On-Line Off-Line: Internet e democracia na sociedade de informação
Um dos poucos conhecimentos garantidos no debate multissectorial a respeito do
impacte das modernas tecnologias de informação e comunicação sobre a política,
a economia e a sociedade, tanto nos países industrializados como nos em
desenvolvimento, é que apenas as nações que detêm acesso a essas tecnologias e
que sabem captar as oportunidades por elas proporcionadas estão preparadas para
os desafios do século XXI. Prevalece o consenso de que, na verdade, nos
encontramos apenas no início da transição da sociedade industrial para a
sociedade de informação, muito embora essa mudança se acompanhe de inovações
tecnológicas tão radicais em uma velocidade sem precedentes.1
O mundo da iminente era da informação tem sido marcado por numerosas
ambivalências. Isto não é nenhuma novidade na história da tecnologia, mas,
desta vez, as inovações assumem uma feição particular que lhe atribuem um
significado de destaque.
Neste pano de fundo, os estudos recaem sobre duas das mais críticas e
predominantemente discutidas tendências de desenvolvimento, assim como sobre as
múltiplas implicações políticas, sociais e económicas associadas a essas
tendências:
- perigo de uma cisão da sociedade local e global em uma camada on-line e um
proletariado off-line;
- a penetração do mundo da rede através dos negócios e do crime, cujo ónus é
pago pelos cidadãos da rede.
Em resultado, deve ter-se em conta que no caminho da sociedade de informação se
delineiam outras tendências de desenvolvimento que prometem um futuro com mais
exclusão do que integração e mais conflito do que consenso.
As consequências da entrada das novas tecnologias de comunicação no cenário
global não apenas aponta para uma diferença mais acentuada entre países ricos e
industrializados e o resto do mundo, mas também fortalece mais ainda as
desigualdades internas nos países em desenvolvimento.
Ao lado da má distribuição de alimentos, energia e matéria-prima, vem ainda a
desigualdade na distribuição dos bens não palpáveis, como conhecimento e
capacidade. Além disto, hoje em dia, já se sabe que as novas tecnologias e
meios de informação no ambiente de trabalho dos países mais industrializados
não trará, pelo menos a médio prazo, consequências económicas relevantes no que
diz respeito à criação de novos empregos. O progresso, nesses países, mostra
mais claramente que, como em nenhuma outra revolução tecnológica anterior, o
trabalho humano pode ser eliminado através da racionalização.
Um outro descaminho nos leva a uma situação na qual o círculo de grandes
utilizadores e aproveitadores das novas tecnologias consistem em cidadãos
contemporâneos potencialmente perigosos, ou seja, pouco sérios e sociais: o
complexo militar, o ambiente criminal, assim como os membros dos clubes
exclusivos dos média e das grandes multinacionais. A tecnologia tem-se
desenvolvido tão rapidamente que se desviou da política e da moral.
Os grandes perdedores são hoje mais do que nunca aquelas faixas sociais
pertencentes ao proletariado off-line. Estes são cada vez mais excluídos do
mercado de trabalho, da informação, dos conhecimentos e técnicas e, por isso
mesmo, de um futuro melhor. Perante estes problemas, faz-se necessário o
empowerment das pessoas. O objectivo de uma nova política deveria ser o de
incutir, desde o início, nos processos de decisões políticas o senso de
responsabilidade pessoal, o poder de construção e a criatividade dos cidadãos.
A revolução da informação
O conceito de sociedade de informação estabeleceu-se nos países de língua
inglesa e alemã como um novo paradigma político.2Nos Estados Unidos,
particularmente, Daniel Bell, desde os anos 70, e autores como Alvin Toffler,
nos anos 80, cunharam o debate sobre o futuro económico, político e social da
sociedade industrial.3 Segundo a definição do filósofo dos média, Vilém
Flusser, que durante muitos anos exercia a actividade docente no Brasil, pode
entender-se sociedade de informação como aquela estrutura social na qual a
geração, o processamento e a disseminação de informações ocupam uma posição
central. Neste caso, refere-se à contínua expansão do sector terciário nos
países industrializados.4
Também a respeito da nova ordem mundial na era da informação pouca dúvida
existe: de acordo com a visão de dois ex-funcionários de alto escalão na
Administração Clinton, Joseph S. Nye Jr. e William Owens, novas tecnologias com
múltiplas aplicações, inclusive militares, virão a ser consideradas, nos mais
altos círculos governamentais dos EUA, como um meio de alcançar uma posição de
dominância global no próximo século.5 No seu artigo "Americas Information
Edge" ("A Vantagem competitiva dos EUA através da Informação"),
publicado na revista Foreign Affairs de Março/Abril 1996, fundamenta-se no
seguinte:
Conhecimento, mais do que nunca, significa poder. O país que melhor souber
conduzir a revolução da informação será o mais poderoso. E, ao que se pode
prever, este país chama-se Estados Unidos ( ) Contudo, nesta comparação, a mais
subtil das vantagens é sua capacidade de colectar, processar, utilizar e
disseminar informações 6
Esta vantagem no uso de computadores e de redes de informações e comunicações
deverá fazer dos EUA o vencedor do século XXI.
Observando-se o resto do mundo, como constata o cientista de comunicações
Herbert I. Schiller, não se escuta uma palavra sequer sobre igualdade e
cooperação global.7 E o conhecimento como uma nova fonte de riqueza é tão pouco
compartilhado entre os parceiros do Atlântico e os europeus quanto a terra
cultivável ou o capital de outrora. Já na segunda metade dos anos 80 se sabia
que os EUA, devido ao seu avanço tecnológico na colecta, armazenamento,
processamento e transmissão de informações concentravam em seus bancos de dados
cerca de 80% de todas as informações técnico-científicas acessíveis a consultas
directas.8 Quanto aos países em desenvolvimento e em transição, parte-se do
princípio de que estes têm hoje menos chances do que jamais de ter acesso ao
know-how dos information rich dos países do G-7.
