Deambulações exploratórias no Centro Histórico de Guimarães: pontos de chegada
sociológicos num estudo multidisciplinar
ARTIGOS
Deambulações exploratórias no Centro Histórico de Guimarães ' pontos de chegada
sociológicos num estudo multidisciplinar
Exploratory wanders in the Historic Centre of Guimarães ' sociological points
of arrival in a multidisciplinary study
Déambulations exploratoires dans le Centre Historique de Guimarães ' points
d'arrivée sociologiques dans une étude multidisciplinaire
Deambulaciones exploratorias en el Centro Histórico de Guimarães ' puntos de
llegada sociológicos en un estudio multidisciplinar
Natália Azevedo1 Raquel Cadilhe Pereira2
Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Instituto de Sociologia da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Faculdade de Letras da
Universidade do Porto
Introdução
O presente texto retrata alguns pontos de chegada de uma experiência de
pesquisa participada que vivenciámos no âmbito do Estudo Multidisciplinar
Centro Histórico de Guimarães. Projeto de Animação PedagógicaAAVV, 2012). Este
Estudo foi promoido pela FRATERNA, Centro Comunitário de Solidariedade Social e
Integração Social/Câmara Municipal de Guimarães e concebido e coordenado pela
SETEPÉS. Teve lugar entre setembro de 2010 e maio de 2012, integrou uma equipa
plurifacetada, assumiu uma metodologia participada e cruzada e desenvolveu-se
em três fases específicas, com tempos de execução diferenciados: Focus Group,
Atividades e Laboratório. A conceção e a aprovação do projeto decorreram entre
junho e setembro de 2010 e enquadrou-se na Parceria Para a Regeneração Urbana
do Centro Histórico de Guimarães, que contemplava à data, e no âmbito da
candidatura a Capital Europeia da Cultura, um leque de intervenções sobre o
centro histórico e a cidade.3 Este Estudo teve como principal objetivo
contribuir para a promoção de atividades pedagógicas de animação cultural e de
integração social do Centro Histórico de Guimarães CHG). Nesse sentido, e por
via de propostas informativas, diagnósticos e intervenções participadas equipa
e população local), procurou-se i) conhecer os modos de relação da população
local com o centro histórico e ii) sensibilizar os atores locais para a
participação ativa e refletida com e nas atividades de conservação,
reabilitação, classificação e animação.
1. Pontos de partida dos interlocutores da sociologia: objetivos, pressupostos
e desenho metodológico
Foi com um pressuposto exploratório que o olhar sociológico recaiu sobre o
território em análise. O lugar da sociologia definiu-se na temporalidade
temática do próprio Estudo e na pluridisciplinaridade da equipa de pesquisa e
de ação. Se atendermos às três fases realizadas, a nossa participação desenhou-
se no conjunto de todas elas. O Focus Groupfase 1) constituiu um momento
preliminar. Contemplou três grupos focais com distintos participantes, entre
dezembro de 2010 e fevereiro de 2011, e teve como principal objetivo explorar
questões sobre o objeto em análise. As Atividades fase 2), executadas entre
fevereiro de 2011 e janeiro de 2012, foram orientadas pelos elementos da equipa
e desenharam-se em oficinas, debates deliberativos, inquéritos por
questionário, questionários online, escalas psicológicas de autorrelato,
grelhas de observação direta e participante, workshops, entre outras. O
Laboratório fase 3), realizado entre fevereiro e março de 2012, consistiu em
reuniões de trabalho da equipa, momentos de discussão do trabalho desenvolvido,
no sentido de definir, como outputfinal do Estudo, um Plano de Ação. Reportemo-
nos às duas primeiras e com maior destaque àquilo que fizemos na fase 2 do
Estudo.
A participação da equipa na conceção, dinamização e análise dos três grupos
focais permitiu definir os problemas para as ações de cada área de intervenção
e desenhar a intervenção concreta e posterior da sociologia. Com os grupos
focais realizados no centro histórico criámos interações entre os participantes
e contextualizámos os problemas e as propostas de intervenção. De acordo com
características sociodemográficas prévias dos interlocutores idade, género,
nível de escolaridade, profissão, residência e não residência no centro
histórico), a composição diferenciada entre eles levou-nos ao confronto de
perspetivas. Coligimos discursos de interlocutores do poder político local,
técnicos superiores autárquicos e promotor do Estudo; de moradores e não
moradores no CHG, ambos residentes no concelho, e empresários e comerciantes da
cidade. Assumiu-se a relativa homogeneidade dos grupos, sem com tal garantir os
consensos e/ou as diferenças de pontos de vista, mas, antes de mais, a
possibilidade da abordagem comparativa entre aqueles4.
