Sistemas de informação e estratégia em organizações agroindustriais
INTRODUÇÃO
O papel preponderante e a importância representada pela informação nas
organizações vêm sendo discutido já há algum tempo, bem como a relevância dos
Sistemas de Informação (SI) para as organizações. Entretanto, muitas são as
organizações que possuem baixo nível de integração de suas operações e demais
atividades aos sistemas de informação.
Neste sentido, a compreensão dos sistemas de informação e de seu alinhamento ao
negócio das empresas torna-se fator crucial para a tomada de decisão e o
consequente sucesso das organizações. Gomes e Salas (1999) defendem a ideia de
que, uma vez definida a informação necessária, é preciso desenhar o sistema de
informação, decidindo os mecanismos para a sua obtenção, processamento e
transmissão.
Para Turban et al. (2003), o ambiente empresarial impõe pressões sobre as
empresas, e estas podem responder reativamente a uma pressão já existente ou de
modo pró-ativo a uma pressão esperada, sendo que estas reações podem ser
facilitadas através da utilização das tecnologias da informação, em especial
dos sistemas de informação.
A tecnologia da informação deve ser vista como um recurso valioso que precisa
de ser administrado por todos os níveis de gerência, sendo assegurado o seu uso
efetivo para proporcionar benefícios operacionais e estratégicos em toda a
organização. Porém, até há poucos anos, a tecnologia da informação era
utilizada para automatizar as tarefas organizacionais, sem consideração
suficiente ao impacto estratégico na organização (O´Brien, 1999). Na
atualidade, o maior desafio da tecnologia da informação é desenvolver SI que
promovam melhorias estratégicas referentes a como uma organização auxilia seus
funcionários, tarefas, tecnologia, cultura e estrutura (Lunardi, 2001).
Segundo Lunardi (2001), o envolvimento de todos os executivos é a melhor forma
de assegurar que as estratégias dos sistemas de informação estarão alinhadas
com as estratégias de negócios. A visão compartilhada por Wright et al. (2000)
é que a palavra estratégia refere-se aos planos da alta administração para
alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da
organização.
As decisões estratégicas de acordo com Fischmann e Almeida (1991) dizem
respeito ao caminho que a organização como um todo deverá seguir, e só
recentemente tem merecido maior atenção dos administradores, que procuram
desenvolver técnicas para facilitar o trabalho de conduzir a organização na
melhor direção.
Neste sentido, o objetivo deste artigo é investigar as relações entre os
principais aspectos do sistema de informações dentro do processo de visão e
gestão estratégica em organizações agroindustriais do setor avícola do Estado
de Pernambuco.
Além desta seção inicial, o presente artigo possui mais quatro seções. Na
seguinte, aspectos associados aos sistemas de informação são apresentados a
partir de um contexto organizacional. Na terceira seção, abordam-se os aspectos
metodológicos da pesquisa. Na quarta são apresentados e discutidos os
resultados da pesquisa. E, por fim, são apresentadas as considerações finais.
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E AS ORGANIZAÇÕES
Os sistemas de informação (SI) evoluíram de uma orientação tradicional de
suporte administrativo para um papel estratégico dentro da empresa. A visão dos
sistemas de informação como arma estratégica competitiva tem sido discutida e
enfatizada, pois não só sustenta as operações de negócio existentes, mas também
permite que se viabilizem novas estratégias empresariais. Assim, as empresas,
independentemente de seu segmento de mercado, de seu negócio principal e porte,
usufruem da informação, objetivando melhor produtividade, redução de custos,
aumento de agilidade, competitividade e apoio à tomada de decisão (Sêmola,
2003).
Os tomadores de decisões nas organizações trabalham com grande quantidade de
dados em estado bruto e quantidade reduzida de informação com valor agregado e,
como consequência, pouca inteligência para subsidiar o processo decisório
(Gomes e Braga, 2001). Ao analisar o processo de decisão em organizações, Simon
(1970) alerta para o fato de que este processo deve contemplar a existência de
inúmeros elementos, onde a escolha de alternativas é permeada por um conjunto
de ações e comportamentos que, muitas vezes não condizem à opção ótima para a
organização, mas sim à opção mais satisfatória, correspondente às
possibilidades e aos interesses do decisor.
Ainda neste sentido, Simon (1970) aponta que a seleção dos dados e informações,
que vão subsidiar a decisão, sofre uma série de influências, tanto do ambiente
interno quanto do ambiente externo da organização.
