Influência aguda do alongamento estático no comportamento da força muscular
máxima
INTRODUÇÃO
O alongamento muscular é frequentemente empregado nas atividades desportivas,
com o objetivo de aumentar a amplitude articular, assim como diminuir o risco
de lesões e melhorar o desempenho atlético (Bacurau et al., 2009; McHugh &
Cosgrave, 2010; Safran, Seaber, & Garrett, 1989). O American College of
Sports Medicine (2011) coloca a aptidão músculo esquelética (força, resistência
muscular localizada e flexibilidade), a aptidão cardiorrespiratória (potência
aeróbia) e a aptidão neuromotora (agilidade, velocidade de reação, equilíbrio)
juntamente com a composição corporal como as quatro importantes componentes da
aptidão física. Estas devem estar presentes em qualquer programa de atividade
física relacionado à melhoria da saúde. Alguns estudos indicam a realização de
exercícios de alongamento antes do treino físico sob a alegação de promover
melhorias no desempenho, diminuir o risco de lesões e diminuir o aparecimento
de dores musculares tardias (Almeida & Jabur, 2007; Bacurau et al., 2009;
Beaulieu, 1981; McHugh & Cosgrave, 2010; Shellock & Prentice, 1985).
Porém, outros estudos parecem não sustentar tais afirmações (Barroso, Tricoli,
Gil, Ugrinowitsch, & Roschel, 2012; Bradley, Olsen, & Portas, 2007;
Costa, Ryan, et al., 2009; Costa et al., 2013; Rubini, Costa, & Gomes,
2007; Weldon & Hill, 2003; Young & Behm, 2002).
Diversos autores demonstram uma diminuição aguda da força muscular, quando esta
é precedida por exercícios de alongamento (Fowles, Sale, & MacDougall,
2000; Marek et al., 2005). Marek et al. (2005) investigaram a influência dos
alongamentos estático e FNP no torque máximo e na potência muscular dos
extensores do joelho em aparelho isocinético em duas velocidades específicas.
Os autores concluíram que ambos os métodos promoveram diminuições similares na
força, na potência e na ativação muscular nas duas velocidades (600.s-1 e
3000.s-1). Utilizando apenas o alongamento estático, Fowles et al. (2000)
demonstraram diminuições significativas de até 28% na força isométrica máxima
dos flexores plantares. Além disso, os autores observaram que a diminuição
permaneceu por até 60 minutos.
Adicionalmente, estudos comparando o efeito agudo do alongamento estático
passivo e da facilitação neuromuscular propriocetiva (FNP) sobre diferentes
testes de força vêm sendo realizados (Bacurau et al., 2009; Bradley et al.,
2007; Franco, Signorelli, Trajano, & Oliveira, 2008; Gomes, Simão, Marques,
Costa, & Novaes, 2011; Miyahara, Naito, Ogura, Katamoto, & Aoki, 2013).
Gomes et al. (2011) verificaram o efeito agudo do alongamento estático e FNP
sobre o número de repetições máximas para as intensidades de 40, 60 e 80% de
1RM no exercício cadeira extensora. Para as três intensidades, diferenças
significativas foram observadas entre os diferentes métodos de alongamento.
Miyahara et al. (2013) compararam o efeito do alongamento estático e FNP sobre
a contração voluntária máxima. Os resultados mostraram que os valores para a
contração voluntária máxima, tanto para o alongamento estático, quanto para o
alongamento FNP, foram menores quando comparados com o grupo controle. Nenhuma
diferença significativa foi encontrada para a contração voluntária máxima
quando comparado o alongamento estático com o alongamento FNP.
Após revisão da literatura, observamos que artigos que procuraram investigar o
efeito dos exercícios de alongamento no desempenho da força isotónica
apresentam resultados divergentes em suas conclusões. Simão, Giacomini,
Dorneles, Marramon, e Viveiros (2003) estudando indivíduos fisicamente ativos
não observaram diferenças significativas no desempenho do teste de uma
repetição máxima (1RM) no supino horizontal quando precedido por alongamento
com o método FNP e o aquecimento específico. Costa, Santos, Prestes, Da Silva,
e Knackfuss (2009) verificaram a influência aguda do alongamento estático no
desempenho de força máxima de atletas de jiu-jitsu no exercício supino
horizontal. Os autores concluíram que o protocolo de alongamento utilizado
gerou redução significativa na geração de força máxima dos atletas. Endlich et
al. (2009) analisaram o efeito agudo do alongamento com diferentes tempos no
desempenho da força dinâmica de membros superiores e inferiores em 14 homens
jovens. Os autores concluíram que sessões de alongamentos estáticos precedidos
de atividades que envolvam força dinâmica alteraram negativamente o desempenho
dessa capacidade física, sendo mais efetivas em longos períodos de alongamento.
