Radiofrequência: Técnica de eleição no tratamento do osteoma osteoide
INTRODUÇÃO
O osteoma osteoide (O.O.) é o tumor ósseo benigno mais comum, sendo constituído
por um "ninho" circundado por esclerose reativa. É comum existir
dor local intensa com agravamento noturno e alívio com aspirina e outros anti-
inflamatórios não esteroides (AINEs). O diagnóstico pode ser histológico, mas é
essencialmente clínico e imagiológico. A lesão é autolimitada, podendo regredir
espontaneamente ou requerer intervenção terapêutica. O tratamento médico a
longo prazo nem sempre é bem tolerado ou eficaz, sendo necessário recorrer à
remoção ou destruição do ninho para obter alívio sintomático. Apesar da
ressecção cirúrgica ser utilizada há vários anos com resultados satisfatórios,
algumas das suas limitações levou ao desenvolvimento de técnicas menos
invasivas e dispendiosas, igualmente eficazes e que possibilitam uma
recuperação mais rápida.
Entre as técnicas percutâneas, a que mais se destaca é a ablação por
radiofrequência. Através de uma agulha-elétrodo adequadamente posicionada no
ninho, é transmitida corrente alternada de radiofrequência, dissipando a
energia sob a forma de calor, que provoca dano celular irreversível por ação
térmica. A falta de diagnóstico histológico é um dos principais desafios no uso
da ablação por radiofrequência e de outras técnicas percutâneas. No entanto, o
diagnóstico desta patologia sempre foi clínico e imagiológico.
DEFINIÇÃO
Descrito pela primeira vez em 1930 por Bergstrand[1], o O.O. foi identificado
como uma entidade patológica e clínica distinta apenas em 1935 por Jaffe[2]. É
um tumor benigno, osteoblástico, autolimitado e quase exclusivamente solitário
[3,4,5]. Raramente excede 1 cm de diâmetro, mas por definição pode atingir até
2 cm[4-6].
EPIDEMIOLOGIA
É o mais comum dos tumores ósseos benignos, responsável por 11% destes, 5% de
todos os tumores ósseos e 3% de todos os tumores ósseos primários[3,5,7].
Apesar de ter um pico de incidência entre os 11 e os 20 anos de idade e de 90%
dos casos ocorrerem entre os 5 e os 30 anos, pode afetar indivíduos de
praticamente todas as idades[5]. Apresenta predominância pelo sexo masculino,
com razões que variam entre 1.6:1 e 4:1[8].
LOCALIZAÇÃO
O O.O. pode ocorrer em quase todos os ossos do corpo humano, contudo é mais
comum nos ossos longos[4,6,8]. Nestes, a lesão envolve maioritariamente o
córtex (47-80%), seguido pelo subperiósteo (15- 47%) e osso esponjoso (5%)[8].
A diáfise é a região mais atingida, seguida pela metáfi se e, em 5% dos casos,
a epífi se[5,6]. Nos ossos curtos das mãos e pés, é mais comum o atingimento do
osso esponjoso[8]. A lesão envolve, por ordem decrescente de frequência: fémur,
tíbia, pés e mãos, úmero, vértebras, ilíaco, sacro, rádio e cúbito[3,8]. Os
ossos planos quase nunca são afetados[3]. Em 13% dos casos a localização é
justa ou intra-articular (anca, cotovelo e tornozelo) [5,6,8]. As vértebras
são atingidas em 7 a 25% dos casos, predominantemente nos elementos posteriores
[3,5-8].
CLÍNICA
A duração dos sintomas antes do diagnóstico normalmente varia de semanas a
vários anos[3,5,8]. A queixa de apresentação típica, em 70 a 80% dos casos
[4,6,8] é a dor localizada, agravada durante a noite e aliviada pela aspirina e
outros AINEs[3-6,8]. Se a localização for intra ou peri-articular, a dor pode
acompanhar-se de derrame articular, sinovite proliferativa, limitação da
amplitude dos movimentos e claudicação[3,4,8]. Quando localizado na região
periepifisária dos ossos longos, pode ocorrer aumento do comprimento ósseo,
atrofia muscular e diminuição dos reflexos osteotendinosos[5,6,8]. Na coluna
dorsal é comum a escoliose dolorosa por espasmo muscular e mesmo sintomas
neurológicos por compressão radicular ou medular[3-5]. Quando localizado nas
mãos ou pés, pode ocorrer edema dos tecidos moles, macrodactilia, hipocratismo
digital e artrite monoarticular[4,9].