A informação tornou-se nesses últimos anos um fator de produção. O rápido
desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação associado às
sensíveis reduções de custos de seus produtos e serviços aumentou a
possibilidade dos computadores auxiliarem o empreendedor na empresa,
armazenamento e processamento de informações (Arraes, 1995). Essas informações,
conforme Ansoff (1975), por vezes não estão disponíveis no momento adequado,
isto é, não permitem que a organização prepare planos e programas já adequados
a elas.
A disponibilidade e o acesso a uma maior quantidade de informações significam
que uma melhor decisão será tomada. Os sistemas de informação podem ser
utilizados por uma pessoa na organização, por um departamento (contabilidade,
recursos humanos, marketing), por toda organização e ainda de forma
interorganizacional, envolvendo sistemas globais de informação (Rezende, 2005).
Por outro lado, diante da competição e das incertezas do ambiente em que se
inserem, as empresas precisam permanecer em processo constante de mudança,
buscando desenvolver estratégias que respondam às pressões internas e externas
das empresas e lhes garantam uma posição competitiva em relação aos seus pares
(Barbosa, 2001). Isto significa que processos e produtos das empresas tornar-
se-ão cada vez mais carregados de informação e ligados por meio de redes de
comunicação e de dados.
Dessa forma, a informação, como subsídio para a tomada de decisão, precisa
estar delineada de acordo com as necessidades e objetivos da empresa, ou seja,
com o planejamento estratégico da empresa, o que é confirmado quando Beuren
(2000) expõe que o desafio maior da informação é o de habilitar os gestores a
alcançar os objetivos propostos para a organização, por meio de uso eficiente
dos recursos disponíveis.
É papel dos sistemas de informação ajudar no fluxo de informações, bem como
auxiliar a empresa a monitorar o macro ambiente onde opera. No ambiente atual,
as empresas expandem suas fronteiras, necessitando de informações rápidas, além
de lidarem com grande volume delas, necessitando organizá-las. Os sistemas de
informação passam a ser parte integrante do processo e não apenas monitoram o
processo, mas trabalham como parte de processo ao transformar dados brutos em
um produto (Stair e Reynolds, 2006).
Para Turbanet al. (2003), o ambiente empresarial impõe pressões sobre as
empresas, e estas podem responder reativamente a uma pressão já existente ou de
modo pró-ativo a uma pressão esperada, sendo que estas reações podem ser
facilitadas através da utilização da tecnologia da informação, em especial, dos
sistemas de informações.
Nesse sentido, Stair e Reynolds (2002) definem sistemas de informação como
pessoas, equipamentos e procedimentos que coletam, selecionam, analisam,
avaliam e distribuem a informação necessária em tempo e na forma apropriada
para o tomador de decisões. Assim, o estabelecimento de um SI que seja
adequado, rápido e confiável é de suma importância para as empresas alcançarem
o sucesso de suas estratégias.
Um sistema de informação, para Laudon e Laudon (2002), é definido como um
conjunto de componentes inter-relacionados que permitem capturar, processar,
armazenar e distribuir a informação para apoiar a tomada de decisão, a
coordenação e o controle de uma organização. Estes componentes são compostos
pelos recursos de tecnologia da informação (hardware, software, base de dados,
telecomunicações), pessoas e procedimentos para processar entradas e gerar
saídas que são enviadas para o usuário ou outros sistemas.
Para Davenport (1998), a importância de uma estrutura informacional é conduzir
o usuário ao local onde os dados se encontram, melhorando a possibilidade de
estes serem utilizados de maneira adequada, visando a eficiência da empresa e a
satisfação do cliente. Se devidamente planejado e estruturado, esse sistema
pode se tornar uma potente ferramenta estratégica para a organização que
utilizá-la adequadamente.
Conforme Wood Jr. (1999), a implantação de um SI é uma tarefa complexa, pois se
trata de um amplo processo de mudança organizacional que provoca impactos no
modelo de gestão, na arquitetura organizacional, no estilo gerencial, nos
processos de negócios e, principalmente, nas pessoas. Este processo deve
envolver equipes multidisciplinares compostas por especialistas em tecnologia
da informação, analistas de negócios e consultores com capacitação em redesenho
de processos.
Ainda para Turbanet al. (2003), o sucesso na implantação depende do alinhamento
entre software, cultura e objetivos de negócio da empresa, sendo importante ter
articulação entre os objetivos do projeto e expectativas de mudança da empresa,
boa gerência, comprometimento da alta administração e dos proprietários dos
processos, sendo que os usuários devem compreender a mudança. Assim, implantar
um SI requer cuidados como escolher o mais adequado às peculiaridades da
empresa e selecionar os parceiros envolvidos na implantação, como por exemplo,
contratar uma consultoria experiente no assunto.
