A força explosiva, velocidade e capacidades motoras específicas em futebolistas
juniores amadores: Um estudo correlacional
O Futebol é uma modalidade desportiva intermitente que, do ponto de vista
fisiológico, é extremamente complexa, com acções específicas que evidenciam uma
tipologia de esforço de grande diversidade e que metabolicamente apela a
diferentes sistemas energéticos (Rebelo & Oliveira, 2006). A necessidade de
desencadear esforços curtos e intensos parece ser um imperativo lógico para que
o jogador de futebol realize com sucesso um conjunto de acções críticas como a
corrida rápida (sprint) executada com mudanças de sentido ou direcção,
variações de velocidade, travagens ou arranques bruscos, pontapés de baliza,
cantos, livres, saltos, tackles, remates e outros gestos que façam um apelo
específico à capacidade de produzir força (Bangsbo, 1997).
Embora alguns autores considerem a força como uma variável determinante para
elevar o rendimento específico do futebolista (e.g., Marques, 2004), parece-nos
ser necessário mais estudos sobre esta temática. Por outro lado, apesar de
vários estudos (e.g., de Proft, Cabri, Duffour, & Clarys, 1988) tivessem
demonstrado que a aplicação de programas de desenvolvimento da força explosiva
têm uma implicação directa na melhoria de acções próprias do futebol (remate,
sprint...), parece estar longe o consenso acerca do grau de associação, já que
existem vários estudos com resultados algo diferenciados, recorrendo aos mesmos
princípios metodológicos, tal como referem Seabra, Maia e Garganta (2001).
A manifestação da força explosiva é fundamental durante as múltiplas
acelerações, mudanças bruscas de direcção com e sem bola, e crucial para uma
melhor impulsão vertical para cabecear com maior eficácia. Esta capacidade
motora é igualmente decisiva para o desenvolvimento de um conjunto de execuções
técnicas da modalidade e para uma eficiente inclusão de acções tácticas (Rebelo
& Oliveira, 2006). De facto, a força explosiva está fortemente associada a
uma panóplia de acções de carácter veloz. Porém, sobretudo nas acções de
elevada intensidade e de curta duração, perduram questões controversas quando
se refere a relação entre a força explosiva e a velocidade, e destas com a
performance em habilidades como o remate ou o drible.
Segundo Sousa, Garganta, e Garganta (2003), vários autores têm-se debruçado
sobre a relação entre a força explosiva dos membros inferiores e a velocidade
máxima imprimida à bola durante o remate, ainda que este tema tenha sido
medianamente estudado e, como tal, ainda controverso. Sobre esta temática,
alguns autores encontraram uma associação positiva, mas não significativa,
entre a força e estes gestos técnicos, enquanto outros estudos reportaram
resultados antagónicos (Sousa et al., 2003). Martínez, Salgado, Lago, e Peñas
(2004) examinaram a relação entre a força explosiva dos membros inferiores e a
capacidade de aceleração linear com as mudanças de direcção. Os autores puderam
observar uma correlação positiva e significativa, sendo esta maior quando as
distancias eram menores e em percursos com mudanças sucessivas de direcção. Em
contrapartida, Gonzalez e Aguiar (2001) não constataram qualquer associação
entre a corrida linear de curta duração (30 metros) e a força explosiva dos
membros inferiores.
Para além das divergências salientadas, subsistem ainda na literatura lacunas
relevantes sobretudo no que diz respeito à avaliação destas habilidades motoras
em jogadores de futebol dos escalões de Juniores. Na última década, têm sido
publicados estudos no âmbito da caracterização cineantro-pométrica e
condicional dos futebolistas, mas quase todos se referem ao modelo de
rendimento em futebolistas profissionais (Martínez et al., 2004). Neste
sentido, parece-nos relevante a avaliação das capacidades condicionais em
jogadores não só do escalão Sénior, mas procurando a caracterização dos
jogadores de Futebol em escalões etários mais jovens, especificamente no
escalão Júnior. Atendendo a este enquadramento, objectiva-se no presente
estudo: i) Avaliar os níveis de força explosiva dos membros inferiores, os
índices de velocidade de curta duração, e mensurar acções motoras específicas,
em futebolistas Juniores enquadrados em estruturas desportivas de estatuto não
profissional; e, ii) Identificar o grau de associação entre os níveis de força
explosiva dos membros inferiores com sprint, mudanças de direcção, drible e o
remate.
