“PApi - Pais por Inteiro” Programa de intervenção em grupo para o ajustamento
pessoal e a promoção da coparentalidade positiva em pais divorciados
INTRODUÇÃO
O divórcio é um processo dinâmico, complexo, que obriga a múltiplas mudanças
individuais e familiares, sendo por isso geralmente descrito como um período de
elevado stress psicossocial para toda a família (Hetherington, 1993). Para além
das questões legais, os pais têm de adaptar-se a um novo estilo de vida,
reorganizar-se financeiramente, cuidar e auxiliar os filhos, bem como proceder,
no período imediato ao divórcio, ao luto da relação conjugal (Rogge, Bradbury,
Hahlweg, Engl, & Thurmaier, 2006; Whiteside & Becker, 2000).
No entanto, a separação conjugal não anuncia o fim da família. Como qualquer
sistema humano auto-organizado e dinâmico, a família é constituída por vários
subsistemas e não é por o subsistema conjugal se ter dissolvido que também ela
se veja obrigada a diluir-se (Hetherington & Kelly, 2002). As relações
familiares mantêm-se, embora com uma nova configuração estrutural,
comunicacional e interaccional. É uma certeza empírica que, para que uma
família com pais divorciados responda às necessidades desenvolvimentais dos
seus elementos, é fundamental serem delimitadas novas regras, novos papéis,
novos hábitos que, em conjunto, irão contribuir para um funcionamento saudável
e ajustado da família (Emery, 1999; Rogers, 2004). Aliás, a competência do ex-
casal em criar novos limites relacionais, novas dinâmicas comunicacionais e
novos códigos de regulação comportamental, está fortemente associada, em vários
estudos, ao melhor ajustamento psicossocial quer dos filhos quer dos próprios
pais (Ahrons, 1981; Amato, 1993; Amato & Keith, 1991; Hetherington, 1993).
A investigação indica ainda que é igualmente crucial demarcar o passado
conjugal da parentalidade presente, para ser exequível construir uma outra
variação positiva da família. Os pais divorciaram-se da sua relação conjugal,
mas não da sua relação parental (Ferrante, 2005; Macie, 2002). Os estudos
empíricos mostram todavia que, para a maioria dos pais, é muito difícil
diferenciar o papel conjugal do papel parental com o ex-cônjuge (Macie, 2002).
Quando a ex-relação marital se emaranha com a relação coparental, o
estabelecimento de uma aliança parental reforçada, central no ajustamento dos
filhos depois do divórcio, está mais dificultada (Camara & Resnick, 1989;
Dreman, 2000; Emery, 1982). Desta forma, a adaptação das crianças ao divórcio
dos pais é o resultado de uma equação que congrega pelo menos três factores:
(1) um padrão coparental cooperante (Adamsons & Pasley, 2006; Maccoby,
Depner, & Mnookin, 1990; Maccoby, Buchanan, Mnookin, & Dornbusch,
1993), caracterizado por baixos níveis de conflito interparental (Afifi &
Hamrick, 2006; Goodman, Bonds, Sandler, & Braver, 2004); (2) a criação de
uma binucleari-dade familiar efectiva (Macie, 2002); e (3) renovadas
trajectórias pessoais dos pais, carac-terizadas pela representação de novos
papéis familiares, pela obtenção de segurança financeira, pelo desenvolvimento
de novas redes de suporte e de um novo projecto pessoal que seja satisfatório
(Goodman et al., 2004; Sayer, 2006; Spanier & Castro, 1979; Sweeper, 2004).
Embora com apenas algumas décadas de existência, a intervenção psicológica no
domínio do divórcio é susceptível de poder ser classificada em seis diferentes
modalidades, como descrevemos a seguir.
1) A terapia individual do divórciocentrada na reorganização psicológica pós-
divórcio. Vários modelos e paradigmas teóricos foram adaptados à terapia
individual do divórcio (Kressel, 1980; Kressel & Deutsch, 1977), mas é
possível identificar alguns pontos em comuns. Num primeiro momento, é
geralmente dado espaço para a intervenção em crise, em que trabalhar o processo
de luto da relação conjugal é prioridade terapêutica. De seguida, a intervenção
é dirigida à dissolução adaptativa de possíveis sentimentos de culpa causados
pela ruptura relacional, através da validação e qualificação emocional dos
sentimentos e do reenquadramento das emoções negativas. Para, finalmente, se
lançar os alicerces de novos projectos pessoais, num terceiro momento (Storm
& Sprenkle, 1982).
2) A terapia familiar do divórcioque tem por finalidade contribuir para que a
família desenvolva novos padrões interactivos e comunicativos, mais funcionais
e ajustados à sua nova realidade (Byng-Hall, 2000; Oz, 1994; Sommers-Flanagan
& Barr, 2005). A terapia familiar pode ser de grande utilidade para diluir
e transformar padrões relacionais desconstrutivos (muitas vezes responsáveis
pelo divórcio) e contribuir para a definição de novas fronteiras, limites,
regras e potencialidades na família (Kruk, 1993; Moreland, Schwebel, Fine,
& Vess, 1982; Nock, 2000).
