Contribuição dos sistemas de informação geográfica para o estabelecimento de
uma rede de mobilidade sustentável na rede de Aldeias Vinhateiras do Douro
1. Introdução
O turismo é uma atividade que tem cada vez mais importância para o
desenvolvimento económico dos países e é considerado como o primeiro e o maior
sector económico a nível global (Richter, 1989). O turismo é uma das atividades
económicas com maior dinamismo no mundo atual e oferece às zonas rurais,
sobretudo através da diversificação económica, da procura de novos produtos e
nichos de mercado, e da valorização de recursos endógenos, oportunidades de
desenvolvimento. Promove a fixação de pessoas e a criação de emprego, a
retenção de serviços, o apoio à agricultura e floresta, a conservação da
paisagem e natureza, a defesa do artesanato e a dinamização da oferta cultural.
A região do Douro, contemplada por um enorme potencial, pode proporcionar uma
cadeia diversificada de atividades e serviços de forma a satisfazer novas
procuras (Jacinto e Ribeiro, 2001), nomeadamente associando a produtos como o
património cultural, histórico, natural, gastronómico e etnográfico, o
desenvolvimento de produtos orientados para os recursos não materiais presentes
nos territórios, tais como paisagem, bens ambientais e de usufruto da natureza,
segurança, tranquilidade e tradições.
É fundamental conseguir a articulação entre a valorização dos recursos
materiais e imateriais, a melhoria dos serviços básicos e das condições de
acessibilidade, associados à promoção da mobilidade sustentável, de forma a
haver um aumento da equidade entre população urbana e rural.
Este trabalho surge pela necessidade de dar resposta às lacunas existentes, na
região das Aldeias Vinhateiras do Douro (AVD), ao nível dos serviços existentes
e disponíveis para o turista que visita a região, de forma a promover a
dinamização, o turismo e a mobilidade sustentáveis na Rede de Aldeias
Vinhateiras (RAV).
Face ao volume de informação em análise e ao seu carácter marcadamente
geográfico, os SIG surgem aqui como uma ferramenta extremamente útil e eficaz,
que possibilita a gestão e análise de um grande conjunto de dados pertinente no
planeamento de atividades locais e regionais, resultando num importante
contributo nas tomadas de decisão do planeamento turístico.
Com este trabalho pretende-se criar uma rede de mobilidade sustentável entre as
AVD e áreas envolventes, com base nas emissões de CO2 das várias alternativas
de transporte, não descurando a interação socioeconómica, de forma a
revitalizar e a dinamizar o sector do turismo, tendo em conta a
sustentabilidade e o equilíbrio da região.
Na atual fase de trabalhos efetuou-se uma análise prévia de roteiros, incluindo
um roteiro tipo, pretendendo-se, numa fase próxima, o desenvolvimento de
ferramentas SIG que permitam a criação de roteiros por solicitação direta do
turista, mediante a disponibilização do serviço via WebSIG, A informação a
gerar deverá incluir não só o roteiro, em si mesmo, mas toda a informação de
cariz turístico dos locais envolventes.
1.1. Turismo e Mobilidade Sustentáveis
Segundo a OMT, a indústria do turismo é uma das principais e mais dinâmicas
atividades económicas a nível mundial. Por sua vez, a Confederação de Turismo
de Portugal considera que o turismo é um dos sectores chave para a economia
portuguesa e aquele que mais pode contribuir para ultrapassar a atual crise
económica.
O desenvolvimento turístico, nos últimos anos, tem vindo a alicerçar-se nos
princípios de qualidade, diferenciação, diversificação e sustentabilidade. Com
efeito, a qualidade passou a ser mais valorizada do que o preço. A criação de
oportunidades surge com a diferenciação e diversificação dos produtos, e estes
devem ir de encontro às distintas motivações da procura turística (Turismo de
Portugal, 2007). A sustentabilidade deve assentar na valorização ambiental,
preservando os recursos naturais e culturais, e no seu equilíbrio com as
atividades económicas e a sociedade, bem como no desenvolvimento harmonioso do
território. Neste contexto, os produtos de nicho como Turismo de Natureza,
Ecoturismo, Turismo Desportivo ou Turismo Cultural, surgem como excelentes
oportunidades de desenvolvimento local e regional. O desenvolvimento local
sustentável implica uma articulação entre a valorização dos recursos materiais
e imateriais, a melhoria dos serviços básicos e das condições de acessibilidade
e a promoção da mobilidade sustentável, de forma a haver um aumento da equidade
entre população urbana e rural.
O turismo sustentável não é uma nova forma de turismo, ou um sinónimo para as
novas formas de turismo, como o ecoturismo ou turismo alternativo. Turismo
sustentável é uma nova forma de desenvolvimento do turismo, que pode
potencialmente ser aplicado a todas as formas de turismo, num esforço para
alcançar o desenvolvimento sustentável.
Para a OMT as orientações e práticas de gestão para o turismo sustentável são:
a otimização do uso dos recursos ambientais que constituem o elemento chave no
desenvolvimento do turismo, mantendo os processos ecológicos essenciais e
ajudando a conservar o património natural e a biodiversidade; o respeito pela
autenticidade das comunidades anfitriãs, conservando a sua herança cultural e
valores tradicionais, contribuindo para o entendimento e tolerância
intercultural; assegurar operações económicas viáveis a longo prazo,
providenciando benefícios socioeconómicos para todas as partes interessadas,
distribuídos de forma equitativa, incluindo emprego estável e oportunidades de
rendimento e serviços sociais para as comunidades anfitriãs, de forma a
contribuir para a redução da pobreza.