MÉTODO
Amostra
A amostra foi constituída por trinta e sete praticantes de Futebol (n = 37), do
sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e os 19 anos de idade,
saudáveis e abrangendo todas as posições específicas. Os indivíduos pertenciam
a 3 equipas do escalão Júnior (sub-19). Na Tabela 1 pode ver-se com detalhe a
caracterização da amostra.
Tabela 1
Características dos indivíduos (n= 37) pertencentes à amostra em estudo
Instrumentos e Procedimentos
Para avaliar a força explosiva das extremidades inferiores, a velocidade e a
capacidade de realizar acções motoras específicas do Futebol, foram
seleccionados os seguintes testes: Sargent e salto horizontal, sprint de 30 m,
deslocamento com mudança de direcção, drible test e velocidade de remate.
Todos os protocolos de avaliação foram aplicados durante a fase final do
período competitivo compreendido entre Março e Abril. Antes da execução dos
diferentes testes, todos os jogadores realizaram o habitual aquecimento,
orientado pelo respectivo treinador. Todos os sujeitos foram previamente
familiarizados com os procedimentos de cada um dos testes. A ordem de
realização dos testes correspondeu à sequência de apresentação dos respectivos
procedimentos que são descritos nos próximos parágrafos.
Indicadores de força explosiva
Para avaliar a força explosiva foram seleccionados e aplicados os seguintes
protocolos de avaliação: teste de Sargent (SAR) e o salto horizontal (SH).
Sargent (SAR). Na execução deste teste foram adoptados os seguintes
procedimentos: a) o executante de pé de frente para uma parede; b) com os
braços ao lado do corpo e as plantas dos pés totalmente apoiadas no solo; c) e
inicialmente com a ponta dos pés a tocarem a parede. O executante estendia
ambos os braços acima da sua cabeça marcando a parede com a ponta dos dedos de
modo a registar a altura inicial. Para tal, a ponta dos dedos de uma das mãos
foi impregnada com pó colorido e humedecida em água. Em seguida, mantendo os
braços para cima, afastava-se cerca de 30cm da parede colocando-se lateralmente
à mesma. Tomava impulso por meio de uma semi-flexão dos joelhos (até ao momento
em que realiza um ângulo de 90º ao nível das articulações dos joelhos). Para
potenciar o salto podia utilizar os braços para alcançar a altura máxima. No
momento em que o executante alcançava a altura máxima deveria tocar a parede
com os dedos de forma a registar o incremento na altura face à posição inicial
(afixou-se na parede uma escala métrica). A altura vertical do salto foi
determinada pelo cálculo da diferença entre a altura da marca no salto e a
marca da altura inicial. Cada indivíduo executou 2 tentativas, com intervalo de
2 minutos, tendo-se registado ambas as tentativas e calculado a sua média.
Salto horizontal (SH).Durante a realização deste teste seguimos os seguintes
passos: a) cada indivíduo encontrava-se de pé com os apoios colocados
paralelamente a uma marca (zero) de uma escala métrica fixada no chão; b) em
seguida cada indivíduo realizava o movimento de semi-flexão dos joelhos,
podendo auxiliar este gesto com os braços para saltar o mais distante possível,
procurando, na fase final, manter o equilíbrio e os apoios sempre paralelos; c)
mediu-se a distância da marca zero até ao ponto mais próximo alcançado pelo
calcanhar do apoio durante a queda. Todos os participantes realizaram 2
tentativas, com 2 minutos de intervalo, registando-se a sua média.
Indicadores de velocidade
De forma a avaliar a velocidade de deslocamento foram seleccionados e aplicados
o teste de corrida linear, Sprint 30 m (S30), e um teste de deslocamento com
mudança de direcção (MD). Para a realização destes testes, os jogadores
utilizaram o seu calçado de competição, pois estes foram realizados em relva
sintética. Utilizaram-se dois cronómetros digitais manuais, sendo o valor final
de cada tentativa igual à média dos dois valores registados em cada tentativa.