A fase 2 teve como objetivo principal elaborar o diagnóstico sociodemográfico
dos moradores e não moradores do CHG e os seus modos de relação com este
território, sem esquecer a área classificada como Património Mundial, o projeto
Capital Europeia da Cultura 2012 (CEC 2012) e a cidade/concelho. Tal exigiu-nos
i) caraterizar o perfil sociodemográfico dos moradores e não moradores do CHG;
ii) fazer o levantamento das representações desta população-alvo face ao CHG;
iii) inventariar potencialidades e dificuldades subjacentes à requalificação do
CHG, à animação social e cultural do território, às vivências quotidianas do
CHG; e iv) inventariar junto daqueles propostas de intervenção no CHG numa
relação estreita com a CEC 2012 e o projeto da cidade.
Centrámo-nos nos indivíduos moradores e não moradores do CHG. Porém, e com
vista a uma maior exploração das potencialidades da análise ' dado que a
observação inicial do território nos confrontava com diversos atores '
diferenciou-se esta população-alvo num conjunto de quatro categorias: i)
moradores do CHG; ii) moradores do CHG com atividade no CHG; iii) não moradores
com atividade no CHG; e iv) não moradores (frequentadores) do CHG. O critério
estruturante foi o da atividade exercida e da residência no CHG.
Na medida em que era nossa intenção obter um conjunto de informações de caráter
exploratório, não assumimos categorias rígidas para definir o tamanho e
composição amostral. A inexistência de bases amostrais com o número de
residentes no CHG reforçou este nosso pressuposto qualitativo. Optou-se por
realizar o processo de inquirição percorrendo as ruas residenciais do CHG com
base no mapa oficial da Câmara Municipal de Guimarães (CMG) e concretizando uma
abordagem em bola de neve. As nossas deambulações pelo terreno permitiram
reunir uma amostra total de 101 indivíduos distribuídos da seguinte forma: i)
46 moradores do CHG (moradores das freguesias de Oliveira do Castelo, São Paio
e S. Sebastião); ii) 10 moradores do CHG com atividade no CHG; iii) 26 não
moradores com atividade no CHG; e iv) 19 não moradores frequentadores) do CHG.
A abordagem ao território foi exploratória e qualitativa. Privilegiámos a
confluência entre o inquérito por questionário, a observação direta e as
conversas informais no terreno, para além da análise de fontes documentais,
descritivas, dispersas e de enquadramento monográfico do território em análise.
Orientámo-nos pelo vaivém entre os pressupostos teóricos e a prática da
investigação, sem obliterar a relatividade dos contextos sociais e dos atores
neles presentes, os condicionalismos temporais e institucionais da abordagem ao
objeto e as disponibilidades individuais e simbólicas dos atores com quem
abordámos as temáticas em análise.
O inquérito permitiu-nos reunir alguns indicadores sociodemográficos e abrir
uma perspetiva macrossociológica quanto aos discursos sobre o CHG. Assumiu um
desenho formal semiestruturado ver Anexo_I): equilibrou-se um conjunto de
possibilidades de resposta baseadas nas questões levantadas pela realização dos
grupos focais com as possibilidades abertas de resposta. O interesse era o de
obter, nesta abordagem de pré-teste ao questionário, novas categorias de
resposta não apreendidas.
Os registos de observação direta foram de encontro à necessidade de
complementar a informação sobre as dinâmicas desenvolvidas no CHG, com uma
descrição de dimensões espácio-temporais e informações acerca dos atores
sociais e respetivo contexto interativo. Descreveu-se a forma como se
apresentava a população-alvo no espaço, respetivas modalidades de apropriação
do espaço e interações sociais, fluxos de públicos e tipo de rotinas/
regularidades existentes. De outra forma, salientámos categorias de análise
como: a) cenário das práticas culturais (coordenadas temporais e coordenadas
espaciais); b) atores sociais perfil tipo, modos de apresentação, modalidades
de inte- ração); c) linguagem cinética; d) relação com o espaço físico e tipo
de atividades. No Anexo_II encontramos um exemplo dos usos descritivos de tais
registos anotados em grelha de observação.
Os périplos pelo CHG foram sempre acompanhados pelo suporte da imagem. Os
registos fotográficos, abertos e focalizados nos espaços públicos, traduziram
os potenciais usos sociológicos da fotografia: um instrumento de catalogação,
seletiva e direcionada, de fragmentos dos espaços públicos e das interações
desenhadas.
Complementarmente, as deambulações físicas pelo terreno permitiram reunir um
conjunto de trechos de discursos informais proferidos pelos interlocutores no
momento da aplicação do inquérito. A riqueza e a pertinência de tais
testemunhos foram devidamente anotadas em diário de campo e reforçaram a
necessidade de configurarmos na fase 3, e como estratégia de ação futura,
entrevistas em profundidade aos atores sociais residentes no CHG.
