Promover a divulgação científica da psicologia: Os encontros com a psicologia
na livararia Barata
A divulgação da ciência não é uma actividade nova. Desde o século XVIII que os
estudos da ciência e os seus resultados serviam para entreter os nobres em
sessões palacianas ou para espantar o povo em espectáculos de rua. O que há de
novo na actual perspectiva sobre a divulgação da ciência é que não se pretende
com ela demonstrar a enorme diferença entre os detentores do conhecimento
científico e os cidadãos leigos, como acontecia então, mas mostrar que todos
podemos compreender e utilizar, no quotidiano, os resultados da investigação
produzida nas diversas áreas científicas. Nesse sentido, assistimos nos últimos
anos a um grande esforço ao nível das ciências exactas, naturais e da
engenharia no sentido de divulgarem, em linguagem acessível, as suas
descobertas e de envolverem os cidadãos em geral, e os jovens em particular, em
actividades lúdicas e de contacto mais informal com a ciência. A abertura de
museus de ciência dedicados a jovens, ou as olimpíadas de física ou matemática,
são disso exemplos claros.
Na psicologia, como noutras ciências sociais e humanas, esta temdência não é
tão visível. Apesar do grande aumento da investigação produzida e publicada na
nossa, a visibilidade do que fazemos junto do grande público é muito pequena.
Isto é, a investigação que produzimos, que é cada vez mais e de melhor
qualidade, fica fechada nos circuitos das comunicações a congressos, dos
working-papersque discutimos com colegas e alunos e das publicações em revistas
científicas especializadas. E este fechamento da investigação em Psicologia
sobre si própria tem como consequência a desvalorização da divulgação
científica. Os receptores privilegiados da comunicação dos investigadores em
psicologia são os outros investigadores (ou os aprendizes de investigadores,
que são os estudantes universitários de psicologia). Os cidadãos não
psicólogos, que têm uma enorme apetência para saber mais sobre o comportamento
humano, não são normalmente considerados como um alvo a atingir.
Para ajudar a inverter esta tendência, a Associação Portuguesa de Psicologia e
a Livraria Barata resolveram promover encontros de divulgação científica. O
desafio que fizemos aos investigadores foi o de conseguirem falar do seu
trabalho numa linguagem mais simples que pudesse ser acessível ao cidadão
comum. Que conversassem com as pessoas, em vez de darem aulas. O convite que
fizemos às pessoas foi o de virem passar o fim da tarde à Livraria Barata da
Avenida de Roma onde, entre livros e quadros, a Drª Graça Didier proporcionou
um espaço agradável para podermos todos conversar sobre temas da Psicologia. É
o resumo de um destes encontros que publicamos agora. Esperemos que fiquem com
vontade de vir participar nos próximos “Encontros com a Psicologia”.