimentam-se do leite materno"(p.59) e a ilustrar o
conceito aparece a imagem de uma porca a alimentar os filhos. Na página 61
aborda novamente as características dos animais e relativamente aos mamíferos
focam que ( ) em pequenos alimentam-se do leite materno tendo agora como
imagens um cavalo, um porco e uma ovelha.
Foi também neste nível de escolaridade que um dos manuais escolares, o D3 (2º
Manual), aborda o conteúdo O natural é tomar leite materno logo depois do
nascimento. Isto verificou-se no bloco temático 1, À Descoberta de Si Mesmo,
quando no manual, ao abordar a função reprodutora, no capítulo O Seu Corpo,
aparece uma caixa com o texto o bebé nasceu e a mãe dá-lhe leite (p. 34). A
ilustrar este conteúdo teórico surge uma figura de uma mãe a amamentar uma
criança.
A análise dos manuais permite ainda constatar que neste bloco temático
ministram-se conteúdos relativos à função reprodutora. Embora A3, C3 e E3
incluam imagens de mulheres despidas com mamas, em nenhum momento se faz
qualquer alusão à sua função e relação com a amamentação. Outro assunto
abordado neste bloco temático e incluído em todos os manuais é a vivência dos
sentimentos de carinho, ternura e de amor constatando-se, também aqui, que não
há qualquer referência à amamentação.
A análise do manual A3 permitiu-nos observar que é dada oportunidade à criança
de, no bloco temático 2, À Descoberta dos Outros e das Instituições, através
do item O Passado do Meio Local, desenvolver entrevistas e pesquisar os
hábitos locais. Este é um excelente meio de pesquisar a tradição local da
amamentação.
Quanto a figuras ilustrativas dos conteúdos, apurou-se que o manual D3 (2º
Manual) utiliza imagens de amamentação sempre que se refere à alimentação do
Homem e de outros mamíferos comparativamente com o manual C3 que, associado à
alimentação de animais, utiliza o biberão. Neste último é também visível no
Bloco temático 2 uma imagem de uma família onde aparece uma criança com
chupeta. O manual E3 associa também a imagem do biberão à alimentação de
crianças pequenas, o que se observa na página 12, onde figura um pai a
administrar leite a uma criança através de um biberão, sentado ao lado da mãe.
Em contraste, na página 49, a amamentação aparece associada à alimentação de
animais irracionais.
Dos três manuais adoptados para o 4º ano de escolaridade nenhum deles aborda o
tema amamentação. Todavia, a sua análise permitiu verificar que a nível do
bloco temático 1, À Descoberta de Si Mesmo, no capítulo O Seu Corpo, dois
deles têm como conteúdo para leccionar às crianças a pele e a sua função. O
manual A4 refere: A pele é o órgão do sentido do tacto. Através dela podes
sentir: o calor, o frio, a dureza ou a macieza dos objectos, a suavidade de uma
carícia, as vibrações, as cócegas, etc (p. 16). É também este manual escolar
que introduz a noção de coloração da pele associada à quantidade de melanina
quando expõe: Quanto mais melanina possuíres, mais escura é a tua pele (p.
16). Nos cuidados a ter com a pele menciona que Quanto mais branca for a tua
pele, mais cuidados se deve ter com ela (p. 19). O manual B4 discrimina a
proteção como sendo uma função da pele, referindo: A pele protege o corpo do
ambiente exterior, dos choques, das poeiras, do sol, do frio, dos micróbios,
dos produtos químicos, etc. (p. 14). Já o manual C4 dedica neste capítulo
conteúdos sobre cuidados a ter com o Sol.
Constatou-se, igualmente, que os três compêndios no bloco temático 6, À
Descoberta das Inter-Relações entre a Natureza e a Sociedade, no capítulo A
Qualidade do Ambiente quando abordam os Desequilíbrios Ambientais, chamam a
atenção dos alunos para A constante evolução da humanidade e a transformação
do meio ambiente trazem ao Homem vantagens e qualidade de vida, mas também
inconvenientes (A4, p. 115). O manual B4, neste contexto, evoca que embora o
Homem tenha procurado o melhor para a sua vida ( ) nem sempre o fez de uma
forma correcta: respeitando a natureza, a vida dos animais, a vida das plantas
e a sua própria vida (p. 142) referindo, por exemplo, a acumulação dos lixos
domésticos e industriais e a proliferação das indústrias.