FISIOPATOLOGIA DA DOR
A dor do O.O. está relacionada com os altos níveis de prostaglandinas E2, F, I2
e a no interior da lesão, o que explica o alívio da dor pelos AINEs[8,10]. As
prostaglandinas podem causar dor por vários mecanismos: efeitos vasodilatadores
e vasoproliferativos locais, efeitos mediados pela bradicinina, diminuição do
limiar de sensibilidade das terminações nociceptivas e sensibilização para
outros agentes infl amatórios[5,8,10]. Foi ainda demonstrada a existência de
fibras nervosas desmielinizadas dentro do ninho o que também pode estar na
origem da dor[8,10]. Esta hipótese pode estar relacionada com a anterior, visto
que a vasodilatação e o edema provocam aumento da pressão no ninho, estimulando
assim estas terminações nervosas[8,10]. Foi descrito o agravamento da dor com a
ingestão de álcool, mas o mecanismo desta ação permanece desconhecido[3].
ETIOLOGIA
Alguns estudos citogenéticos revelaram alterações cromossómicas envolvendo
deleções no 22q[4,11], contudo a etiologia desta doença permanece desconhecida.
HISTOPATOLOGIA
O ninho é constituído por trabéculas entrelaçadas de osteoide e osso reticular
em remodelação, apresentando um grau variável de mineralização e grandes
quantidades de osteoblastos e osteoclastos num tecido fibroso altamente
vascularizado[3,4,6,8]. Raramente há formação de cartilagem[4]. O osso
esclerótico que circunda o ninho pode ter uma configuração lamelar ou reticular
e o limite entre este e o ninho é bem definido, o que fornece uma evidência
bastante forte de comportamento local indolente[4,8]. As reações esclerótica e
do periósteo são mais marcadas nas lesões localizadas no córtex do que nas
situadas no sub-periósteo e no osso esponjoso. As lesões intra-articulares não
têm reação do periósteo[4,8].
DIAGNÓSTICO
A radiografia convencional é geralmente o primeiro exame a ser pedido na
suspeita de O.O., embora no início dos sintomas a lesão normalmente não tenha
tradução radiográfica[7]. Outra limitação deste exame é a identificação de
lesões intra-articulares, bem como as localizadas no sub-periósteo, osso
esponjoso, epífise ou metáfise[3,4,6]. O ninho é radiotransparente com
esclerose reativa circundante radiopaca; por vezes a esclerose é tão
pronunciada e mal defi nida, que oculta o ninho[4,5,7] (Figura_1). Podem ainda
existir sinais radiográficos secundários como osteoporose regional ou
deformidades ósseas[3].
Figura_1
Por ser um excelente exame na identificação precisa da localização do ninho, da
extensão do envolvimento ósseo (especialmente em lesões intraarticulares) e na
avaliação de recidivas, a Tomografia Axial Computorizada (TAC) deve ser
realizada quando a radiografia não for conclusiva (Figura_1), quando existir
tumor residual ou recidivado, quando o tumor atingir áreas delicadas como a
coluna, e para programação cirúrgica[3,5,6,8]. Particularmente a TAC com cortes
finos, direcionada para um local específico pelos achados da radiografia ou da
Cintigrafi a Óssea, pode revelar-se essencial na identificação de uma lesão
muito pequena ou de um ninho ocultado pela esclerose reativa circundante;
contudo, a TAC pode falhar o diagnóstico de lesões localizadas no osso
esponjoso[3-5,7].