2. Pontos de chegada: das proximidades e distâncias face ao Centro Histórico de
Guimarães
Um dos objetivos primordiais foi o de descrever quem são os moradores do CHG
numa perspetiva de caraterização sociodemográfica. Categorias como idade, sexo,
escolaridade, profissão, classe social, estado civil, naturalidade e local de
residência (freguesia) foram por nós isoladas para identificar alguns padrões
em cada um dos grupos de indivíduos inquiridos, particularmente os moradores,
os indivíduos com atividade no CHG (moradores ou não) e os frequentadores do
CHG (sem qualquer relação habitacional ou laboral com o CHG). Expõem-se algumas
dimensões específicas de cada um destes grupos, em termos de representações
específicas sobre o CHG, cruzando-as com as virtualidades, ainda que limitadas,
das nossas incursões etnográficas pelo território.
2.1. Os moradores do Centro Histórico de Guimarães
As deambulações pelo terreno permitiram perceber que se trata de uma população
tendencialmente envelhecida, que se encontra só no momento da inquirição e que
sugere algum isolamento nas vivências residenciais do quotidiano.
* Não estou a ver ninguém com menos de 60 anos a morar aqui. As casas aqui
estão vazias e não há jovens. (Moradora no CHG, 67 anos, Oliveira do Castelo)
Entre os 56 moradores do CHG inquiridos (10 dos quais com atividade no CHG)
cerca de 52% tem mais de 60 anos e 34% encontra-se entre os 51 e os 60 anos de
idade. Apenas 14% dos moradores inquiridos se encontra na faixa etária dos 21
aos 50 anos. É uma população com um forte traço de feminização: as mulheres
representam 66% do total de moradores inquiridos. Tal poderá associar-se ao
momento de aplicação do inquérito (período laboral, com a dona de casa
disponível para responder) mas, de igual modo, e numa população tendencialmente
envelhecida, a regularidades demográficas como a diferença entre a esperança
média de vida feminina e masculina (maior entre as mulheres) e a prevalência de
viúvas idosas em Portugal.
Parte significativa destes indivíduos residiu desde sempre no CHG e quase todos
eles na mesma casa, tal como frequentemente referiram nos discursos informais
paralelos ao preenchimento do inquérito. 51,8% dos moradores reside no CHG há
mais de duas décadas; 25% há mais de 50 anos. O ter nascido e vivido sempre no
CHG é uma constatação feita pelos próprios: associam o período de residência à
idade e reforça-se o pressuposto de que desde sempre lá moraram. O tempo longo
de permanência no CHG deve-se a razões como a proximidade das facilidades do
centroe os motivospessoais (vir morar para a casa do cônjuge depois do
casamento ou usufruir de uma herança familiar). O encantamento pela zona nobre
da cidade, as sociabilidades e vizi- nhança, a arquitetura e historicidade do
locale o estilo de vida do CHG reabilitadosão outras razões, ainda que menos
centrais nos universos discursivos dos moradores. A razão acesso à cultura e
animação do CHGnão foi selecionada por nenhum dos moradores inquiridos.
Esta mesma população situa-se nos níveis mais baixos de escolaridade. Os inqui-
ridos com o 1.º ciclo do ensino básico ou nenhuma escolaridade representam mais
de metade da amostra de moradores (58,9%). Esta tendência é correlativa da
idade dos inquiridos, pertencentes a uma geração em que a escolaridade ia
frequentemente no máximo até à 4.ª classe. Refira-se, porém, a relativa
presença dos inquiridos com o 3.º ciclo do ensino básico (14,3%) e o ensino
superior (10,7%), o que traduz a trajetória da escolaridade obrigatória e as
escolhas face à prossecução dos estudos entre os grupos etários mais jovens.
Do ponto de vista das suas pertenças de classe social, situamos estes 56
moradores na pequena burguesia independente e proprietária(PBIP) 21,5%), em
parte por efeito dos inquiridos moradores com atividade no CHG: são estes que
protagonizam lógicas profissionais de comércio local(o seu próprio negócio);
como tal, são trabalhadores por conta própria. Encontramos também um conjunto
de inquiridos classificados como pequena burguesia de execuçãoPBE) 19,7%) nos
quais se incluem, predominantemente, trabalhadores executantes do setor
terciário e dos serviços. Para além destas, é representativo o operariado
industrial(OI) (17,3%), onde se destacam os operários da indústria têxtil e do
calçado. Pode dizer-se que os moradores do CHG pertencem às posições
intermédias e tendencialmente mais baixas da estrutura de classes sociais.
Durante a aplicação do inquérito foi ainda possível dar conta de um conjunto de
indivíduos que moraram mas já não moram no CHG. Destes 8 inquiridos, 5 declaram
razões pessoais como as explicativas da sua saída. Porém, a degradação da
habitação, o barulho da animaçãoe a falta de segurançasão também apontados. São
valores pouco expressivos, dada a amplitude amostral da fase exploratória do
estudo; no entanto, não devem deixar de ser tidos em consideração já que outros
dados resultantes do inquérito apontam para tendências nesse sentido. Nos
próprios diálogos informais que a dado momento se estabeleceram, situámos
expressões como:
* Isto é bom é para o turismo. Para morar não! Eu se pudesse sair daqui saía.