Em resposta à massificação do turismo, tem-se verificado nas últimas décadas o
aparecimento e crescimento do turismo alternativo, observando-se uma maior
adequação da oferta aos interesses específicos dos consumidores, num turismo
direcionado para grupos mais reduzidos, para a forte segmentação do mercado e a
proliferação de novos produtos (Lima e Partidário, 2002).
Este tipo de turismo alternativo é geralmente considerado um turismo mais
responsável, que visa a sustentabilidade a longo prazo, contribuindo para a
economia da região visitada ao incorporar preocupações ambientais e a
minimização dos impactos sobre as sociedades e culturas locais.
Os inputs do turismo, como o transporte e o ambiente, têm que ser combinados de
uma forma sustentável para garantir a sua sobrevivência a longo prazo.
A mobilidade sustentável relaciona-se com formas de transporte mais
sustentáveis e menos agressivas para o ambiente, concretamente o modo pedonal,
a bicicleta, os transportes públicos coletivos e veículos automóveis híbridos
ou a hidrogénio.
O impacto do transporte rodoviário relacionado com o turismo é bastante
negligenciado pela investigação que se realiza na área do turismo. No geral, os
transportes contribuem para 94% da energia relacionada com o turismo, comparado
com o alojamento, com 4%, e outras atividades, com 2% (Gössling, 2002 in
Gössling et al., 2005).
Nesse sentido, o planeamento de transporte no destino turístico deve focalizar-
se para reduzir a utilização de automóveis particulares para fins de lazer.
A mobilidade sustentável implica não só a mudança para meios de transporte mais
eficientes, mas também alterações de comportamento, promovendo mais educação
sobre mobilidade ao nível das escolas, informação sobre as alternativas
existentes e a aplicação de políticas de transporte restritivas. (Martín-Cejas
e Ramírez Sánchez, 2010).
Na Declaração de Davos ficou estabelecido que as principais medidas a ser
tomadas para promover o turismo verdadeiramente sustentável ao nível ambiental,
social, económico e climático consistem em: mitigar as emissões de GEE,
derivadas principalmente de atividades de transporte e alojamento; adaptar as
empresas e os destinos para mudanças de condições meteorológicas e climáticas;
aplicar novas técnicas, e as já existentes, para aumentar a eficiência na
utilização de energia; e garantir recursos financeiros para ajudar as regiões e
países pobres. Passa ainda por promover e investir em programas de eficiência
energética no turismo, e no uso de recursos energéticos renováveis, a fim de
reduzir a pegada de carbono do setor do turismo. Adotar medidas de conservação
da biodiversidade, ecossistemas e paisagens naturais de forma a reforçar a
resistência às alterações climáticas e garantir uma utilização sustentável, a
longo prazo, da base de recursos ambientais do turismo. Procurar conseguir
ambientes cada vez mais livres de carbono, reduzindo a poluição, desde a
conceção até a execução de atividade e com mecanismos ajustáveis em função das
reações do mercado. (OMT, 2007)
No que respeita ao sector do turismo, a região do Douro é contemplada por um
grande potencial, nomeadamente ao nível do património cultural, histórico,
natural, gastronómico, etnográfico e com particular destaque para o vinho
(Porto). É fundamental atrair investimentos turísticos e dinamizar a
organização de novos serviços e produtos, desenvolver a articulação das
instituições, promover a cooperação com outras regiões e dar coerência e força
à afirmação da imagem do Douro como destino turístico (Estrutura de Missão do
Douro, 2008).
1.2. SIG aplicados ao desenvolvimento e planeamento do turismo e mobilidade
sustentáveis
Os SIG correspondem a um conjunto de técnicas, métodos, hardware, software e
dados geográficos, que permitem a estruturação, o arquivo, o manuseamento e a
gestão de informação geográfica georreferenciada. Considerando as
características dos SIG, estes revelam-se fundamentais nos processos de decisão
de planeamento e gestão.
Os SIG diferenciam-se dos demais sistemas de informação pelas suas capacidades
de análise espacial, que permite acrescentar valor à informação geográfica,
identificar padrões e suportar decisões, transformando dados brutos em
conhecimento útil, que pode auxiliar na tomada de resoluções (Goodchild et al.,
2005).
Uma das inovações tecnológicas mais notáveis no planeamento turístico e tomada
de decisão são os SIG (Avdimiotis e Christou, 2004). O potencial para
aplicações de SIG no turismo é significativo, pois estes constituem uma
ferramenta valiosa para gerir, analisar e apresentar um grande conjunto de
dados pertinentes ao planeamento de várias atividades locais e regionais.
A utilização dos SIG no planeamento ambiental está a aumentar rapidamente e
sendo o turismo uma atividade altamente dependente dos recursos ambientais
(Avdimiotis e Christou, 2004), a tomada de decisão no turismo sustentável tem
muito a beneficiar com o uso de tais tecnologias.