Também, é importante ressaltar que a forma e a profundidade com que as
informações são coletadas impactam, além da quantidade, o custo de obtenção.
Conforme ressaltam Benamati e Lederer (2001), a forma errada de coletar pode
ser muito dispendiosa, além de fornecer informações incompletas e equivocadas.
Ao reduzir desperdícios e custos de obtenção de informações, reduzem-se custos
de transação nos sistemas e ganha-se em competitividade.
Rezende e Abreu (2000) afirmam que os módulos de sistemas de informação
empresarial devem conter, dentre outros, os módulos de um sistema de marketing
e de um sistema de clientes. Estes sistemas devem possuir a capacidade de
integrar-se com os demais sistemas organizacionais internos ou externos à
empresa. Davenport (1998) revela que um SI, quando integrado, permite o acesso
à informação em tempo real e contribui para a redução de estruturas gerenciais.
Por outro lado, centraliza o controle sobre a informação, padroniza processos e
procura unificar a cultura e o comando sobre a empresa.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
Essa seção apresenta os aspectos metodológicos que nortearam a realização desta
pesquisa. Inicialmente foi definida a amostra da pesquisa. Em seguida são
apresentadas as variáveis investigadas. A terceira apresenta os procedimentos
utilizados para a coleta de dados. E por último, é discutido o método utilizado
para analisar os dados coletados.
Definição da Amostra
O primeiro procedimento metodológico consistiu na delimitação do escopo desta
pesquisa. Marconi e Lakatos (1999) consideram que delimitar uma pesquisa
consiste em estabelecer limites para ela, bem como ressaltam que se faz
necessário definir se será possível investigar o universo ou se será necessária
a obtenção de uma amostra. O universo de uma pesquisa (ou sua população) é
definido por Silva (2006) como sendo o conjunto de elementos que possui pelo
menos uma característica comum. A utilização de listas especializadas como
fonte de consultas é apontada por Silver (2000) como um procedimento pertinente
e útil.
Para a obtenção dos dados relativos ao universo investigado, a fonte
referencial utilizada foi o cadastro de empresas disponibilizado pela
Associação de Avicultores do Estado de Pernambuco (AVIPE), composto por 45
empresas. Com o objetivo de atingir a maior representatividade possível da
população e, deste modo, atender aos requisitos científicos necessários para
que os dados coletados fossem válidos, todas as 45 empresas foram visitadas.
Gil (2002) considera que, para que os dados obtidos em levantamento sejam
significativos, faz-se necessário que a amostra seja constituída por um número
adequado de elementos . Das 45 empresas, 27 aceitaram participar da pesquisa e
fornecer as informações solicitadas.
Variáveis Investigadas
O segundo aspecto relativo aos procedimentos metodológicos consistiu na
definição das variáveis a serem consideradas. Para Marconi e Lakatos (1999),
variável é tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou atributos
necessários para a compreensão de algo que se pretenda investigar. Diante do
objetivo proposto para a realização desta pesquisa, foram investigadas as
seguintes variáveis;
Diante do objetivo proposto para esta pesquisa, foram estudadas as seguintes
variáveis:
· difusão das estratégias;
· meios de difusão;
· metas estratégicas;
· canais de feedback;
· mercados explorados;
· uso de relatórios periódicos;
· uso de benchmarking;
· horizonte estratégico.
Procedimentos da coleta de dados
Para a coleta de dados desta pesquisa foram utilizadas entrevistas estruturadas
realizadas in loco em todas as empresas incluídas na amostra. De acordo com
Andrade (1999), uma entrevista estruturada é definida como uma sequência de
perguntas apresentadas a um informante, considerando um roteiro previamente
elaborado que deverá ser seguido da mesma forma para todos os entrevistados.
Para Gil (2002), a entrevista estruturada se desenvolve a partir de uma relação
fixa de perguntas. Para Marconi e Lakatos (1999), o objetivo da utilização de
uma entrevista estruturada consiste em obter respostas padronizadas de modo a
que seja possível efetuar comparações entre elas.