Isto traz uma segunda interpretação para o significado de sociedade de
informação, conforme definida por Flusser, uma comunidade cujo interesse
existencial se concentra no intercâmbio de informações,9um desejo declarado do
grupo dos países tidos como information poor que desde já se vislumbra.
Esta visão das perspectivas globais de desenvolvimento na era da informação já
nos mostra uma das novas e muitas encruzilhadas que podem levar-nos a
descaminhos políticos. Do ponto de vista global, a direcção estabelecida pelo
governo americano, na forma acima descrita, representa um caminho, no mínimo
questionável, no sentido político-económico. O correspondente para assuntos
económicos da revista Newsweek, Michael Hirsh, vê nesta política económica
externa um descaminho. Na sua opinião, relações comerciais lucrativas, as assim
chamadas dual-use export, só serão possíveis no século XXI com países aos quais
se possibilite também o uso civil de inovações tecnológicas através da
transferência do conhecimento.10
Apesar das restrições na exportação de alta tecnologia, as tecnologias de base,
se pelo menos disponíveis e ainda que a alto custo, proporcionam hoje a todos
os países do mundo um grande número de vantagens e oportunidades de
desenvolvimento. Para os usuários on-line e empresas interligadas em redes
regionais ou globais apresenta-se um potencial revolucionário: a internet e as
modernas redes de computadores mudam as estruturas dos processos de trabalho
nas empresas e levam ao aumento de produtividade. Além disto, abrem canais de
comunicação totalmente novos para informações civis em torno do globo;
facilitam ONG a envolverem-se em questões sociais, promovem o entendimento
internacional e geram novas formas de interacção directa entre cidadãos e
políticos.11
Junta-se a isto uma enorme redução no custo das comunicações internacionais e
particularmente de todos os produtos e serviços passíveis de serem transmitidos
digitalmente, entre eles, produtos de software e multimédia (vídeo, música,
jogos, reservas de passagens) e também de produtos que, cada vez mais, são
encomendados pela rede e entregues por meios físicos, como no caso da
distribuidora de livros Amazon. com e do mercado virtual de automóveis,
CarPoint.
On-line off-line
Nenhuma conexão sob esta política
12
Primeiramente, deve observar-se aqui que nessa enorme distância tecnológica
entre os países mais industrializados e os menos industrializados, os críticos
vêem uma prova de que, no que diz respeito a políticas de fomento à
transferência de tecnologia, tudo que poderia dar errado até agora deu errado.
O dilema agravou-se mais ainda com a má governanção em muitos dos países em
desenvolvimento e em transição. Além disto, estados governados autoritária e
totalitariamente na África e na Ásia, em particular, têm-se fechado
parcialmente ou, de facto, colocado obstáculos à entrada de novas tecnologias.
Na área de telecomunicações, já em 1985 o Maitland-Report, um estudo da UIT
União Internacional de Telecomunicações expressou com extrema clareza, sob o
título The Missing Link, que esta tecnologia não é resultado de desenvolvimento
económico mas sim a suapremissa.13 As grandes esperanças dos países em
desenvolvimento de poderem superar mais rapidamente parte de seus défices em
infra-estrutura com a ajuda destas novas tecnologias tornaram-se, por fim
evidentes na Information Society and Development Conference no mês de Maio de
1996, em Midrand, na África do Sul. A conferência, realizada com o apoio da
Comissão da UE e com a participação de 40 países, inclusive o Brasil, e de 18
organizações internacionais, apresentou no Chair's Conclusion uma ampla agenda
de providências para cooperação internacional.
Esta iniciativa, além de ter tido pouco sucesso, desvendou para o público
mundial défices significativos até então desconhecidos. No seu discurso de
inauguração, o presidente da conferência, Thabo Mbeki, explicou, por exemplo,
que em Manhattan existem mais acessos telefónicos do que em todo o território
africano ao sul do Sara e também que metade da população mundial jamais
realizou um telefonema na sua vida.14O acesso à linha telefónica constitui a
premissa técnica básica da sociedade de informação. Através dela, qualquer
pessoa que possua um computador, acrescentando um modem, se pode integrar à
internet e comunicar globalmente.
No ano de 1995, somente 12% da população mundial, ou seja, cerca de 600 milhões
entre 5,7 mil milhões de pessoas possuíam um acesso à rede de telefonia. Os EUA
contam com o mais alto índice de acesso, 59,5 por cada 100 habitantes. Da mesma
forma, na República Federal da Alemanha, quase 40 milhões de cidadãos, num
total de aproximadamente 80 milhões, já dispõem de uma linha telefónica
simples.15 A média nos países do G-7 se situa acima de 50 acessos. A China e as
Filipinas atingiram apenas 2,3 e 1,7 acessos, respectivamente.16
No que tange à internet, a segregação mencionada da população numa classe alta
on-line e o proletariado off-line se torna especialmente significativa. No ano
de 1998, conta-se cerca de 100 milhões de usuários, ou seja, 1,7% numa
população mundial de cerca de seis mil milhões. Mesmo com a mais optimista das
estimativas, o número de usuários da internet situar-se-á, no ano 2000, somente
entre 3% e 4% da população mundial. A maior parte, sem dúvida, consiste em uma
faixa alta on-line nos EUA e na Europa. No ano de 1997, cerca de 50% dos
surfistas da internet eram dos EUA; 30%, da Europa; 5%, do Japão; e somente
15%, do chamado resto do mundo.17 Enquanto isto, na Alemanha, as estimativas
sobre o potencial on-line estão a ser corrigidas para baixo por fontes sérias.
