Cidades-Santuário: oferta e procura - síntese de estatísticas editadas (2.ª
parte)
1. CIDADES-SANTUÁRIO, SEGUNDO A POPULAÇÃO RESIDENTE E OS VISITANTES
1
Este tema, relevante para o presente estudo, justificou um levantamento
bibliográfico exaustivo.
Em termos metodológicos, optou-se por dividir a temática em dois pontos: o
referente à população residente e o relativo aos visitantes, analisados por
esta mesma ordem.
De forma a analisar o tema acima proposto, possibilitando, em paralelo, a sua
comparação, criou-se o grupo de variáveis, abaixo indicadas.
a) Características Sócio-demográficas.
b) Valores Pessoais e Sociais.
c) Valores Espirituais e Práticas Religiosas do Quotidiano.
d) Características da Peregrinação e ou Visita.
e) Logística de Lugares Sagrados.
f) Organização Territorial.
g) Valores Ambientais/Paisagísticos.
h) Transportes/Vias de Comunicação.
i) Equipamentos Receptivos (hotelaria, restauração e comércio).
j) Características Sócio-económicas.
k) Gestão Estratégica.
2. CIDADES-SANTUÁRIO, SEGUNDO A POPULAÇÃO RESIDENTE
A caracterização da população residente nas cidades-santuário é muito pouco
abordada pelos investigadores, sendo apenas dois os estudos encontrados
passíveis de catalogação nesta categoria.
· João (1992) analisa sociologicamente, com base em resultados estatísticos, a
população residente de Fátima, tendo para tal inquirido a comunidade civil e a
religiosa.
· Magalhães (1992) utiliza os dados referentes ao questionário anterior, assim
como as estatísticas oficiais do INE, para caracterizar, sob a perspectiva
geográfica, a população residente de Fátima.
Antes de passar à análise das variáveis desta temática, sublinha-se (tal como
anteriormente referido) que também aqui a importância dos dados a apresentar se
centra mais nas abordagens do que na validade dos mesmos, dado estar
ultrapassada. Com o decorrer da leitura, percepciona-se, no entanto, que a sua
actualização é urgente, pois a opinião dos residentes constitui um testemunho
essencial no estudo sobre a organização e o ambiente das diferentes cidades-
santuário.
No que respeita às variáveis propriamente ditas, observa-se, por um lado, a
ausência de investigação ligada às características da peregrinação (sublinhe-se
que com toda a lógica), logística de lugares sagrados e gestão estratégica.
Em relação às características sócio-demográficas da população residente, para
além dos dados passíveis de serem retirados das estatísticas oficiais do
Instituto Nacional de Estatística (INE), ainda se pode referir que em Fátima,
segundo Magalhães (1992), se assiste a uma preponderância do sexo masculino
(54,3%) sobre o feminino (45,7%), sobretudo entre os 10 e os 19 anos, devido
aos seminaristas que estudam nesta cidade-santuário; em termos globais, em
1985, estes últimos constituem 11,1% da população total do aglomerado, contando
a religiosa com 10,2% e a leiga com 78,7%. Quanto à origem da população
religiosa, e segundo a mesma autora, 3,3% são naturais do concelho, 75,9% são
oriundos de outras regiões de Portugal e 20,8% do estrangeiro. Por último,
destaca-se que no total da população inactiva (55,7%), 61,2% são estudantes,
demonstrando-se o papel de relevo que Fátima tem no campo do ensino.
Na variável ligada aos valores pessoais e sociais, tanto João (1992) como
Magalhães (1992) observam que 84,5% gostam de viver no seu lugar, mas não têm
um relacionamento muito próximo com os vizinhos, concluindo que só 33,3% os
consideram como amigos, contra 15,9% que unicamente os saúdam e 50,8% que os
vêem como estranhos, sendo que a maioria das sugestões para melhorar o convívio
social passam pela instalação de equipamentos de recreio, cultura e lazer,
recolhendo 59,7% das opiniões. Sobre a ocupação dos tempos livres em casa, as
três primeiras posições são ocupadas por ver televisão (26,7%), ouvir telefonia
(17,4%) e conversar (15,5%); fora de casa, lideram as saídas com a família
(24%), seguindo-se as visitas a amigos (21,9%) e as idas ao café (16,9%).