O instrumento de pesquisa utilizado para a realização das entrevistas
estruturadas foi o questionário. De acordo com Richardson (1999), este
procedimento possui algumas vantagens, que são: as respostas e perguntas
fechadas são fáceis de codificar; o entrevistado não precisa escrever e as
perguntas fechadas facilitam o preenchimento total do questionário.
Esta técnica consiste em fazer uma série de perguntas a um informante, conforme
roteiro preestabelecido, onde esse roteiro pode constituir-se de um formulário
aplicado da mesma forma a todos os informantes investigados pela pesquisa, para
que se obtenham respostas para as mesmas perguntas.
Método de Análise
Para a identificação da estrutura natural de relações entre as diversas
práticas gerenciais referentes às informações oriundas das estratégias das
empresas de investigadas, esta pesquisa considerou uma abordagem multivariada.
Para Hair et al. (2005), a análise de relações de interdependência pode ser
executada através das seguintes técnicas: análise de agrupamentos, análise de
correspondência, análise fatorial eescalonamento multidimensional. Para esta
pesquisa foram consideradas três técnicas, a saber: análise de agrupamentos; o
escalonamento multidimensional e a análise fatorial.
Pohlmann (2007) considera que a análise de agrupamentos (ou conglomerados) se
caracteriza por ser descritiva, ateorética e não inferencial, não tendo base
estatística para formular inferências sobre uma população com base em uma
amostra e sendo usada como técnica exploratória. O escalonamento
multidimensional é definido por Herdeiro (2007) como sendo uma técnica
estatística que analisa posicionamentos, comparações de padrão, graus de
proximidade e classificações por afinidade entre diversos elementos. Bezerra
(2007) define análise fatorial como sendo uma técnica estatística que busca
identificar dimensões de variabilidade comuns existentes entre um conjunto de
fenômenos. Sobre os procedimentos referentes à escolha da técnica de rotação de
fatores adequada, Hair et al.(2005) afirmam que não há nenhuma regra específica
para a definição da técnica a ser utilizada, mas informam que a técnica mais
utilizada é a Varimax, por estar disponível na maioria dos aplicativos
estatísticos computacionais.
Esta pesquisa considerou a utilização de mais de uma técnica multivariada em
função da intenção de caracterizar a estrutura de relações entre as variáveis
consideradas, bem como poder comparar os resultados obtidos.
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Inicialmente, a dinâmica de relações entre os aspectos referentes às
informações inerentes às estratégias que foram investigados no âmbito das
empresas pertencentes ao setor avícola de Pernambuco foi operacionalizada a
partir da execução da análise de agrupamento para caracterizar a hierarquia de
interações dinâmicas existentes entre eles. Neste procedimento estatístico, a
regra de amalgamação adotada foi referenciada por elos simples e as distâncias
foram calculadas a partir do procedimento City-block (Manhattan).
O Gráfico 1 representa os agrupamentos obtidos a partir das variáveis inseridas
nesta pesquisa. A árvore de agrupamentos destaca a presença de um único grupo
significativo de variáveis.
GRÁFICO 1
Relação entre as variáveis através da análise de agrupamentos
O núcleo deste agrupamento identificado é composto pelas variáveis referentes
às informações relacionadas ao estabelecimento de metas e ao uso de mecanismos
de feedback. Além desses dois fatores, o uso de benchmarking, também pode ser
considerado como pertencente ao grupo de maneira direta. Indiretamente, os
mecanismos de transmissão de objetivos e o horizonte estratégico das
organizações também apresentaram relações significativas. As demais variáveis
não podem ser consideradas como pertencentes ao agrupamento identificado.
A segunda etapa dos procedimentos de análise dos resultados consistiu na
verificação da distribuição espacial das variáveis através do escalonamento
multidimensional. A representação espacial da disposição das variáveis foi
importante para identificar sua disposição espacial e verificar se há
similaridade com a composição do agrupamento obtido. Os resultados estão
dispostos no Gráfico 2.
GRÁFICO 2
Agrupamento das variáveis através do escalonamento bi-dimensional
Pode-se observar que as variáveis identificadas como pertencentes ao núcleo do
agrupamento apontado pela análise anterior se posicionaram tão próximos entre
si que suas legendas estão sobrepostas. Por outro lado, as demais variáveis
podem ser visualizadas afastadas deste núcleo com nitidez. Os resultados
apresentados pelo escalonamento bidimensional obtiveram valores
estatisticamente significativos. Os níveis de alienação e estresse ficaram,
respectivamente, próximos a 0,02 e 0,01.
