Página do Presidente
PÁGINA DO PRESIDENTE
Página do Presidente
President's page
João Albuquerque e Castro*
*Presidente da SPACV
Durante o primeiro ano de mandato como Presidente da SPACV aproveitei esta
pagina para manifestar preocupação e alertar para vários aspectos da vida
diária da prática de Angiologia e Cirurgia Vascular, sempre com grande enfoque
nos aspectos relacionados com a Formação dos futuros Cirurgiões.
São reflexões gerais sem qualquer intenção de particularização de situações
concretas nem qualquer intenção de crítica. São opiniões pessoais, portanto
discutíveis cuja intenção é promover debate. Infelizmente este objectivo não
tem sido conseguido.
Pretendem, que numa era de alta diferenciação tecnológica quase sempre aceite
com enorme facilidade e de um modo por vezes quase acrítico, se debatam também
outros princípios basilares da nossa actividade como a humanização das relações
inter pares e médico doente, as bases da construção do pensamento científico e
o modo como se deve hoje fazer ciência, entra outros.
Traduzem uma linha de pensamento construída ao longo dos anos, assente por um
lado na experiência de colaboração diária e activa na formação e na avaliação
de inúmeros Internos e por outro lado na participação interessada em vários
órgãos de direcção relacionados com essa mesma formação como o Internato Médico
do Hospital, o Colégio da Especialidade da Ordem dos Médicos e as Sociedades
Médicas de caracter científico.
Na Angiologia e Cirurgia Vascular é absolutamente fundamental que o futuro
cirurgião tenha uma capacidade técnica inatacável. Deve executar correctamente
todas as técnicas cirúrgicas gerais básicas, dominar na perfeição as técnicas
endovasculares e as cirúrgicas, específicas da especialidade. Em duas palavras
deve SABER OPERAR. Tenho como verdade que este objectivo é plenamente
conseguido durante o Internato, para a grande maioria dos nossos Internos. Em
Portugal formamos Cirurgiões Vasculares que sabem operar.
Sendo primordial este aspecto não é suficiente. A correcta opção entre várias
técnicas disponíveis, a definição do timming da cirurgia, a definição de
prioridades em resumo a definição de uma estratégia e de uma táctica cirúrgica
é fundamental. A importância de saber COMO OPERAR e principalmente QUANDO
OPERAR é inquestionável e divide o bom do mau cirurgião. Se durante a formação
for possível que sejam aprendidos estes dois aspectos estaremos a cumprir de
modo excelente a nossa missão de ensinar. Formaremos Cirurgiões capazes de
autonomamente praticarem uma muito boa CIRURGIA VASCULAR.
A excelência virá com o tempo de maturação e sedimentação de conhecimentos e
ideias e apenas será atingida por alguns capazes de decidir bem o considero ser
mais difícil na nossa vida de cirurgiões: QUANDO NÃO OPERAR.
Tenho como axioma que a missão de Formar é a mais importante das actividades
médicas e só será integralmente cumprida quando o formando atingir níveis de
desempenho superiores ao do formador. Os que nos seguem devem ser melhores do
que nós fomos.