Aqui, a adesão ocorrerá a mais longo prazo, sendo o potencial de apenas de oito
milhões, ou seja, somente 10% dos 80 milhões da população.18
Tendo em vista o lado oposto do mundo em desenvolvimento, permanecem duvidosos,
nesta comparação internacional, a magnitude do impacte da internet e o seu
significado na vida da maioria dos cidadãos. Além disto, novos estudos sobre o
assunto indicam que um uso orientado da internet pode proporcionar negócios,
entretenimento e a comercialização de informações relacionadas dotados de uma
feição humana, participativa e social, configurando-se cada vez mais na
situação almejada.19
O futuro do trabalho
Isto tudo também diz respeito à discutida questão do futuro do trabalho. O
termo proletariado off-line abrange não somente aquelas amplas faixas da
população nos países industrializados e naqueles em desenvolvimento, que, por
falta de conexão telefónica e de possibilidades financeiras para a compra de um
computador com modem já não têm, desde o início, oportunidade de participar dos
esperados avanços na economia, no mercado de trabalho e na sociedade. Assim,
este termo engloba também a segunda dimensão de uma qualitativamente nova forma
de desemprego, gerada agora pelas novas tecnologias.
Há cerca de 200 anos, com a invenção da máquina a vapor, gerou-se uma
tecnologia que podia substituir a força muscular humana. As novas tecnologias
computadorizadas possibilitam agora a substituição da mente humana
(menschlichen Geist) e, em numerosas áreas da vida económica, o ser humano é
excluído pela máquina pensante.20 Dentro do conceito de trabalho, isto
significa que através do desenvolvimento de novos hardwares e softwares, por
princípio, qualquer pessoa que se ocupe com o uso das mãos ou da mente pode
ficar sem trabalho ou ser desqualificado. O marceneiro instruído trabalha na
serralharia máquinas dirigidas por computador e as suas capacidades artesanais
aprendidas ao longo do tempo já não são necessárias. O tradutor com diploma
universitário, assim como o consultor financeiro, o funcionário do banco e os
escrivães, deverão tornar-se algum dia supérfluos por causa dos programas de
computador.
Preponderantemente, cargos menos qualificados, com tarefas de rotina, são
eliminados pela racionalização do trabalho, enquanto posições inovadoras são
mais seguras, casos estes que correspondem a perfis dinâmicos demandados pela
indústria da informação. Pois também os modernos knowledge workers, dos quais
fazem parte hoje empresários, gerentes, engenheiros, juristas, corretores da
bolsa ou docentes universitários, não estão, por princípio, a salvo da
possibilidade de racionalização e suas consequências socioeconómicas. Estas
profissões, baseadas em raciocínio (brain-based), podem ser tão atingidas como
o trabalhador fabril subalterno e o empregado de escritório, gerando uma nova
forma de igualdade, que se torna o significado social da era da informação:
forma-se um segundo proletariado em paralelo e, desta vez, proeminentemente
ocupado em relação ao primeiro.21
Cento e cinqüenta anos após a publicação do Manifesto Comunista, novas formas
de proletariado são geradas pela globalização e pelo crescente desemprego em
todo o mundo. A diferença histórica e política está em que ninguém explora este
proletariado off-line porque não há mais nada a explorar. Já que o futuro se
configura de fábricas quase desabitadas e firmas virtuais, cada nação deve
preocupar-se com a questão do que pode ser feito com os milhões de homens cuja
força de trabalho será cada vez menos requisitada ou não mais necessária. Esta
problemática fica evidente num país altamente desenvolvido como a Alemanha
através dos sucessos da racionalização nas actividades produtivas e nas minas
de carvão. Ao mesmo tempo que as empresas auferem vendas e lucros cada vez
maiores, o número de empregados, em quatro anos, reduziu-se em cerca de 1,2
milhões.22 Este cenário caracteriza a actual transferência da sociedade
industrial para a de serviços e de informação, e o potencial de racionalização
é também enorme no sector terciário: no comércio poderiam ser dispensados 51%
dos empregos, e na administração pública e nos bancos até 61%.23 Já no ano de
1993, reputados consultores de empresas constataram que, com o aproveitamento
das técnicas disponíveis, poderiam ser eliminados teoricamente cerca de nove
milhões de postos de trabalho na Alemanha, elevando a taxa de desemprego de 10%
para aproximadamente 38%.24
Este saldo negativo contrasta significativamente com o número de novos postos
de trabalho gerados e anunciados pela indústria da tecnologia da informação. O
ex-ministro do Trabalho dos EUA e professor de política e ciências económicas,
Robert Reich, enumerou uma quantidade de novas áreas profissionais na nova
economia mundial, mas estas, na sua opinião, vêm, da mesma forma, somente a
favor de uma pequena elite global ou virtual.25 E na Europa pressente-se que os
tão propagados empregos à distância ou novas áreas profissionais só podem ser
ocupados, em grande parte, por pessoal que se disponha a uma reeducação
profissional. Perante uma taxa de desemprego superior a 10%, a discussão hoje,
na Alemanha, restringe-se ao problema de quantos empregos podem serpreservados
através de um reequipamento das empresas com recursos de multimédia.26
Negócios e crime versus cidadãos da rede (Netizen)
Os que auferem maiores benefícios das tecnologias de informação
Nas brochuras das nações do G-7 lê-se, no entanto, que a era da informação
promete uma recompensa atraente (the rewards for all can be enticing).27 Esta
recompensa, contudo, apenas pode chegar para aqueles que se coloquem no
contexto de trabalho das novas tecnologias de telecomunicações e dos média. Se
nos perguntarmos quais os grandes utilizadores e aproveitadores das novas
tecnologias de informações e comunicações, não conseguimos ver o simples
cidadão da rede, mas o militar, o mundo dos negócios e o ambiente criminal, em
primeiro lugar.28
As forças armadas sempre usaram com proveito as novas tecnologias, vindo o uso
civil somente em segundo lugar. Desta forma, a tecnologia da internet deveria
também, em primeiro lugar, servir aos objectivos militares. A arpanet original
foi criada em 1969 pela Advanced Research Project Agency, um órgão de pesquisa
do Departamento de Defesa dos EUA, para que, no caso de um primeiro ataque
militar ao bloco ocidental, eles pudessem dispor de algumas partes da rede que,
mesmo sob destruição, permanecessem seguras contra perdas no sistema de
comunicação.