Em termos de valores espirituais e práticas religiosas do quotidiano, segundo
João (1992), cerca de 80% da população leiga mostra-se agradada com o ambiente
de Fátima como lugar de peregrinação; os mais críticos são os jovens e os que
possuem maiores habilitações literárias, apontando como principais razões de
desagrado, o aproveitamento económico da peregrinação (62%), os inconvenientes
ligados à presença dos peregrinos
2
(14,8%) e a degradação do espírito de peregrinação (12,8%). Já no que respeita
ao santuário, cerca de 30% demonstra pouca simpatia, atingindo mesmo a
antipatia, com a sua presença, sendo que as acusações se centram, sobretudo, no
seu autoritarismo e individualismo (relativamente à cidade) e no seu
comportamento eminentemente comercial
3
. No que concerne à fé nas aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, cerca de
85% assegura-as como verídicas, aproximadamente 11% põe algumas reservas e
menos de 2% não acredita; no que respeita à fé nas aparições do anjo em
Aljustrel e na Loca do Cabeço, as percentagens praticamente mantém-se, com um
decréscimo de mais ou menos 2%, nos que crêem com e sem reservas; quanto à ida
ao santuário ou aos lugares ligados às aparições, porquanto a convicção da
maioria seja elevada, só 23,9% aí se dirigem muitas vezes, sendo que mais de
metade (53,5%) responde ir com pouca frequência. Por fim, em relação à prática
dominical dos inquiridos, o autor observa que esta abrange, aproximadamente 60%
e que para a assistência do serviço religioso, os altares mais procurados são
os das igrejas paroquiais (25,7%), seguindo-se os do santuário (24,3%) e os das
casas religiosas (12,3%).
Na variável relativa à organização territorial, Magalhães (1992) constata que
embora a grande maioria goste de viver no seu local, 81,2% consideram Fátima
mal equipada, nomeadamente, em equipamentos culturais, recreativos e
desportivos (33%), seguindo-se as lacunas a nível de estradas e transportes
(17%); deve ainda observar-se que 26,3% dos inquiridos respondeu a esta questão
com um curto “tudo”. Em relação ao que gostaria de ter no seu lugar as opiniões
dividem-se, sendo prioritário o cinema (16,2%), a piscina (15,4%), o jardim
público (15,3%) e o parque infantil (14%); sobre o que mais agrada na cidade,
quase 60% dos inquiridos opta pelo ambiente de sossego e recolhimento, sendo
que o santuário e as características religiosas do local são a escolha de cerca
de 30%.
Em relação à construção de edifícios à volta do santuário, João (1992) conclui
que metade da população advoga regras bem definidas, discordando do mesmo cerca
de 17%, enquanto que os restantes 30% não manifestam qualquer opinião
4
; já no que concerne ao futuro para Fátima, o autor constata que perto de 70%
pretende que a cidade cresça como lugar de peregrinação, 22% que se transforme
numa grande urbe e só 9% deseja que permaneça igual.
Quanto aos valores ambientais e paisagísticos, João (1992) põe a questão sobre
a preservação dos Valinhos e obtém resultados que apontam para a sua defesa
junto de mais de 61%, contra cerca de 5% que se opõem e 34% que,
surpreendentemente (segundo palavras do autor), não têm opinião formada.
Na variável relativa aos transportes e vias de comunicação, para além do que se
adiantou anteriormente, ainda se pode acrescentar que, segundo Magalhães
(1992), para 32,6% dos residentes de Fátima, o que mais desagrada no lugar é a
falta de infra-estruturas e de transportes, liderando esta opinião a lista dos
pontos negativos, com alguma vantagem sobre a segunda, que é a pouca formação
moral das pessoas (25,4%).
Em termos de equipamentos receptivos (hotelaria, restauração e comércio),
menciona-se a comparação feita por Magalhães (1992) entre o número de unidades
comerciais de artigos religiosos e regionais e as de comércio diverso,
representando 58,3% as primeiras e as segundas 41,7%.
No que respeita aos equipamentos religiosos, a investigadora verifica que das
49 congregações religiosas, 53,1% se instalaram entre 1950 e 1970, que antes
dos meados do século aí se estabeleceram 16,3% e as restantes 30,6% construíram
a sua casa em Fátima, depois da década de 70.
Quanto aos equipamentos urbanos, a mesma autora avança com alguns dados sobre o
número da população escolar nos externatos de Fátima, assim como a área de
residência dos que aí estudam, concluindo que o CEF (Cooperativa de Ensino de
Fátima) acolhe cerca de 35% dos alunos e o Colégio de São Miguel 29%.
Na variável que engloba as características sócio-económicas, João (1992)
regista que 67% da população afirma que a cidade depende muitíssimo dos
peregrinos, 23% que depende muito, 8% que depende bastante e só 2% diz que
depende pouco, sendo os que possuem mais habilitações, os que são mais
categóricos em relação ao elevado grau de dependência.
Magalhães (1992) observa que 97,8% da população activa trabalha no aglomerado
de Fátima, distribuindo-se os restantes (em ordem decrescente) por Ourém,
Leiria Torres Novas e Minde.
3. CIDADES-SANTUÁRIO, SEGUNDO OS VISITANTES
No que concerne à análise das cidades-santuário segundo os visitantes, muitos
investigadores trabalham a temática, e dentro das estatísticas consideradas
mais relevantes para o estudo em causa, destacam-se os seguintes autores e
organizações.