3) A regulação do poder parentalque se caracteriza pela peritagem das
competências psicológicas e sociais dos progenitores para o exercício do poder
parental (Antunes, Caridade, & Pereira, 2005; Orenstein, 2006).
4) A intervenção em grupo com criançascom a finalidade principal de
providenciar aos filhos de pais divorciados um espaço de protecção emocional,
que permita a partilha dos sentimentos e medos inerentes a esta exigente
mudança nas suas vidas (Gilman, Schneider, & Shulak, 2005; Pedro-Carroll,
& Cowen, 1985). Embora todos estes programas adoptem uma esfera de partilha
e suporte emocionais, são muito diversificados os conteúdos sobre os quais
incidem: dirigindo-se uns à prevenção de pertur-bações psicopatológicas,
enquanto outros versam auxiliar a adaptação instrumental da criança,
intervindo, por exemplo, na manutenção do rendimento académico (Dent, 2001;
Geelhoed, Blaisure, & Geasler, 2001).
5) Os grupos de auto-ajudaque visam a partilha de emoções e a aceitação
experiencial entre indivíduos divorciados e são, na maioria das vezes, mediados
por um terapeuta (Dygard, Thuen, & Solvang, 2000).
6) A intervenção em grupo com pais, bastante difundida na cultura anglo-
saxónica, que pretende informar os pais acerca do impacto psicológico do
processo pré, durante e pós divórcio e dotá-los de técnicas de gestão do
comportamento dos filhos. As características, finalidades e modalidades deste
tipo de intervenção serão sucintamente descritas de seguida (para revisão, cf.
Blaisure & Geasler, 2006).
Dado que o divórcio pode implicar desestabilização emocional e vulnerabilidade
psicopatológica nos diferentes membros da família (Jonhson & Wu, 2002),
várias acções foram desenvolvidas com pais em processo de divórcio. A
intervenção em grupo para pais divorciados tem backgrounds teóricos distintos e
assume uma diversidade de modalidades de acção, procurando dar respostas às
necessidades dos pais e das crianças na sua adaptação à nova realidade
familiar. Importa, pois, conhecer as intervenções possíveis, a forma como
actuam, como se articulam, que potencialidades oferecem, quais as suas lacunas
e que teorias as suportam. Seguindo esta preocupação, é cada vez mais visível
na literatura a publicação de resultados de ensaios clínicos, na avaliação da
eficácia de programas de intervenção em grupo com pais divorciados (Stewart,
2001).
A maior parte das acções de intervenção com pais divorciados, cuja avaliação de
eficácia foi publicada, insere-se em programas judiciais norte-americanos de
regulação do poder parental (Gilmour, 2004; Vera, 1993). A linha definidora
destes programas é uma vertente psicoeducativa dirigida à aprendizagem de
estratégias comportamentais de controlo do conflito, disputa e litigância
parentais. A generalidade da intervenção em grupo com pais divorciados tem
vindo a centrar-se num modelo psicoeducacional de aprendizagem de competências
parentais, propondo a aquisição de conhecimentos supostamente úteis à
interacção de cada um dos pais com o(s) filho(s) (Goodman et al., 2004).
Poucos são os programas que se destinam a trabalhar e a reforçar a aliança
coparental entre pais divorciados, dado que a maior parte não enfatiza a
relação entre os pais como fundamental no desempenho do papel parental de cada
um (Garber, 2004). Há contudo alguma diversidade nas matrizes terapêuticas dos
programas de intervenção com pais divorciados, pelo que é necessário fazer-se a
distinção entre: programas de intervenção em grupo com pais divorciados,
centrados nos pais e programas de intervenção em grupo com pais divorciados,
centrados nos filhos.
Os programas de intervenção em grupo com pais divorciados, centrados nos filhos
perfazem a maioria dos programas publicados. Têm como foco de intervenção
auxiliar os pais nas tarefas educativas essenciais para o adequado
desenvolvimento dos filhos e assisti-los nesta transição familiar. Este tipo de
programas especializou-se em melhorar a adaptação das crianças à disrupção
conjugal, através da intervenção com os pais; não tendo por conseguinte como
finalidade principal contribuir para o ajustamento dos pais ao divórcio
(Wolchik et al., 2000).
Os programas de intervenção em grupo com pais divorciados, centrados nos pais,
são conceptualmente mais ricos, uma vez que apostam no fortalecimento da
adaptação dos pais ao divórcio, contribuem para criar grupos de suporte,
fomentam a partilha experencial e dotam os pais de competências para melhorar
as suas relações interpessoais, principalmente com o ex-cônjuge, empenhando-se
ainda na melhoria das suas competências coparentais. O foco de intervenção
directo é portanto a díade parental e não as crianças.