A infra-estrutura de comunicação das redes militares, desenvolvida na época da
intimidação nuclear, possibilita aos Estados Unidos ter hoje uma coleção única
de informações secretas através do ISR (intelligence collection, surveillance
and reconaissance), assim como a possibilidade de direccionar e controlar as
ações militares no mundo inteiro através de uma tecnologia avançada C4I:
comando, controlo, comunicação, computarização e inteligência. Conforme a visão
dos cientistas políticos já citados no início, Nye Jr. e Owens, os EUA fiam-se
nessas capacidades para que, em caso de conflito em qualquer parte do mundo,
possam impor, sem pressão ou ameaça, seus próprios objetivos políticos através
do soft power.29
Depois de findo o antagonismo Leste-Oeste, as tecnologias de vigilância foram
também colocadas à disposição de estados aliados, mas para servir objectivos
primordialmente não militares em instalações governamentais, diplomáticas,
organizacionais e económicas. Na Europa, a National Security Agency (NSA) dos
EUA, com seu echelon-system, controla rotineiramente todos os e-mails,
telefonemas e fax de todas as áreas, e prossegue a investigá-los em busca de
palavras-chave.30
Além de constituir de um controlo nada democrático, este sistema de escuta,
conforme informações de insiders, evidencia também o problema interno de
imprudência e uso inadequado das tecnologias existentes, como, por exemplo, o
caso de vigilância aparentemente arbitrária das comunicações de ONG como a
Amnesty International (Amnistia Internacional) e o Christian Aid (Auxílio
Cristão). O combate ao crime, a perseguição a terroristas e a espionagem
militar continuam a ser os pontos-chave, mas também é realizada pelos EUA a
espionagem económica direccionada a todos os países que mantêm transacções
comerciais com o GATT.31
No uso da internet, o cidadão fica entregue não só a práticas como essas,
questionáveis do ponto de vista democrático, como também ao totalitarismo
comercial.32 Junto com a crescente comercialização via internet, que nos
últimos tempos já avançou tanto que, na Alemanha, não se pode procurar um
número telefónico na internet sem ser convidado a visitar uma homepage
pornográfica,33 os negócios lucram como nunca com as múltiplas possibilidades
para produtos não palpáveis no mercado global. Neste particular, pratica-se em
grande estilo o global sourcing, ou seja, a transferência de áreas inteiras de
produção para a Ásia, a América Latina e a Rússia.
Até agora, as maiores percentagens de crescimento na produção de software são
registados na Índia.34 Em primeiro lugar, inclui-se a área de data entry, a
entrada e correcção em massa de textos e dados, na maioria dos casos em inglês.
Aqui, o trabalho à distância é realizado na sua forma mais pura, indicando uma
outra perspectiva para o futuro do já mencionado problema: campo de trabalho.
Sem o amparo de um sistema oficial de segurança social, jovens entre 26 e 32
anos trabalham por um salário imbativelmente baixo em comparação com a
realidade americana e europeia ocidental, recebendo inicialmente 10.000 rupias
por mês, ou seja, cerca de 335 dólares com horas extras incluídas regularmente.
Além disto, surgiu, entre outros, o assim chamado body shopping executado por
especialistas indianos, que, por um preço igualmente baixo, trabalham como mão-
de-obra temporária imigrante nos EUA durante vários meses, na maioria dos casos
em trabalhos de rotina, como o desenvolvimento de software simples ou a
conversão de programas antigos para rodar sob novos sistemas operacionais.
Até aos dias de hoje, a entrada manual de textos e dados para bancos, empresas
de seguro, companhias aéreas e outros empreendimentos, no mundo ocidental, é
ainda mais barata que o uso de scanner e de computadores especiais capazes de
ler textos escritos à mão. Mas inovações nesta área não podem ser retardadas e
neste meio tempo estão sendo desenvolvidos também computadores que se podem
programar a si mesmos. De mais a mais, os Indianos lançaram-se na concorrência
global apesar das suas baixas remunerações, ainda que haja, ao mesmo tempo,
profissionais mais caros e mais exigentes. Desta forma, as empresas
multinacionais buscam cada vez mais novas reservas de recursos humanos pós-
industriais, procurando assim, força de trabalho mais barata na República
Popular da China ou buscando programadores de segunda geração, mais bem
preparados, na Hungria, Bulgária, Rússia e também na América Latina.
Com estas actividades de primeira geração, a Índia nãoé mais, estruturalmente e
em sua maior parte, do que uma espécie de extensão da bancada de trabalho da
indústria de software da Europa e dos EUA.35 A segunda geração que desponta
deve ser relativamente mais barata e mais bem formada e deverá saber dispor da
assim chamada inteligência de mercado. Desta segunda geração ainda não faz
parte a Índia, pois apenas 35% de todas as empresas indianas de software têm
capacidade para levar a cabo tarefas complexas e contratos estrangeiros
exigentes, sendo que somente 10% dispõem de uma experiência produtiva capaz de
satisfazer as exigências de qualidade do mundo ocidental.36
Para um país em transição como, por exemplo, o Brasil, as oportunidades para
uma integração bem sucedida no mercado mundial situam-se no domínio desta
segunda geração, numa indústria altamente qualificada de processamento de
informações voltada para a exportação.37 Depois da Índia e da Rússia, o Brasil
desponta hoje como o terceiro na lista de países que negociam com sucesso o
desenvolvimento de tecnologia de informação off-shore.38 Como no caso da Índia,
os efeitos ambivalentes de uma integração na comunidade global merecem, no
mínimo, ser lembrados aqui em relação à economia e aos negócios brasileiros.39
Um terceiro grupo que tira grandes proveito das novas tecnologias é formado por
criminosos tecnologicamente versáteis. A criminalidade organizada, os
traficantes de drogas, os lavadores de dinheiro, os disseminadores de
pornografia, os radicais de direita, os fanáticos religiosos e os terroristas
têm, todos, os seus homepages e estão a navegar pela www. Todos estes executam,
através da rede, negócios de todo tipo e dispõem de mecanismos modernos de
criptografia que lhes possibilitam o livre intercâmbio de informações.
