Síndrome do desfiladeiro torácico arterial associado a costela cervical
IMAGENS VASCULARES
Síndrome do desfiladeiro torácico arterial associado a costela cervical
Arterial thoracic outlet syndrome associated with cervical rib
Sandrina Figueiredo Bragaa,b,*, José Meiraa, Ricardo Gouveiaa, Pedro Pinto
Sousaa, Jacinta Camposa, Pedro Brandãoae Alexandra Canedoa
aServiço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar de Vila Nova de
Gaia/Espinho EPE, Vila Nova de Gaia, Portugal
bDepartamento de Anatomia, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto,
Portugal
*Autor_para_correspondência
Doente sexo masculino, 19 anos, enviado à consulta por dor e diminuição da
força muscular do antebraço e mão direita durante o exercício, nomeadamente a
tocar viola. Antecedentes pessoais de costela cervical bilateral, conhecida
desde a infância. Sem outros antecedentes pessoais ou familiares relevantes. Ao
exame físico apresentava costela cervical bilateral palpável e sopro
supraclavicular à direita, exacerbado pela hiperabdução do membro ipsilateral.
Os testes de Adson, Elvey e Elevated Arm Stress Test (EAST) eram positivos à
direita. A electromiografia do Cutâneo medial do antebraço foi positiva. O
ecodoppler revelava aceleração das velocidades de fluxo, aumentadas pela
abdução do membro a 130º. A radiografia de tórax revelou costela cervical
bilateral completa, com articulação com a 1ª costela (fig._1). A angio-TC
evidenciou compressão da artéria subclávia direita no desfiladeiro torácico,
pela costela cervical, agravada pela abdução, com dilatação pós-estenótica
minor, sem lesão da íntima e sem trombo mural ' Estádio I da Classificação
Scher (fig._2). O doente foi submetido a tratamento cirúrgico, sob anestesia
geral e por abordagem supra-clavicular direita. Foi realizada escalenectomia
anterior e média, neurólise do plexo braquial e exérese de costela cervical.
Foi evidente a dilatação pós-estenótica da artéria subclávia (fig._3). O pós-
operatório decorreu sem complicações, com alta ao 2º dia. Decorridos 6 meses
após a cirurgia, o doente retomou actividade normal do membro superior,
completamente assintomático.
A presença de costela cervical ocorre em 0,74% da população, com um ratio
feminino: masculino de 7:3. São incompletas em 70% dos casos e completas em
30%. 50% dos indivíduos com costelas completas são sintomáticos.
Existem três tipos de síndrome do desfiladeiro torácico: neurológico, o mais
comum, ocorrendo em mais de 95% dos casos, venoso, em 2-3% e arterial, o mais
raro, que corresponde a menos de 1% das situações. O tipo arterial associa-se a
costela cervical em 2/3 dos casos. O tratamento é cirúrgico e depende do grau
de lesão arterial. Para doentes em estádio I de Scher, a descompressão é
suficiente, com excelentes resultados, verificando-se regressão da dilatação
pos-estenótica ao fim de um ano.
*Autor_para_correspondência:
Correio eletrónico: sandrinafigueiredo@portugalmail.pt (S.F. Braga).