O manual C4, como sugestão de actividade a ser desenvolvida pelos estudantes,
expõe: Procura informações sobre produtos de uso quotidiano que são
prejudiciais ao ambiente e averigua se há outros do mesmo género que são amigos
do ambiente (p. 105).
Discussão
Dos conteúdos por nós seleccionados como básicos e importantes a transmitir às
crianças desde a escola, e que esperávamos ver incluídos nos manuais escolares,
apenas encontrámos no 3º ano de escolaridade dois manuais que compreendem, cada
um deles, os conteúdos: Somos mamíferos. Alimentamo-nos das mamas das nossas
mães após o nascimento e O natural é tomar leite materno logo depois do
nascimento. Estes resultados ficam muito longe dos encontrados por Pegenaute
(2007) na análise que fez dos 14 livros seleccionados, tendo verificado que a
totalidade incluía a informação Somos mamíferos. Alimentamo-nos das mamas das
nossas mães após o nascimento; 29% que a amamentação é nutrição e relação;
71% que O natural é tomar leite materno logo depois do nascimento e igual
percentagem que A amamentação é melhor que a alimentação artificial e que 14%
se referia à Fisiologia da amamentação. Como funciona uma mama para que
produza leite?. Apurou, ainda, que 82% dos manuais não desmistificavam o tempo
aconselhado de amamentação exclusiva e complementada e que 42% não procedia à
desmistificação que a amamentação não necessita de complementação.
Esta autora teve também oportunidade de observar que nenhum dos manuais
escolares incluía informação sobre: O uso de chupeta e de biberão prejudicam a
amamentação; A posição de amamentar é muito importante e é um procedimento a
aprender; Dar a mama não dói, se dói é porque a criança está mal colocada;
Como se deve dar a mama: posturas e sem horários e Importância de iniciar a
amamentação logo que possível para que a pega seja correcta e porque o colostro
beneficia o bebé fornecendo-lhe uma altíssima concentração de anticorpos que o
protegem de muitas doenças e um alto conteúdo de proteínas, vitaminas e
minerais (Pegenaute, 2007).
Nos quatro anos de escolaridade são muitos os momentos nos quais é possível
incluir o tema amamentação e os conteúdos determinados a priori como
importantes para difundir conhecimentos essenciais sobre amamentação.
Fazendo uma análise comparativa entre o programa curricular da disciplina de
Estudo do Meio, de cada ano de escolaridade, e os conteúdos abordados nos
manuais escolares, considerando os conteúdos que esperávamos ver incluídos e
tidos como básicos para transmitir noções importantes sobre amamentação a
crianças nestas idades escolares, verifica-se que no programa escolar do 1º ano
seria possível incluir a amamentação no bloco temático 1, À Descoberta de Si
Mesmo, quando fossem abordados os capítulos referentes ao corpo e à saúde do
corpo. No entanto, constatou-se que quando se fala às crianças sobre os hábitos
saudáveis de vida se perdeu, logo aqui, a oportunidade de abordar os conteúdos
Vantagens da amamentação para a mãe, bebé, família, comunidade e ambiente, A
amamentação é melhor que a alimentação artificial e O uso de chupeta e de
biberão prejudicam a amamentação.
Outra oportunidade perdida foi constatada quando as crianças têm a
possibilidade de se questionar sobre o seu passado próximo. Seria um dos
momentos em que os conteúdos Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o
nascimento e O natural é tomar leite materno logo depois do nascimento
poderiam ter sido introduzidos.
Também no bloco temático 3, À Descoberta do Ambiente Natural, quando se
abordam os seres vivos e se introduzem noções sobre cuidados a ter com os
animais para que nasçam, se reproduzam e cresçam, seria uma oportunidade de
incluir o conteúdo Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o
nascimento. Neste nível de escolaridade ainda não introduzem às crianças a
noção de mamífero.