Numerosos casos de pornografia com crianças, actividades radicais de direita e
agressões cibernéticas de hackers a diferentes administrações governamentais
foram manchetes em 1996. Se se juntar a isto, ainda em meados de 1996, as
advertências do director da CIA, John Deutch, que esboçou perante uma comissão
do Senado dos EUA um cenário futuro de guerras cibernéticas travadas por
terroristas high-tech, The net wars and cyber wars. Na sua visão, o electrão é
the ultimate precision-guided weapon (a mais precisa das armas dirigíveis), com
a qual se pode penetrar de forma relativamente simples e barata sistemas de
informações previamente seleccionados. As novas armas do information warfare
(guerras de informação) são softwares de computadores, como as chamadas bombas
lógicas (o programa de vírus é activado por uma determinada instrução) ou
eavesdropping sniffers para espiar computadores privados interligados em rede.
Entre os objectos preferidos da agressão dos information warriors
(guerrilheiros da informação), já se encontram hoje, ao lado de administrações
governamentais, os bancos e as grandes corporações.40
Nessas guerras de informação entre as empresas regista-se igualmente a presença
de grandes empreendimentos de espionagem industrial não só dos EUA, mas também
de serviços secretos de todo mundo. Só nos é possível ter um valor estimado do
dano total das actividades criminosas na internet. Na opinião de especialistas,
este já se situa hoje bem acima da fronteira dos milhares de milhões de
dólares.
Por último, literalmente: os cidadãos da rede
Os utilizadores muitíssimo mais numerosos e crescentes na internet, ou seja, os
cidadãos da rede normais (netizens) estão a "navegar" como cidadãos
transparentes (glåsener Bürger)41 sem auferir lucros, utilizando muitas vezes
um software mal programado e de uso não muito amigável. Através do ciberespaço,
com seu hardware praticamente já ultrapassado no acto de compra, ele paga até
mesmo pelas horas de espera na wwwait, e os custos que surgem, conformadamente.
Um círculo de integrantes deste grupo de cidadãos da rede, que certamente tira
bom proveito da internet para seu trabalho, é formado por cientistas do mundo
ocidental, que, em parte, comunicam através de redes próprias de pesquisa. A
internet possibilita, no momento, que pesquisadores na Polónia, Quénia ou Chile
pesquisem nos bancos de dados universitários dos países industrializados e
recebam as mais recentes contribuições de revistas especializadas, livros,
documentos, conferências, manuscritos científicos, além de artigos de todos os
grandes jornais e periódicos do mundo.
Em torno do globo, milhares de bancos de dados em todos os domínios económicos
e científicos são publicamente acessíveis e em número cada vez maior.42 Os mais
novos estudos do MIT mostram, no entanto, que a pesquisa se sufoca cada vez
mais na sobre oferta de informações. Diariamente, encontram-se no mundo inteiro
centenas de milhares de novas homepages e, cada vez mais, lixo de informações.
Faltam mecanismos de busca eficientes (search engines) para áreas
cientificamente restritas, pois estes estão sendo desenvolvidos somente para as
forças armadas e os serviços secretos.43
Embora os cientistas de países menos desenvolvidos possam usar tecnicamente
estas facilidades, muitos deles encontram barreiras financeiras. As facilidades
de pesquisa em bancos de dados, por exemplo, de jornais diários, são largamente
comercializadas, enquanto os programas de busca profissionais nos EUA, como o
Lexis-Nexis, são financeiramente inacessíveis ao cidadão normal. Um exemplo da
Rússia mostra como o acesso a informações na internet é distribuído
desequilibradamente. No início de 1997, um cientista norueguês levou
involuntariamente um colega na Rússia às margens da ruína financeira. Depois do
recebimento de um enorme e-mail com 10 mbytes de anexos (attachments), o
provedor de internet russo calculou uma tarifa que equivalia ao montante de
todo o salário anual do receptor.44 Entretanto, para o norueguês, assim como
para os cientistas na Alemanha e nos Estados Unidos, o envio e o recebimento de
e-mails através de uma universidade sempre foi e continua a ser grátis.
Perspectiva: caminhos e descaminhos políticos para a sociedade de informação
No caminho para a sociedade global da informação apresentam-se diversas
tendências de desenvolvimento, que prometem para o futuro mais exclusão que
integração e mais conflitos que consenso. As conseqüências do uso das novas
tecnologias de comunicação no cenário global mostram não somente uma constante
separação entre os países ricos industrializados e o resto do mundo, bem como
acentuam ainda os desequilíbrios nos países em desenvolvimento. A aldeia global
profetizada por Marshall McLuhan há trinta anos,45 tem-se confirmado para os
meios de comunicação, de telefonia e televisão. Os homens podem comunicar
através do mundo inteiro, hoje, tão facilmente como vizinhos numa aldeia. Na
área da nova indústria das técnicas de informação e da internet, já começa a
experimentar-se uma inversão do seu conteúdo explícito. Uma pequena classe alta
on-line de cerca de 20% da população mundial forma cada vez mais comunidades do
tipo aldeia (com casas grandes), cada vez mais limitadas especialmente do ponto
de vista local e supralocal, que vivem no bem-estar de comunicar entre si em
sua intranet. Em torno dos vilarejos high-tech se agrupam-se as grandes áreas
do proletariado off-line (as sanzalas) com acesso limitado a uma internet cada
mais comercializada. À distribuição desigual de bens materiais, como alimento,
energia e matéria-prima, junta-se agora a distribuição desigual de bens não
materiais, como o conhecimento e a capacidade. Muito se fala a favor da
respeitada tese de Samuel P. Huntington sobre como a luta das culturas (clash
of civilizations)46 é posta cada vez mais em segundo plano perante o já
esperado conflito entre os ricos de informação (information rich) e o resto do
mundo.