A tomada de decisão e planeamento no desenvolvimento do turismo são cada vez
mais complexos, pois é necessário responder às exigências económicas, sociais e
ambientais do desenvolvimento sustentável. Assim, os SIG ajudam planeadores e
gestores do setor a identificar locais adequados para turistas ou turismo;
permitem avaliar as opções de uso do solo e identificar as zonas de conflito ou
de complementaridade, como pontos de acesso, água, habitat dos animais
selvagens, entre outros, e permitem monitorizar os recursos turísticos em risco
devido à gestão, planeamento de decisões e de outros setores (Bahaire e
Elliott-White, 1999). Além disso, ao permitir identificar impactos prováveis,
os SIG, promovem também uma melhor utilização dos recursos (humanos, técnicos,
naturais, patrimoniais e outros), podendo contribuir para uma melhor e mais
eficiente distribuição dos custos e benefícios da atividade turística (Farsari
e Prastacos, 2003), que leva a uma maior justiça social.
2. Metodologia
2.1. Apresentação e caracterização do local de estudo
O Douro Vinhateiro é uma região rural essencialmente ligada à história da vinha
e do vinho, caracterizada por uma extrema riqueza histórica, patrimonial e
religiosa e por uma paisagem única e singular, com as vinhas em socalcos, o rio
e o vinho como principais cartões-de-visita da Região.
Com vista à revitalização do território e à promoção de um futuro sustentável,
houve a necessidade de criação de um projeto envolvendo as AVD. Este projeto
denominado "Rede das Aldeias Vinhateiras - Consolidação,
dinamização e animação da Rede" tem como objetivos a consolidação e a
dinamização da RAV. Passa por promover o património paisagístico, humano e
cultural, no contexto do Alto Douro Vinhateiro, por reconhecê-lo como um
importante fator da sua oferta turística, suscetível de gerar um contributo
para o desenvolvimento turístico da Região do Douro, em particular pela
reabilitação, requalificação e preservação de um conjunto de localidades:
Provesende (concelho de Sabrosa), Favaios (concelho de Alijó), Trevões
(concelho de São João da Pesqueira), Barcos (concelho de Tabuaço), Ucanha e
Salzedas (concelho de Tarouca).
A área de estudo foi estruturada em quatro domínios, adiante designados por
zonas 1 a 4 (figura_1 e tabela_1 - Anexos).
A zona 1 corresponde às seis Aldeias Vinhateiras do Douro, foco principal deste
trabalho. A zona 2 corresponde às respetivas sedes de concelho, que funcionam
como primeira linha de ação para o apoio às aldeias, uma vez que são locais
onde existem mais serviços disponíveis para os turistas e são pontos de
referência para quem visita as aldeias. A zona 3 corresponde a localidades de
dimensão média, com serviços úteis para o turista. Estas funcionam como pontos
estratégicos na promoção da rede, pela sua popularidade/ importância na região
em termos turísticos ou pela sua localização, funcionando como pontos de
ligação para quem visita as aleias. A zona 4 corresponde a cidades de maior
dimensão, que funcionam como principais pontos de entrada para quem visita a
região.
2.2. Aquisição e integração da informação em SIG
Os temas eleitos para a realização do trabalho foram altimetria, hidrografia,
rede viária, rede ferroviária, rede de caminhos adequados ao pedestrianismo e
património construído, no qual se incluem os serviços úteis aos turistas
(tabela_2 - Anexos). A informação relativa a estes temas foi armazenada em
bases de dados geográficas com estruturas adequadas às suas características e
posteriormente analisadas de forma integrada recorrendo a ferramentas SIG.
Foi efetuado o levantamento, georreferenciação e caracterização das principais
atividades, principais pontos de interesse e serviços úteis (tabela_3 -
Anexos), em cada uma das aldeias da RAV e nas respetivas áreas envolventes.
Posteriormente procedeu-se à edição e análise dos dados em plataforma de SIG.
Os dados recolhidos e georreferenciados foram divididos por categorias:
Atividades e lazer; Mobilidade e transportes; Alojamentos; Restauração e
comércio; Outros serviços; e cada uma destas categorias foi subdividida em
diferentes tipos. A cada tipo corresponde uma base de dados geográfica a que se
associa a respetiva tabela de atributos, onde constam características como
designação, localização descritiva, posição geométrica expressa através das
respetivas coordenadas retangulares (x,y) ou geográficas (latitude/longitude em
graus decimais), bem como descrições do local/ monumento/ atividade de
interesse ou do serviço. Estes dados permitirão fazer a análise da mobilidade
na RAV.
2.3. Análise da Mobilidade na Rede de Aldeias Vinhateiras
A análise da mobilidade na RAV será realizada em dois tempos. Numa primeira
fase procedeu-se a uma análise prévia, a fim de verificar a sua consistência
metodológica e adequabilidade aos propósitos estabelecidos no projeto. Os
resultados desta análise prévia são apresentados adiante.
Numa fase posterior, em implementação, após resolução de aspetos logísticos e
técnicos relacionados com a aquisição de um servidor (hardware), o
licenciamento de um servidor de dados WebSIG proprietário ou adequação de um
servidor Open Sourcee licenciamento de informação cartográfica de base para
enquadramento da informação recolhida no âmbito do projeto, desenvolver-se-ão
ferramentas que permitam a elaboração de roteiros por solicitação direta dos
utilizadores. Esses roteiros serão caracterizados quanto à sua sustentabilidade
com base nas respetivas emissões de CO2 e serão complementados com a informação
descritivas dos locais e pontos de interesse da área envolvente.