Gilmour (2004) realizou uma aprofundada análise e avaliação dos programas de
intervenção dedicados a pais divorciados. Na sua pesquisa, concluiu que a maior
parte dos programas focaliza-se apenas na transmissão de informação sobre o
processo de divórcio, como gerir e litigar no processo judicial e na explicação
teórica do impacto do conflito no desenvolvimento dos filhos. Afirma que é, por
conseguinte, errado considerarem-se programas de intervenção psicológica muitos
dos programas destinados a pais divorciados, visto que não se preocupam com a
mudança e reflexão terapêuticas dos participantes. A autora aconselha alguma
prudência nas expectativas quanto à melhoria da relação coparental entre pais
divorciados. A sua extensa revisão aponta alguns caminhos sobre o que é que
funciona do ponto de vista terapêutico, como é possível alcançar determinados
objectivos terapêuticos e, principalmente, como avaliar o impacto da
intervenção em grupo com pais divorciados.
Num estudo desenvolvido por Arbuthnot, Poole, e Gordon (1996) sobre 3.658
famílias, cujos pais tinham participado num grupo de intervenção - que
incidia na adaptação ao divórcio e fortalecimento da aliança coparental -
concluiu-se que os participantes, logo após o término do programa, apresentavam
melhorias no ajustamento ao divórcio, mas não no controlo do conflito
interparental. Contudo, na avaliação de follow-upum ano após, foram encontradas
melhorias quer na comunicação entre os pais participantes, quer no envolvimento
dos pais que não residiam com a criança na vida e educação dos seus filhos, em
comparação com os pais do grupo de controlo. Dessa forma, os programas que
planificam e integram na sua metodologia de avaliação da eficácia momentos de
follow-upfornecem indicações mais claras acerca dos efeitos da participação dos
pais nestes programas.
Os desenhos terapêuticos para intervenção com pais divorciados são diversos. No
entanto, a literatura vem evidenciando que os seminários psicológicos são os
que menor sucesso e eficácia terapêutica apresentam (Gilmour, 2004), uma vez
que dotam os pais de conhecimentos teóricos sobre o impacto do divórcio nas
crianças e adolescentes (Frieman, Garon, & Garon, 2000), mas não os
capacitam de meios e estratégias para assegurar um desenvolvimento ajustado dos
filhos (Goodman et al., 2004). Segundo Stewart (2001), os programas em grupo
deverão ter por intenção provocar a mudança nos participantes e ser muito mais
do que ensinamento de técnicas behavioristas no controlo do comportamento dos
filhos. Os estudos evidenciam que grupos de intervenção orientados para a
componente experiencial dos pais, ou centrados na valorização das suas
competências, contribuem mais eficazmente para a mudança do comportamento
coparental do que métodos passivos como os seminários, acções de formação e
grupos de suporte (Gleasler & Blaisure, 1998).
Stone, McKenry, e Clark (1999) empreenderam uma avaliação qualitativa das
apreciações e percepções de pais do sexo masculino, participantes de grupos de
intervenção no divórcio. Os mesmos indicaram como extremamente útil: a
informação sobre como o conflito interparental e o divórcio podem afectar a
vida dos filhos e a discussão e aprendizagem de técnicas de comunicação e de
coparentalidade. Num outro estudo, os três factores que mais contribuíram para
a mudança terapêutica nos participantes foram, em primeiro lugar, o sentimento
de participar num grupo em que todos os membros estão a passar pelo mesmo
processo, em segundo, sentirem-se aceites e, em terceiro, a oportunidade de
expressar sentimentos difíceis (Dygard et al., 2000). Na sua avaliação do
programa, os autores sustentaram que poderia ser relevante, em futuras
reformulações, dar ainda mais ênfase ao processo experiencial.
Os programas de intervenção em grupo com pais divorciados para serem eficazes
devem, por conseguinte, assegurar o treino de competências quer no controlo de
conflito inter-parental, quer na criação de um compromisso coparental, através,
por exemplo da produção de um plano parental (Arbuthnot & Gordon, 1996;
Garber, 2004; Gleasler & Blaisur, 1998; Gilmour, 2004). De uma forma
global, a investigação tem evidenciado a eficácia destes programas na melhoria
da parentalidade, da coparentalidade e do controlo dos conflitos interparentais
(Dent, 2001; Ferrante, 2005; Gleasler & Blaisur, 1998; Gilmour, 2004).
O programa de intervenção em grupo Pais por Inteiropode caracterizar-se por se
direccionar à coparentalidade e às trajectórias individuais dos pais
divorciados, por incluir uma componente informacional e uma dimensão
experiencial e por fomentar o treino de competências, promovendo uma mudança
desenvolvimental. A finalidade primordial do programa é contribuir para que os
pais se sintam mais confiantes, positivos e adaptados no seu novo papel. No
entanto, para isso é fundamental focar parte da atenção do programa nas
trajectórias desenvolvimentais dos participantes. Partimos da premissa que pais
com trajectórias individuais seguras, bem adaptados ao período posterior ao
divórcio, que partilham uma relação cooperativa com o ex-cônjuge, conseguirão
ser melhores pais e estar mais vocacionados para as necessidades psicológicas
dos filhos (Amato, 1993; Macie, 2002). O mote do programa é, por inerência,
descentrar da parentalidade para centrar o programa nos pais e na
coparentalidade. Dessa forma, não estamos apenas a propor trabalhar o
"Eu, pai/mãe", mas também "Eu, como pessoa" e "Eu
e o meu futuro". Não há muitos programas conhecidos que avancem sobre
estes pressupostos (Gilmour, 2004).