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi comparar a influência aguda do
alongamento estático sobre a força muscular máxima (1RM) para os exercícios
supino reto/horizontal (SH) e cadeira extensora (CE).
MÉTODO
Participantes
Participaram do estudo 30 indivíduos do sexo masculino, experientes em
exercícios de força há no mínimo seis meses, com frequência mínima de três
vezes por semana. Todos tinham experiência prévia com os exercícios utilizados
para a realização do estudo. Esse critério foi adotado a fim de evitar o
acometimento de dor muscular tardia, bem como falhas na determinação da carga
de trabalho, devido à falta de coordenação necessária para a execução dos
exercícios.
Todos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme a
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde para experimentos com humanos e
responderam negativamente ao questionário PAR-Q (Shephard, 1988). O projeto de
pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Castelo Branco com o
protocolo de número 0051/2008.
Instrumentos e Procedimentos
Todos os voluntários realizaram quatro visitas não consecutivas com intervalo
de 48 horas entre as mesmas. Todos fizeram os testes no mesmo período do dia
durante todo o procedimento experimental. Nas duas primeiras visitas foram
realizadas as mensurações das medidas antropométricas (estatura e massa
corporal), além de uma triagem para verificar os critérios de inclusão e
exclusão. Todos foram orientados quanto à execução dos movimentos e do
posicionamento do corpo nos aparelhos. Este procedimento facilitou o controlo
da angulação e execução dos movimentos garantindo a amplitude padrão para todos
os indivíduos em ambos os exercícios. Na terceira e quarta visitas os
voluntários (n= 30) foram divididos aleatoriamente e equitativamente nas
seguintes situações experimentais: a) alongamento estático + teste 1RM (GA); b)
teste de 1RM sem alongamento (GC) para os exercícios supino horizontal e
cadeira extensora.
Quinze sujeitos (GA: 29.3 ± 3.3 anos, 170.4 ± 6.0 cm, 72.3 ± 12.0 kg),
realizaram um aquecimento com exercício de alongamento estático, sendo
executada uma série com dez segundos de manutenção na posição de alongamento,
onde o movimento foi limitado pelo limiar de dor. Imediatamente após o
aquecimento, os indivíduos realizaram o primeiro teste de 1RM. Após o teste, o
voluntário realizava o mesmo exercício de alongamento estático, porém com
duração de 30 segundos de manutenção na posição, realizando em seguida o teste
de 1RM.
O GC foi composto por quinze sujeitos (GC: 29.3 ± 3.5 anos; 170.6 ± 3.3 cm;
75.8 ± 8.7 kg), não tendo realizado nenhum tipo de aquecimento. Os indivíduos
realizavam o teste de 1RM e após 30 segundos realizavam novamente o teste.
Determinação de 1RM
Para avaliação da força muscular através do teste de 1RM foi utilizado um
dinamómetro modelo 32527pp400 Pound push/pull acoplado nos aparelhos cadeira
extensora (CE) e supino reto (SH) em pórticos da Riguetto®. Abaixo segue a
descrição detalhada da realização dos exercícios:
Supino reto- o indivíduo deitava-se no banco em posição supina, posicionando a
barra na linha do ponto meso-esternal. A distância das mãos deveria
corresponder à posição em que o úmero ficasse em posição horizontal em relação
ao solo e o ângulo formado entre o braço e o antebraço fosse de 90º na fase
excêntrica do movimento, angulação que foi auferida por um goniômetro. O
exercício foi realizado da seguinte maneira: a) Posição inicial ' fase
excêntrica do movimento, sua execução era iniciada com os cotovelos em
extensão; b) Posição intermediária ' fase concêntrica do movimento, com os
cotovelos formando um ângulo de 90º de flexão com o úmero em paralelo ao solo
(limitador de amplitude), retornando então a posição inicial.