· Billet e Lafourcade (1981) descrevem Lourdes em termos da sua situação
geográfica, da evolução histórica, das aparições, das peregrinações e da
logística necessária à recepção dos visitantes na cidade-santuário.
· Chadefaud (1981), numa obra que serve de guião para o estudo de uma cidade-
santuário, analisa Lourdes na perspectiva do geógrafo, apresentando de forma
estruturada dados sobre o seu desenvolvimento territorial, social e económico.
· Laurentin (1983b) sustenta alguns dos desenvolvimentos teóricos sobre as
peregrinações, santuários e aparições, em dados estatísticos que lhe são
inerentes, sobretudo no que respeita a Lourdes.
· Rinschede (1985) caracteriza os peregrinos de Lourdes em termos de
quantitativos, tipos, origem, estrutura social e sazonalidade, observando a sua
influência no desenvolvimento físico e humano, assim como na ocupação dos solos
(lugares religiosos, restaurantes e alojamento, campismo e áreas de
piqueniques, comércio de artigos religiosos); alguns anos depois (1988) repete
o trabalho anterior, tanto a nível da estrutura, como na escolha de itens de
análise, passando a ter por base de estudo, a cidade-santuário de Fátima.
· Oosterwijk et al. (1986) tentam confirmar que a peregrinação é uma panaceia
para a ansiedade e a depressão, inquirindo, para tal, os que acorrem ao
santuário de St. Gerard, em Wittem (Holanda).
· Giuriati (1990) estuda, segundo a sociologia da religião, as peregrinações
antonianas (a Pádua), recorrendo a inquéritos feitos aos participantes nas
mesmas e retirando, daí, as devidas ilações.
· Monteagudo (1990) aborda Lourdes sob o ponto de vista económico, algo pouco
comum, uma vez que a tendência geral das investigações sobre este tipo de
destinos, é a de não misturar a elementos de natureza espiritual com os de
índole material.
· Bordes (1992) regista a logística sobre as peregrinações a Lourdes, tendo em
conta os recursos humanos necessários para a sua organização.
· Giuriati e Arzenton (1992) comparam as experiências dos visitantes de
Lourdes, Fátima, Medjugorje (Bósnia Herzegovina), Loreto (Itália) e Our Lady of
the Snows-Belleville (Estados Unidos da América), tentando estabelecer o perfil
do peregrino tipo.
· Guerra (1992), com base na espiritualidade do lugar e nos dados estatísticos
sobre a procura e a oferta, transmite uma imagem de Fátima no princípio dos
anos 90 e avança algumas previsões de desenvolvimento.
· Dorze (1993) versa sobre o santuário bretão, dedicado a Sainte-Anne d’Auray,
abordando-o segundo os seus aspectos históricos, físicos e motivacionais.
· Lacau-Fourticq (1993) divide a análise de Lourdes em três partes (a realidade
económica, as obras e projectos, o gabinete de estudos), consubstanciando a
informação com os respectivos dados estatísticos.
· Bywater (1994) ilustra com clareza e pragmatismo, características próprias do
turismo religioso; analisa os principais mercados emissores e os respectivos
fornecedores de serviços, recorrendo a destinos como Fátima e Lourdes.
· Pieper e Van Uden (1994) perspectivam a peregrinação como um ritual de
transformação, confirmando esta noção através de inquéritos junto de
peregrinos, antes de partirem, e após o seu regresso de Lourdes, determinando o
perfil religioso e as respectivas motivações deste segmento de mercado.
· Office des Nouvelles Internationales (1995) examina as declarações de
responsáveis de santuários ou edifícios religiosos, com uma procura
significativa, apresentando sugestões para uma melhor gestão de fluxos e para a
animação dos mesmos; mais tarde (1999) foca as estatísticas referentes aos
visitantes e aos locais de culto (em especial as que pertencem à associação das
cidades-santuário de França), além de explorar acções específicas, levadas a
termo por Regiões de Turismo e edifícios monásticos.
· Castellanos (1996) compara o turismo religioso com outros tipos de turismo,
adiantando propostas para uma melhor comercialização deste género de destinos e
demonstrando a sua importância para algumas agências italianas, nomeadamente,
através de dados referentes a Fátima e Lourdes.
· Jackowski e Kaszowski (1996) contextualizam Czestochowa (Polónia) no âmbito
das principais cidades-santuário da Europa, caracterizando-a tanto a nível de
relevância para a Igreja Católica, como em termos de estruturas turísticas,
comparando-a, ainda, com outros destinos, como Fátima e Lourdes.
· SEAC (1996) resume a oferta e a procura no Santuário de Fátima (tendo por
horizonte as actuais e futuras necessidades), com o objectivo de auscultar
opiniões e poder planear, um grande espaço coberto para assembleias.
· Vukoni’c (1996) disserta sobre o turismo religioso, examinando os componentes
da sua envolvência, tanto espiritual, como sócio-económica, apoiando a sua
argumentação, em dados estatísticos.