Além disto, hoje em dia já se sabe que as novas tecnologias e meios de
informação no ambiente de trabalho dos países mais industrializados não trará,
pelo menos a médio prazo, consequências económicas relevantes no que diz
respeito à criação de novos empregos. O progresso, nesses países, mostra mais
claramente que, como em nenhuma outra revolução tecnológica anterior, o
trabalho humano pode ser eliminado através da racionalização.
Os países high-tech devem preocupar-se com a questão do que deve ser feito com
os milhões de seres humanos cuja força de trabalho se torna cada vez menos
necessária ou até dispensável. A situação leva-nos, obrigatoriamente, a
disparidades sociais crescentes. Remunerações decrescentes na classe média e um
contínuo empobrecimento dos 20% pertencentes à classe menos favorecida, bem
como uma crescente concentração da riqueza nos 20% que integram a classe mais
alta completam esta Versüdlichung (sudalização, referindo-se ao Sul) (Ulrich
Menzel) ou, pejorativamente, brazilianization (brasiliarização) (Michael Lind),
que caracteriza o panorama geral do desenvolvimento num país como os EUA.47 Na
Itália, na França e na República Federal da Alemanha, o desenvolvimento
socioeconómico toma o mesmo caminho sem uma mudança previsível para esta
tendência.48 Portanto, o bem-estar para todos anunciado mundialmente pela
indústria de informação49 não é o que vemos pela frente.
Outro descaminho para a sociedade global de informação conduz-nos ao círculo
dos grandes aproveitadores das novas tecnologias, cidadãos potencialmente
perigosos, não sérios e anti-sociais: ao complexo militar, ao ambiente
criminoso e aos membros de clubes exclusivos das empresas de média e das
grandes empresas multinacionais. A tecnologia tem-se desenvolvido tão
rapidamente que se desviou da política e da moral, e as consequências negativas
incorporam novas estruturas de poder de uma civilização baseada na informação.
Com a crescente monopolização de ideias, imagens, palavras, filmes e fotos, os
grandes do ramo da tecnologia da informação começam a minar a multiplicidade e
o pluralismo de informações em que se baseia a democracia. Por isto mesmo,
devido à sua actuação irresponsável tanto do ponto de vista local como global,
esta nova aristocracia da era da informação foi considerada pelo crítico social
americano Christopher Lasch um perigo para a democracia.50
Os grandes perdedores são hoje, mais do que em qualquer outra época, estas
faixas sociais a que Karl Marx chamou proletariado e que actualmente, na
linguagem tecnológica, contam como o proletariado off-line. Estes são excluídos
cada vez mais do mercado de trabalho, da informação, do know-how e, portanto,
de um futuro melhor.
Na perspectiva destes cidadãos, não se apresentam saídas para o dilema aqui
exposto ou novas imagens de conduta e, perante este problema, surge na Europa e
nos EUA a necessidade de um empowerment of the people. O objectivo desta nova
política deveria ser o de incluir a responsabilidade pessoal, as forças de
construção e a criatividade do cidadão desde cedo nos processos de decisão
política para libertar e mobilizar o cidadão económica e socialmente.51
Para tanto, talvez seja até tarde demais e, considerando o rápido crescimento
desta população perdedora, o slogan de um novo movimento de oposição, hoje,
deveria ser: Proletários off-line de todos os países, uni-vos!
Notas
1 Também Koehane, Robert, e O. /Nye, Joseph S. Jr., "Power and
interdependence in the information age", Foreign Affairs, Set. /Out. 1998,
Vol. 77, n.º 5, 1998, pp. 81-94, e Woessner, Mark, "Medientechnologien und
wirtschaftliche Entwickung. Ein ordnungsrahmen für die
wissensgesellschaft", Internationale Politik, Agosto de 1998, n.º 8, pp.
1-6.
2 Comparar com Martin, William J., The Global Information Society, Brookfield,
Vermont 1995, Ashgate Publishing Company; German, Christiano, "Caminhos e
descaminhos políticos para a sociedade de informação", in Papers n. o 31,
Perspectivas Globais da Sociedade de Informação, Centro de Estudos Konrad
Adenauer Stiftung, São Paulo 1997, pp. 31-51, e Kleger, Heinz, "Direkte
und transnationale Demokratie. Die neuen Medien veråndern die repråsantative
Demokratie", in: Leggewie, Claus-Maar, Christa, Internet & Politik,
Von der Zuschauer zur Beteiligungsdemokratie, Colónia, 1998, pp. 97-110.
3 Comparar com Bell, Daniel, The Coming of the Post-Industrial Society: A
Venture in Social Forecasting, Nova Iorque, Basic Books, 1973 (Information
Society, p. XIV) e Toffler, Alvin, The Third Wave, Londres, Pan Books, 1980.
4 Flusser, Vilém, "Verbündelung oder Vernetzung?", in Bollman, Stefan
(org.), Kursbuch Neue Medien. Trends in Wirtschaft und Politik, Wissenschaft
und Kultur, Mannheim, 1995, pp. 15-23.
5 Joseph S. Nye Jr., subsecretário de Defesa para Assuntos Internacionais;
William Owens, presidente do Comité dos Chefes de Estado-Maior.