Com a finalidade de melhorar o nível de significância e dar maior precisão à
representação gráfica do escalonamento multidimensional, os cálculos foram
executados novamente para gerar um gráfico tridimensional. Esses resultados
estão dispostos no Gráfico 3.
GRÁFICO 3
Agrupamento das variáveis através do escalonamento tridimensional
O escalonamento tridimensional apresenta com maior nitidez as proximidades e
distâncias entre os indicadores contidos nos diversos agrupamentos. Ambos os
níveis de alienação e estresse ficaram em 0,0000.
A configuração do cálculo da análise fatorial considerou a busca por quatro
fatores, bem como um mínimo eigenvalue equivalente a 1. Os resultados estão
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1
Resultados da análise fatorial (não-rotacionada)
Pode-se observar que foram identificados dois fatores distintos. O primeiro
fator é composto por seis dos oito aspectos informacionais referentes à gestão
estratégica, enquanto o segundo fator é composto apenas por uma variável (uso
de relatórios). O primeiro fator possui uma capacidade explicativa de 0,68,
enquanto o segundo fator obteve uma capacidade explicativa de 0,18. Para dar
maior consistência à análise fatorial, os dados foram operacionalizados
novamente através do processo de rotação Varimax. Os resultados estão dispostos
na Tabela 2.
Tabela 2
Resultados da análise fatorial (rotacionada)
Pode-se observar que não houve modificação na composição do primeiro fator, bem
como que a sua capacidade explicativa praticamente se manteve inalterada
(0,66). Com relação ao segundo fator, nota-se uma alteração em sua composição
(agora são dois componentes), mas não houve alteração significativa em sua
capacidade explicativa.
Os resultados obtidos através da análise fatorial sugerem que, embora a análise
de agrupamento e o escalonamento multidimensional tenham sugerido a presença de
relações significativas entre um grupo restrito de aspectos, os demais
elementos investigados não podem ser considerados como alheios. Observando os
resultados obtidos a partir dos três métodos, pode-se considerar que as
variáveis consideradas são complementares entre si, o que é compatível com a
lógica preconizada pela demanda por informações gerenciais para dar suporte à
gestão estratégica.
CONCLUSÕES
O objetivo deste artigo foi investigar as relações entre os principais aspectos
do sistema de informações dentro do processo de visão e gestão estratégica em
organizações agroindustriais do setor avícola do Estado de Pernambuco. Para
atingir o objetivo proposto, foi utilizada uma abordagem metodológica
multivariada, considerando três perspectivas distintas e complementares entre
si. A primeira consistiu em uma análise de agrupamentos. A segunda foi composta
por uma análise da disposição espacial das variáveis através do escalonamento
multidimensional. A terceira perspectiva metodológica foi a análise fatorial.
Os resultados obtidos através da análise de agrupamento apontaram evidências
empíricas da existência de relações entre os diversos fatores referentes às
informações financeiras utilizadas dentro das práticas gerenciais sobre custos
a partir da identificação de um grupo.
O núcleo deste agrupamento identificado foi composto pelas variáveis referentes
às informações relacionadas ao estabelecimento de metas e ao uso de mecanismos
de feedback. Além desses dois fatores, o uso de benchmarking, também pode ser
considerado como pertencente ao grupo de maneira direta. Indiretamente, os
mecanismos de transmissão de objetivos e o horizonte estratégico das
organizações também apresentaram relações significativas.
O gráfico obtido através do escalonamento multidimensional apresentou
resultados semelhantes aos encontrados através da análise de agrupamentos e
corrobora a disposição das variáveis significativas dentro do principal
agrupamento encontrado anteriormente. Ao calcular o escalonamento
tridimensional, foi notada com maior nitidez a proximidade entre as variáveis.
Também pode ser constatada com maior precisão que as demais variáveis não se
encontram relacionadas entre si, mesmo que considerando uma relação indireta e
circunstancial.
Os resultados obtidos através da análise fatorial sugerem que as diversas
dimensões informacionais relativas à gestão estratégica não podem ser
consideradas como independentes entre si, mesmo aquelas que não haviam sido
inseridas no núcleo do agrupamento encontrado, bem como fornecendo evidências
empíricas significativas para a compreensão da relação dinâmica de
interdependência entre elas.
Estes resultados revelam indícios particulares referentes à caracterização das
relações entre os principais aspectos relativos ao sistema de informações
dentro do processo de visão e gestão estratégica nas organizações
agroindustriais do setor avícola. Estudos mais abrangentes podem revelar
detalhes mais específicos acerca destas relações.