Identidade em lusofonia: territorialidade e pertença
1. “Nunca dantes”
Vejo-me diante de uma reportagem do colunista Reinaldo Azevedo, conhecido como
o ‘cristo’[1] do Presidente Luis Inácio Lula da Silva (mandatos 2002/2010).
Este colunista comenta sarcasticamente que os discursos de Lula, continuamente,
em seu tom exaltador e messiânico, se não demagógico, apresenta em seus
pronunciamentos a expressão “nunca antes (nesse país)”, e algumas vezes “nunca
dantes (nesse país”). Imediatamente o verso de Camões, em Os Lusíadas, “mares
nunca dantes navegados” veio ao pensamento. Tenho aí uma questão sobre a
identidade lusófona: pergunta-se por que uma expressão como “nunca dantes”
sacralizada, em obra do século XVI, no território Portugal, ainda se repetia no
século XXI, no mesmo tom de uma saga no território brasileiro em discurso
político, muitas vezes eleitoreiro.
Não aventamos que o uso dessa expressão por Lula seja decorrente de recurso
estilístico resultante de conhecimento da literatura portuguesa e
consequentemente da literatura portuguesa, com o objetivo de se comparar nem a
Camões nem ao ufanismo das descobertas de novas terras. A crença dessa
prerrogativa também não se ancora no preconceito em relação ao nível de
escolaridade do então Presidente – 5ª série do ensino fundamental ?, até porque
o uso dessas expressões só ocorre em discursos que improvisa na prática do
poder. Não há em seus discursos revisados e editados por sua equipe nenhuma
ocorrência dessa ordem. Muitas outras justificativas podem ser levantadas: ter
ouvido essa expressão de seus membros ministeriais, tais como do Ministro da
Cultura, e tê-las reutilizada tendo em vista a percepção de seu tom ufanista;
ser uma expressão ouvida durante a sua vida, mesmo sem noção de que teve um uso
camoniano; ser resultado de um conhecimento enciclopédico; e simplesmente
porque se apropriou da autoria da boca do povo. Seja qual for a justificativa
do encontro de Camões com Lula, nenhuma delas é relevante para nosso estudo.
Enfim, o que verificamos são territórios que se cruzam em lusofonia,
atravessando tempo e espaço – tempo dos séculos e terras diferentes na
travessia de um rastro de identidade lusófona na prática ufânica.
O referido colunista, Reinaldo Azevedo, em constante crítica à fala do
presidente fornece dados quantitativos nos pronunciamentos presidenciais
brasileiros: a expressão“nunca antes” teria em torno de 3000 ocorrências e a
“nunca dantes”, 126. Muitas brincadeiras jocosas, muitas críticas ao tom
ufânico dessa expressão, seja qual for sua variação de uso:
Mais cultura, “menas” humildade .
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem considerar
repetitiva a expressão “nunca antes neste país”, que costuma preceder
a enumeração de feitos do governo em seus discursos: “Mas é verdade”.
“Está uma coisa tão repetitiva, (...) esse negócio de que “pela
primeira vez, nunca antes, nunca dantes” (Jornal Folha de São Paulo,
9/1/09: 5);
“nesse” país (...)
É a expressão preferida do presidente do Brasil, na sua retórica
demagógica. Subjetivamente, porém, ao espezinhar a Gramática, no
desconhecimento do emprego dos pronomes demonstrativos, Luiz Inácio
demonstra, claramente, não saber onde está, afora não ver nada e não
saber de nada. Não é “nesse” país, Exmo. Sr. Presidente, mas, sim,
neste Brasil que gostaríamos de ver realizadas as maravilhas do seu
discurso. Por certo, na sua desorientação encontra-se a origem de
tudo. A certeza é a de que V. Exa. refere-se a uma terra hipotética –
a terra dos seus delírios –, que respira emanações de ebriedade
coletiva. Neste Brasil, entretanto, não enxergo razões para muita
euforia, ao menos enquanto países como Azerbaijão, Etiópia, Quênia,
Zimbábue, Coreia do Norte, Cazaquistão, Cuba, e mais trinta outros
merecem mais medalhas do que nós (Espíndola, 2003: serial)
Não deixe de votar, divulgue entre os seus amigos; nunca se sabe
quando (...) não menos importante, o uso indiscriminado dos Cartões
Corporativos. (...) rios nunca_dantes bundeados,[2] existem dois
cubanos (...) em campanhas eleitorais e nunca_antes pagamos tantas
taxas bancárias: é o bolsa-família, dos banqueiros (...)