(Mora- dora no CHG, 38 anos, Oliveira do Castelo)
2.2. Os inquiridos com atividade e os frequentadores do Centro Histórico de
Guimarães
O total de inquiridos com atividade profissional no CHG corresponde a 35,6% da
amostra. Destes 36 inquiridos, 27,7% são moradores com atividade no CHG. São
indivíduos do sexo feminino 78%), envolvidos na área do comércio, proprietários
do seu negócio/da sua loja. Pode dizer-se que o comércio é a sua atividade
principal: regista 63,9% de casos, seguindo-se os serviços 22,2%) e a área de
atividade dos bares, cafés e animação noturna 13,9%). Estão socialmente
situados na pequena burguesia independente e proprietáriaPBIP) 30,5%) 'são
comerciantes proprietários das suas próprias lojas. Predomina ainda a pequena
burguesia de execuçãoPBE) 27,7%), trabalhadores do terciário, facto que está
intimamente associado à predominância de inquiridos envolvidos na área do
comércio. Há ainda uma parte significativa de burguesia profissionalBP) 16,6%),
o que corresponde aos técnicos e profissionais de nível intermédio isolados.
A dispersão de idades encontra-se entre os indivíduos que exercem atividade no
CHG. Porém, é possível verificar que 25% dos mesmos se encontra entre os 21 e
os 30 anos, o que sugere uma tendência relativamente jovem deste grupo, e 25%
entre os 31 e os 40 anos. As franjas mais envelhecidas deste conjunto de
inquiridos representam ainda uma parte significativa dos trabalhadores no CHG
13,8% com mais de 60 anos). Esta categoria de inquiridos, ao ser um grupo mais
jovem, é um grupo com um maior prolongamento da escolaridade: 33,3% com o 3.º
ciclo do ensino básico 9.º ano de escolaridade) e 33,3% com o ensino secundário
12.º ano).
Qual o perfil dos indivíduos que apenas frequentam espaços do CHG? No quadro da
nossa amostra 19), são principalmente indivíduos entre os 31 e 40 anos de idade
42%) e do sexo masculino 73,7%). O caráter exploratório do questionário e a sua
aplicação em horário diurno relativizam estes traços, dado que não captam
eventuais camadas juvenis que tendem a concentrar-se à noite nos bares e cafés.
A escolaridade destes sujeitos, por seu turno, aponta para valores
significativos de níveis de qualificações mais elevados. Destacam-se os
inquiridos com o ensino secundário 31,6%) e com frequência universitária
21,1%).
A classificação destes indivíduos em termos de classe social permite dar conta
da sua diversidade. Não existe nenhum padrão que se evidencie; porém, entre os
valores mais expressivos 15,8%), ressalta um segmento de profissões mais
qualificadas respeitante à pequena burguesia técnica de enquadramento
intermédioPBTEI) e pequena burguesia intelectual e científicaPBIC). Com os
mesmos valores se salientam a burguesia empresarial e proprietáriaBEP) e o
operariado pluriactivoOP).
2.3. Discursos e práticas sobre o Centro Histórico de Guimarães
Morar_e_trabalhar_no_CHG
Entre os 56 moradores, as interações quotidianas caracterizam-se por fortes
laços de sociabilidade e vizinhança60,7% dos inquiridos assim o refere), ainda
que 25% dos moradores considere serem apenas relacionamentos superficiaise
14,3% refere mesmo que não existe qualquer tipo de relaçãoentre moradores. Os
registos de observação direta e, em particular, os discursos informais dos
moradores revelam algumas destas lógicas de sociabilidade local: os aglomerados
de vizinhos que conversam à porta de suas casas, o cumprimento matinal em voz
alta na rua, o sentido de comunidade nas afirmações que a dado momento
proferem:
* Gosto de me reunir na coletividade da minha rua, que é uma forma de
convivermos entre os moradores, tomarmos qualquer coisa todos juntos. Gosto
da festa do Corpo de Deus que a coletividade organiza, onde temos muitas
flores nesta rua! (Moradora no CHG, 60 anos, Oliveira do Castelo)
Já quanto aos inquiridos com atividade, os discursos sobre o impacto da
regeneração urbana na sua atividade laboral traduzem a falta de
consensualidade: 44% dos sujeitos considera que aquela não teve impacto na
atividade comercial/serviços e 56% avalia-a como maioritariamente positiva.
Apesar das perceções tenderem para um padrão mais otimista, é ainda
significativa a proporção de indivíduos que não deteta mudanças na sua
atividade.