O PApinão poderá ser identificado como um programa psicoeducacional
tradicional, uma vez que pretende proporcionar a discussão, doseada por alguma
partilha de conhecimento psicológico, que deve ser introduzido como um
suplemento às conclusões e conversações grupais.
Na nossa opinião, é ainda importante sublinhar a dimensão ecológica do
desenvolvimento humano, considerando que o comportamento é, ao mesmo tempo,
reflexo e produto de um conjunto de transacções interactivas entre os pais, os
filhos, a família alargada, o emprego e os papéis sociais e cívicos. Por outras
palavras, ao tentar fazer intervenção na díade coparental, não podemos
abandonar a premissa que os comportamentos não acontecem num vazio contextual.
Desta forma, este programa pretende dar respostas a algumas orientações
conceptuais que apontam para que a intervenção em grupo com pais divorciados
responda com eficácia às necessidades reais das famílias, tendo por base as
evoluções conceptuais da psicologia e da psicopatologia do desenvolvimento.
A nosso ver, será relevante desenvolver um programa de carácter
desenvolvimental, contribuindo com este projecto para um maior conhecimento dos
pais sobre si próprios, sobre como desempenhar de forma mais eficaz as funções
coparentais e qual o impacto das suas práticas no desenvolvimento dos seus
filhos. Fará, pois, todo o sentido trabalhar esta dimensão dos cuidados
emocionais e psicológicos e, desta forma, contribuir para a melhoria das
práticas parentais já existentes e, em alguns casos, quebrar possíveis ciclos
de cuidados (co)parentais coercivos ou inadequados, potencializando uma
vivência da (co)parentalidade mais saudável e satisfatória, quer para pais quer
para as crianças.
OBJECTIVOS
Objectivos distais
Adoptando uma perspectiva cognitivo-desenvolvimental, o PApitem por objectivo
distal a promoção do desenvolvimento de três grandes áreas, junto dos pais
divorciados: a coparenta-lidade positiva e cooperante, um projecto de
binuclearidade familiar e as trajectórias individuais de cada pai -
promoção do "Eu, como pessoa".
O programa destina-se a pais cuja relação com o ex-cônjuge não permite ou
permite com dificuldade uma aliança parental cooperativa. Foi desenhado a
pensar em auxiliar pais com histórias passadas e presentes de conflito
interparental, não olhando à sua intensidade, modelação, tipo, processo ou
causas. A finalidade é, então, contribuir para uma mudança psicológica que
evite ou, pelo menos, atenue a frequência, duração e intensidade de métodos e
processos coparentais desajustados e incompatíveis com o desenvolvimento
adaptado de todos os elementos da família.
Objectivos proximais
1) Dar oportunidade aos pais de partilhar com outros pais que experienciam o
divórcio, os seus atritos conjugais e interparentais, bem como as suas
dificuldades no exercício da coparentalidade.
Compilando as ideias base da investigação empírica, é facilmente perceptível
que, para que os objectivos distais sejam alcançados, isto é para que os pais
sejam capazes de promover uma aliança coparental coesa, é vital fornecer
ferramentas e oportunidades de reflexão sobre as práticas coparentais
presentes. Justifica-se assim este primeiro objectivo proximal.
É também dado adquirido que a possibilidade de privar com outros com histórias
de vida similares contribui para a diminuição do sentimento de isolamento
experiencial (Dygard et al., 2001). A constatação que não se é o único a passar
por certas adversidades promove uma postura mais positiva e optimista. Por
outro lado, uma atmosfera de segurança, confidencialidade e pertença, encoraja
os pais a partilhar sentimentos, condutas e crenças sobre o seu divórcio, as
suas relações interparentais, as potencialidades e dificuldades na adaptação ao
divórcio e as suas visões acerca da (co)parentalidade.
O grupo terapêutico pode funcionar como uma base segura enquanto os
participantes estão a proceder à reorganização das suas vinculações emocionais
(Lamela & Figueiredo, em preparação; Todorski, 1995). A exploração dos
processos de vinculação em settingpsicoterapêutico é excelentemente descrita
por Byng-Hall (1991): "After a shift in the pattern of relationships no
one should feel left out, or end up withless, or no, access to an attachment
figure. If that happens he or she may escalate attachment behavior and pull the
whole system back to the status quo. Therapeutic moves that are successful in
altering the whole pattern of relationships are often those that make sure that
everyone... benefits from the changes"(p. 202).