Claro, escrever rápido implica no uso de fórmulas, mas quem disse que
não se pode (...) esse negócio de que: ‘pela primeira vez, nunca
antes, nunca dantes’(...). Senhor General, que nos últimos anos? ao
mesmo tempo que mais se aproxima a assaltam preocupações nunca dantes
vividas. Refiro ao revanchismo de pessoas desqualificadas (Revista
Veja, 2003: 35).
Apesar de tantas ironias a respeito do uso dessas expressões pelo presidente,
nosso objetivo não é nem questionar o certo e errado de seu uso em relação às
normas da língua portuguesa, nem discutir a filologia das mesmas – seja “nunca
antes”, seja “nunca dantes”, seja “nunca d’antes” – e muito menos levantar
questões sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Sabemos que “dantes”
é contração da preposição “de” mais o advérbio “antes”. A forma e composição
dessas expressões não são os únicos caminhos que desvendam o processo
identitário, e sim os sentidos que elaboram em sua prática discursiva.
A questão é nos perguntar como esse significante chegou até nós, do século XVI
ao XXI, tendo em vista a manutenção e intenção de louvar e aplaudir uma pátria,
seja em uma epopeia literária, seja em um do discurso político brasileiro.
2. Caminho bustrofédico da linguagem
O primeiro degrau de nossa argumentação é ler o jogo designativo “nunca dantes”
e “nunca antes” a partir da ideia de que a língua é ecológica. Entende-se que a
linguagem tem em sua natureza a capacidade de ressignificar a cada momento de
sua materialização em língua, uma vez que a linguagem não exclui significações
ao longo de seu percurso no espaço-tempo histórico; ao contrário, a cada
expressão significante, resíduos significativos se processam e se remodalizam.
E é pelo movimento da escritura (Derrida, 1999: 351) que se postula ter a
linguagem natureza ecológica: “Trata-se da escritura por sulcos. O sulco é a
linha, tal como a traça o lavrador: a rota – via rupta– cortada pela relha do
arado. O sulco da agricultura, também o recordamos, abre a natureza à cultura.
E sabe-se também que a escritura nasce com a agricultura, que não se dá sem a
sedentarização.”
Derrida pleiteia para escritura um movimento bustrofédico,[3] isto é, um
movimento contínuo, da esquerda para direita e da direita para a esquerda, como
o arado do boi sulcando a terra. Sob a ótica bustrofédica da linguagem,
verifica-se que nesse movimento não há interrupção, e essa continuidade permite
reafirmar que a linguagem é ecológica, isto é, processo de contínuo re-
aproveitamento da terra-linguagem em que o vaivém do arado (movimentando-se no
espaço, no tempo e em sua história) produz um ‘des-velar’ de significações. Se
o processo de cultivo é contínuo, a cada plantio linguageiro resíduos
remanescentes de uma antiga plantação revolvem-se para se agregar à próxima; a
terra na qual as designações são plantadas não consegue eliminar e substituir
os rastros de antigas plantações; é no revolver da linguagem-terra que novos
grãos designativos se encontram com resíduos de outros grãos remodalizando-se
em novos jogos de linguagem. Um momento histórico da linguagem não elimina o
anterior e nem se excluí do posterior.