· ICEP (1997) identifica, quantifica e caracteriza o turismo religioso,
detectando as principais tendências deste segmento de mercado e posicionando
Fátima a nível internacional, através de estatísticas fornecidas pela Borza
Internazionale de Turismo, European Travel Monitor, Santuário de Fátima e
Instituto Nacional de Estatística.
· Muizon (1998) relata, sob a perspectiva jornalística, os factos mais
marcantes da oferta e da procura nas cidades-santuário, consolidando a sua
análise, com excertos de entrevistas e dados estatísticos.
· Nogier (1998) realça o estreitamento de relações entre as entidades laicas e
religiosas, com a constituição da associação das cidades-santuário francesas,
sublinhando que, em termos de acções de marketing, não existe grande diferença
entre as postas em prática por estas e as realizadas por outro tipo de destinos
turísticos.
· Bartoluci e Martinovic (1999), para além de exporem conceitos teóricos
interessantes sobre o turismo religioso, apresentam os resultados dos 2.900
inquéritos feitos aos visitantes de Medugorje (Bósnia Herzegovina).
· Santos (1999a) aborda o caso específico das peregrinações organizadas pela
Diocese de Coimbra ao Santuário de Fátima (1982-1997); nesse mesmo ano (1999b)
analisa as interacções entre a Religião e a Geografia; e ainda em (1999c)
contextualiza o santuário mariano no âmbito da Geografia da Religião e regista
a evolução numérica das peregrinações a Fátima.
· Ambrósio (2000) disserta sobre Fátima, tendo por base o seu desenvolvimento
territorial e sócio-económico, e apresenta dados estatísticos sobre os
estrangeiros que aí acorrem, enquanto excursionistas ou turistas; no ano
seguinte (2001a) trabalha os resultados de um questionário feito a turistas/
peregrinos que se alojaram em Fátima por um período igual ou superior a três
noites, retirando ilações sobre as suas preferências.
· Chiron (2000) analisa os números relativos aos peregrinos com problemas de
saúde (sobretudo motores), assim como as organizações que os auxiliam e as
condições criadas para a sua deslocação e acolhimento.
· Fonseca (2000) inquire empresários e funcionários hoteleiros, com o objectivo
de caracterizar os recursos humanos e a sazonalidade do emprego neste sector
económico de Fátima.
· García Añon (2001) estuda as repercussões do Jacobeu em Santiago de
Compostela, a nível da prestação de serviços, como sejam, os transportes, a
hotelaria, a restauração e o comércio.
· López Alvarez (2001) centra as suas observações na análise dos mercados
emissores e receptores do turismo religioso, designadamente Lourdes, Jerusalém,
Czestochowa, Fátima e Santiago de Compostela.
· Pilon (2001) descreve o efeito terapêutico da água de Lourdes e refere as
obras feitas nos edifícios dos banhos, tendo em conta a sua procura, desde a
origem até à actualidade.
· Santos (2003) revela as estratégias da Região de Turismo Leiria/Fátima no
curto e médio prazo, tendo por base os dados estatísticos das séries temporais
do passado e as expectativas de crescimento para o futuro.
Quanto às variáveis, observa-se que, exceptuando os valores ambientais e
paisagísticos, qualquer das constantes na lista foi trabalhada, embora algumas
sejam pouco abordadas pelo conjunto de autores, em concreto os valores pessoais
e sociais e a organização territorial.
Em relação às características sócio-demográficas, verifica-se que quanto à
idade dos visitantes, Ambrósio (2001a) regista que 34% dos estrangeiros, cuja
estada em Fátima se prolonga para além de três dias, têm entre 60 a 69 anos,
seguindo-se o grupo dos 50 aos 60 anos com 25% e aproximando-se destes, os de
mais de 70 com 22%; Ambrósio (2000) conclui que nos estrangeiros, que aí se
dirigem em excursão e cuja permanência não ultrapassa uma hora, a classe etária
dos 50 aos 59 anos lidera com 26%, seguidos dos de 60 a 69 anos com 22%, sendo
que os de 40 a 49 anos atingem os 20% (ver quadro 1).
Quadro 1 - Idades dos Visitantes de Fátima, Loreto, Lourdes e Medugorje
Bartoluci e Martinovic (1999), inquirindo os que acorrem a Medugorje (Bósnia
Herzegovina) observam que 44,5% têm mais de 50 anos, logo seguidos dos que têm
de 21 a 40 anos (24,2%) e dos que têm de 41 a 50 anos (22,8%) (ver quadro 1).
No trabalho realizado por Giuriati e Arzenton (1992), as percentagens variam
consoante o santuário onde decorre o questionário: assim, em Lourdes são os de
menos de 31 anos que lideram com 51,6% e em Medugorje, Fátima e Loreto são os
de 31 a 60 anos que ocupam a primeira posição com 51,6%, 43,8% e 45,7%,
respectivamente (ver quadro 1).