A Cintigrafia Óssea com 99mTc, por ser muito sensível, é útil quando não se
identifica o tumor na radiografia, principalmente nos estadios precoces[3-
5,7,12]. Está descrita uma sensibilidade de 100% no diagnóstico do O.O., sendo
atualmente o exame que deteta com maior exatidão a sua localização[7]. Este
exame também é útil no diagnóstico de lesões intra-articulares, na exclusão de
processos multicêntricos, na localização da lesão (pré ou intraoperatória, ou
para análise histológica) e na confirmação pós-cirúrgica da ressecção do tumor
[3,12]. O ninho é uma lesão "quente" durante as fases precoce e
tardia, com captação aumentada e bem definida dos isótopos radioativos que pode
ser explicada pela vascularização e mineralização aumentadas[5,6]. Circundando
o ninho, há uma zona maior de radioatividade, que corresponde à esclerose óssea
reativa - sinal de dupla densidade[5,8].
A Ressonância Magnética (RM) tem aplicação limitada no diagnóstico do O.O. e a
taxa de diagnósticos errados ronda os 35%[4,5,13]. Contudo, a RM com gadolínio
pode ser mais sensível do que a TAC nas lesões não corticais e intra-
articulares[3,13]. Normalmente, o ninho é iso ou hipointenso em T1 e varia de
hipo a hiperintenso em T2. A esclerose circundante é hiperintensa em T2. Pode
também haver intensificação do sinal da medula óssea e dos tecidos moles
adjacentes inflamados[8,13].
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O diagnóstico diferencial do O.O. é feito essencialmente com o osteoblastoma.
Este é morfológica e histologicamente idêntico, mas não é autolimitado e é
maior que 2 cm[4,6-8]. O osteoblastoma atinge preferencialmente o esqueleto
axial, apresenta frequentemente alterações císticas ou cartilagem, pode
estender-se aos tecidos moles adjacentes, e raramente produz esclerose óssea
reativa ou apresenta a clínica típica do O.O.[6,7,8]. Outros diagnósticos
diferenciais a ter em conta são a enostose, a Artrite Reumatoide ou artrite
séptica, as fraturas de stress, os abcessos intracorticais e o osteossarcoma[4-
7].
PROGNÓSTICO
O prognóstico do O.O. é excelente e, apesar de ter cursos clínicos variáveis e
imprevisíveis, o crescimento é limitado e as recidivas são raras[4]. As lesões
podem persistir sintomáticas durante anos ou involuir espontaneamente, sofrendo
mineralização e fundindo-se com a zona de esclerose[3-6,8]. As lesões intra-
articulares estão associadas a resposta inflamatória sinovial linfofolicular
que pode lesar a cartilagem articular e resultar em artrose[3].
TRATAMENTO
Para alguns pacientes (30 a 90%), o tratamento médico é sufi ciente para o
alívio da dor a longo prazo, podendo ser tão eficaz como a remoção da lesão
[5,14,15]. Devido à natureza autolimitada do O.O. e ao seu potencial de
resolver espontaneamente, entre 2 a 15 anos, o tratamento inicial é médico[14].
O tratamento médico baseia-se no ácido acetilsalicílico e outros AINEs. Alguns
autores demonstraram haver melhor resposta da dor aos inibidores seletivos da
COX-2 do que aos AINEs convencionais[16]. Quando o tratamento médico é
instituído, deve-se realizar controlo radiográfico em intervalos de 3 a 6
meses, para avaliar se existem alterações sugestivas da cura da lesão (ossifi
cação do ninho e aumento da formação de osso à volta do mesmo). Os principais
motivos de falência do tratamento são o alívio inefi caz da dor, a diminuição
do efeito analgésico com o passar do tempo e a intolerância à administração a
longo prazo de AINEs devido aos seus efeitos laterais[3,14,17].
O tratamento cirúrgico convencional consiste na ressecção cirúrgica ou
curetagem, sendo aconselhado fazer uma radiografia da peça operatória para
confirmar que o ninho foi totalmente excisado[18,19]. Contudo, podem existir
difi culdades na localização per-operatória da lesão. Foi descrita a
identificação das lesões com luz ultravioleta após a administração e
tetraciclina 1 a 2 dias antes do procedimento[20] mas esta técnica parece
ultrapassada pelo uso peroperatório de radioscopia e TAC.