Cadeira extensora' o indivíduo sentado na cadeira, braços ao longo do corpo,
mãos segurando o suporte, joelhos a 90º e tornozelos posicionados para realizar
a extensão total dos joelhos (fase concêntrica). Após extensão total do joelho
o indivíduo retornava à posição inicial, joelhos a 90º (fase excêntrica). Para
este exercício adotou-se a execução de forma unilateral, devido à possibilidade
de haver uma subestimação da carga para o movimento de forma bilateral. Desta
forma, adotou-se o membro dominante para realizar o exercício.
Protocolo de alongamento
Para o tratamento com o método estático utilizou-se uma série com 30 segundos
de manutenção na posição (ACSM, 2011), na qual o movimento era levado até uma
posição de ligeiro desconforto em ambos os exercícios. Abaixo segue a descrição
detalhada da realização dos exercícios:
Cintura escapular ' com o voluntário em pé, era realizada uma abdução
horizontal da articulação glenoumeral de forma ativa. O movimento foi realizado
de forma unilateral e em cadeia cinética fechada.
Extensores do joelho ' com o voluntário em pé, era realizada a flexão do joelho
de forma ativa. O exercício também foi realizado de forma unilateral.
Análise Estatística
Os dados foram tratados pelo programa estatístico SPSS 14.0 e apresentados
através da estatística descritiva (média, desvio-padrão, mediana e coeficiente
de variação). A normalidade dos dados foi realizada pelo teste Shapiro-Wilk. O
teste de Wilcoxon foi utilizado para as comparações intragrupos e o teste de
Kruskal-Wallis para as comparações intergrupos, seguido do cálculo do intervalo
de confiança para identificar as possíveis diferenças, por serem considerados
apropriados devido à não normalidade dos dados. Utilizou-se o teste de Mann-
Whitney para a comparação da variação percentual intergrupos. O estudo admitiu
o valor de p< 0.05 para a significância estatística.
RESULTADOS
A Tabela_1 apresenta os resultados descritivos da amostra em relação ao GA e o
GC. Nela constata-se que o grupo GA apresentou uma baixa dispersão (CV< 25%),
com exceção da variável CE pré. Observa-se que ambos os grupos apresentaram uma
distribuição normal em relação às variáveis, com exceção da CE pré, e no SH pré
apenas para o GC.
A Figura_1 mostra a comparação do desempenho da força muscular no exercício CE
nas situações GA e GC. Não foram observadas diferenças estatisticamente
significativas (p> 0.05) no momento pré (GA= 203.0 ± 13.1 kg vs. GC= 232.6 ±
3.8 kg) e nem no momento pós (GA= 199.3 ± 11.7 kg vs. GC= 231.3 ± 3.8 kg).
A Figura_2 mostra a comparação do desempenho da força muscular no exercício SH
nas situações GA e GC. Foram observadas diferenças estatisticamente
significativas (p< 0.05) apenas no momento pré (GA= 203.6 ± 12.2 kg vs. GC=
242.6 ± 3.4 kg). Entretanto, no momento pós, não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas (p> 0.05) (GA= 213.3 ± 9.5 kg vs. GC= 241.3 ±
2.7 kg).
A Tabela_2 apresenta os resultados das variações dos percentuais médios das
cargas dos testes nos exercícios CE e SH.
DISCUSSÃO
O presente estudo comparou a influência aguda do alongamento estático sobre a
força muscular máxima (1RM) para os exercícios supino reto (SH) e cadeira
extensora (CE). De forma geral, os resultados indicaram não haver influência
significativa da utilização dos exercícios de alongamento entre os testes de
força de 1RM. Apesar de não haver diferença significativa, pôde-se observar uma
tendência de diminuição no desempenho da força máxima. Para o exercício CE no
instante pós-teste, pôde ser observada uma redução de 13.8% no desempenho da
força máxima quando comparadas às situações GC com GA. No exercício SH apesar
de também não haver diferença significativa, observou-se uma diminuição de
11.6% quando comparadas as duas situações experimentais.