Em complemento, pode acrescentar-se que Oosterwijk et al. (1986) verificam que
nos 200.000 peregrinos anuais do santuário de St. Gerard, em Wittem (Holanda),
a média de idades é de 63 anos.
Em relação ao sexo dos visitantes, Rinschede (1985) constata que em Lourdes,
nos grupos organizados provenientes dos mercados mais importantes da Europa
Ocidental, 69% dos participantes são mulheres; Bartoluci e Martinovic (1999)
registam 59% para o género feminino em Medugorje; enquanto Giuriati e Arzenton
(1992) concluem que entre todos os santuários por si estudados, apenas em
Medugorje os homens são maioritários com 53,3%; já Oosterwijk et al. arrolam,
unicamente, 25% para o género masculino, em St. Gerard (ver quadro 2).
Quadro 2 - Sexo dos Visitantes de Fátima, Loreto, Lourdes, Medugorje e St.
Gerard
No que respeita à origem geográfica dos visitantes, os autores centram as suas
análises de forma diferenciada, sendo que as divisões mais utilizadas são as
baseadas em: países, regiões e mercados turísticos.
Constata-se, antes de mais, que algumas das estatísticas encontradas, quase se
podem classificar de meras curiosidades, uma vez que o seu carácter pontual não
permite estudos mais aprofundados, como seja o caso exposto por Dorze (1993),
no qual se indica que no santuário de Sainte-Anne d’Auray (França), em 25/6 de
Julho de 1992
5
, se contabilizaram, aproximadamente, 40.000 peregrinos; cerca de 93,6%
nacionais e os restantes estrangeiros (os mais representados eram os alemães,
logo seguidos dos belgas e dos ingleses). As pesquisas também são parcas em
relação ao santuário de Loreto, embora aqui exista um interesse acrescido, pois
Giuriati e Arzenton (1992) compararam-no com outros de maior projecção
internacional (ver quadro 3).
Quadro 3 - Área Linguística dos Visitantes de Loreto e Medugorje
Quanto a cidades-santuário de criação recente, o destaque vai para Medugorje,
onde Giuriati e Arzenton (1992) e Bartoluci e Martinovic (1999) observam que o
mercado estrangeiro mais importante é o italiano (ver quadro 3).
Em termos dos mais investigados, apontam-se Fátima e Lourdes, constatando-se,
no entanto, que consoante a base de trabalho escolhida pelo autor ou o ano em
que foi recolhida a informação, podem existir grandes disparidades a nível dos
resultados avançados; por esta razão, optou-se pela apresentação das dez
primeiras posições dos mercados turísticos estrangeiros referenciados nas obras
consultadas, em detrimento dos valores percentuais, uma vez que só assim, a
leitura dos dados se torna legível.
Em relação a Fátima, para além do mercado nacional, são os italianos, os
espanhóis, os estado-unidenses e os polacos os que têm maior representatividade
em termos de visitantes/peregrinos que aí pernoitam; já a nível dos que aí se
dirigem em excursão, não permanecendo na cidade-santuário mais do que algumas
horas, são os brasileiros os que têm maior peso (ver quadro 4).
Quadro 4 - Posição dos Mercados Turísticos Estrangeiros de Fátima
No santuário de Lourdes, verifica-se que para além do mercado francês, são
também os italianos que lideram, destacando-se, ainda, pela sua importância em
termos de quantitativos, os belgas, os alemães, os espanhóis, os ingleses e os
irlandeses (ver quadro 5).
Quadro 5 – Posição dos Mercados Turísticos Estrangeiros de Lourdes
No que respeita aos valores pessoais e sociais, Castellanos (1996) aborda-os,
ao referir-se a um estudo realizado pelo Italian Outgoing Tourism Analysis’95
(IOTA’95), onde se observa que em relação aos italianos que se tinham deslocado
ao estrangeiro por um período superior a quatro noites, cerca de 25% o tinham
feito através de uma associação; com base nesta informação, a autora inquiriu
um conjunto de agências de viagens que trabalham com este tipo de grupos e
concluiu que as associações empresariais ocupam a primeira posição com 31%,
logo seguidas das religiosas com 25,2%7; em relação às características dos que
participam, a investigadora verifica que são adultos, maioritariamente
mulheres, cujas idades ultrapassam os 50 anos e de nível socio-económico e
cultural médio-baixo.
Pieper e Van Huden (1994) também trabalham a variável em questão, ao inquirir
os peregrinos sobre as situações e experiências valorizadas durante a sua
estada em Lourdes; no entanto, aquando da classificação dos itens utilizados,
surge por vezes a dúvida se se está perante valores pessoais e sociais ou
espirituais, podendo considerar-se que os autores abordam ambos.