Quando explicitam as suas perceções, as mais positivas destacam os benefícios
trazidos pela maior atração de público ao CHG 65% em 20 inquiridos). É também
expressiva a proporção de inquiridos que menciona o aumento do turismo como
consequência da intervenção urbanística 25%), considerando que tal tem efeitos
benéficos para os vendedores/ profissionais dos serviços no CHG. Encontram-se
ainda expressões que vão de encontro à seguinte ideia: esta intervenção
suscitou uma maior vontade de exporem o seu trabalho5%) e tornou o ambiente
comercial mais agradável à vista das pessoas5%). Em contrapartida, entre os 16
que admitem não ter detetado nenhum efeito proporcionado pela regeneração do
CHG, a grande maioria refere que não sentiu nenhuma diferença. Entre eles, 7%
especifica que não foi a regeneração urbana que produziu efeitos, mas sim o
investimento no próprio estabelecimento comercial que trouxe benefícios.
As conversas informais com alguns dos comerciantes destacam aspetos que
consideram ser prejudiciais para o comércio do CHG: as cargas e descargas de
mercadoria, que se tornam difíceis pelo facto de serem ruas estreitas, e a
ausência de parqueamento no CHG. Tal leva à rápida descarga da mercadoria
cometendo infração veículo em cima do passeio) e conjuga-se com uma certa falta
de tolerância da polícia para essa situação:
* Há uma falta de tolerância da polícia municipal para os comerciantes locais
no que respeita às cargas e descargas ' já multaram e ameaçaram multar) os
distribuidores por encostarem os veículos em cima do passeio para descarregar
mercadoria ' já perdemos encomendas e tivemos que esperar mais uma semana
para o fornecedor voltar. (Não morador com atividade no CHG, 33 anos, São
Faustino)
Associado a este problema são também frequentes os discursos que apontam no
sentido da necessidade de criação de parqueamento para atrair pessoas para o
CHG:
* A falta de estacionamento prejudica fortemente os comerciantes que nesse
aspeto não podem competir com os centros comerciais. Deveria criar-se uma
solução de parqueamento mais próxima do CHG para dar essa possibilidade de
escolha às pessoas. (Não morador com atividade no CHG, 33 anos, São Faustino)
Relacionar-se_com_o_CHG
Nos modos de relação com o CHG, a frequência com que todos os inquiridos 101)
visitam os espaços públicos do CHG varia de acordo com a sua relação com o
mesmo. É entre os apenas moradores que se registam os valores mais elevados de
frequência diária dos seus espaços públicos 50,7%), enquanto os não moradores
com atividade no CHG têm uma frequência diária em 29,8% dos casos. Dadas as
conversas tidas com os moradores, o quotidiano de grande parte deles é
estruturado em torno dos espaços do CHG, vivenciando-os de forma intensiva e
sistemática. Já entre os não moradores e sem atividade verifica-se uma maior
predominância dos que visitam os espaços públicos desta zona da cidade menos
vezes. Esta tendência poderá dever-se à frequência destes indivíduos enquanto
visitantes, a título de passeio ou convívio e fazendo-o ao fim de semana.
Quanto ao tipo de espaços frequentados também é possível situar alguns pontos
de chegada. Desde logo, no que diz respeito ao comércio, verifica-se que a
proporção entre os que habitualmente frequentam o comércio e os que não o fazem
é relativamente próxima 57% e 43%, respetivamente). Já a restauração apresenta
uma percentagem de frequência relativamente baixa quando comparada com os que
não frequentam os restaurantes 32% contra 68%, respetivamente). Os museus,
monumentos e locais de cultura, por sua vez, registam uma frequência menos
elevada 24%). Com uma frequência elevada apresentam-se ainda as praças e
jardins públicos 66%) e os bares, cafés e animação noturna 57%).
A análise destas categorias por tipo de relação com o CHG permite captar alguns
padrões. Há uma prevalência dos moradores face aos não moradores no que
respeita à frequência do comércio local do CHG. São os moradores que declaram
realizar o seu comércio no interior do CHG. Os não moradores não o fazem,
segundo os comerciantes locais, porque consideram o comércio pouco atrativo e o
estacionamento difícil; realizam as suas compras nas grandes superfícies. Entre
os moradores, uma parte substancial declara não frequentar a restauração: é,
como assinalam informalmente, demasiado caro para os seus rendimentos. São os
não moradores com e sem atividade no CHG) os que mais fre- quentam os bares,
cafés e animação noturna 53,4%), entre eles os mais jovens 15 a 20 anos e 21 a
30 anos). Por outro lado, nos museus, monumentos e locais de cultura não se
encontram categorias que se destaquem, o que nos leva a pensar que, num outro
contexto de inquirição, justificar-se-ia a exploração mais aprofundada do
perfil de visitante que habitualmente frequenta estes espaços de cultura por
exemplo, turistas).