6 Nye, Jr., Joseph S., e Owens, William A., "Americas Information
Edge", Foreign Affairs, Vol. 75, N° 2, Março-Abril, 1996, p. 20-36.
"Knowledge, more than ever before, is power. The one country that can best
lead the information revolution will be more powerful than any other. For the
foreseeable future that country is the United States ( ) Yet, its more subtle
comparative advantage is the ability to collect, process, act upon and
disseminate information "
7 Comparar com Schiller, Herbert I., "Die Kommerzialisierung von
Information", in Leggewie, Claus-Maar Christa, Internet & Politik. Von
der Zuschauer- zur Beteiligungsdemokratie, Colónia, 1998, pp. 134-141.
8 Comparar com Otto, Ulrich, "Wissen ist Macht", Die Zeit, n.º 44, 23
de Novembro de 1987, p. 44.
9 Flusser, 1995, p. 15.
10 Comparar com Hirsh, Michael, "The great technology giveaway? Trading
with Potential Foes", Foreign Affairs, Volume 75, n.º 2, Março-Abril 1996,
pp. 2-9.
11 Também Woessner, 1998, pp. 1-3.
12 Trocadilho, no idioma alemão, com a frase Kein Anschluss unter dieser Nummer
(nenhuma conexão sob este número), uma gravação ouvida, na Alemanha, quando não
é possível completar uma ligação telefónica.
13 Comparar com Relatório Maitland sobre a União Internacional de
Telecomunicações ITU, com o título The Missing Link. Ver http://www.itu.int/
home/. Também Gröndahl, Boris, "Hoffnungstråger Infobahn. internet ist die
Chance für die Dritte Welt", Sonderteil der VDI nachrichten, 20 de
Fevereiro de 1998, n.º 8, p. 8.
14 Comparar com Information Society and Development Conference, 13-15 de Maio
de 1996, Gallagher Estate, Midrand, África do Sul. Conclusões da presidência,
p. 1 (mimeografado).
15 Comparar com Sorge "Um die Habenichtse", Die Zeit, n.º. 25, 16 de
Junho de 1995, p. 27.
16 Comparar com "The BT/MCI Global Communications Report 1996/97"
(Relatório sobre Comunicações Globais BT/MCI), Nova Iorque, p. 2, "Auf dem
Weg zur weltgrö ten Industrie" (relatório próprio) in Süddeutsche Zeitung, 21-
22 Setembro de 1996, p. 34. "Hohe Investitionen in der Datenschnellstra e
Kanadas", Blick durch die Wirtschaft, 10 de Maio de 1995, p. 2
17 Comparar com Koehane/Nye, 1998, p. 2, e "Die internet-Surfer",
Süddeutsche Zeitung, 3 de Abril de 1997, p. 25.
18 Comparar com Kubicek, Herbert, "Das internet 1996-2005. Zwingende
Konsequenzen aus unsicheren Analysen", in Leggewie, Claus-Maar, Christa,
Internet & Politik. Von der Zuschauer zur Beteiligungsdemokratie, Colónia,
1998, pp. 55-69.
19 Também Schiller, Leggewie/Maar,1998, pp. 134-141, Leggewie, Claus,
"Demokratie auf der Datenautobahn oder: Wie weit geht die Zivilisierung
des Cyberspace", in Leggewie/Maar, 1998, pp. 15-51.
20 Também Rifkin, Jeremy, "Die dritte Såule der neuen Gesellschaft",
Die Zeit, n.º 19, 2 de Maio de 1997, p. 32 e Rifkin, Jeremy, Das Ende der
Arbeit und ihre Zukunft,Frankfurt, 1997.
21 Comparar com Steinmüller, Wilhelm, Informationstechnologie und Gesellschaft.
Einführung in die angewandte Informatik, Darmstadt, 1993, pp. 553/554.
22 Comparar com "Umsatz rauf-Arbeitsplåtze runter", Süddeutsche
Zeitung, 9 de Março de 1998, p. 25.
23 Comparar com "Reservoir für eine neue Elite", VDI nachrichten, n.º
39, 26 de Setembro de 1997, p. 3.
24 Comparar com Rifkin 1997, p. 221, e Henzler, Herbert A., Spåth, Lothar, Sind
die Deutschen noch zu retten? Von der Krise in den Aufbruch, Munique, 1993, S.
29.
25 Comparar com Rötzner, Florian, "Zitadellen in der Ortslosigkeit",
Süddeutsche Zeitung, 16 de Janeiro de 1997, p. 13, e Reich, Robert B., Die neue
Weltwirtschaft. Das Ende der nationalen Ökonomien, Frankfurt, 1997.
26 Também "Bericht der Bundesregierung, Info 2000. Deutschlands Weg in die
Informationsgesellschaft, Deutscher Bundestag 13. Wahlperiode"
(Relatório do Governamental do Parlamento Alemão), Drucksache 13/4000, Bona,
Fevereiro de 1996, p. 129; "Weltweite Vernetzung bedroht Wohlstand",
VDI nachrichten,13 de Setembro de 1996, p. 2 e Starker Glaube, "Schwache
Fakten", Die Zeit, n.º 13, 24 de Março de 1995, p. 41.
27 Comparar com "European Commission, G-7 Ministerial Conference on the
Global Information Society. Ministerial Conference Summary", Bruxelas/
Luxemburgo, 1995, p. 52. (Resumo da Conferência Ministerial do G7 sobre A
Sociedade de informação Global).
28 Comparar com German, Christiano, "Losers and Winners in the Information
Society", Foreign Affairs. A Russian Journal of World Politics, Diplomacy
and International Relations,Minneapolis, Vol. 43/1997, n.º 6, pp 83-91.
29 Comparar com Nye Jr. /Owens, 1996, pp. 20/21, e Bernhardt, Ute/Ruhmann,
Ingo, "Information als Waffe. Netwar und Cuberwar Kriegsformen der
Zukunft", in Hans-Jörg Kreowski et al.(orgs.), Realitåt und Utopien in der
Informatik, Munique, 1995, pp. 104-119.