Independentemente de serem uns ou outros, os factores que mais sensibilizaram
os que contavam mais de 35 anos e os mais jovens (até 35 anos), foram os
comunitários, sobretudo os ligados à ajuda prestada aos mais necessitados (ver
quadro 6).
Quadro 6 - Importância dada às Experiências vividas em Lourdes
Na continuação do seu trabalho, os autores ainda estudam a influência da visita
ao santuário, nos valores espirituais dos peregrinos
8
, concluindo que durante e logo após a peregrinação, estes se reforçam, mas que
passados seis meses, voltam aos valores obtidos, antes da mesma. A afirmação é
tanto mais válida, quanto maior é a idade dos inquiridos, sendo que nestes
últimos, a percentagem dos que têm as crenças interiorizadas, é
substancialmente superior, à dos mais jovens (ver quadro 7).
Quadro 7 - Interpretação Religiosa, Antes (1), Durante (2) e Passados Seis
Meses (3) da Peregrinação a Lourdes
Também Oosterwijk et al. (1986) inquiriram sobre o bem-estar, antes e depois da
peregrinação, verificando que este apresenta valores mais positivos, após a ida
a St. Gerard
9
. Em relação às principais razões que levam os crentes a acorrerem ao
santuário, os autores listam-nas, por ordem decrescente, da seguinte forma:
pelo santo; por acção de graças; para obter a bênção de Deus; para pedir ajuda
ao Divino; para rezar pela cura de outrém; por causa da Virgem Maria; para orar
por um mundo melhor; para renovar a energia pessoal e para agradecer favores
concedidos.
Mas nesta variável, quem mais aprofunda a espiritualidade dos visitantes dos
locais sagrados, são, sem dúvida, Giuriati e Arzenton (1992), ao fazerem o
estudo comparativo: das motivações dos peregrinos; das consequências advindas
do facto de se terem deslocado ao santuário; do sentido que lhe dão, tendo por
horizonte, o mundo contemporâneo.
Em relação ao que impele os inquiridos a viajar até aos lugares em estudo, os
investigadores observam que os motivos se baseiam em dois tipos, conforme o
descriminado.
· Razões espirituais – englobam a oração e o encontro tanto com Deus (ver
espiritual/ascético), como com Maria (ver devoção à Virgem); constatando-se que
em qualquer dos santuários, a primeira causa é um dos componentes, dos dois
mais escolhidos, e a segunda é a que lidera em Fátima com 39,4% (ver quadro 8,
em A).
· Razões ligadas à renovação de energia pessoal – abarcam a busca da força e da
confiança na vida (ver existencial/interior); registando-se que esta
consideração lidera em Lourdes com 37,3%, e ocupa a segunda posição em
Medugorje com 27% (ver quadro 8, em A).
Quadro 8 – As Duas Principais Escolhas na Motivação da Ida ao Santuário (A),
nas Consequências de Estar no Santuário (B) e no Sentido do Santuário para o
Mundo Actual (C)
Numa segunda linha, devem referir-se o alimento para a alma e o corpo (ver
práticas utilitárias), com especial relevo em Fátima (32%), e a reunião dos que
comungam os mesmos ideais (ver encontro de irmãos na fé), que atinge os 17,4%
em Medugorje (ver quadro 8, em A).
Numa última leitura, ainda se verifica o peso dos que se dirigem a Fátima com o
objectivo de cumprirem uma promessa/ex-voto (12,5%), e a alta percentagem
atribuída ao profano/quase profano em Loreto (27,8%), algo que faz sentido,
quando se pensa no seu acervo artístico, motivo de atracção junto do turismo
cultural (ver quadro 8, em A).
Mas uma vez chegados ao santuário, os peregrinos são confrontados com um
conjunto de sensações que lhes fortalecem a consistência de algumas das suas
expectativas e que lhes redimensionam outras, sendo que este processo é
sobremaneira influenciado pelo ambiente vivido em cada um dos locais sagrados
(ver quadro 8, em B). Assim no plano espiritual/ascético observa-se que existe
um reforço das convicções nos visitantes de Fátima (44,3%) e Medugorje (42,9%);
em Lourdes e Loreto (ambos com 27,1%) sente-se vontade de aprofundar as
práticas utilitárias que reforçam a alma e o corpo; já o convite à introspecção
e ao existencialismo é mais patente em Medugorje (31%).
No que respeita ao significado do santuário para o mundo actual, destacam-se: a
mensagem do evangelho e a consequente fundação dos valores existencialistas
(ver evangelho/valores), ocupando estes considerandos uma das duas primeiras
opções, em qualquer dos casos de estudo; o apelo ao regresso à casa do Pai (ver
espiritual/ascético) é outro dos conteúdos sublinhados, sendo esta escolha
particularmente expressiva em Fátima (53,4%); e ainda merecedores de referência
são a fraternidade e solidariedade entre os homens (ver encontro de irmãos na
fé e filantropia/humanitarismo), algo que é mais relevante em Medugorje (ver
quadro 8, em C).