A ressecção do ninho, em bloco com o osso adjacente, tem maior eficácia
relativamente à curetagem. Mas esta, por não ser tão agressiva, é preferível
quando a localização da lesão é superficial ou não permite uma ressecção muito
alargada[19-21]. Além disso, proporciona uma recuperação mais rápida e menos
complicações; contudo a taxa de recidiva e persistência dos sintomas é maior
[19-21]. Normalmente a dor alivia completamente após a remoção ou a destruição
do ninho. Se tal não acontecer, ou se a dor
recorrer alguns meses ou anos depois, é indicativo da remoção ou destruição
incompleta do ninho ou da existência de lesões multifocais[3,8].
Estes procedimentos são dispendiosos, requerem anestesia geral e internamento,
a recuperação é lenta, a morbilidade é significativa e, particularmente a
ressecção em bloco, coloca em risco mecânico o osso atingido, podendo ser
necessário recorrer a enxertos ósseos ou fixação interna para prevenir fraturas
[18,22]. Estas técnicas estão contraindicadas quando a lesão se localiza numa
área de difícil acesso ou quando a sua remoção resulte em maior morbilidade do
que a já existente.
As técnicas "minimamente invasivas" são seguras, pouco
dispendiosas, podem ser feitas com anestesia local, regional ou sedação,
permitem a destruição do ninho sem excisão significativa do osso adjacente, são
realizadas em ambulatório ou em internamentos de curta duração, a recuperação é
rápida e tanto as complicações como as recidivas são raras, constituindo assim
uma alternativa às técnicas convencionais[19,23]. Contudo, estas técnicas
normalmente têm aplicação limitada em O.O. recidivantes, da coluna, próximos a
estruturas nervosas ou em ossos muito pequenos[5,19,24]. A incapacidade de
realizar um exame histológico da lesão constitui uma desvantagem na maioria dos
casos; todavia, alguns dos procedimentos permitem a realização prévia de uma
biópsia[24,25]. Estas técnicas têm-se tornado o tratamento de escolha do O.O.
com taxas de sucesso entre os 80 e os 100%, incluindo a excisão percutânea do
ninho e a destruição do mesmo por injeção de etanol, crioablação, ablação a
laser ou radiofrequência[19].
TÉCNICAS MINIMAMENTE INVASIVAS
Excisão percutânea do ninho guiada por TAC. É feita uma pequena incisão para
permitir a introdução de uma broca canulada ou cureta, que remove completamente
a lesão, permitindo o exame histológico[18,23]. A taxa de sucesso ronda os 77 a
100%[5,18,19]. O alívio dos sintomas não é tão imediato como o das técnicas
convencionais, a duração do procedimento é maior do que com as restantes
técnicas minimamente invasivas e é mais agressivo[18,26]. As complicações podem
atingir os 24% e incluem queimadura dos tecidos durante o procedimento,
hematomas, paresia transitória, osteomielite e fraturas[23,26,27].
Existem várias técnicas de destruição do ninho, mas o procedimento é
relativamente comum a todas elas: uma agulha guiada por imagem (normalmente a
TAC) é inserida até ao centro do ninho, sendo posteriormente destruído por
energia química (etanol) ou térmica (crioterapia, laser, radiofrequência).
A injeção de etanol é normalmente combinada com outras técnicas como a excisão
percutânea ou a radiofrequência, consistindo na injeção de etanol em alta
concentração que causa desidratação celular[18,28]. O uso desta técnica é raro
no O.O. A sua principal limitação é a aleatoriedade da difusão do etanol, que
pode resultar em falência do tratamento ou outras complicações. Para além
disso, ainda existem dúvidas se a injeção de etanol consegue aumentar
significativamente a eficácia dos procedimentos a que está associada que, só
por si, já têm elevada eficácia[28].
Os ciclos de congelamento e descongelamento do ninho (crioablação) provocam a
morte celular por desnaturação proteica e rotura das membranas celulares[18]. A
principal vantagem desta técnica é a possibilidade de visualizar por RM e em
tempo real o tecido congelado (que corresponderá à área de necrose). É um
procedimento demorado, dispendioso e muito pouco utilizado[18].