30 Comparar com Stoa, An Appraisal of Technologies of Political Control (Steve
Writh Omega Foundation, Manchester), Luxemburgo, 6 de Janeiro de 1998, p. 19
ff (http://www.jya.com/Stoa-atpc.htm/). Também Nürnberger, Christian,
"Feind hört mit", Süddeutscher Zeitung, de 26 de Março de 1998, p.
15; Ruhmann, Ingo/Schulzki-Haddouti, Christiane, "Report
Lauschangriff", c t Magazin für Computer und Technik, 5/98, pp. 82-93, e
Hager, Nicky, Secret Power, Nelson, Nova Zelândia, 1996.
31 Comparar com German, Christiano, "Europa und die globale
Informationsgesellschaft", in Gellner, Winand/von Korff, Fritz (orgs.),
Demokratie und internet, Baden-Baden, 1998, pp. 193-202.
32 Também Schiller, 1998, e Barber, Benjamin R., "Wie demokratisch ist das
internet? Technologie als Spiegel kommerzieller Interessen", in Leggewie,
Claus/Maar, Christa, internet & Politik. Von der Zuschauer zur
Beteiligungsdemokratie, Colónia, 1998, pp. 120-133.
33 Veja www.teleinfo.de.
34 Comparar com "Die Yuppies von Bangalore", Die Zeit magazin, n.º
11, 7 de Março de 1977, pp. 24-41, e "Software Söldner", Spiegel
special, n.º 3, Março de 1995, pp. 87-91.
35 Comparar com Becker, Jörg, e Salamanca, Daniel, "Globalisierung,
elektronische Netze und der Export von Arbeit", Aus Politik und
Zeitgeschichte (APuZ), B 42/97, 10 de Outubro de 1997, pp. 31-38.
36 Comparar com Pai, Uday Lal Lekshman, "Das High-Tech-Wunder
Indien", http://www.heise.de/to/deutsch/inhalte/te/1421/1.html
37 Comparar com German, Christiano, "Sociedade de informação global/Já
começou a corrida. Quais as chances do Brasil?", Rumos, Ano 22, n.º 156,
Janeiro de 1999, S. 20-21.
38 Comparar com Hillenberg, Frank, e Weber, Mathias, "Alternativen zur
deutschen Software-Entwickung", CW Spezial 97/98, pp. 36-40.
39 Sobre esta problemática fundamental, ver German, Christiano, "Brasil:
Desafios globais das novas tecnologias e indústrias", in Fundação Konrad-
Adenauer-Stiftung (ed.), A Projeção do Brasil Face ao Século XXI. Anais do IV
Simpósio Brasil-Alemanha, Série Debates, Ano 1998, n.º 16, São Paulo, pp. 27-35
e German, Christiano, "Anschluss an das globale Dorf ? Wege Brasiliens und
Indiens in die Informationsgesellschaft", Frankfurter Allgemeine Zeitung
(Die Gegenwart), de 18 de Abril de 1997, p. 15.
40 Comparar com Schwartau, Winn, Information Warfare, Nova Iorque, 1996;
Zimmermann, Christian, Der Hacker. Ein Insider packt aus: Keiner ist mehr
sicher,Landsberg 1996, e Dumont, Joël-François, "Die Evolution des
Terrorismus", documento para o congresso de peritos Neue Bedrohung
staatlicher Sicherheit, da Akademie für Politik und Zeitgeschehen der Hanns-
Seidel-Stiftung e. V., 25 a 27 de Novembro de 1996, 10 p.
41 Metáfora para uma pessoa, cujas economias privadas são abertamente expostas.
42 Comparar com "Der elektronische Informationsmarkt wåchst",
Süddeutsche Zeitung, Suplemento n.º 241, System 93, 18 de Outubro de 1993, p.
38.
43 Comparar com "Forschung erstickt im internet", VDI nachtrichten,
de 24 de Janeiro de 1997, p. 16.
44 Comparar com "E-Mail kostet russischen Forscher Jahresgehalt",
Süddeutsche Zeitung, 25 de Fevereiro de 1997, p. 10.
45 Comparar com McLuhan, Marshall, Understanding Media The Extension of Man,
Cambridge, MA 1964.
46 Comparar com Huntington, Samuel P., The Clash of Civilizations and the
Remaking of World Order, Nova Iorque, 1996.
47 Comparar com Menzel, 1995, p. 104; Lind, Michael, The Next American Nation:
The New Nationalism and the Fourth American Revolution,Free Press, Nova Iorque,
1995, pp. 215-216, e Wolff, Edward N., Top Heavy. A Study of the Increasing
Inequality of Wealth in America, Twentieth Century Fund., Washington, 1995.
48 Comparar com Zimmermann, Gunter E., "Neue Armut und neuer Reichtum.
Zunehmende Polarisierung der materiellen Lebensbedingungen im vereinten
Deutschland", inGegenwartskundeHeft1 (1995), p. 11. Também, "Das Ende
der Mittelklasse", Die Zeit, n.º 18, 26 de Abril de 1996, p. 20, e
"Immer weniger Amerikaner werden immer reicher", Süddeutsche Zeitung,
21 de Abril de 1995, p. 24.
49 Comparar com Necker, Tyll, "Opening address at the 13th World Computer
Congress", 29 de Agosto de 1994, Hamburgo (mimeografado), p. 6. (Discurso
de abertura no XIII Congresso Mundial de Computação)
50 Comparar com Lasch, Christopher, Die blinde Elite. Macht ohne Verantwortung,
Hamburgo, 1995, p. 42 ff. (The Revolt of the Elites and the Betrayal of
Democracy, Norton, Nova Iorque, 1995)
51 Comparar com Woessner, 1998, p. 4.