O movimento bustrofédico, realizado metaforicamente pelo arado do boi, deixa
sulcos e marcas, sulcos profundos ou não, dependendo do instante histórico em
que são realizados, cujas marcas culturais e suas significações podem ser re-
descobertas para além do momento de sua aragem, pois, dependendo da força
histórica do arado, os sulcos sedimentados e cristalizados não se dissolvem tão
facilmente: “Ora, como procede o lavrador? Economicamente. Chegando ao fim do
sulco, ele não volta ao ponto de partida. Dá meia volta ao arado e ao boi.
Depois, parte novamente, em sentido inverso. Poupança de tempo. De espaço e de
energia. Melhoria do rendimento e diminuição do tempo de trabalho. A escritura
de volta de boi – bustrofédon? (...).” (Derrida, 1999: 351-352).
A linguagem, então, movimenta e sulca seu terreno (re)semeando seus produtos de
significação, que vai deixando resíduos. Sulcos pressupõem marcas e traços, e
ecologia tem por quesito fundamental o reaproveitamento. Por essa tessitura
metafórica permite-se pensar ser a estrada-sulco o fazer da linguagem. O
percurso da linguagem recebe os adubos de forma e conteúdo a cada espaço-tempo
percorrido, pois não se nega às especificidades socioculturais dos jogos de
linguagens.
E por esse raciocínio já se pode conhecer os resíduos de sentido da expressão
“nunca dantes” do XVI presentes no uso de “nunca dantes” e “nunca antes” do
século XXI.
3. Jogos de sentido
A expressão “nunca dantes” ou “nunca antes”, tanto no caso de “mares nunca
dantes navegados” e “nunca (d)antes nesse país”, semanticamente, trabalha com
dois pontos: ação e tempo.
No quesito ação, a negação “nunca” elimina a realização da ação, presente ou
passada ou futura. É o caso das sentenças – nunca navego, nunca naveguei, nunca
navegarei, nunca navegadas –, que elimina a possibilidade de realização da ação
de navegar, ou seja, a ação de navegar é impedida de se realizar.
No quesito tempo, a marca “antes”, à primeira vista, apenas indicaria um tempo
passado, anterior ao presente. Mas, ao se aliar sintático-semanticamente ao
“nunca”, reforça a eliminação da ação, no caso a ação passada. Ao excluir
qualquer ação do passado, hiperboliza-se a ação do presente e seus louros
futuros. Se os mares nunca foram navegados, a navegação presente ou futura
clama por ação, e se nunca antes nesse país nada se fez, a ação presente é
forte com maravilhas de futuro.
Nesse jogo de sentido, pontua-se, então, pela exclusão da ação passada, pela
presença da ação do presente e pela promessa de ação futura, o colorido ufânico
das terras louvadas – Portugal e Brasil.
4. Territorialidade e pertença
Abordando as pátrias Portugal e Brasil, estamos nos referindo a territórios,
não só geográficos, mas caminhando para a ideia de fronteiras simbólicas do
ufanismo, logo é mais coerente tratarmos a noção de território pela vertente
“simbólico-cultural: [que] prioriza a dimensão simbólica e mais subjetiva, em
que o território é visto, sobretudo, como o produto da apropriação/valorização
simbólica de um grupo em relação ao seu espaço vivido.” (Haesbaert, 2006: 40).
Ou seja, a dimensão simbólica da territorialização habita um espaço
organizando-se pela historicidade e geograficidade. Vale a observação que
historicidade e geograficidade podem ser valores construídos no próprio
território ou designados por outro território. No caso, o território geográfico
Brasil, pela fala política do presidente, revela sagas de um outro território,
Portugal, pela voz de Camões. E a fala de Lula transforma o território
brasileiro em uma geografia simbólica de grandes sagas, em que o “comandante da
nau brasileira”
[4] agora navega pelos rios da riqueza e do desenvolvimento.