No conceito de mobilidade sustentável é favorecida a utilização de transportes
coletivos. Por esse facto, o principal foco desta análise prévia foi a
disponibilidade de transportes públicos e a sua distribuição geográfica na área
de estudo. Foi ainda feita a análise dos principais pontos de entrada na
região, e da rede de transportes estruturante, nomeadamente a rede de estradas
principais e a rede de caminho-de-ferro (figura_2). Foi também analisada a
presença de empresas (de suporte) associadas ao transporte - empresas de
aluguer de automóveis (rent-a-car) ou outros meios de transporte e empresas de
venda de combustíveis.
Realizou-se ainda a análise comparativa que consistiu em fazer a avaliação das
distâncias, de forma a equacionar roteiros que permitam a visita à totalidade
das aldeias da RAV, sem contudo desprezar a mobilidade sustentável, nem os
pontos estratégicos da região que servem como suporte ao turismo, por
englobarem a maior percentagem de serviços de apoio ao turista. Além desta
análise, e porque a sustentabilidade no setor do turismo não diz respeito
apenas à mobilidade sustentável, foi realizada uma análise qualitativa (não
financeira) da contribuição dos diferentes tipos de mobilidade na economia da
região.
2.4. Aplicação do indicador de sustentabilidade: cálculo de CO2
De acordo com o Intergovernmental Panel on Climate Change(IPCC) (Waldron et
al., 2006) as emissões podem ser estimadas pelos consumos de combustível ou
pelas distâncias percorridas pelos veículos. Em geral, a primeira hipótese é
mais apropriada para a estimativa de CO2.
Metodologia para o transporte rodoviário: As emissões de CO2 são calculadas
tendo por base a quantidade e o tipo de combustível usado e a quantidade de
carbono que o combustível contém, de acordo com as equações seguintes:
Onde:
Consumo estimado = Total de combustível estimado para uma determinada
distância
Veículos (i,j) = número de veículos do tipo i e que usam o
combustível j
Distância (i,j) = número de quilómetros por visita por veículo do
tipo i e que usam o combustível j
Consumo (i,j) = média de consumo de combustível (l/km) por veículos
do tipo i e que usam do combustível j
i = tipo de veículo
j = tipo de combustível
Onde:
Emissões = Emissões de CO2 em kg
Consumo (a,b) = consumo de combustível (Gj) para uma determinada
atividade de transporte
Fator de emissão (a,b) = fator de emissão (kg/Gj)
a = tipo de combustível
b = tipo de veículo
Os cálculos efetuados por aplicação destas equações consideram os fatores de
emissão publicados para Portugal, pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a
4 de agosto de 2008 e as densidades médias do combustível em Portugal - dados
GALP (SOPOR, 2009).
Metodologia para o transporte Ferroviário: As metodologias fundamentais para
estimativa dos gases de efeito de estufa das locomotivas não mudaram desde a
publicação dos documentos "1996 IPCC Guidelines" e
"GPG2000", pelo que se utilizam as fórmulas preconizadas pelo IPCC.
Onde:
Emissões = Emissões de CO2 em kg
Combustível j = tipo de combustível j (Gj) consumido
Fator de emissão (a,b) = fator de emissão (kg/Gj) por tipo de
combustível
j = tipo de combustível
Neste caso os cálculos foram efetuados, tendo igualmente por base as fórmulas
sugeridas no IPCC e tendo por base os mesmos fatores de emissão publicados para
Portugal, pela APA, a 4 de agosto de 2008 (APA, 2008) e as densidades médias do
combustível em Portugal (dados GALP). O dados referentes às médias de consumo
por locomotiva são as descritas no IPCC.
Metodologia para o transporte Fluvial: Na estimativa das emissões de CO2, CH4 e
N2O resultantes da navegação, a metodologia é simples e podem ser usados tanto
valores padrão, como informações específicas do país.
O cálculo de emissões é baseado na quantidade de combustível consumido e nos
fatores de emissão de CO2.
Onde:
Emissões = Emissões de CO2 em kg
Combustível j= tipo de combustível j (Gj) consumido
Fator de emissão (a,b) = fator de emissão (kg/Gj)por tipo de
combustível
j = tipo de combustível
Para esta estimativa, foram consultadas algumas empresas do setor do transporte
fluvial local, usando os dados relativos às embarcações mais usuais, bem como
os seus consumos médios. O fator de emissão usado é o fornecido para o país
pela Galp.
3. Resultados
3.1. A sustentabilidade da mobilidade nas aldeias vinhateiras
No sentido de visitar as aldeias da RAV e de conhecer o que elas têm para
oferecer, a análise prévia considerou as possibilidades de visita à totalidade
das aldeias da RAV que melhor correspondessem ao conceito de mobilidade
sustentável.
Numa primeira análise referente aos principais pontos de entrada na região, à
rede de transportes estruturante e à respetiva distribuição no território,
verificou-se que existe um défice quanto ao serviço de transportes públicos
coletivos na região. De acordo com os levantamentos de campo e com as
informações recolhidas, as ligações existentes são muito reduzidas, por vezes
inexistentes, concretamente no que se refere às ligações às Aldeias Vinhateiras
(ponto central do estudo). Um turista que visite a RAV não consegue visitar as
seis aldeias recorrendo exclusivamente a transportes públicos e, pela dimensão
da área, a visita via bicicleta ou a pé (apesar de ser sempre a mais
sustentável) não é viável.
Através da análise da tabela_4 (Anexos), que indica a presença de
infraestruturas e serviços associados à mobilidade e transporte é possível
comprovar as lacunas que existem no sector, e que condicionam a mobilidade na
região. Estes resultados comprovam a necessidade de adoção de medidas que
promovam a sustentabilidade do sector na região.