2) Gerir as emoções envolvidas na desvinculação ao ex-cônjuge
O processo de divórcio obriga os pais a adaptar-se a um conjunto de alterações
nas suas rotinas emocionais e comportamentais (Amato & Keith, 1991). A
dissolução conjugal não é apenas um processo legal, uma vez que obriga a uma
desvinculação afectiva ao ex-cônjuge, para uma evolução pessoal mais positiva.
Este processo de desvinculação emocional, é na maior parte das vezes, temperado
por sentimentos de raiva, frustração e impotência (Ceglian & Gardner,
1999). Um dos objectivos do programa é levar os pais a reflectir sobre como
esses sentimentos, por um lado, têm impacto na sua vida íntima e pessoal e, por
outro, distorcem a imagem parental que construíram do ex-cônjuge. Reflexões
sobre o processo de desvinculação à ex-relação, no sentido de resolver as
emoções envolvidas, são, por conseguinte, empreendidas no PApi.
3) Ajudar os pais na gestão do conflito interparental
O segundo passo na construção de uma aliança coparental é o compromisso de
evitar conflitos e disputas entre os ex-cônjuges. Todavia, romper com padrões
de interacção disfuncionais que se instalaram na forma como os pais vivem a sua
relação, pode ser um exercício de acentuada dificuldade (Macie, 2002). Para
ajudar a diluir o conflito interparental, seja qual for a sua intensidade ou
tonalidade, é necessário, num primeiro momento, levar os pais a perceber o
impacto do conflito no desenvolvimento dos filhos e dos próprios e, num segundo
momento, dotá-los de estratégias eficazes e de fácil aplicação para curto-
circuitar o início e a escalada do conflito.
4) Envolver os pais num projecto de binuclearidade familiar
Macie (2002) observou que jovens adultos cujos pais divorciados apostaram num
projecto de binuclearidade familiar apresentavam menos problemas de adaptação
psicológica do que jovens adultos cujos pais divorciados desenvolveram uma
coparentalidade paralela, com pouca intencionalidade na construção em comum de
um projecto de educação para os filhos. Criar dois núcleos familiares pode ser
tarefa difícil, pois os pais têm de encontrar um equilíbrio apurado entre a
privacidade individual e o acordo de regras básicas na educação e interacção
com os filhos. Um dos objectivos proximais do PApié, por consequência,
proporcionar aos pais estratégias para criar dois lares, estabelecer regras
para os filhos comuns ao núcleo materno e paterno, sem contudo pôr em causa a
privacidade e o novo estilo de vida do ex-cônjuge. A literatura mostra que uma
das formas mais eficazes de auxiliar os pais a iniciarem um compromisso para a
binuclearidade é através da criação de um plano parental, onde estão
estipulados as regras essenciais que devem ser implementadas por ambos os pais
(Whiteside, 1998).
O PApiconvida os participantes no programa a criar, ajustar e gerir um plano
parental. Este plano parental, para ser efectivo e eficaz, deve abranger e
regulamentar seis domínios comuns à parentalidade: a alimentação, rotinas de
sono, higiene, trabalhos de casa e expectativas similares sobre a disciplina e
regulação comportamental dos filhos (Covell, 1999; Tompkins, 1995; Trombetta,
1989). Esta actividade, desenvolvida em role-playing, é um excelente ensaio dos
ajustamentos coparentais que os participantes deverão estar capazes de realizar
no futuro.
5) Reflectir e aprofundar as trajectórias individuais de cada pai -
promoção do "Eu, como pessoa"
Um dos objectivos do PApié ajudar os participantes a reflectir sobre as suas
opções de futuro (Sweeper, 2004). Aprofundar a reflexão acerca das trajectórias
individuais permite que os pais definam novos objectivos para si enquanto
pessoa e enquanto pais.
6) Criar uma nova rede social de suporte
Richmond e Christensen (2001) sustentam que a criação e a recuperação de redes
sociais são um excelente indicador da qualidade do ajustamento ao divórcio. Por
consequência, o PApipretende contribuir para o surgimento de novas teias
relacionais e sociais, bem como para o fortalecimento das existentes.
DESCRIÇÃO-SÍNTESE DAS SESSÕES
De seguida, propomos um breve sumário das sessões do PApi, baseado no manual do
dinamizador de grupo (Lamela, Gonçalves, Castro & Figueiredo, 2007a), que
apresenta a fundamentação teórica e descreve em pormenor a planificação,
objectivos, actividades e tempo proposto para cada uma das sessões. No manual
poderá ainda encontrar algumas recomendações e precauções na aplicação das
sessões. No final do manual, estão prototificadas as fichas informativas que,
em qualquer caso, devem ser ajustadas ao grupo presente. Será relevante referir
que todas as sessões se iniciam com uma actividade de ambientação à sessão,
denominada de "quebra-gelo".
SESSÃO 1: APRESENTAÇÃO E REPRESENTAÇÃO
Objectivos
A primeira sessão é destinada à apresentação do programa. O objectivo é também
começar a criar um ambiente de grupo, propenso à partilha e cooperação. Nesta
sessão, os participantes são ainda inquiridas a respeito de dimensões de
importância para avaliar os possíveis efeitos da intervenção em grupo.