Sprint30 m (S30). A corrida iniciava-se com o indivíduo assumindo uma posição
vertical em situação estática e com um dos apoios mais adiantado. Todos os
segmentos corporais encontravam-se atrás da linha inicial do percurso (30m). O
sinal de partida foi dado de forma sonora. Cada indivíduo executou 2
tentativas, com um intervalo de 5 minutos, tendo-se registado ambas as
tentativas e calculado a sua média.
Deslocamento com mudança de direcção (MD). A fase inicial deste teste foi
idêntica ao S30. Após o sinal sonoro, cada participante teve de percorrer à
máxima velocidade possível num espaço total de 15m, com mudanças de direcção
(com um ângulo de 90º) a cada 5m, para a direita e para a esquerda,
respectivamente. Cada indivíduo executou 2 tentativas, com um intervalo de 5
minutos, registando-se ambas as tentativas e calculada a sua média.
Indicadores das habilidades motoras específicas
Neste âmbito, os testes pretenderam descrever o nível de aptidão nas
habilidades de dribling, através do drible test (DT) e velocidade de remate
(VR). Para a realização destes testes foi utilizada uma bola oficial de Futebol
Adidas Roteiro, cuja circunferência e peso estavam compreendidas entre os 68 e
70 cm, e as 410 e 450 g, respectivamente, conforme o estipulado na Lei 2 do
quadro das leis de jogo de Futebol de 11, publicadas pela FIFA. Os indivíduos
calçaram o seu calçado de competição e o tipo de terreno foi constituído pelo
mesmo piso já mencionado. Para a realização destes testes os jogadores
utilizaram uma vez mais o calçado de competição pela razão supracitada.
Drible test (DT). Neste teste, os jogadores tiveram de driblar a bola em redor
de quatro cones, distantes entre si de 3.5 metros, descrevendo uma trajectória
em forma de oito, o mais rápido possível. Foi medido o tempo gasto na execução
da tarefa. O sinal de partida foi constituído por sinal sonoro. A medição foi a
mesma que se utilizou para o S30. Cada indivíduo executou 2 tentativas, com um
intervalo de 5 minutos, tendo-se registado ambas as tentativas e calculado a
sua média.
Velocidade de remate (VR).O remate foi efectuado com a bola parada,
encontrando-se esta a uma distância de 11 metros da linha de baliza e na
perpendicular do ponto que separava esta linha em duas metades iguais (marca da
grande penalidade). Cada executante foi encorajado a realizar o remate à máxima
velocidade (objectivo) com eficácia (a bola entrar na baliza era condição para
validação da situação). A velocidade de saída da bola foi medida através de um
radar (Stalker ' Profissional Sports Radar), calibrado da seguinte forma: Setup
menu: Ball Lo 16; Range: Low. O radar foi colocado atrás da posição inicial da
bola, no mesmo plano de deslocamento da bola em relação à baliza (0º),
diminuindo o erro associado (erro de .013 m/s). Os jogadores dispuseram de 2
tentativas, com intervalo de repouso de 2 minutos entre tentativas, tendo-se
registado ambas as tentativas e calculado a sua média.
Fiabilidade dos testes
Os resultados deste estudo podem ser observados na Tabela 2. Destaca-se a
elevada fiabilidade dos testes para as variáveis de interesse aqui analisadas.
Tabela 2
Resultados sobre o estudo de fiabilidade dos testes
Análise estatística
Para o tratamento dos dados foram utilizados procedimentos estatísticos
descritivos, como a média aritmética e o desvio-padrão, e preditivos, como o
coeficiente de correlação de Pearson. O programa estatístico utilizado foi o
SPSS 15.0, tendo-se aceite um nível de confiança de 95% (p < .05).
RESULTADOS
A Tabela 3 apresenta os valores médios e respectivos desvios-padrão dos
indicadores da força explosiva (SAR e SH), dos indicadores de velocidade
(capacidade de arranque) (S30 e MD) e ainda dos indicadores de capacidade de
realizar acções motoras específicas (DT e VR).
