Frequência cardíaca, perceção subjetiva de esforço e lactato sanguíneo nas
aulas de jump fit e hidro jump
As estratégias utilizadas pelas academias para proporcionar aos seus alunos
motivação e adesão verificam-se na variação das atividades físicas e no emprego
de diferentes métodos de aulas. Estes visam atender os âmbitos das necessidades
de seus praticantes, como por exemplo, a estética e a saúde (Mello, Boscolo,
Esteves, & Tukik, 2005). Dos diferentes tipos de métodos de aula de
atividades de academia da atualidade, dois dos mais recentes são o jump fit e o
hidro jump.
O jump fit pratica-se em cima de um mini-trampolim no meio terrestre. Tem como
objetivo a melhoria do condicionamento físico, proporcionando alterações
fisiológicas, do tipo cardiovasculares e neuromusculares. Sua proposta
possibilita incrementos em ambas as funções, através da estimulação das
variáveis hemodinâmicas e metabólicas, por meio das ações musculares, de
resistência e força, dos membros inferiores e abdómen (Alonso, Anjos, Leite,
Gonçalves, & Padovani, 2005; Anjos, Leite, Alonso, Gonçalves, &
Padovani, 2006; Freire & Novaes, 2005; Perantoni, Derez, Lauria, Lima,
& Novaes, 2009; Smith, & Bishop, 1988). Por sua vez, o hidro jump é um
método que tem os mesmos objetivos e proposta metodológica do jump fit, porém
com algumas modificações nos exercícios, devido à adaptação ao meio aquático
(Anjos et al., 2006; Anjos, Leite, Alonso, Gonçalves, & Padovani, 2007).
A prática de uma mesma metodologia de treino dentro e fora da água pode ter
efeitos agudos e crónicos distintos. No meio aquático, os indicadores
fisiológicos têm sido estudados (Graef & Kruel, 2006). Entretanto, ao se
fazer a comparação com o meio terrestre verifica-se que uma mesma atividade
apresenta respostas diferenciadas (Svedenhag, & Seger, 1992). Isto pode
acontecer em virtude das propriedades físicas do meio líquido e terrestre se
comportarem de forma diferente, tendo respostas fisiológicas, metabólicas e
biomecânicas distintas dos indivíduos durante os exercícios (Kruel, 2000). A
imersão, a temperatura da água e as diferentes posições corporais adotadas
podem afetar o comportamento dos indicadores de intensidade do esforço durante
a execução dos exercícios (Kruel, Tartaruga, Dias, Silva, Picanço, &
Rangel, 2005) ou mesmo durante a sua recuperação (Di Masi, Vale, Dantas,
Barreto, Novaes, & Reis, 2007).
Segundo Furtado, Simão e Lemos (2004), e Vendrusculo, Tartaruga, Coertjens,
Pantoja, Petkowicz e Kruel (2004), a frequência cardíaca, a perceção subjetiva
do esforço e a concentração de lactato são indicadores fisiológicos que podem
ser utilizados como marcadores das alterações orgânicas sofridas pelo corpo,
devido a este ter sido submetido ao stress e ao esforço, durante a prática do
jump. Os estudos de Furtado et al. (2004) e Anjos et al. (2006) verificaram as
respostas fisiológicas durante a prática do jump fit, resultando numa melhoria
na capacidade cardiorrespiratória. Outros estudos confirmaram a hipótese de que
uma sessão de jump pode influenciar negativamente o desempenho de um exercício
de força (Lemos, Simão, Miranda, & Novaes, 2007) ou de uma sequência de
exercícios de força (Lemos, Simão, Miranda, & Novaes, 2008). Algumas
pesquisas observaram que a prática do hidro jump também aumenta a capacidade
cardiorrespiratória (Anjos et al., 2006) e promovia alterações das variáveis
neuromusculares (Anjos et al., 2006; Alonso et al., 2007). Entretanto, revendo
a literatura, verificou-se a ausência de estudos que fizessem a comparação dos
indicadores fisiológico (LA) e psicofisiológico (PSE) entre as atividades de
jump dentro e fora da água.