Sendo todos os santuários dedicados à Virgem, e em três deles ela ter aparecido
a videntes, os mesmos autores também apuraram, por um lado, quais os atributos
principais de Maria, e por outro, os papéis desempenhados pelos videntes.
Verifica-se, então, que os peregrinos intitulam, preferencialmente, Nossa
Senhora como a Mãe do Céu ou a Mãe de Deus (ver quadro 9); e que, segundo eles,
os jovens e as crianças que a presenciam, são os seus interlocutores ou
mensageiros, sendo que em Lourdes, Bernadette é vista, sobretudo, como um
modelo ascético
10
(ver quadro 10).
Quadro 9 – Os Dois Principais Papéis da Virgem
Quadro 10 – Os Dois Principais Papéis dos Videntes
Quanto às práticas religiosas do quotidiano, Giuriati e Arzenton (1992)
concluem que só entre os que visitam Medugorje é que assistir à missa também
durante a semana, ultrapassa o número dos que participam na eucaristia aos
domingos; constata-se, no entanto, que no somatório dos dois itens (exceptuando
Loreto
11
), entre 70 a 80% dos inquiridos cumprem esta obrigação religiosa, com a devida
regularidade (ver quadro 11)12. Perante os resultados anteriores, não constitui
surpresa a importância dada à oração, sublinhando-se que mais de 70% dos
inquiridos, a valorizam na categoria do muito e bastante (ver quadro 12).
Quadro 11 – Assiduidade à Missa no Quotidiano
Quadro 12 – A Importância atribuída à Oração
No que respeita aos comportamentos rituais dos peregrinos e os sacramentos da
reconciliação e da eucaristia, os inquiridos por Giuriati e Arzenton (1992),
respondem tendo por base a sua prática, tanto no quotidiano, como na ida ao
santuário, podendo, por conseguinte, considerar-se que a análise dos resultados
se encontra na transição entre a variável que examina os valores espirituais e
as características da peregrinação ou visita.
Em termos da confissão, esta é percepcionada, sobretudo, como um meio de
reconciliação com Deus, sendo que num segundo plano pode ser encarada como um
meio de ascese espiritual ou como uma libertação do sentimento de culpa (ver
quadro 13); já a missa e a comunhão são vistas, principalmente, como uma união
com o Criador (ver ascetismo/misticismo), ou como a reactualização do
sacrifício de Cristo (ver quadro 14).
Quadro 13 – Os Dois Significados Principais no Sacramento da Reconciliação
Quadro 14 – Os Dois Significados Principais no Sacramento da Eucaristia
Quanto aos ritos, observa-se uma grande dispersão ao nível das respostas (ver
quadro 15), mas o diálogo com Deus lidera a lista de opções, seguindo-se a
necessidade de manifestar a devoção com o próprio corpo (ver penitência e
tocar).
Quadro 15 – Os Dois Significados Principais nos Comportamentos Rituais
CONCLUSÕES
Neste artigo sintetizam-se estatísticas editadas, caracterizando a população
residente e os visitantes das cidades-santuário, segundo: as Características
Sócio-demográficas; os Valores Pessoais e Sociais; os Valores Espirituais e
Práticas Religiosas do Quotidiano
13
.
No que respeita à população residente, constata-se a escassez de estudos,
reportando-se a Fátima, e com mais de 20 anos, os únicos encontrados.
Subjacente a este facto, pode afirmar-se que muitos dos dados já estarão
ultrapassados, nomeadamente, a nível das opiniões dos inquiridos, pois algumas
das lacunas apontadas, foram, entretanto, colmatadas, demonstrando-se, assim,
que estes levantamentos de opinião têm de acontecer com regularidade, de forma
a saber, por um lado, os impactos das medidas postas em prática e, por outro,
as falhas que passam a ser mais apontadas (muitas, devido à evolução natural da
sociedade, com o aparecimento de novas necessidades).
Dentro dos resultados apresentados, os que mais se destacam são a proporção da
população religiosa e a heterogeneidade da naturalidade dos habitantes em
geral, algo que se explica por a cidade ter atraído o estabelecimento de muitas
casas de ordens religiosas, e por muitos aí terem fixado residência por razões
profissionais (sobretudo por terem encontrado trabalho, ao contrário do que
acontecia nos seus locais de origem); daí a possível justificação para o
elevado número (34%) dos que não se pronunciavam, em 1985, sobre a preservação
de alguns lugares da freguesia
14
, este será, no entanto, um aspecto que, entretanto, poderá ter alterado, pelo
simples facto de ter transcorrido o tempo, para o surgimento de uma nova
geração, e em consequência, o total de autóctones será largamente superior ao
verificado há duas décadas atrás. Ainda merecendo uma nota especial, é a
confirmação de que cerca de 80% dos residentes se sente agradado com o ambiente
da cidade-santuário, não se observando os anticorpos, tantas vezes encontrados
em muitos destinos turísticos, nomeadamente, nos de sol e praia.