Tabela_3
Resultados sobre todos os testes realizados
Os coeficientes de correlação de Pearson são apresentados na Tabela 4. O teste
de SAR evidenciou correlações significativas com o SH, com o teste de MD e com
o S30 (r= .823, p<.01; r=−.423,p<.01; e, r=−.408, p<.05, respectivamente). Por
sua vez, o teste do SH demonstrou uma correlação significativa com o teste de
mudança de direcção (r=−.423, p<.01) e o sprint com a mudança de direcção (r=
.347, p<.05).
Tabela_4
Resultados sobre coeficientes de correlação de Pearson
DISCUSSÃO
Este estudo teve como principais objectivos examinar os níveis de força
explosiva em jovens jogadores de Futebol e verificar o grau de associação entre
os mesmos. Neste capítulo, a literatura é escassa especialmente no nosso País.
Todavia, destacamos as correlações significativas, ainda que preferencialmente
moderadas, entre o salto horizontal e a impulsão vertical, bem como entre esta
última com o sprint. De referir ainda a inexistência de qualquer relação entre
a impulsão vertical e o remate.
Relativamente ao teste de Sargent, os resultados encontrados no presente estudo
foram semelhantes aos valores percebidos noutros trabalhos com populações
semelhantes (Martínez et al., 2004; Resende, Fornaziero, Cunha, & Osiecki,
2007). Em relação ao salto horizontal, os valores registados foram inferiores
aos observados por Resende et al. (2007), Seabra et al. (2001) e Toledo (2005),
mas similares aos encontrados por Ré, Bojikian, Teixeira, e Böhme (2005),
todavia em desportistas mais jovens (15.8 ± .6 anos). No que diz respeito ao
teste S30, os resultados verificados neste estudo (4.50 ± .13 s) apresentam
níveis inferiores aos encontrados noutras investigações (Martínez et al., 2004;
Resende et al., 2007). No entanto, Toledo (2005) e Ré et al. (2005) registaram
valores mais baixos comparativamente ao nosso estudo, mas em jogadores
ligeiramente mais jovens. Em suma, parece-nos que não existe uma uniformidade
nos valores de força explosiva, quer em testes específicos, quer não
específicos, em jovens jogadores de Futebol.
Para os testes MD e DT, apesar da literatura os considerar válidos para o
objectivo e âmbito deste estudo, os protocolos publicados variam em termos de
distâncias utilizadas. Por outro lado, nos estudos descritos, as amostras não
são coincidentes com a considerada neste estudo. Para a variável velocidade de
remate (VR), foram apurados, no presente estudo, os seguintes valores médios:
26.30 ± 1.63 m/s (Tabela_3). Estes valores são inferiores aos encontrados por
diferentes estudos realizados em populações idênticas (Sousa et al., 2003), bem
como em jogadores Seniores (Cometti, Maffiuletti, Pousson, Chatard, &
Maffulli, 2001). Segundo Luhtanen (1994), as velocidades de remate estão
compreendidas entre os 17 e 28 m/s, onde jogadores Seniores de elite podem
atingir valores entre os 32 e os 35 m/s. Assim, verifica-se que as velocidades
de remate observadas neste estudo são similares a outros previamente
publicados.
Podemos sugerir que a discrepância dos valores percebidos no nosso estudo pode
ser parcialmente explicada através das diferenças entre as metodologias de
avaliação adoptadas em cada um dos estudos, nos tipos de população utilizadas,
e nos diferentes níveis de treino dos participantes.
Ainda que os estudos em Futebol sejam escassos quando se trata de abordar
associações entre variáveis de performance com características explosivas, o
presente trabalho revelou importantes relações a considerar. Destacamos a
relação entre o SH e o SAR, entre o sprint e o mesmo salto vertical, assim como
com as mudanças rápidas de direcção. Em todos estes movimentos está presente o
ciclo do alongamento e encurtamento, o que pode explicar o elevado grau de
dependência entre estas variáveis (Marques, 2004). Estes dados são
determinantes aquando da planificação de programas de condição física em jovens
futebolistas. Todavia, estas relações apenas nos indicam o grau de associação
entre variáveis de rendimento e nunca poderão ser entendidas como a única fonte
de explicação para as alterações de performance. Tal como foi observado (ver
Tabela_4), o teste de SAR mostrou uma associação significativa mas moderada com
o sprint (S30) (r=−.408, p<.05) e uma forte correlação com o salto horizontal
(SH) (r= .823, p<.01), bem como uma relação significativa, ainda que moderada,
com o teste de mudança de direcção (MD) (r=−.423, p<.01). O SH evidenciou,
ainda, uma associação com o MD (r=−.474, p<.01). Gonzalez e Aguiar (2001)
verificaram uma associação positiva (r= .377) entre o S30 e o MD em jogadores
de futebol com idades ligeiramente inferiores (15.5 ± .5 anos) às do nosso
estudo. Por outro lado, Rebelo e Oliveira (2006) observaram uma relação
superior entre os testes de corrida linear e de corrida com fortes mudanças de
direcção, em jogadores profissionais. No que se refere à associação entre o SH
e o teste S30, Toledo (2005) verificou um coeficiente de correlação semelhante
ao encontrado neste estudo (r=−.299,p<.01).
