Editorial
Editorial
Para o enriquecimento e a vitalidade de uma disciplina científica contribuirá,
certamente, a diversidade de objectos que abarca e estuda. Pela sua própria
especificidade, ao estudar os fenómenos que ocorrem numa sociedade em constante
mudança, a sociologia vai renovando as suas problemáticas e alargando o seu
capital de conhecimento.
Os temas abordados pelos artigos que preenchem o número 51 de Sociologia,
Problemas e Práticas, todos eles focando realidades plenas de actualidade,
consti- tuem indubitavelmente contributo importante para a ampliação desse
património sociológico.
Do Brasil, de onde chegam cada vez mais propostas de textos para publicação,
temos neste volume a contribuição de dois autores, Mauro Luiz Rovai e Carlos
Buenos Ayres. O primeiro, ao fazer do cinema o foco da sua análise, avança na
comparação da obra de dois cineastas com longuíssimas carreiras
cinematográficas, iniciadas nos períodos ditatoriais nazi e salazarista, Leni
Riefenstahl e Manoel de Oliveira, que o autor mostra serem representantes de
dois modos distintos de lidar com a imagem. Carlos Buenos Ayres analisa a
administração pública brasileira à luz do paradigma da gestão gerencial,
tendo como pano de fundo o quadro de dependência financeira, a necessidade de
equilíbrio das contas públicas e a relação do país com as instituições
internacionais representativas do capital financeiro.
De entre os autores portugueses, Ana Delicado pretende mostrar de que modo os
museus de ciência estão associados aos discursos e políticas de valorização da
cultura científica, situando o caso português e respectivas particularidades no
panorama europeu.
José Ricardo Carvalheira estuda questões de etnicidade ligadas às jovens
gerações de luso-africanos. Centrado nestes descendentes de imigrantes, o autor
procura analisar as implicações políticas do que transparece nos seus discursos
acerca da representação que fazem das imagens e mensagens mediáticas.
Nuno Alves debruça-se sobre a sociedade da informação. Com base em dados
extensivos propõe-se conhecer o grau de utilização em Portugal das novas
tecnologias de informação e comunicação por parte das organizações de trabalho,
estabelecendo comparações a nível europeu.
Por fim Ana Luísa Pereira propõe-nos uma reflexão em torno do espaço do ginásio
e da prática da ginástica, a qual, como prática do corpo e do cuidado de
si, associa às novas tecnologias doself.
Maria das Dores Guerreiro