O inquérito realizado visava ainda apurar uma série de representações acerca do
CHG, a partir de uma escala de posicionamento face a um conjunto de afirmações
tabela_7). À primeira afirmação A) O CHG é o principal símbolo da cidade de
Guimarães, as respostas permitiram concluir sobre o elevado sentimento de
identidade vimaranense associado ao CHG, considerando-o como um espaço de
excelência para os cidadãos de Guimarães 67,3% concorda totalmente e 17,8%
concorda). Em segundo lugar, e de acordo com os discursos recolhidos aquando da
realização dos grupos focais, a falta de limpeza do CHG apresentava-se como um
problema. Apesar de 48,5% dos agora inquiridos discordar totalmente da
afirmação B) O CHG poderia ser um local mais limpo, 37,7% dos inquiridos pendem
para opiniões de concordância, parcial e total, com a afirmação. As conversas
informais com os inquiridos reforçam tal posição:
Deveriam colocar recipientes de lixo para cigarros.(Não morador com atividade
no CHG, 53 anos, Urgeses)
Há uma falta de civismo para a preservação do centro histórico. Por exemplo,
as pes- soas continuam a pôr o lixo na rua demasiado cedo. Já avisaram que
não se pode pôr lixo cá fora ao sábado, e as pessoas continuam a pôr.
(Moradora no CHG, 54 anos, Oliveira do Castelo)
As ruas estão sujas, as pessoas não têm educação nenhuma. (Morador no CHG, 74
anos, Oliveira do Castelo)
Estes discursos reforçam as opiniões face à afirmação D) As pessoas têm uma
falta de cultura cívica relativamente à necessidade de preservação do CHG:
38,6% dos inquiridos concordam totalmente. Por sua vez, as opiniões relativas à
animação cultural do CHG ser satisfatóriaC) são, de algum modo, difusas, apesar
de tenderem a revelar-se mais positivas 27,7% concorda e 29,7% concorda
totalmente). 38,6% dos inquiridos revela discordância face à afirmação, como se
revê nas seguintes afirmações obtidas no terreno:
Não há nada para divertir os idosos. (Morador no CHG, 77 anos, S. Sebastião)
Falta mais animação para os idosos durante o dia. (Moradora no CHG, 76 anos,
São Paio)
É demasiado noturna, faltam acontecimentos diurnos. (Não morador com
atividade no CHG, 53 anos, Urgeses)
Não dão oportunidade aos jovens talentos de Guimarães. (Não morador no CHG,
21 anos, Costa)
Faltam atividades portuguesas. (Não morador com atividade no CHG, 39 anos,
Costa)
As razões mais apontadas para esta insatisfação com a animação cultural são: a
oferta é pouco diversa, é demasiado sazonal e está demasiado centrada num só
local.
Um outro eventual fator de insatisfação relaciona-se com o facto de a animação
prejudicar os moradores: 33,7% concorda totalmente com a afirmação F) A
dinamização noturna do CHG é prejudicial para os seus moradores ex. barulho).
A animação? É só barulho e poucas vergonhas! (Moradora no CHG, 75 anos,
Oliveira do Castelo)
Bares deveriam fechar mais cedo ou policiamento depois da hora do fecho.
(Moradora no CHG, 34 anos, Oliveira do Castelo)
Unimo-nos os moradores e atiramos água pela janela abaixo. (Moradora no CHG,
74 anos, Oliveira do Castelo)
O problema é que depois dos bares fecharem as pessoas permanecem aqui e falam
alto Dão pontapés nas coisas Andam à pancada, tocam à porta, chamam pala-
vrões (Moradora no CHG, 64 anos, Oliveira do Castelo)
O problema não são os bares, isso eu até não me importo O problema é que
depois dos bares fecharem eles ficam cá fora todos bêbados e estragam tudo e
é barulheira. E a polícia nem aparece nem faz nada. (Moradora no CHG, 61
anos, Oliveira do Castelo)
Isto à sexta e ao sábado é uma barulheira impossível. Uma vez até quase que
deu um AVC a uma senhora que foi um susto. Ninguém imagina o que nós aqui
passamos. (Moradora no CHG, 60 anos, Oliveira do Castelo)
Isto à noite é uma pouca vergonha! E a polícia diz que não tem poderes para
atuar. (Moradora no CHG, 68 anos, São Paio)
O problema da iluminação deficitária no CHG destacado nos grupos focais não
encontra eco entre os inquiridos: 55,4% dos inquiridos discorda totalmente da
afirmação G) A iluminação noturna do CHG é deficitária; como também 53,5% dos
inquiridos dis- corda totalmente da afirmação J) O CHG pode ser considerado um
local inseguro. Quanto ao produto final da regeneração do CHG ' H) A
reabilitação dos edifícios do CHG melhorou o seu aspeto arquitetónico
'encontra-se uma certa contradição entre o que é respondido nesta questão e o
que é apontado nas respostas de caráter aberto sobre o que mudariam no CHG. Se
na questão de posicionamento 59,4% dos inquiridos refere concordar totalmente
com a expressão apresentada, quando explicitam as suas posições o desagrado é
manifesto:
O Toural não tem abrigo para a chuva no inverno e não tem sombra para o calor