Da análise dos dados referentes à presença de serviços associados à mobilidade
e transportes, verificou-se que as falhas existem essencialmente ao nível dos
transportes rodoviários pois contrariamente aos transportes aéreos, fluviais ou
ferroviários, que apresentam limitações expetáveis devido à própria natureza do
serviço (recursos e infraestruturas apropriadas), o transporte rodoviário tem à
sua disposição uma rede que poderia ser melhor utilizada de forma a colmatar as
fraquezas do sector.
Foi ainda possível verificar que as aldeias de Ucanha e Barcos são as que
apresentam maiores limitações no setor dos transportes, não existindo quaisquer
recursos, ao nível da mobilidade, disponíveis ao visitante. A cidade do Peso da
Régua, tanto pela sua localização geográfica privilegiada, como pela sua
centralidade e proximidade ao rio, é a que apresenta uma maior diversidade e
disponibilidade de serviços promotores da mobilidade na região.
Além das limitações no sector dos transportes, também no que refere à
sinalização se verificaram falhas, sendo insuficiente ou, em alguns casos,
inexistente, o que compromete ainda mais a mobilidade e dificulta a visita da
região.
3.2. Roteiros de visita às aldeias vinhateiras
No sentido de avaliar os aspetos metodológicos a considerar no desenvolvimento
das ferramentas a implementar na segunda fase da análise, com vista à criação
semiautomática de roteiros e respetiva avaliação quanto à sua sustentabilidade,
em termos de emissões de CO2, mediante solicitação do turista, foram
previamente analisados alguns roteiros de visita às aldeia vinhateiras, com
base na distância percorrida e considerando diversos pontos de entrada na RAV,
bem como um roteiro tipo que permite o recurso a transportes públicos, para uma
das aldeias da RAV, por forma a permitir a comparação entre a mobilidade feita
via automóvel ou via transportes públicos.
A criação destes roteiros teve em consideração as limitações referentes à
disponibilidade de transportes públicos coletivos e nesse sentido, porque o
objetivo do trabalho é promover a mobilidade na totalidade da rede, foram
criadas possibilidades de roteiro que permitissem a passagem por cada uma das
seis aldeias. A visita à totalidade da RAV só pode realizar-se através de
transportes rodoviários, concretamente o automóvel. Contudo, uma vez que se
pretende que a visita às aldeias seja o mais sustentável possível, foram
escolhidos os três roteiros de visita mais curtos e por isso considerados mais
sustentáveis. Os roteiros avaliados têm como pontos de entrada as cidades de
Vila Real ou Lamego, porque de uma forma genérica estes são os principais
pontos de entrada dos turistas na região.
Na avaliação de emissões de CO2 dos três roteiros, os valores obtidos
relacionam o consumo de combustível necessário para percorrer determinada
distância com os valores do fator de emissão desse combustível.
Os três roteiros escolhidos foram:
1. A) Lamego - Aldeias da RAV - Lamego:Roteiro com início na
cidade de Lamego, visita todas as aldeias da Rede, percorrendo um total
aproximado de 162 km (figura_3 - Anexos).
Além da cidade de Lamego, também as cidades de Peso da Régua, Armamar, Tabuaço
e ainda a vila de Pinhão são pontos estratégicos deste roteiro no que respeita
à prestação de serviços como: alojamento, restauração e outros serviços úteis
ao turista.
1. B) Vila Real - Aldeias da RAV - Vila Real:O roteiro B tem
início na cidade de Vila Real, visita todas as aldeias da Rede, até
terminar novamente na cidade de Vila Real (figura_4 - Anexos). Percorre um
total aproximado de 197 km. Neste caso, as localidades que funcionam como
pontos estratégicos do roteiro, por possibilitarem o recurso a serviços de
alojamento, restauração e outros, são: Vila Real, Sabrosa, Peso da Régua,
Armamar, Tabuaço e Pinhão.
2. C) Vila Real - Aldeias da RAV - Lamego:O roteiro C tem uma
extensão aproximada de 160 km, sendo o mais curto dos três roteiros
avaliados. Inicia-se na cidade de Vila Real, e faz a ligação da rede,
terminando na cidade de Lamego (figura_5 - Anexos). As localidades que
funcionam como pontos estratégicos na prestação de serviços de alojamento,
restauração e outros, são Vila Real, Sabrosa, Alijó, Armamar, Tabuaço,
Lamego e Pinhão.
Pela análise dos resultados obtidos pela aplicação das metodologias de cálculo
de CO2como indicador de sustentabilidade (sintetizados nas tabelas 5, 6 e
7 para os roteiros A, B e C, respetivamente - Anexos) é clara a vantagem da
utilização dos transportes coletivos de passageiros para a mobilidade
sustentável, pois apresentam valores de emissões de CO2 (kg CO2/ passageiro)
significativamente inferiores. No entanto, as limitações existentes no setor,
já verificadas, levam-nos a inferir que para a realidade da região, a melhor
opção para visitar a RAV é o uso de automóveis ligeiros, que utilizem como
combustível o gasóleo, pois apesar de não ser o meio de transporte mais
sustentável, quando comparado com um movido a gasolina, consegue ainda assim
ter menores valores de emissão de CO2/ passageiro.
Dentro dos roteiros avaliados, o roteiro C, por ser o mais curto, é aquele que
melhor corresponde ao conceito de mobilidade sustentável, e para este roteiro
as diferenças de valores de emissão de CO2/ passageiro entre um ligeiro movido
a gasóleo (570 kg CO2/passageiro) e um ligeiro movido a gasolina (841 kg CO2/
passageiro) ainda têm alguma expressão.
