Editorial
Editorial
Neste seu primeiro volume publicado em 2007, Sociologia, Problemas e Práticas
apresenta aos leitores um conjunto de artigos plenos de interesse, e onde se
combinam abordagens de natureza teórica com estudos centrados em pesquisas
empíricas.
O número abre com o contributo de Rui Pena Pires, que defende a necessidade de
garantir uma maior cumulatividade do património teórico da sociologia, ao invés
da hiperdiferenciação de teorias concorrenciais que alimentam tendências de
balcanização sociológica. O artigo percorre a produção teórica dos principais
autores da sociologia para, a partir dela, identificar alguns dos conceitos
fundamentais que devem integrar a caixa de ferramentas teóricas da
disciplina.
A contribuição internacional desta edição coube a Laura den Dulk e a Bram
Peper, que analisam a utilização das políticas de equilíbrio trabalho-família
por pais e mães trabalhadoras. Através de um estudo realizado junto de várias
empresas holandesas do sector financeiro, os autores mostram como o perfil
familiar e as características da cultura organizacional determinam o uso das
políticas de conciliação entre a família e a vida profissional.
A este texto segue-se o de João Peixoto, sobre a imigração brasileira em
Portugal. Nele, o autor discute as questões conceptuais do tráfico e do
contrabando, analisa as formas de actuação das redes organizadas de âmbito
informal que actuam no campo das migrações e aponta algumas possíveis respostas
para a eliminação desta imigração irregular.
Os três artigos seguintes focam problemáticas da sociologia da cultura.
Luís Campos propõe uma análise dos modos de relação com a música inerentes aos
diferentes géneros musicais, a partir de um conjunto de dimensões por ele
operacionalizadas na investigação que desenvolveu. O autor propõe a adopção do
conceito, e da tipologia a que chegou, em estudos sobre outros campos de
produção cultural. O texto de Rui Pedro Fonseca foca a arte enquanto discurso,
defendendo a pertinência de uma leitura sociológica que se centre nos sistemas
de representação da identidade cultural, e que permita a sua desconstrução.
Eduardo Alexandre Rodrigues apresenta um artigo no qual analisa as relações
estabelecidas entre os públicos e as bibliotecas, relações essas dotadas de
complexidade, negociadas, e que podem ser tipificadas segundo uma diversidade
de modos de relação dos indivíduos com as bibliotecas que frequentam.
Por fim, o artigo de Rui Tinoco foca-se no estudo das racionalizações
desviantes sobre o consumo de drogas, a partir da visão que os próprios
consumidores revelam possuir das suas trajectórias biográficas.
Maria das Dores Guerreiro