Materiais
Bateria de instrumentos de avaliação pré-intervenção; Materiais para
actividades de quebra-gelo; Ficha informacional sobre as orientações do
programa e conteúdos que serão explorados.
Actividades
É feita a apresentação do grupo e dos dinamizadores. Cada participante preenche
individualmente os instrumentos necessários à avaliação da eficácia do
programa. Introduzem-se os objectivos, temas e tarefas que serão propostos
durante a sessão. Segue-se a exposição e discussão (perguntas-respostas) dos
conceitos-chave (Coparentalidade, Binuclearidade e Trajectórias) e da filosofia
de intervenção em grupo PApi. O grupo é depois convidado a formar regras para o
seu funcionamento.
SESSÃO 2: UM ACORDO PARA O CUIDADO: MISSÃO (IM)POSSÍVEL?
(PARTE I - OS COMPORTAMENTOS)
Objectivos
A finalidade desta sessão é conduzir os participantes a reconhecer pistas e
sinais de raiva, hostilidade e conflito interparental na relação com o ex-
cônjuge. Os pais são conduzidos a discutir sobre as razões que os levam a
entrar em conflito com o ex-cônjuge. É também relevante propor que reflictam
acerca de como a hostilidade e o conflito interparental tem impacto no
desenvolvimento dos seus filhos. Discutir e reflectir acerca das estratégias
que costumam ser utilizadas no controlo do conflito é um propósito principal
desta sessão.
Materiais
Material para actividade quebra-gelo inicial; Q-Sort para o Conflito
Interparental (Lamela et al., 2007a); Folhas para as Soluções do conflito
interparental; Ficha informacional sobre o tema da sessão.
Actividades
Depois da actividade quebra-gelo inicial, o tema da sessão é introduzido, com
uma breve definição de conflito interparental e de possíveis estratégias para o
resolver. De seguida, é pedido aos participantes que escrevam as perguntas que
gostariam ver respondidas sobre o tema da sessão, em 3 a 5 pequenos cartões em
branco que lhe são entregues para o efeito (as perguntas são respondidas na
sessão seguinte). Os pais são posteriormente conduzidos a discutir e reflectir
acerca das situações de conflito interparental e das estratégias que costumam
utilizar no controlo do conflito.
SESSÃO 3: UM ACORDO PARA O CUIDADO:MISSÃO (IM)POSSÍVEL?
(PARTE II - AS EMOÇÕES)
Objectivos
Responder às perguntas postas pelos pais na sessão anterior, oferecendo um
referencial psico-educacional para o conflito interparental (temas, tipologias,
causas e consequências para os pais e crianças), é um primeiro objectivo da
sessão. Depois de terem sido trabalhadas as componentes comportamental e
cognitiva-emocional envolvidas nos processos de conflito, o propósito é
reflectir com os participantes acerca do impacto desse conflito nos diversos
membros da família. Um segundo objectivo da sessão é pois considerar as
consequências emocionais do conflito nos pais e em especial nas crianças.
Materiais
Fichas informativas sobre a definição do conflito, as consequências da
exposição ao conflito e orientações de como identificar pistas indicadoras de
conflito; Papel de Carta para todos os participantes; Ficha informatiza sobre o
tema da sessão.
Actividades
A primeira actividade é dar resposta às perguntas e dúvidas que os pais
levantaram na sessão anterior. A exposição teórica, que deverá ser interactiva
e a mais sucinta possível, versando o conflito parental e as suas
consequências, resume e dá consistência científica a todas as reflexões e
actividades desenvolvidas. Num segundo momento, é lido um excerto de um diário
de uma jovem mulher que relata a sua experiência como filha de pais
divorciados. O excerto é um excelente mote para introduzir as mudanças
emocionais que o divórcio e o conflito litigante e disruptivo dos pais podem
transportar para os filhos. Depois de uma breve discussão, os participantes são
convidados, na sua qualidade de pais separados, a responder por carta aos
sentimentos, medos e esperanças descritas no excerto apresentado.
SESSÃO 4: ADEUS, ATÉ SEMPRE! UM MAPA PRECISA-SE: FAZENDO OPÇÕES...
Objectivos
A finalidade da sessão é proporcionar um espaço de partilha experiencial
condicional, no qual os participantes têm oportunidade de compartilhar dúvidas,
mágoas, ressentimentos e emoções sobre o divórcio e o período de adaptação que
se sucedeu. Desta forma, o programa dá espaço aos pais para discutir as várias
facetas do divórcio, reflectindo se já fizeram o divórcio emocional do
casamento.
Materiais
Material para actividade de acolhimento inicial; Ficha informativa sobre o tema
da sessão.
Actividades
A sessão é essencialmente destinada ao debate e à discussão. É proposto aos
participantes que, num primeiro momento, partilhem a sua visão sobre o divórcio
e o modo como alterou, positiva e negativamente, as suas vidas. Num segundo
momento, o debate é orientado para os pais reflectirem sobre a seguinte
questão: "Será que estou divorciado/a do meu casamento?"