O roteiro B (Vila Real - Aldeias da RAV - Vila Real) além de ser o
que menos promove a mobilidade sustentável, pois tem uma maior extensão e
corresponde a uma maior emissão de CO2/passageiro, com valores de 1035 kg CO2/
passageiro, no uso de automóvel ligeiro de passageiros movidos a gasolina, tem
ainda a desvantagem de não ser sustentável para o utilizador em termos
económicos, porque implica maiores gastos de combustível, a utilização de uma
estrada com portagens (A24) e, eventualmente, uma menor interação
socioeconómica com as populações visitadas e localizadas ao longo do trajeto.
3.3. Roteiro tipo: visita à aldeia de Provesende
O roteiro de visita à aldeia de Provesende foi escolhido como exemplo por
permitir o recurso a transportes públicos como meio de visita à aldeia da RAV.
Este roteiro tem como ponto de partida e chegada a cidade de Vila Real. Nesse
sentido, permite a comparação entre a mobilidade feita via automóvel ou via
transportes coletivos, os quais, de forma genérica, são representativos de uma
mobilidade mais sustentável.
Numa primeira análise (figura_6 - (Anexos)), onde foi avaliada a eficácia da
mobilidade feita via automóvel foram avaliados três percursos (a, b e c), que
correspondem aos mais utilizados na ligação Vila Real - Provesende:
percurso a, com extensão de 29,3 km, percurso b, com extensão de 32,9 km e
percurso c, com extensão de 34,6 km.
Foi feita a aplicação da metodologia do IPCC para avaliar as emissões de CO2 de
cada um dos percursos. Analisando os resultados (tabelas 8, 9 e 10 - Anexos), e
porque a metodologia relaciona de forma direta a distância com as emissões de
CO2, verifica-se que o percurso a, por ser o mais curto, é aquele que se revela
mais sustentável, atingindo valores de emissão na ordem dos 104 kg CO2/
passageiro quando utilizado o automóvel ligeiro a gasóleo. Este, ao contrário
dos outros dois, é um percurso feito exclusivamente em estrada nacional/
municipal (EN322 e EN323) e não percorre em nenhum momento vias rápidas (IP4)
ou autoestradas (A24).
A avaliação das emissões de CO2 para o automóvel pesado de passageiros foi
realizada para comparação, pois apesar de não existirem ligações diretas via
autocarro entre Vila Real e a aldeia de Provesende, os resultados obtidos
constituem um bom argumento para a promoção deste tipo de viagens na região.
Na visita à aldeia de Provesende é possível realizar a viagem sem que seja
necessário o recurso ao automóvel (considerando como ponto de partida a cidade
de Vila Real). No entanto, em partes do percurso essa alternativa foi
considerada, para servir de termo de comparação.
A avaliação foi feita em várias etapas, correspondentes ao tipo de transporte
utilizado e às paragens associadas a cada tipo de transporte (figura_7 -
Anexos).
Na etapa Vila Real - Peso da Régua foram considerados dois percursos: o
percurso a (que corresponde ao percurso efetuado pelas empresas de pesados de
passageiros) e o percurso b (que corresponde à ligação alternativa de menor
extensão, para o caso da utilização do ligeiro de passageiros).
Relativamente ao percurso realizado pelas empresas de transportes este tem um
custo médio de €6,5 e uma duração de viagem que ronda os 25 a 30 minutos. A
disponibilidade é acessível, uma vez que permite fazer viagens entre as 9h e as
23h, dependendo da empresa.
Em relação a esta etapa, correspondente aos transportes rodoviários, e tal como
verificado anteriormente, a relação direta que a metodologia aplicada
estabelece entre a distância e o total de emissões de CO2/ passageiro, fazia
prever o resultado obtido (tabelas 11 e 12 - Anexos).
Perante a metodologia, o percurso a, sendo mais curto, é obrigatoriamente o
mais sustentável (automóvel ligeiro a gasóleo - 83 kg CO2 /passageiro; e
automóvel pesado de passageiros - 57 kg CO2 /passageiro). Contudo, a
opção b foi considerada porque, para o caso de o percurso não ser feito com
recurso aos transportes públicos coletivos, é importante que exista uma
alternativa (automóvel ligeiro a gasóleo - 88 kg CO2 /passageiro), uma
vez que o percurso a, apesar de mais curto, implica a utilização de uma estrada
com portagens (A24) e na perspetiva do utilizador pode não ser viável a sua
utilização. Em termos quilométricos (englobando os gastos com combustível), as
diferenças não são assim tão significativas, e acaba por não compensar efetuar
os gastos associados ao pagamento das portagens.
Na etapa Peso da Régua - Pinhão, é possível utilizar transporte
ferroviário ou transporte fluvial. Na perspetiva do turista que visita a
região, ambas são extremamente atrativas, pois permitem apreciar a beleza da
paisagem e gozar de uma viagem diferente.
O percurso ferroviário entre a estação de Peso da Régua e a estação de Pinhão
tem um custo de €2,75, e uma duração de 26 minutos. Existem 5 horários diários,
sendo o primeiro por volta das 9h e o último por volta das 19h30/20h.
Relativamente ao percurso fluvial, os preços médios rondam os €10/ €20, e têm
uma duração média de 1h de viagem. No entanto, existem muito poucas empresas a
fazer o serviço de barco-táxi, ou seja, que façam o transporte de passageiros.