Assim sendo, este estudo teve como objetivo comparar os efeitos agudos da
prática do jump na frequência cardíaca (FC), nos níveis de lactato sanguíneo
(LA) e na perceção subjetiva de esforço (PSE) num protocolo de aula igual tanto
para meio aquático, como para meio terrestre.
MÉTODO
Amostra
A amostra não probabilística foi composta por 8 indivíduos do sexo feminino com
valores médios de 43.5 ± 5.2 anos, 160.0 ± 4.68 cm, 58.93 ± 4.15 kg e 25.69 ±
4.40 %MG, para a idade, estatura, massa corporal e percentagem de massa gorda
estimada respetivamente, sendo todas saudáveis, fisicamente ativas e
praticantes de jump fit. Para a seleção dos sujeitos respeitaram-se os
seguintes critérios de exclusão: a) sujeitos com menos de seis meses de prática
de jump fit ou com frequência mínima de três vezes por semana; b) faixa etária
inferior a 40 anos e superior a 50 anos de idade; c) questionário de PAR-
Q positivo. Todas foram voluntárias para participar na pesquisa e assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com a lei 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde. O presente estudo atendeu às normas para a
realização de pesquisas com seres humanos e foi submetido e aprovado pelo
Comité de Ética em Pesquisa da Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro,
Brasil (protocolo número 056/2008).
Instrumentos e Procedimentos
Os procedimentos para a realização do estudo envolveram três dias de avaliações
que consistiram na recolha de dados, existindo um intervalo de 48 horas entre
as mesmas. Na primeira avaliação, foi realizada uma anamnese, aplicado o
questionário Par-Q e realizadas as medidas de massa corporal e estatura,
através de uma balança de resolução de 0.1 kg com estadiómetro (Filizola,
Brasil). Foi calculada a percentagem de massa gorda estimada através do
protocolo de 3 pregas de acordo com Jackson e Pollock (1978). De seguida, as
voluntárias foram submetidas a uma familiarização e treino dos protocolos de
aula de jump fit e hidro jump com a utilização da Escala de Perceção Subjetiva
de Esforço de Borg (1982). Os sujeitos foram aconselhados a não praticar
exercícios físicos durante 48 horas antes da realização dos protocolos de
intervenção do segundo e terceiro momentos de avaliação.
Nestas visitas os indivíduos foram submetidos a uma sessão de aula de hidro
jump e outra de jump fit, com entrada aleatória e contrabalançada e com um
intervalo de 48 horas entre as mesmas. A variável FC foi aferida a cada 2
minutos juntamente com a PSE. O LA foi recolhido a cada 20 minutos. Foram
utilizados os minitrampolins (Physicus, Brasil) durante as aulas no solo e na
água. Na sessão de jump fit a temperatura ambiente ficou entre 22°C e 24°C com
humidade relativa do ar de 50%. A sessão de aula de hidro jump foi feita em
piscina aquecida com profundidade de 1.10 m e temperatura da água de 28°C.
Para as análises de sangue os dados foram recolhidos em repouso, 20 minutos e
40 minutos após iniciadas as sessões de treino, do lóbulo do dedo que era
aquecido em água com temperaturas entre os 41°C e 43°C durante 1 a 2 minutos
(Pöyhönen, Spilã, Keskinen, Hautala, Savolainene, & Malkia, 2002), sendo
recolhidos 25 μl de sangue arterializado, através de capilares de vidro
heparinizados e calibrados. O sangue recolhido foi depositado em tubos de 1.5
mL para microcentrifugas, contendo 50 μl de fluoreto de sódio (NaF ' 1%), para
desta forma se obter a concentração de lactato sanguíneo (mM) em lactímetro
Eletroquímico Yellow Spings Instruments (YSI) modelo 1500 Sport (Roseguini,
Silva, & Gobatto, 2008).
As avaliações da FC durante os protocolos de intervenção foram realizadas de
forma contínua e no repouso foram realizadas no meio terrestre e aquático,
através de um frequencímetro da marca Polar (Modelo A1, Finlândia).