Também na questão de territorialização simbólica outros eixos são pertinentes:
historialidade e historicidade. A historicidade estaria para o motivo de usar a
expressão “nunca antes nesse país”, na medida em que “nasce da autoapreensão do
homem em relação ao vivente e à vida” (Derrida, 2002: 49-50), ou seja, o
presidente tem consciência de sua popularidade, que se torna o motivo para
exercer o ufanismo simbólico do “nunca dantes navegados”. Historialidade seria
o efeito identitário da narrativa da historialidade porque provoca e acolhe a
posição de pertença; pertença a um grupo, a uma nação, a um povo. A
historialidade seria então “um processo objetivo no qual estamos inseridos
(...) é um modo de estarmos conscientes dessa pertença.” (Vattimo, s/d: 11). No
caso da história política brasileira, a consciência de pertença à nação é
pontuada pelo momento de uma nau-pátria que nunca foi comandada por um
presidente que veio do povo, que passou fome, mesmo com pouca instrução
escolar. Como diz o então “comandante do Brasil”, “quando cheguei a São Paulo
[5], só tinha barriga e língua, tão barrigudinho de tomar água de açude com
esquistossomose. Muitas vezes, nós, nordestinos, somos tratados como se
fôssemos de segunda categoria. E eu fui vítima disso durante a vida inteira.
(Revista Veja, 2003: 34).
Historicidade e historialidade se movimentam em direções diferentes, ao mesmo
tempo que se constituem simbioticamente. A historicidade, o motivo – ter
popularidade –, explode no discurso para dar conta de uma identidade político-
governamental dirigida por um representante que faz o que “nunca dantes” foi,
naquele momento histórico, realizado por ele. Já a historialidade, a noção de
pertença à pátria Brasil de então, tem o movimento inverso, ou seja, faz o
cidadão recuar para trás para se reconhecer no motivo. O movimento exploratório
de pertença é efeito da historialidade. Enquanto o motivo trabalha com o
instante do utilitarismo de determinado momento político, a pertença é um
movimento mais denso, pois trabalha com símbolos socioculturais. Pertença
aciona a tradição, reconstruída ou não, pois se alimenta de símbolos que se
performatizam pela memória. A tradição mostra os desbravadores, os
descobridores de terras, os lutadores pelo desenvolvimento da nação. Sem motivo
não há história, e só há pertença se houver história. Ambos – motivo e pertença
– trabalham na reivindicação da identidade.
5. Encontro de histórias lusófonas no ufanismo
Ratificando a ecologia da linguagem e seu percurso bustrofédico, chegamos ao
encontro simbólico do ufanismo de momentos históricos diferentes.
Cada cultura e seus momentos de uso linguístico são uma queda em história, e
como tal está circunscrita a um tempo e um espaço próprios. O que se está
propondo é a percepção de que “os símbolos são diversamente vividos e
valorizados: o produto dessas múltiplas atualizações constitui em grande parte
os ‘estilos culturais’ (..) (e) como formações históricas, essas culturas não
são mais intercambiáveis; estando já constituídas em seus próprios estilos,
elas podem ser comparadas no níveldas Imagens e dos símbolos.” (Eliade, 1996:
173) (grifo da autora).
O contato de uma ‘mesma’ língua em momentos culturais e históricos diferentes
seria possível por seu caráter ecológico que espalha resíduos de significação
na estrada bustrofédica da linguagem. O toque de usos e sentidos se dá pelos
resíduos do caminho ininterrupto, até porque símbolos são convenções muito
fortes, cristalizações sociais, signos difíceis de se desmantelarem no cansaço
do percurso histórico. O símbolo do ufanismo até hoje se estabelece em várias
pátrias, haja vista as guerras que se estabelecem pela luta de pertença e de
manutenção de sua história. Por que então, tendo à disposição uma expressão
sacralizadora desse símbolo no universo lusófono, ela não seria reaproveitada e
utilizada para fins políticos?
E na medida em que se entende símbolo como cristalização e solidificação de
significado, resíduos de significação simbólica se fazem duráveis ao longo das
araduras da linguagem, uma vez que significações de vida cultural não são
trituradas e dissolvidas imediatamente à passagem do arado do boi. Ao
contrário, nesse raciocínio metafórico, mas não menos lógico, entendem-se
símbolos como resíduos duráveis de significação encravados nos sulcos, cujas
marcas profundas de expansões significativas são relembradas em significantes
adequados a seu contexto histórico; é nesse ‘relembrar’ do universo simbólico
que é possível perceber o contato entre histórias de uma mesma língua.