Este tipo de serviço funciona em situações pontuais. A maioria das empresas a
funcionar no Douro aposta na viagem de recreio, concretamente cruzeiros com
ponto de partida e chegada no mesmo local, e cujo contributo para a região é
moderadamente significativo.
Na avaliação de CO2 para o percurso ferroviário, a metodologia apenas relaciona
o número de locomotivas com o consumo médio diário por locomotiva, pelo que não
é necessário entrar com os valores de distância, no entanto esta é de cerca de
24,5 km. A metodologia aplicada para o transporte fluvial no que respeita à
avaliação das emissões de CO2, apenas relaciona o consumo médio horário com o
fator de emissão do combustível.
Fazendo a comparação entre o transporte ferroviário e fluvial (tabelas 13 e
14 - Anexos), verifica-se que o transporte fluvial apresenta uma menor taxa de
emissões de CO2/ passageiro (2 kg CO2/passageiro comparado com 7 kg de CO2/
passageiro para o transporte ferroviário), no entanto os preços e o tempo
médios por viagem são mais elevados.
Na etapa Pinhão - Provesende as possibilidades de mobilidade são o
transporte rodoviário ou o pedestrianismo. Em ambos os casos existem limitações
à sua execução. Um turista que chegue à vila de Pinhão via transportes
públicos, depara-se com a limitação de não existirem empresas rent-a-carou de
transporte de passageiros que lhe possibilitem prosseguir a viagem até a aldeia
de Provesende. No caso de não ter condições para a prática de pedestrianismo ou
uso de bicicleta, a alternativa é o recurso ao táxi, o que é uma desvantagem
tanto em termos ambientais como económicos. Contudo, e porque a existirem
possibilidades de mobilidade, estas são ligadas ao transporte rodoviário, foi
feita a avaliação de CO2 para esse tipo de meios de transporte (tabela 15 -
Anexos).
Relativamente às emissões de CO2 associadas ao pedestrianismo ou uso de
bicicleta, estas não existem, e constituem a opção mais sustentável. Todavia, é
importante ter em conta o grau de dificuldade dos percursos, pois dependendo da
dificuldade deste, mesmo pessoas que à primeira vista não tenham limitações
para a prática do pedestrianismo, podem não estar aptas fisicamente para a
realização do mesmo.
No caso do percurso pedestre Pinhão-Provesende, este é um percurso de pequena
rota, classificado como percurso de intensidade média/ moderada. É de âmbito
desportivo, cultural, ambiental, panorâmico e paisagístico e pode ser realizado
durante todo o ano. Tem uma distância a percorrer de 5000m, desnível de 510m, e
uma duração média de 1h30m.
3.4. Mobilidade e Turismo Sustentável nas Aldeias
A sustentabilidade no setor do turismo não se resume apenas à redução das
emissões de carbono. Além da avaliação do nível de poluição dos percursos
(relação entre o tipo de transporte usado e o nível de CO2 emitido), a
sustentabilidade no setor do turismo avalia-se também pelo nível de atração
turística (o que existe para visitar na Aldeia Vinhateira - no caso:
Provesende), a eficácia dos trajetos (relação custo/tempo) e a influência nos
sistemas socioeconómicos (quantos agentes socioeconómicos estão envolvidos
dependendo do tipo de viagem realizada).
Relativamente ao nível de atração turística nas aldeias, todas elas têm um
importante e relevante património histórico-cultural, que funciona como
impulsionador da região e principal atrativo para o visitante. No entanto, da
análise dos dados referentes aos serviços turísticos existentes nas aldeias,
foi possível verificar que existem muitas áreas onde é necessário intervir. A
débil rede de transportes, em particular nas aldeias, e o reduzido número de
serviços ligados à restauração, comércio e alojamento, fazem com que um turista
tenha de se deslocar para polos maiores para poder usufruir desses serviços, e
assim acabe por contribuir de forma muito reduzida para a economia local.
O recurso aos SIG, permitiu fazer uma outra análise que vai de encontro ao que
se procura num turismo sustentável. Ao utilizar diferentes meios de transporte,
existe uma maior influência nos sistemas socioeconómicos, pois há escalas e
paragens a fazer, tempos de espera entre viagens, e ao contrário do que
acontece numa viagem em que o turista vai diretamente ter ao destino, aqui
existe uma maior interação com diferentes agentes socioeconómicos locais.
No roteiro tipo de visita a Provesende, para os pontos de interligação entre
viagens, Peso da Régua e Pinhão, foi feita uma avaliação da influência nos
agentes socioeconómicos locais.
Para o caso de Peso da Régua, a utilização de transportes públicos rodoviários
obriga à passagem pela cidade e, caso se proceda a escalas entre transportes,
obriga à paragem na zona da estação de autocarros. Para este ponto,
considerando uma área de influência de 150m de raio, é possível verificar que
16 agentes socioeconómicos nas suas proximidades podem ser beneficiados (figura
8 - Anexos). Cumulativamente, se o turista usar o barco como meio de ligação a
Pinhão, o facto de o cais de embarque respetivo se localizar noutra zona da
cidade, pode fazer com que outros agentes socioeconómicos sejam também
beneficiados.