Os sujeitos permaneceram sentados, numa sala isolada, no máximo repouso
possível durante 10 minutos. Logo após, foi feita a recolha com os sujeitos em
pé no solo, por dois minutos, e em pé em imersão até à profundidade do apêndice
xifóide, também por dois minutos (Freire & Novaes, 2005).
O protocolo de intervenção utilizado foi o mesmo protocolo nas aulas de jump no
solo e na água, com duração de 40 minutos. A aula foi composta do 1° ao 5°
minuto pelo aquecimento; do 5° ao 35° minuto pela parte principal, utilizando-
se 140b pm de estímulo musical; e do 35° ao 40 ° minuto pelo retorno à calma.
Os exercícios executados em cada fase podem ser observados na Tabela 1.
Tabela 1
Descrição do protocolo de aula de jump com as fases, o tempo de duração, os
movimentos executados e os materiais utilizados
Análise Estatística
O tratamento estatístico dos dados foi realizado através do programa SPSS 14.0
e estes foram apresentados com média e desvio padrão. O teste de Shapiro-Wilk
foi usado para verificar a homogeneidade da amostra e o teste de Levene foi
aplicado para analisar a homogeneidade de variância. A análise de variância
(ANOVA one-way), seguida do Post Hoc de Tukey, foi utilizada para comparar as
diferenças de médias por estágio entre as aulas de jump fit e hidro jump nas
variáveis de FC e LA. O teste de Friedman, seguido do teste Wilcoxon, foi
utilizado para comparar diferenças entre as médias da PSE. O estudo admitiu um
nível de p < .05 para a significância estatística.
RESULTADOS
As figuras a seguir apresentam a relação entre as cinco fases específicas,
durante as aulas de jump fit e hidro jump, com as variáveis dependentes que
foram medidas.
Na Figura 1, observa-se que não houve diferenças significativas nos valores das
médias da FC entre as fases dos protocolos das aulas de hidro jump e jump fit
(p < .05). Pode observar-se que os maiores valores de FC ocorreram na fase 2 e
5 para o jump e na fase 2 para o hidro jump.
Figura 1. Comparação da frequência cardíaca do hidro jump vs jump fit
Na Figura 2, à medida que a atividade aumentava, o tempo de duração em resposta
tinha uma PSE mais elevada. Comparando os métodos, para os valores médios da
PSE, verifica-se que não houve diferenças significativas entre as fases dos
protocolos das aulas de hidro jump e jump fit (p < .05). Entretanto, em todas
as fases a PSE apresentou maiores pontuações no protocolo de aula de hidro
jump.
Figura 2. Comparação da percepção subjetiva do esforço do hidro jump vs jump
fit
Na Figura 3, verifica-se que não houve diferenças significativas nos valores
das médias do LA entre os distintos tempos recolhidos do protocolo de hidro
jump quando comparados com os valores do protocolo de jump fit. Entretanto, as
diferenças significativas intra-grupos só ocorreram quando foram comparados os
tempos de 20 e 40 min com a medida realizada em repouso.
Figura 3. Comparação na concentração plasmática do lactato inter-grupo e intra-
grupo do hidro jump vs jump fit, ao longo do tempo de aula
DISCUSSÃO
O objetivo deste estudo foi comparar os efeitos agudos da prática do jump na
frequência cardíaca (FC), nos níveis de lactato sanguíneo (LA) e na perceção
subjetiva de esforço (PSE) num mesmo protocolo de aula em meio aquático e
terrestre. Os resultados demonstraram não haver diferenças significativas para
as variáveis investigadas, entre os métodos jump fit e hidro jump. Entretanto,
os dois métodos apresentaram um comportamento de stress cardíaco de acordo com
as linhas orientadoras propostas pelo ACSM (American College of Sports
Medicine, 2006).