do verão.(Morador no CHG, 54 anos, Oliveira do Castelo)
O Toural é um deserto No verão com o calor não há sombra e se chover também
não há abrigo. Faltam árvores e jardim Gostava mais como estava, sou
sincero. (Morador no CHG, 69 anos, Oliveira do Castelo)
As obras foram só fachada, por dentro está tudo igual, uma miséria. (Morador
no CHG, 79 anos, Oliveira do Castelo)
No Toural falta alguma coisa assim mais histórica. Algo que seja da nossa
cidade Ou uma estátua de D. Afonso Henriques ou alguma coisa assim.(Morador
no CHG, 57 anos, Oliveira do Castelo)
Tive pena que tirassem a Maria da Fonte e as tulipas do Toural. Estava tão
bonito. Era lindíssimo Agora está feio. Eu acho. (Moradora no CHG, 68 anos,
São Paio)
Eu penso que a remodelação deveria ter sido mais modesta. O impacto foi muito
forte e isso nem sempre é bom. Foi mudar do dia para a noite. (Não morador
com atividade no CHG, 54 anos, Porto)
O mesmo se passa quanto à afirmação M) O CHG é atrativo para a fixação de
moradores. 25,7% e 39,6%, respetivamente, concordam e concordam totalmente;
informalmente, referem os inquiridos, a não atratividade do CHG para a fixação
de moradores reside no barulho causado pela animação noturna, na degradação
interior e exterior dos edifícios de habitação, na reabilitação dispendiosa e
no custo elevado das habitações recuperadas. Torna-se limitado o campo de
possíveis quanto à permanência dos atuais moradores e à atração de novos
moradores.
* O problema é que as casas aqui são muito caras e não há movimento nenhum.
(Moradora no CHG, 50 anos, Oliveira do Castelo)
Quanto às afirmações K) Os estabelecimentos comerciais deveriam abrir ao fim de
semana e à noitee L) A oferta do CHG em termos de comércio e serviços é
suficienteas posições são as seguintes: há uma forte dispersão na primeira
dificuldade em equilibrar o direito ao descanso dos comerciantes e a
necessidade de dinamizar o comércio local para atrair mais visitantes), ainda
que com 30,7% de inquiridos a discordar totalmente da afirmação; e uma relativa
consensualidade na segunda 31,7% concorda e 36,6% concorda totalmente). Tal
sugere a necessidade de reestruturação da atividade comercial e de serviços
local. O trecho abaixo apresenta uma sugestão:
* Num centro histórico num contexto de Capital da Cultura deveria haver porta
sim porta não vários ateliês de arte. Há muito pouca oferta.(Não morador com
atividade no CHG, 54 anos, Porto)
Referimos, ainda, o posicionamento dos sujeitos face a Guimarães Capital da
Cul- tura 2012 com as seguintes afirmações: E)O evento Guimarães Capital da
Cultura trará uma oportunidade de afirmação da cidade internacionalmente; I)O
evento Guimarães Capital da Cultura será uma experiência positiva para todos
os vimaranenses; e N) O CHG da cidade está preparado para receber o evento
Guimarães Capital da Cultura. Para todas estas afirmações há, de facto, uma
elevada percentagem de total concordância com todas elas, registando-se
expetativas positivas face ao evento: 69,3%, 70,3% e 74,3%, respetivamente.
Quando confrontados com a enunciação dos três aspetos mais positivos/que mais
gostam no CHG e menos positivos/que mudariam no CHG, os resultados são os
seguintes: i) as pessoas e sociabilidades, a arquitetura, o Largo da Oliveira,
a tradição, a Praça Santiago e o Toural são os mais positivamente enunciados;
ii) o barulho, a falta de policiamento, a degradação das casas, a falta de
estacionamento e o vandalismo, a desertificação e a reabilitação são os mais
negativamente enunciados. Face ao exposto, e dadas as deambulações
exploratórias que realizámos, diríamos que os principais pontos de chegada
deste mapeamento sociológico são os seguintes: i) a feminização, o
envelhecimento e a pouca escolarização da população de moradores do CHG; ii) a
permanência dos moradores no CHG, dado que sempre lá viveram; iii) a forte
valorização dos atores locais e sociabilidades quotidianas no CHG; iv) a forte
valorização do CHG enquanto símbolo da identidade vimaranense; v) as
expetativas positivas face às novas possibilidades abertas por Guimarães 2012.
Num outro sentido, i) o barulho e vandalismo decorrente da animação noturna
como questão problemática que suscita desagrado aos moradores, entre eles os
idosos; ii) a necessidade de mais policiamento após o encerramento dos bares
noturnos; iii) a necessidade de maior dinamização da atividade comercial do CHG
com intervenções que o favoreçam; iv) o atender às necessidades da comunidade
local do ponto de vista da animação cultural, ainda significativamente
insatisfatória; e v) o sentimento de que se intervém mais para agradar os que
são de fora do que os moradores.