A energia proveniente do feixe de Laser provoca necrose por coagulação do
ninho, controlada e bem delimitada, e a sua dimensão é proporcional à
quantidade de energia aplicada[18,29]. Esta técnica é compatível com a RM, pode
ser utilizada nos O.O. da coluna, o tempo de execução é curto, o alívio
sintomático é bastante rápido e a taxade sucesso varia entre os 87 e os 100%
[5,18,29]. É, porém, uma técnica ainda em desenvolvimento, requer pessoal
especializado, não permite resultados confiáveis no exame histológico e tanto o
custo como a taxa de complicações é maior do que com a radiofrequência[5,18].
Quando a corrente de radiofrequência atravessa um determinado campo, ocorrem
movimentos oscilatórios dos iões e das moléculas de água, que, ao provocarem
fricção, libertam energia sob a forma de calor, provocando morte celular por
necrose de coagulação[30]. Esta técnica consiste em colocar um elétrodo, ligado
a um gerador de radiofrequência, no centro do ninho, elevando-se a temperatura
local por alguns minutos de modo a destruí-lo. Pode ser usada sedação
consciente e raquianestesia, ontudo, a anestesia geral é mais defendida visto
que muitos pacientes não toleram permanecer acordados durante o procedimento
[18,27,31]. Um dos aspetos mais importantes é planear o acesso à lesão:
geralmente é escolhido o trajeto de menor distância através do osso até ao
tumor que evite dano a estruturas importantes, mas se o acesso direto for
inseguro ou de difícil execução, pode ser utilizada uma abordagem transóssea,
perfurando toda a espessura do osso a partir do lado contralateral
[18,27,31,32]. Se for necessário penetrar através de osso cortical muito denso,
podem ser usadas brocas ou trepinas (orientadas por um fio guia) até atingir o
centro do ninho (Figura_2). Pode então proceder-se à biopsia ou passar-se
diretamente à termoablação[27,31].
A taxa de complicações da radiofrequência é baixa (1,8%), podendo verificar-se
hemorragia, edema, inflamação ou queimaduras e alterações neurovasculares
[18,27,31]. Estas duas últimas complicações obrigam a alguma ponderação nas
lesões da mão e da coluna vertebral[27,33]. O sucesso desta técnica ronda os
86,5%[7].
Apesar do osso cortical poder ser uma barreira relativa à transmissão de calor,
diversos resultados laboratoriais e clínicos indicam que este pode não ser um
isolador fidedigno. Assim, o tratamento dos O.O. da coluna e da mão com a
radiofrequência tem sido feito (Figura_3) mas ainda não é consensual, pelo
risco de lesão de estruturas nervosas[27,33].
DISCUSSÃO
A radiofrequência tem vantagens significativas quando comparada com as
restantes técnicas minimamente invasivas e também as convencionais. Apesar de
os resultados obtidos com algumas dessas técnicas parecerem promissores, os
dados disponíveis ainda são bastante limitados[18,30].
Um estudo comparativo do tratamento do O.O. com cirurgia convencional e ablação
por radiofrequência não encontrou diferenças estatisticamente significativas
entre a incidência de recidivas; todavia, o tempo médio de estadia no hospital
foi de 4,7 e de 0,18 dias, respetivamente[22]. Quando se comparam estes dois
procedimentos, a radiofrequência tem a mesma taxa de sucesso, taxa de recidiva
comparável, menos complicações, recuperação mais rápida e custo
significativamente menor[18,31]. Contudo, seria desejável que se realizassem
estudos controlados com períodos de follow-up prolongados, para comparar a
radiofrequência com as técnicas convencionais e também com as outras técnicas
atuais.
As pequenas dimensões do O.O. permitem normalmente a completa ablação por
radiofrequência, sendo esta uma técnica segura, eficaz no alívio sintomático,
adequada à maioria dos pacientes, possível de efetuar na maioria dos centros,
de rápida execução e de custo relativamente baixo[5,32]. A taxa de sucesso é
alta, a taxa de complicações é bastante baixa e a recuperação é rápida,
geralmente não sendo necessário internamento[32].
A radiofrequência é uma técnica largamente usada, com resultados consistentes
em diversos estudos, sendo atualmente o procedimento de destruição percutânea
do ninho mais aceite, mesmo em algumas lesões vertebrais.