Furtado et al. (2004) verificaram o efeito agudo das variáveis frequência
cardíaca (FC), consumo de oxigénio (VO2), produção de dióxido de carbono
(VCO2), razão de troca respiratória (R), equivalente metabólico (MET) e gasto
energético, durante uma aula de jump fit, em 10 mulheres praticantes dessa
atividade. A avaliação espirométrica das diversas etapas da aula indicou os
seguintes resultados médios: FC de 16.3 ± 8.9 bpm, VO 2 de 1.59L.min-1 ± 0.45,
R de 0.87 ± 0.10 e gasto energético total 386.4 ± 13.8 kcal. A intensidade
média da aula de jump fit correspondeu a 75 ± 7.7 % do pico de VO2. Os valores
médios percentuais encontrados foram para a FC de 87.1 % e para o VO 2 de
81.2%). Num outro estudo, Groosl, Guglielmo, e Carminatti (2008) determinaram a
intensidade da aula de power jump por meio da FC. Além do teste incremental, a
amostra teve a FC monitorada em dois diferentes protocolos de aulas de jump. Os
resultados da FC obtidos durante os dois protocolos, relacionando com a FCmáx,
identificou um valor percentual de 82.8 ± 6.0 % e 80.0 ± 5.0 %, respetivamente.
Mais recentemente, Perantoni et al. (2009) desenvolveram uma investigação que
teve como objetivo verificar a intensidade de uma sessão de jump, realizada com
uma cadência musical de 135 batidas por minuto (bpm) acompanhada de uma
coreografia somente de membros inferiores. A amostra foi constituída por 11
mulheres saudáveis praticantes da modalidade jump. As voluntárias foram
submetidas a um teste no minitrampolim para verificar o consumo de oxigénio
(VO2) e a frequência cardíaca (FC) durante a realização de uma coreografia com
10 minutos. Encontrou-se um percentual médio para a FC de 81% e para o VO2 de
64%. Os resultados de todas as pesquisas apresentadas anteriormente
demonstraram ser similares aos resultados do presente estudo, visto que as
respostas de FC mantiveram-se elevadas, acima dos 80% da FCmáx predito pela
idade (American College of Sports Medicine, 2006).
Leite, Alonso, Anjos, Gonçalves e Padovani (2006) verificaram o impacto de 16
semanas de treino de hidro jump no comportamento das variáveis da aptidão
física, em mulheres sedentárias. A amostra foi composta por 20 mulheres
sedentárias, com idades entre os 20 e os 35 anos. O treino foi composto por
três sessões semanais de 45 minutos com o mini-trampolim na água. Os resultados
indicaram aumentos significativos da resistência muscular de membros inferiores
e superiores, da frequência cardíaca pós-exercício e do consumo máximo de
oxigênio. Sendo assim, um treino com minitrampolim na água é eficaz para
incremento crónico de algumas capacidades físicas relacionadas com indicadores
de saúde.
Os resultados do presente estudo (referentes aos valores de frequência
cardíaca) demonstraram um stress agudo favorável das variáveis fisiológicas no
jump em meio aquático e terrestre, o que é corroborado com os resultados da
pesquisa anterior. Neste âmbito, Caromano, Themudo Filho, e Candeloro, (2003)
advertem que um treino sistematizado, dentro dos padrões determinados pelos
consensos da Revista Brasileira de Medicina do Esporte, (2001) e do ACSM
(2006), executado por um indivíduo em imersão no meio líquido, pode levar o
organismo a novas adaptações cardio-vasculares. Isto poderá acontecer em
virtude de uma série de modificações fisiológicas no fluxo de sangue, na
termorregulação, no metabolismo, no sistema nervoso, na composição sanguínea,
na secreção das glândulas e nos aspetos psicofisiológicos.
Anjos et al. (2006) compararam o efeito do treino de um jump em solo e em meio
aquático durante 16 semanas nas dimensões morfológicas (índice de hidro
jumpmassa corporal - IMC, relação cintura-quadril - RCQ) e na capacidade
cardio-respiratória (VO2máx) de 46 mulheres sedentárias, entre os 20 e os 35
anos. Os resultados indicaram uma manutenção da massa corporal e a redução não
significativa do IMC em ambos os grupos. Porém, houve uma redução dos valores
da RCQ apenas para o grupo de hidro jump, com um incremento da capacidade
cardiorrespiratória de 22% para a atividade de solo e de 9% para a aquática.