A nível do 2º ano de escolaridade, o programa da disciplina aponta para a
inclusão do tema amamentação logo no bloco temático 1, quando se desenvolvem os
conteúdos O passado mais longínquo da criança, O corpo e A saúde do seu
corpo. Mas, também aqui, a análise dos manuais escolares demonstrou que,
embora seja dada oportunidade à criança de construir a sua própria linha do
tempo, não é elucidada a colher informação sobre amamentação, o que
constituiria uma oportunidade de se introduzir o conteúdo Período de
amamentação (do nascimento até aos 6 meses exclusivamente e de modo
complementado até aos 2 anos ou mais, até que a mãe e o bebé queiram). Dado
que um dos momentos importantes que a criança irá incluir no seu friso
cronológico será o nascimento, para além dos conteúdos que já mencionámos que
deveriam ser incluídos no 1º ano de escolaridade, considera-se que, nesta
altura, e porque o pai habitualmente está presente no nascimento, se poderia
fazer a inclusão de O pai é um elemento importante no processo da
amamentação. Constatou-se que, a estas crianças, nos manuais escolares quando
abordam o corpo e a saúde do seu corpo, se referem aos sentidos e às suas
funções. Parece-nos que seria uma excelente ocasião para se incluir o conteúdo
A amamentação é nutrição e relação. Neste capítulo poder-se-iam reforçar os
conteúdos referentes a Vantagens da amamentação para a mãe, bebé, família,
comunidade e ambiente, A amamentação é melhor que a alimentação artificial e
O uso de chupeta e de biberão prejudicam a amamentação.
No bloco temático 3, quando se fala dos Seres vivos e do seu ambiente e
Conhecer aspectos físicos e Seres vivos de outras regiões ou países, é também
um excelente momento para a abordagem da amamentação. No entanto, vimos que só
alguns manuais se referiram a que alguns animais bebiam leite materno mas que
nunca incluíram o Homem. Perdeu-se mais uma oportunidade de se incluir o
conteúdo Somos mamíferos. Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o
nascimento.
Também no 3º ano de escolaridade a amamentação poderia ser logo incluída no
bloco temático 1 quando as crianças estudassem O corpo e a saúde e segurança
do seu corpo. Foi neste ano de escolaridade que se observou que apenas um
manual escolar incluiu o conteúdo por nós seleccionado O natural é tomar leite
materno logo depois do nascimento. Aos alunos deste ano de escolaridade poder-
se-á, dado o seu nível de compreensão, reforçar os conteúdos Somos mamíferos.
Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o nascimento, A amamentação é
nutrição e relação, Vantagens da amamentação para a mãe, bebé, família,
comunidade e ambiente, A amamentação é melhor que a alimentação artificial,
Período de amamentação (do nascimento até aos 6 meses exclusivamente e de modo
complementado até aos 2 anos ou mais, até que a mãe e o bebé queiram), O pai é
um elemento importante no processo da amamentação e O uso de chupeta e de
biberão prejudicam a amamentação.
Atendendo a que neste bloco temático a criança estuda os órgãos e a sua função
pode-se, então, introduzir os conteúdos Fisiologia da amamentação. Como
funciona uma mama para que produza leite?, A posição de amamentar é muito
importante e é um procedimento a aprender, Dar a mama não dói, se dói é
porque a criança está mal colocada, Como se deve dar a mama: posturas e sem
horários e Importância de iniciar a amamentação logo que possível para que a
pega seja correcta e porque o colostro beneficia o bebé fornecendo-lhe uma
altíssima concentração de anticorpos que o protege de muitas doenças e um alto
conteúdo de proteínas vitaminas e minerais.
Também no bloco temático 2 quando se aborda o Passado do meio local e Conhecer
Costumes e Tradições de outros povos poder-se-ia falar de amamentação.
Todavia, constatou-se que, embora as crianças tenham oportunidade de
desenvolver entrevistas e pesquisar os hábitos, não são veiculadas noções sobre
amamentação. Seria uma oportunidade para incluir o conteúdo Vantagens da
amamentação para a mãe, bebé, família, comunidade e ambiente. Os conteúdos
programáticos do bloco temático 3 apontam para a abordagem da amamentação,
nesta parte do programa. Efetivamente, veio-se a constatar que, quando os
alunos têm oportunidade de estudar, comparar e classificar animais segundo as
suas características externas e modo de vida, um dos manuais escolares incluiu
o conteúdo Somos mamíferos. Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o
nascimento.