De salientar o facto de o drible test não ter demonstrado nenhuma correlação
significativa com o desempenho nos restantes testes. Isto parece sugerir que o
desempenho na execução da condução da bola num percurso não linear, não está
apenas dependente das capacidades condicionais, mas sobretudo de aspectos
relacionados com a capacidade perceptivo-motora dos indivíduos (Soares, 2005).
No presente estudo não se detectou qualquer correlação entre o salto vertical e
a velocidade de remate, corroborando o estudo de Sousa et al. (2003). Assim,
apesar de o remate ser um movimento de natureza explosiva, o nível de controlo
coordenativo parece assumir-se como o factor preponderante na performance do
mesmo, relativamente ao parâmetro velocidade imprimida à bola. Sousa et al.
(2003) acrescentam que a relação entre salto vertical e a velocidade do remate
tende a aumentar com o número de anos de prática desportiva. Esse facto poderá
ser explicado por um efeito de aprendizagem do controlo do movimento, o que
induz um melhor aproveitamento dos recursos biomecânicos.
O período pubertário masculino é caracterizado por um aumento percentual da
massa muscular dos indivíduos, acompanhado de um desenvolvimento superior da
capacidade anaeróbica (Seabra et al., 2001). Segundo Marques (2004), nesta fase
dá-se o aperfeiçoamento final do padrão físico do indivíduo ao nível da
coordenação motora, da flexibilidade, da velocidade e da força muscular. Deste
modo, podemos afirmar que na idade Júnior, os indivíduos possuem um biótipo
mais definido, encontrando-se numa fase de especialização da modalidade.
Contudo, neste escalão, enquadram-se frequentemente jogadores do escalão
inferior (Juvenis), os quais se encontram em estados de maturação diferentes
face à individualidade biológica. Assim, é necessário uma correcta avaliação da
capacidade de cada indivíduo para que possamos definir e quantificar o sinal de
entrada e desenhar um sistema de controlo que permita aferir a relação entre a
carga real e a carga proposta, atendendo ao défice de adaptação de cada
desportista.
Através deste estudo ficou patente a necessidade de implementar um maior número
de testes para avaliar a capacidade motora específica, sobretudo aqueles que
sejam capazes de mensurar diferentes indicadores de performance no Futebol e
que contribuam para uma melhor caracterização da modalidade. Por exemplo, a
velocidade máxima de remate observada neste estudo é inferior a outras
investigações semelhantes, mas os valores aqui percebidos encontram-se dentro
da amplitude de velocidades aceitáveis para esta faixa etária (Luhtanen, 1994).
Fica ainda em aberto a discussão da relação entre a capacidade de manifestação
de força explosiva dos membros inferiores e a velocidade de remate. Sugerimos
que em estudos posteriores se procure a aplicação de protocolos de avaliação de
salto que empreguem instrumentos mais sofisticados, como por exemplo, o uso de
plataformas de força que ofereçam mais informação nos parâmetros derivados da
curva força-tempo resultante.
Para finalizar, realce-se ainda a necessidade de uma melhor compreensão da
relação entre força e velocidade e os aspectos relacionados com as capacidades
perceptivo-motoras. Como verificámos, o drible test não obteve qualquer
correlação com os restantes parâmetros avaliados. Sendo esta capacidade um
factor determinante nesta modalidade, torna-se necessário a validação de testes
que associem os factores condicionais observados com os factores perceptivo-
motores associados ao jogo.