Os resultados do presente estudo estão de acordo com outros estudos da
literatura científica, que utilizaram diferentes tipos de testes com o mesmo
tempo de sustentação na posição de alongamento do presente estudo (30 segundos)
e mostraram em suas conclusões não haver diminuição da força muscular quando
precedida pelo método de alongamento estático (Barroso et al., 2012; Egan,
Cramer, Massey, & Marek, 2006; Lopes, Barreto, Vale, & Novaes, 2005;
Ogura, Miyahara, Naito, Katamoto, & Aoki, 2007; Papadopoulos,
Kalapotharakos, Meliggas, Gantiraga, & Prassas, 2007; Yamaguchi &
Ishii, 2005). Ogura et al. (2007) e Papadopoulos et al. (2007) não observaram
diminuições no desempenho da contração voluntária máxima (CVM) quando precedido
de alongamento estático para os músculos posteriores e extensores do joelho,
respetivamente. Mesmo utilizando um volume muito maior de exercícios, Egan et
al. (2006) também não observaram diminuições significativas em teste
isocinético para os extensores do joelho da perna dominante nas velocidades de
600 e 3000. s-1.
Unick, Kieffer, Cheesman, e Feeney (2005) não encontraram diferenças
significativas no desempenho dos saltos verticais em mulheres treinadas,
utilizando no seu protocolo de treino três séries com quinze segundos de
sustentação na posição de alongamento. Os dados corroboram com o do presente
estudo, mesmo sendo utilizado um tempo maior de sustentação na posição de
alongamento e sendo avaliadas diferentes variáveis (força máxima e a potência).
Nesse sentido, Beedle, Rytter, Healy e Ward (2008) não encontraram nenhuma
alteração nos níveis de força máxima para o teste de 1RM, tanto para o
exercício supino quanto para o exercício leg press, em homens treinados, quando
precedidos dos métodos de alongamento estático e dinâmico. Franco et al. (2008)
avaliaram os efeitos agudos dos alongamentos estático e FNP sobre a resistência
muscular em homens no exercício supino horizontal, tendo observado não existir
diferença estatisticamente significativa entre os exercícios de alongamento.
Adicionalmente, sugeriram que os protocolos de alongamentos podem influenciar a
resistência no exercício supino horizontal.
Ao comparar os efeitos agudos dos alongamentos estático e balístico sobre o
desempenho da força máxima no teste de 1RM em homens treinados, Bacurau et al.
(2009) encontraram reduções nos níveis de força para o exercício leg pressentre
o alongamento estático e balístico (2.2%) e entre o alongamento estático e o
grupo controle (13.4%). Entre o alongamento balístico e grupo controle nenhuma
diferença significativa foi observada. Barroso et al. (2012) compararam o
efeito agudo dos alongamentos estático, balístico e FNP sobre o número de
repetições no exercício leg press. Sendo assim, reduções significativas foram
encontradas entre o alongamento estático (20.8%), o alongamento balístico
(17.8%) e o FNP (22.7%) quando comparados à condição sem alongamento. Bradley
et al. (2007) compararam os efeitos agudos dos métodos de alongamento estático,
balístico e FNP sobre o desempenho do salto vertical. Os autores encontraram
reduções na performance do salto após o alongamento estático (4.0%) e FNP
(5.1%), tendo concluído que alongamentos estáticos e FNP não devem ser
realizados imediatamente antes de um movimento que envolva explosão.
Em relação aos exercícios de flexibilidade executados previamente aos
exercícios de força, pode-se mencionar o estudo de Tricoli e Paulo (2002), no
qual foi investigado o efeito agudo dos exercícios de alongamento estático no
desempenho de força máxima. No experimento, 11 sujeitos do sexo masculino foram
submetidos a um teste de 1RM sob duas condições, com e sem exercícios de
alongamento. O teste consistiu na execução completa do exercício de extensão e
flexão de joelhos no aparelho leg press. O grupo que realizou os exercícios de
alongamento obteve resultados no teste de 1RM significativamente menores (p<
0.05) que o grupo que realizou o exercício sem alongar. Ou seja, o alongamento
estático provocou uma diminuição de rendimento da força máxima. Não foi
possível confirmar esses resultados em nosso estudo. Contudo, é claro que
existe uma diferença grande no volume de aquecimento implementado no estudo de
Tricoli e Paulo (2002). Os autores realizaram o aquecimento com alongamentos de
20 minutos, enquanto em nosso estudo foi aplicada uma série de 30 segundos de
sustentação estática. Um alto volume de treino de flexibilidade também pôde ser
observado no estudo de Gomes, Cruz, Junior, Novaes e Trindade (2005). Os
autores analisaram o desempenho no teste de 1RM no exercício SH de 15
voluntários extremamente treinados em força. Como treino de flexibilidade, os
autores utilizaram os métodos estático e FNP com três séries seguidas de 30
segundos de sustentação na posição, o que corresponde a um estímulo três vezes
maior do que o do presente estudo. Foi observada uma diminuição de 4.2% e 7.2%
para os métodos estático e FNP, respetivamente, quando comparados com um grupo
controle.