É também no bloco temático 4 que o programa da disciplina comporta conteúdos
onde poderia ser abordada a amamentação, nomeadamente, quando à criança se fala
do Comércio Local, mais concretamente da conservação dos alimentos. Os
manuais escolares, a este respeito, não fazem qualquer advertência à manutenção
da amamentação, mas pensa-se que se poderia reforçar o conteúdo do tempo da
amamentação e referir que a mãe trabalhadora, desde que queira, pode continuar
a amamentar pois é possível conservar o leite materno.
No bloco temático 6, ao serem abordados os conteúdos referentes aos principais
problemas da poluição, pensa-se ser também uma excelente altura para falar do
conteúdo Vantagens da amamentação para a mãe, bebé, família, comunidade e
ambiente.Verificou-se nos manuais escolares que as crianças são elucidadas
para os perigos da poluição do ambiente, e forma de o evitarem, por isso, seria
de todo adequado falar-se da amamentação e das suas vantagens para o ambiente.
No 4ºano de escolaridade também o programa da disciplina comporta a inclusão do
tema amamentação logo no bloco temático 1, no subcapítulo O seu corpo, quando
se fala sobre a pele. No entanto, verificou-se que nos manuais escolares ao se
abordar esta temática só se fala às crianças sobre as funções da pele. É assim
que nos parece adequado reforçar o conteúdo A amamentação é nutrição e
relação. Para além disso, dado o nível cognitivo destes meninos(as) seria,
então, de introduzir o que apelidámos de Mitos corrigidos e incluir as noções
às crianças de que Não existe leite fraco. Noção de leite anterior e
posterior, Para amamentar a alimentação materna necessita de ser variada e
equilibrada e Não necessita de água. Até aos 6 meses deve-se amamentar de
forma exclusiva e os bebés não precisam de água.
Também neste nível de escolaridade, no bloco temático 6, quando se aborda a
qualidade do ambiente permite que se incluísse o tema amamentação, mas os
manuais escolares, embora alertem os estudantes para os desequilíbrios
provocados pela evolução da humanidade e lhes sugiram atividades de pesquisa
sobre atividades e produtos de uso diário que são prejudiciais ao ambiente, em
momento algum falam de amamentação, pelo que, se poderia incluir o conteúdo
Vantagens da amamentação para a mãe, bebé, família, comunidade e ambiente.
Conclusão
Dos conteúdos por nós selecionados, como básicos e importantes a transmitir às
crianças desde a escola e que esperávamos ver incluídos nos manuais escolares,
apenas encontrámos nos manuais escolares de Estudo do Meio, no 3º ano de
escolaridade, dois manuais que incluem cada um deles os conteúdos Somos
mamíferos. Alimentamo-nos das mamas das nossas mães após o nascimento e O
natural é tomar leite materno logo depois do nascimento.
A análise dos diferentes manuais permitiu-nos observar que existem diversas
oportunidades de ensinar, esclarecer, ajudar a criança a aprender uma cultura
da alimentação natural, pois o tema amamentação poderia estar incluído em
diversos capítulos das diferentes rubricas programáticas, nomeadamente, em dois
blocos temáticos dos dois primeiros anos de escolaridade, em cinco dos seis
blocos do 3º ano e em dois blocos do último ano. No entanto, estas
oportunidades são perdidas e, neste material didáctico por excelência, várias
imagens ilustrativas utilizadas não estão associadas à promoção da amamentação
e, pelo contrário, promovem uma cultura de alimentação artificial. Assim,
também nós somos da opinião de que muitas oportunidades são perdidas na escola
quando no material didáctico utilizado para as crianças não se enfatiza a
importância do leite materno para o resto da vida; se excluem os seres humanos
da classe dos mamíferos; se relaciona a alimentação infantil com o uso de
biberões, adoptando-se imagens de mães e pais oferecendo biberões e chupetas; e
não se inclui o tema aleitamento materno nos projectos pedagógicos.