Apesar de terem ocorrido melhorias na capacidade aeróbia nas duas propostas,
esta foi maior no exercício em solo, enquanto no se notou uma maior influência
sobre as outras variáveis morfológicas do estudo. Isto aconteceu,
provavelmente, em virtude do tipo de exigência imposta pelos dois protocolos.
Entretanto, quando se observam os valores da média da FC de recuperação, no
início e no final da intervenção, do estudo acima descrito, os valores foram
significativamente maiores no meio aquático, quando comparados com os do meio
terrestre.
No estudo de Ferreira, Brasil, Barreto, Dos Santos, Vale e Novaes, (2005), as
médias dos valores da FC na sessão de ciclismo indoor também foram superiores
do que as do ciclismo aquático. No nosso estudo, apesar de ter sido realizado
com o minitrampolim, o mesmo comportamento fisiológico aconteceu apenas na fase
2. Ou seja, a FC no meio terrestre esteve mais elevada do que no meio aquático.
Isto contrariou a hipótese inicial do nosso estudo, uma vez que se esperava que
durante a comparação da atividade jump, dentro e fora da água, a FC fosse menor
no meio líquido, já que a pressão hidrostática e a flutuação do corpo, dada
pela força de impulsão da água, auxiliam o deslocamento sanguíneo para a região
central do corpo, aumentando o volume sistólico e diminuindo a FC. Um dos
estudos que sustentou a nossa hipótese foi o de Graef e Kruel (2006), que numa
revisão sobre o comportamento da FC e da PSE nos meios aquático e terrestre,
sugerem haver uma tendência para maiores diferenças entre estas quando os
indivíduos se aproximam do esforço máximo, apresentando uma redução da FC em
ambiente aquático.
Rennie, Di Prampero e Cerretelli (1991), corroborando com os dados da presente
pesquisa, não revelaram alterações significativas na FC para exercícios
intensos, em temperaturas de água abaixo de 34°C. No entanto, Kruel (2000)
comparou a FC durante a execução de exercícios típicos de hidroginástica
realizados dentro e fora do ambiente aquático. Os resultados indicaram uma
redução média de 25 bpm (p < .05), durante a realização de exercícios na água
com intensidade moderada, para mulheres praticantes de hidroginástica há pelo
menos seis meses. Entretanto, no nosso estudo, a amostra era constituída por
praticantes de actividade terrestre de jump fit sem experiência no hidro jump.
Sabe-se que a falta de um período de adaptação ao meio líquido pode influenciar
as respostas hemodinâmicas (Leite et al., 2006). Este facto, e o tamanho
reduzido da amostra, podem ser assumidos como uma limitação do nosso estudo.
Em relação à PSE, no nosso estudo, quando comparados os valores médios dos dois
métodos, verificou-se que não houve diferenças significativas entre as fases
dos protocolos das aulas dentro e fora da água. Entretanto, em todas as fases,
a PSE apresentou maiores pontuações no protocolo de aula de hidro jump. Estes
resultados estão de acordo com a revisão de Graef e Kruel (2006), que advertem
que a sensação de cansaço percebida pelo praticante, numa atividade realizada
no meio aquático, é sempre maior que no meio terrestre. Contudo, parece não
haver um consenso na literatura a respeito da relação entre FC e PSE no meio
aquático, apontando para a realização de novas investigações neste âmbito.
Perantoni et al. (2009) verificaram que a PSE média de uma sessão de jump
training foi de 12.4 ± 2.3, a partir da escala de percepção de esforço de Borg.
Estes resultados são semelhantes aos encontrados na presente pesquisa onde a
PSE média da aula de jump fit variou entre o nível de intensidade 11 da escala
de Borg, na fase 1 da aula, e o nível 13, na fase 5. Lazzari e Meyer (1997),
compararam as respostas da PSE durante a caminhada na água, com a água pela
cintura, com a caminhada na passadeira a uma mesma velocidade, com intensidade
submáxima. Os valores da PSE recolhidos na caminhada aquática foram
significativamente maiores quando comparados com os valores da caminhada na
passadeira. Estes resultados corroboram os nossos e a nossa hipótese em relação
à PSE. Esta diferença, em ambos os ambientes, já era esperada em virtude da
utilização da mesma velocidade para os movimentos no minitrampolim, controlada
pelo ritmo musical (140 bpm). Sabe-se que o meio aquático apresenta maior
resistência ao deslocamento do corpo causando um maior gasto energético e
trabalho muscular (Graef & Kruel, 2006).