Junto à questão de durabilidade do significado simbólico, a própria etimologia
do termo símbolo já ratifica a natureza ecológica e bustrofédica da linguagem.
O vocábulo grego súmbolon(de sun =junto, com e ballein =atirar, lançar) tem o
sentido de “ ‘lançar com’, arremessar ao mesmo tempo, ‘com-jogar’. De início,
símbolo era um sinal de reconhecimento: um objeto dividido em duas partes, cujo
ajuste, confronto, permitia aos portadores de cada uma das partes se
reconhecerem. O símbolo é, pois, a expressão de um conceito de equivalência.”
(Brandão, 1986: 38) (grifo da autora).
É justamente nos jogos designativos que se estabelecem os jogos de
equivalência. Ao se permitir a equivalências de significado, o símbolo, vivendo
nos sulcos da linguagem, não se imobiliza no tempo e espaço em que se
manifesta. Sua natureza estável mais a de “com-jogar” significações em marcha
bustrofédica permite que caminhe em direção a outras histórias sem anular as
anteriores, refazendo em sua contínua aradura outros modos de existência.
A natureza do símbolo foi caracterizada por dois traços, durabilidade e
equivalência de significações: a durabilidade se mostra na repetição de usos
linguísticos que se expandem no trans-histórico da significação; e a
equivalência se apresenta na dimensão dos significados que se estabelecem em
formas linguísticas. Não há ponto de saturação na reticulação significativa,
nem mesmo na simbólica, uma vez que “é situada e sensível a fatores
contingentes de coordenadas espácio-temporais que marcam sua produção (...). É
dispersão e disseminação em um interminável processo” (Rajagopalan, mimeo: 3).
6. “Uma pátria imaginada”?[6]
Não há no jogo político do uso “nunca (d)antes nesse país” o oferecimento de
uma “pátria imaginada” (Rushdie, 1991: 9)? A pátria do sebastianismo? A pátria
brasileira? Rushdie ao mirar no espelho sua pátria Índia apenas recolhe em sua
memória “vidros quebrados” que chegam ao presente. Lula, ao usar “nunca
dantes”, não estaria recolhendo vidros quebrados? A forma pode ser a mesma, mas
a simbologia do ufanismo é alimentada diferentemente. Lula não recolhe nem o
“espelho da nostalgia”, mas simplesmente mostra que o uso de uma mesma forma
lusófona tem resíduos de significação, mas com políticas de representação
diferentes. É justamente “na natureza parcial dessas memórias que suas
fragmentações são evocadas, [adquirindo] status e ressonância justamente por
causa de sua permanência” no presente (Rushdie, 1991: 12). São as fragmentações
de historicidades que fazem com que “coisas triviais adquiram o status de
símbolos, com até qualidades numenais”[7] (Rushdie, 1991: 12). Rastros de um
passado “mares nunca dantes navegados” –, se fazem presentes no “nunca (d)antes
nesse país”, mas sempre ressignificados. Como diz Charles Taylor (apud Appiah,
2005: 128), “como indivíduos nós valoramos determinadas coisas, encontramos
certos complementos bons, certas experiências satisfatórias, certos
prognósticos positivos. Mas certas coisas podem ser boas em determinados meios
ou satisfazer suas formas particulares, porque o conhecimento do passado se
desenvolve em nossa cultura.”
Mesmo que pensemos que a continuidade e uso de “nunca dantes” signifique
“formação de práticas, instituições e compreensão de sentido às nossas ações –
um local de utilidades -, suas naturezas não outorgam que tais utilidades sejam
sociais” (Appiah, 2005: 128), ou seja, determinado fragmento do passado não
necessariamente transita no universo ufanista, apenas reside em um mundo
imaginário, alimentando a construção de uma “pátria imaginada”.