No caso de Pinhão, considerando uma mesma área de influência de 150m de raio,
com centro na estação ferroviária, foi possível verificar que o número de
agentes socioeconómicos influenciados é menor, mas esse facto deve-se também às
dimensões da localidade (figura_9 - Anexos). Cerca de 10 agentes poderão ser
potencialmente beneficiados. Contudo esta realidade pode mudar no caso de o
turista optar pelo percurso pedestre, pois ao longo do percurso há a
possibilidade de agentes socioeconómicos fora da área de influência direta
calculada pelo buffer, serem positivamente afetados.
Numa análise de eficácia do percurso Vila Real - Provesende no que
respeita à relação preço/tempo, onde foram consideradas apenas as opções menos
poluentes, obtiveram-se os resultados sintetizados na tabela_16 (Anexos).
Tendo em conta os resultados, ambas as opções têm vantagens e desvantagens
associadas. No entanto, e tendo em conta os fundamentos da mobilidade e do
turismo sustentáveis é possível concluir que para o caso da visita à aldeia de
Provesende, a opção pela utilização da rede de transportes públicos é a mais
sustentável. Apesar de mais dispendiosa em termos monetários, no que respeita
ao nível de poluição este é cerca de um terço menor. À sustentabilidade
ambiental aliam-se ainda a sustentabilidade económica e social dos locais
visitados e localizados ao longo do trajeto, pois ao contribuir para os agentes
socioeconómicos e populações locais permite-se uma maior equidade entre os
diferentes setores. Além disso a viagem por si só é mais proveitosa, pois ao
contrário do que acontece com o recurso ao automóvel particular, em que apenas
se visita a aldeia, ao usar os transportes públicos o turista pode apreciar a
paisagem e viver experiências que enriquecem a visita e que funcionam como um
atrativo para a realização da viagem por si só.
Fazendo a projeção para a visita às restantes aldeias, é fundamental promover a
estruturação de uma rede de transportes que faça a ligação entre as aldeias e
que contribua a promoção das mesmas e do turismo sustentável na região.
Como se pode verificar a aposta na mobilidade sustentável é fundamental para
promover/aumentar a sustentabilidade da região, isto porque a região apresenta
já produtos de turismo sustentável no que respeita à maioria das tipologias de
alojamento disponíveis ao turista (e.g. turismo rural e turismo de habitação),
e às atividades a realizar na região (percursos pedestres, roteiros
ecoturísticos). Assim sendo, falta apostar numa rede de mobilidade que promova
"a passagem" pelos pontos de interesse da região e pelos
"produtos" nela existentes, de forma a proporcionar ao turista uma
visita estruturada e orientada e de promover a equidade entre os diferentes
sectores e uma maior contribuição com os agentes socioeconómicos locais, sendo
por isso sustentável tanto em termos ambientais, como económicos e sociais.
4. Discussão e Conclusões
Tendo em conta a situação atual em termos económico-financeiros, é fundamental
para a região adotar e manter uma estratégia diferenciadora do turismo de
massas baseado em grandes unidades hoteleiras. A aposta deve centrar-se em
investimentos menores, virados para o conceito de turismo sustentável em termos
ecológicos (potenciando as "benesses" com que a natureza brindou
esta região), económicos (potenciando a economia ao nível regional) e sociais
(potenciando emprego e estabilidade às populações locais).
No caso particular das Aldeias Vinhateiras é fundamental reforçar as
articulações com toda a área envolvente, explorando as potencialidades da
Região do Douro e de outras regiões. Pensar na construção progressiva de um
conjunto de infraestruturas e serviços de qualidade que incluam casas de
turismo rural, hotéis, restaurantes, quintas e adegas, núcleos museológicos,
eventos, e outros locais de recreio, lazer e de atração de forma a conseguir
uma maior afluência e/ou permanência de visitantes nacionais e internacionais
nas Aldeias.
No sector de Hotelaria, à exceção das aldeias de Trevões e de Provesende, não
existe qualquer infraestrutura hoteleira nas restantes aldeias (Bessa, 2013;
vd. dados publicados em anexo), o que leva a que os turistas apenas façam a
visita à aldeia e voltem para os centros das cidades mais próximas, provocando
assim a "perda" de potenciais turistas/ potenciais benefícios, para
o desenvolvimento local de cada Aldeia.
O desenvolvimento futuro deverá incidir na elaboração e promoção de produtos
compostos, de forma a poder atingir outros segmentos de mercado que atualmente
ainda se encontram afastados do Douro. O futuro das Aldeias Vinhateiras depende
da manutenção da qualidade competitiva e da valorização económica e social de
outros recursos locais, assente em estratégias integradas que fomentem a
inovação e a criação de emprego.
O Douro é preponderante para o desenvolvimento da "Rede de Aldeias
Vinhateiras". Cada aldeia, por si só, não tem capacidade de atrair
turistas, é necessário que haja uma boa gestão da Rede, que promova a interação
entre as aldeias e privilegie o estabelecimento de parcerias.
Os resultados da análise prévia em termos das emissões de CO2, mostram que é
muito importante assumir o sector dos transportes públicos como meio de
transporte preferencial. No entanto, face à sazonalidade característica da
procura turística na região, importará elaborar uma análise financeira para a
definição dos meios materiais a alocar e dos eventuais períodos do ano em que
se tornem economicamente sustentáveis.
Por outro lado, para receber bem é preciso que haja qualidade, mão-de-obra
qualificada e infraestruturas capazes de lidar com o crescente aumento de
turistas, ao contrário do que a realidade evidencia (Bessa, 2013; vd. dados
publicados em anexo).