O estudo de Ferreira et al. (2005) também comparou a variável PSE nas fases do
protocolo de aula de ciclismo indoor e aquático. Os resultados apresentaram
valores semelhantes aos do presente estudo. Ou seja, um aumento da sensação de
esforço a cada fase em ambos os protocolos. Este facto ocorre principalmente
por o volume ser uma variável capaz de exercer um elevado desgaste em
diferentes sessões de treino (Bassini-Cameron, Monteiro, Gomes, Werneck-de-
Castro, & Cameron, 2008). Ainda no estudo de Ferreira et al. (2005), os
indivíduos apresentaram valores maiores da PSE no ciclismo aquático, nas várias
fases da parte principal da aula, quando comparado com o terrestre, porém
apresentando diferenças significativas (p < .05) apenas na fase 2. Esta
situação ocorreu possivelmente pela maior fadiga periférica proporcionada pelo
meio aquático que pode levar o indivíduo a uma maior sensação de esforço,
independentemente do tipo de exercícios executado, corroborando desta forma os
resultados do nosso estudo com os do estudo de Di Masi et al. (2007).
O valor médio da variável LA foi maior na sessão de hidro jump em todos os
tempos de verificação, embora estas diferenças não se tenham verificado
estatisticamente significativas. Este facto ocorreu também no estudo de
Ferreira et al. (2005), quando foi comparada a concentração do lactato
sanguíneo entre um protocolo de aula de spinning dentro e fora de água. Os
resultados indicaram pouca variação das respostas do lactato em meio aquático e
terrestre (p > .05), indo de encontro aos resultados obtidos por Di Masi et al.
(2007), os quais analisaram a concentração de lactato durante a recuperação nos
dois meios. Tanto num protocolo de esforço, como num protocolo de recuperação,
a pequena alteração de lactato, verificada entre os dois diferentes meios,
aponta para um índice mais elevado em meio aquático. Esta situação acontece,
possivelmente pelo aumento da fadiga periférica do indivíduo que resulta de uma
maior resistência oferecida pela água para a realização do movimento.
As diferenças significativas encontradas no 20° e no 40° minutos da aula,
quando comparados ao repouso, nos meios aquático e terrestre, são decorrentes
de um mecanismo que é proposto como uma forma de alimentação das exigências
energéticas dos diferentes métodos de exercício físico (Bassini-Cameron et al.,
2008; Di Masi et al., 2007). Pode notar-se que a concentração de lactato no 20°
minuto foi de 5 mM/L para ambos os métodos e no 40° minuto a média dos dois
métodos foi de 4.3 mM/L. Tais respostas metabólicas demonstram que o método
jump não é excessivo nem dentro nem fora da água, pois as intensidades de
trabalho correspondem a valores ligeiramente acima ou abaixo do limiar
anaeróbio. Esta forma de treino que propõe um estímulo contínuo resulta num
aumento do condicionamento físico e desta forma, pode proporcionar benefícios à
saúde (Mello, Boscolo, Esteves, & Tukik, 2005; Okano et al., 2006; Pinto,
Alberton, Figueiredo, Tiggemann, & Kruel, 2008).
CONCLUSÕES
A partir dos resultados encontrados e assumindo a limitação de uma amostra
reduzida, o presente estudo revelou não haver diferenças significativas entre
as variáveis FC, a PSE e o LA durante os protocolos de aulas de jump no meio
aquático e terrestre. Como aplicação prática pode-se sugerir estas actividades
para indivíduos que pretendem obter melhorias do condicionamento físico geral,
podendo utilizar-se o exercício dentro e fora de água.