De acordo com as constatações apresentadas e tendo em conta a componente
interventiva que o projeto visava foram propostas, a título exploratório,
algumas atividades.
3. Como foram as deambulações sociológicas?
As deambulações que um projeto exige confrontam-nos com virtualidades e
obstáculos que importa registar. Desde logo, as habituais dificuldades da
abordagem espontânea na rua ou porta a porta exigiram a adoção de uma postura
persuasiva para a qual a dimensão relativamente curta do inquérito teve uma
enorme importância. Caso contrário, seríamos confrontados com a não resposta.
Se o momento de abordagem das pessoas revelou-se por vezes bastante difícil,
ainda que o contexto institucional salvaguardasse tal cenário a FRATERNA e a
CMG), a verdade é que quando envolvidos no ato da inquirição, os sujeitos
revelaram bastante entusiasmo e interesse. Adotou-se a postura de prolongar a
interação social com o inquirido por mais de 20 minutos quando, na realidade, o
tempo previsto para a aplicação do inquérito dificilmente passaria os 10
minutos. Tal facto acabou por revelar-se metodologicamente gratificante, pois
as conversas informais que conseguimos desenvolver traduziram-se em discursos
verdadeiramente enriquecedores para este estudo. Por outro lado, saliente-se a
necessidade de adaptação da linguagem do inquérito e a explicitação de algumas
questões dada grande parte dos inquiridos serem idosos e com baixo nível de
escolaridade. A este respeito foi imprescindível o preenchimento do
questionário pelo investigador, o que exigiu um controlo da sua interferência
na construção social do conhecimento: as respostas em situação de interação com
o desconhecido tendem a aproximar-se do socialmente desejável'.
Em terceiro lugar, a amplitude exploratória da nossa ação reconfigurou
perspetivas de análise que exigem, noutro contexto de pesquisa, o
aprofundamento de temáticas através do alargamento da aplicação do questionário
a outros moradores e não moradores do CHG e da realização de entrevistas em
profundidade a algumas categorias sociais específicas. As deambulações pelo CHG
em momentos noturnos, com observações do espaço público em temporalidades não
diurnas, são também um instrumento adicional e complementar que, a realizar-se,
permite ainda mais diversidade nas leituras do CHG.
Por fim, consideramos o impacto imediato da atividade junto dos atores sociais
bastante positivo. Os interlocutores inquiridos, particularmente os moradores e
comerciantes do CHG, mostraram-se satisfeitos com a oportunidade de exporem os
seus posicionamentos e a expetativa de que os resultados do inquérito dessem de
alguma forma voz às suas preocupações. Quase diríamos que as deambulações
exploratórias que realizámos adquiriram, nalguns momentos e circunstâncias,
traços de investigação orientada para a intervenção sobre o lugar, estimulando
a participação cívica dos sujeitos e o sentimento de pertença, responsabilidade
e identidade associados ao CHG.
Referências bibliográficas
AAVV 2012), Paisagem com Cidade e Maçãs Vermelhas. Estudo multidisciplinar
Centro His- tórico de Guimarães. Projeto de Animação Pedagógica, Guimarães,
FRATERNA ' Centro Comunitário de Solidariedade e Integração Social, coordenação
editorial de SETEPÉS.
Azevedo, Natália; Praça, Henrique 2012), Os grupos focais: traços preliminares
sobre o Centro Histórico de Guimarães, inAAVV 2012) ' Paisagem com Cidade e
Maçãs Ver- melhas. Estudo multidisciplinar Centro Histórico de Guimarães.
Projeto de Animação Pedagógica, Guimarães, FRATERNA ' Centro Comunitário de
Solidariedade e Integração Social, coordenação editorial de SETEPÉS, pp. 37-45.
Notas
1 Socióloga, Professora Auxiliar do Departamento de Sociologia da Faculdade de
Letras da Universidade do Porto FLUP) e Investigadora Integrada do Instituto de
Sociologia da Universidade do Porto ISFLUP) Porto, Portugal). Endereço de
correspondência: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Via Panorâmica
s/n, 4150-564 Porto, Portugal. E-mail: nazevedo@letras.up.pt;
nataliazevedo@netcabo.pt
2Socióloga, Mestre em Sociologia e Saúde pela Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto FMUP) e Faculdade de Letras da Universidade do Porto
FLUP) Porto, Portugal). E-mail: raquelcadper@gmail.com
3 Para informações mais específicas sobre o Estudo configuração institucional,
equipa de trabalho, objetivos, metodologia e resultados), consultar AAVV 2012).
4 Para confronto com o desenho metodológico e com os resultados dos grupos
focais, ver Azevedo; Praça 2012).
ANEXOS
Anexo_I
Anexo_II