No que concerne aos visitantes das cidades-santuário, é maior a diversidade de
trabalhos, possibilitando o seu cruzamento comparações que permitem retirar
ilações com uma margem de segurança mais alargada, embora por vezes, ocorra
grande divergência nas estatísticas em relação ao mesmo objecto de estudo.
No que respeita à idade dos que acorrem aos santuários, uma percentagem elevada
(com frequência, mais de metade) ultrapassa os 50 anos, encontrando-se muitos
na reforma ou na pré reforma, característica que bem aproveitada pode potenciar
o prolongamento da estação turística, devido à maior disponibilidade de tempo
livre destes viajantes. Na realidade, este sistema é praticado em Lourdes,
sobretudo na Primavera e no Outono, uma vez que no Inverno, a maioria das
unidades de acolhimento opta pelo encerramento. Em Fátima, observa-se uma
estratégia semelhante à anterior, ressalvando o facto de os hotéis manterem as
portas abertas durante todo o ano, só possível devido às acções de reflexão
promovidas pelo santuário e à sua centralidade geográfica (contíguo à principal
via rodoviária do país, entre Lisboa e o Porto), o que permite a organização de
múltiplos eventos.
Em termos de espiritualidade, a inferência mais importante a retirar das
respostas aos inquéritos, é que sem ela não existe uma razão forte para os
fiéis (e mesmo para os não crentes) planearem uma deslocação às cidades em
questão, aconselhando-se a continuidade da monitorização (mais implícita do que
explícita) que tem tido lugar. Neste processo, as autoridades civis, embora não
devam demitir-se das suas responsabilidades administrativas, deverão ter
presente, que neste tipo de localidades, a opinião expressa pela Igreja tem um
papel determinante, sendo que o barómetro de opiniões deverá assentar no bem-
estar sentido e no fortalecimento dos ideais dos que aí acorrem, pois são estas
as razões principais que sustentam a repetição da visita, ou a promoção da
mesma, junto de amigos e familiares.
NOTAS
1- Ver Anexos.
2- Entre outros, os inquiridos focam o barulho, os roubos, os estragos, o lixo
e a desordem.
3- Em complemento refere-se que João (1992) concluiu que 39,5% já deu mais
importância ao que se passa no santuário, só 31,4% se mantém informado e 18,2%
não presta qualquer atenção às actividades do mesmo.
4- É interessante verificar que entre os inquiridos, são os que raramente vão
ao santuário que mais defendem a liberalização da cércea dos edifícios à sua
volta, acontecendo o oposto com os que aí vão muitas vezes.
5- É considerado o dia mais importante do santuário e o que concentra um maior
número de visitantes.
6- Transpor a mescla de dados para o mesmo quadro, resulta numa grande falta de
visibilidade dos mesmos; a título de exemplo, refere-se Ambrósio (2000) em cujo
estudo se altera a ordem de importância dos mercados estrangeiros em Fátima,
conforme se examine os que aí pernoitam ou os que aí vão em excursão; em
Lourdes, entre outros casos, regista-se que os números avançados por Rinschede
(1985) não conferem com os de Bywater (1994), sobretudo por ter decorrido uma
década entre a primeira e a segunda publicação.
7- Os restantes tipos de associações mencionados são: escola/universidade
(15,8%), cultural (13,1%), desportiva (11,6%), passatempos (3%) e outros
(0,3%).
8- Segundo os autores, a peregrinação é um rito de confirmação, ou seja, nesta
não se dá uma alteração de posição (como seja de não religioso para religioso),
mas sim a afirmação e reforço da fé já sentida.
9- Segundo os autores, a peregrinação serve para fortificar a orientação
espiritual dos crentes e não para encontrar um significado para a mesma.
10- Recorde-se que, de todos os videntes em questão, só esta foi canonizada.
11- Relembre-se que é um santuário que atrai muitos turistas do segmento
cultural.
12- Em complemento, pode acrescentar-se que Oosterwijk et al. (1986) observam
que os peregrinos que acorrem a St. Gerard vão à igreja, em média mais do que
uma vez por semana, têm um forte envolvimento com a paróquia local e a opinião
do Papa é importante para a maioria deles.
13- Num próximo artigo serão apresentadas as sínteses das estatísticas
editadas, caracterizando a população residente e os visitantes das cidades-
santuário, segundo: as Características da Peregrinação e ou Visita; a Logística
de Lugares Sagrados; a Organização Territorial; os Valores Ambientais/
Paisagísticos; os Transportes/Vias de Comunicação; os Equipamentos Receptivos
(hotelaria, restauração e comércio); as Características Socioeconómicas; a
Gestão Estratégica.
14- Relembra-se que no inquérito levado a efeito, se questionava sobre a
preservação dos Valinhos.