SESSÃO 5: TRABALHANDO OS VÍNCULOS
Objectivos
É proposto auxiliar os participantes a iniciar um equilíbrio da
vinculaçãodepois do divórcio (Lamela et al., em preparação; Todorski, 1995),
através da reflexão de expressões menos adaptativas de comportamentos de
vinculação que podem interferir com a resolução do divórcio, causando
dificuldades na futura co-parentilidade e no funcionamento familiar.
Materiais
Cartões do Q-set Comportamentos de care-seeking antes e após o divórcio(Lamela
et al., 2007a); Cópias da actividade Tricotando as minhas redes sociais(Lamela
et al., 2007a); Ficha informativa sobre o tema da sessão.
Actividades
Com a finalidade de sensibilizar os participantes para a ideia de que a
adaptação ao divórcio está associada ao redireccionar da procura de cuidados
emocionais e instrumentais (diminuindo o relevo do ex-cônjuge como figura de
vinculação e prestador preferencial de cuidados), a sessão inicia-se com uma
breve exposição interactiva seguida de debate sobre o tema relações conjugais
enquanto relações de vinculação. Posteriormente, é proposto aos participantes,
através dos cartões do Q-set, que mencionem quais eram os cuidados
providenciados pelo ex-cônjuge antes do casamento e como é que os participantes
satisfazem ou pensam satisfazer esses cuidados após o divórcio, uma vez que a
disponibilidade do ex-cônjuge não existe ou está mais limitada. Por fim, os
pais são convidados a reflectirem individualmente sobre o número de elementos
da sua rede social, bem como sobre a frequência, intensidade, finalidade e grau
de satisfação desses contactos sociais.
SESSÃO 6: GERINDO EMOÇÕES...
Objectivos
Os participantes exploram as emoções negativas, como a raiva e ressentimento; a
finalidade é reflectir sobre a adaptabilidade destas emoções. Um outro
objectivo da sessão é colocar os pais a reconhecer e compreender os seus
pensamentos distorcidos sobre o outro pai, reflectindo sobre como a dissolução
emocional do casamento pode influenciar a relação coparental e os processos de
identidade individual (Willén & Montgomery, 2006).
Materiais
Papéis e lápis de cor; Cópias dos enunciados das actividades da sessão; Ficha
informacional sobre o tema da sessão.
Actividades
A primeira actividade convida os pais a racionalizar as perdas e os ganhos do
divórcio. De seguida, é apresentada a Árvore do Futuro. Esta actividade foi
baseada no modelo em árvore para as trajectórias desenvolvimentais, teorizado
por Sroufe (1997). A reflexão pessoal centra-se nas perguntas: "Eu daqui
a 5 anos, como quero ser? O que é preciso para atingi-lo?e "Daqui a 5
anos, que tipo de relação terei com o meu ex-cônjuge?" O que é preciso
para atingi-lo?Estas actividades deverão permitir descentrar os participantes
do presente e das características das relações no presente e centrá-los no que
poderá e deverá ser melhor no futuro, orientando-os para a busca de soluções e
alternativas que possibilitarão o alcance dos objectivos.
SESSÃO 7: OPERAÇÃO STOP AO CONFLITO
Objectivos
É apresentado aos participantes o ciclo de conflito. São mostradas formas de
evitar ou resolver o conflito. Os participantes são convidados a desenvolver
competências efectivas de comunicação e de escuta e a discutir as vantagens de
uma verdadeira comunicação entre pais na educação dos filhos.
Materiais
Papel e cópias do enunciado da actividade inicial de acolhimento; Ficha
informacional sobre o tema da sessão.
Actividades
A sessão inicia-se com a exposição interactiva das técnicas de gestão e
controlo do conflito interparental. Desenvolve-se em volta de um role playem
pequeno grupo, em que os pais são convidados a simular uma conversa em que um
dos intervenientes está motivado e empenhado em provocar uma discussão e o
outro terá que utilizar as técnicas que foram apresentadas. De seguida, os
papéis invertem-se. Escutar a opinião dos participantes após esta actividade
traz grandes benefícios no aperfeiçoamento das técnicas de gestão e controlo do
conflito interparental.
SESSÃO 8: OPERACIONALIZANDO O STOP AO CONFLITO
Objectivos
A principal finalidade desta sessão é dar continuidade prática à sessão
anterior, através da validação e do empowermentdas estratégias já utilizadas
pelos pais para o controlo e evitamento da hostilidade e conflito
interparental. O segundo objectivo é apresentar e treinar algumas estratégias
eficazes na gestão do conflito na díade parental.
Materiais
Cartões do Q-set Estratégias activas de gestão do conflito e promotoras de
soluções positivas de comunicação parental;Ficha informacional sobre o tema da
sessão.