Uma hipótese que deve ser considerada é que no presente estudo o aquecimento
foi feito em apenas uma sessão antecedendo o teste. Dessa maneira, possíveis
modificações plásticas não ocorreram tanto nos componentes elásticos dos
tecidos moles, como na fáscia muscular, induzindo a modificações mais
permanentes em seus comprimentos. Por outro lado, talvez essas modificações
permitam que o sarcómero atinja seu comprimento ótimo, possibilitando
desenvolver o máximo de tensão (Gordon, Huxley, & Julian, 1966). Na mesma
linha de pensamento, outro aspeto importante é a possibilidade de que os
exercícios de alongamento tenham a capacidade de alterar as propriedades
viscoelásticas da unidade músculo-tendão, reduzindo a tensão passiva e a
rigidez da unidade (Kubo, Kanehisa, Kawakami, & Fukunaga, 2001). Segundo o
estudo de Wilson, Murphy, e Pryor (1994), um sistema músculo-tendão mais
maleável passaria por um rápido período de diminuição de comprimento, com
ausência de sobrecarga, até que os componentes elásticos do sistema fossem
ajustados o suficiente para a transmissão da força, colocando o componente
contrátil numa posição menos favorável em termos de produção de força nas
curvas de força-comprimento e força-velocidade. Isso vai ao encontro dos
estudos de Tricoli e Paulo (2002), que observaram a possibilidade dos
exercícios de alongamento afetarem negativamente a transferência de força da
musculatura para o sistema esquelético, podendo causar, portanto, uma
diminuição no rendimento. Enfim, o decréscimo na ativação das unidades motoras
pode ser o responsável pela redução na capacidade de força máxima após
exercícios de alongamento (Fowles et al., 2000). Uma vez aceitando-se estas
hipóteses, pode-se pensar que os resultados presentemente obtidos devem-se,
provavelmente, a um tempo de estimulação insuficiente para alterar
fisiologicamente a estrutura muscular, a ponto de influenciar-se o teste de
1RM.
Outro fato que devemos apresentar é que o método de alongamento FNP é mais
eficiente do que o método estático para aumentar a amplitude articular (Funk,
Swank, Mikla, Fagan, & Farr, 2003; Minshull, Eston, Bailey, Rees, &
Gleeson, 2014; Shrier & Gossal, 2000). Sendo assim, a força pode ser mais
influenciada negativamente quando precedida por este método, como mostram
alguns trabalhos científicos que objetivaram comparar as respostas da força
muscular quando aplicados ambos métodos de flexibilidade (Barroso et al., 2012;
Bradley et al., 2007; Church, Wiggins, Moode, & Crist, 2001; Marek et al.,
2005; Miyahara et al., 2013). Estas diminuições podem ocorrer devido a
alterações nas propriedades viscoelásticas da unidade músculo-tendinosa que
acaba por reduzir a tensão passiva e a rigidez (Kubo et al., 2001; Wilson et
al., 1994), dificultando assim a transferência de força do tendão para o
músculo.
CONCLUSÕES
Com base nos resultados do estudo, conclui-se que não houve redução no
desempenho do teste de 1RM para os exercícios CE e SH, quando precedidos por
alongamento estático. Mesmo quando realizado o exercício de alongamento antes
do teste, a carga máxima manteve-se a mesma em ambos os testes. Como não
ocorreu redução significativa de desempenho no teste de 1RM, sugere-se que o
teste seja realizado conforme o objetivo, métodos e adaptação do sujeito.