Actividades
Os participantes são convidados a debater as estratégias que foram trabalhadas
na sessão anterior. A finalidade é colocar os pais a reflectir sobre a
viabilidade e eficácia de tais estratégias. De seguida, são apresentados 20
cartões, em cada um dos cartões figura uma possível estratégia de gestão do
conflito. Em pequenos grupos, os pais são conduzidos a debater sobre a
fiabilidade e eficácia das estratégias propostas. Por fim, os participantes são
desafiados, através de um role-play, a pôr em prática supervisionada as
estratégias que consideraram como mais válidas e promotoras de uma relação
parental positiva.
SESSÃO 9: PALAVRA-CHAVE: NEGOCIAR E NEGOCIAR E NEGOCIAR A BEM DOS NOSSOS FILHOS
Objectivos
O objectivo primordial desta sessão é levar os pais a compreender os
benefícios, tanto para eles próprios como para os filhos, da aliança e das
estratégias de negociação de conflitos coparentais. Técnicas de resolução de
problemas e competências de gestão da relação são debatidas e apresentadas aos
elementos do grupo.
Materiais
Materiais para a actividade quebra-gelo inicial; Ficha informacional sobre
técnicas de negociação interparental; Ficha informacional sobre o tema da
sessão.
Actividades
Os participantes são convidados a debater os benefícios para todos os membros
da família, em especial para os filhos, da utilização da negociação entre os
pais. De seguida, e após ter sido apresentado o conceito, as estratégias de
construção e implementação de um plano parental, é proposto a cada pai que
construa um plano parental ajustado às necessidades da própria família.
SESSÃO 10: SERMOS PAIS EM CONJUNTO - UMA EQUAÇÃO PARA TODA A VIDA
Objectivos
O objectivo primordial é debater com os pais as consequências que a
participação no PApiteve na sua parentalidade e relação coparental. Escutar os
participantes sobre a condução do programa é importante.
Materiais
Cópias dos instrumentos utilizados na avaliação do programa.
Actividades
A actividade principal desta sessão a materializar os passos que os pais
poderão dar para melhorar a sua relação coparental com o ex-cônjuge. O debate
final é destinado à compreensão das opiniões dos participantes quanto ao
programa em si. Posteriormente, procede-se à reaplicação dos instrumentos de
avaliação já administrados no início do programa.
QUADRO_1
CONCLUSÃO
Pais por Inteiroé um programa de intervenção que foi concebido e desenvolvido
no Serviço de Consulta Psicológica e Desenvolvimento Humano da Universidade do
Minho. Actualmente, está a decorrer a sua validação no âmbito do Projecto de
Estudo Longitudinal dos Processos e Trajectórias de Adaptação Familiar ao
Divórcio.
O programa PApiprevê três momentos de avaliação da eficácia psicoterapêutica:
um momento de pré-intervenção, um momento pós-intervenção e um momento follow-
up, 12 meses após a sua finalização. O processo de validação contará com a
participação de 100 díades parentais no grupo experimental - ou seja, 200
participantes, divididos em grupos de 10 elementos - e 100 díades
parentais no grupo de controlo, sendo que estes participantes não serão
integrados em nenhuma modalidade de intervenção psicoterapêutica.
A eficácia do PApiserá avaliada através da comparação dos resultados dos pais
(participantes versusem lista de espera): (1) Questionário de Levantamento
Sócio-Demográfico(QLSD, Lamela, Pereira, Castro, Gonçalves, & Figueiredo,
2007) para reunir informação sobre os domínios da vida dos participantes que
têm relevo para a validação; (2) Questionário das Razões do Divórcio(QRaD,
Lamela, Pereira, Castro, Gonçalves, & Figueiredo, 2008); (3) Brief Sympton
Inventory(BSI, Derogatis & Melisaratos, 1983; versão portuguesa Canavarro,
1999) para medir os índices de psicopatologia geral; (4) Divorce Adjustment
Inventory - Revised(DAI-R; Portes, Smith, & Brown, 2000; versão
portuguesa em validação por Gonçalves, Lamela, Castro & Figueiredo, 2006)
para avaliar o ajustamento ao divórcio dos participantes; (5) Revised Conflict
Tactics Scales(CTS2, Straus, Hamby, Boney-McCoy, & Sugarman, 1996; versão
portuguesa de Paiva & Figueiredo, 2006) para medir as técnicas de
resolução, gestão e negociação de conflitos; (6) Parenting Alliance Measure
(PAM, Abidin & Konold, 1999; versão portuguesa em validação por Lamela,
Gonçalves, Castro, & Figueiredo, 2006).
Dessa feita, Pais por Inteiroé um contributo para a intervenção em grupo com
pais divorciados em Portugal. Na avaliação-piloto da aplicação da primeira
versão do programa, melhorias significativas foram registadas, no ajustamento
ao divórcio e na aliança coparental nos pais participantes, em comparação o
grupo de controlo (Lamela, Gonçalves, Castro, & Figueiredo, 2007b). Estes
resultados preliminares dão conta que o PApi - Pais por Inteiroé um
programa que promove o ajustamento ao divórcio dos pais, sublinhando a
coparentalidade, a binuclearidade e as trajectórias individuais como nuclear à
adaptação a esta nova configuração familiar.