Auto-regulação, resiliência e consumo de substâncias na adolescência:
contributos da adaptação do questionário reduzido de auto-regulação
Parece aceite consensualmente que as experiências de consumo de substâncias
ocorrem normalmente nos primeiros anos da adolescência, como resultado de
múltiplas experiências e factores, desde o nascimento (Calleja, Señorán &
González, 1996). Os dados relativos aos consumos, além de preocupantes,
permitem perceber uma tendência para a normalização da experiência de consumo
de álcool e tabaco nos primeiros anos da adolescência (Calleja, Señorán &
González, 1996).
Tal como aparece na revisão de Espada, Griffin, Botvin e Méndez (2003), para
explicar a etiologia do abuso de substâncias na adolescência, diversas teorias
têm sido desenvolvidas, como o modelo de crenças de saúde (Becker, 1974), a
teoria da aprendizagem social (Bandura, 1977), o modelo das vulnerabilidades
individuais (Kaplan, 1980), o modelo dos factores de risco e de protecção
(Hawkins, Catalano & Miller, 1992), etc. De entre estas, destacaram-se os
trabalhos de Hawkins, Catalano e Miller (1992), que, na revisão de três décadas
de investigação, tentaram reunir os factores que colocavam os indivíduos em
maior risco para o consumo de substâncias. De acordo com esta perspectiva,
quando maior fosse o número de factores de risco, maior a probabilidade de
envolvimento em comportamentos de risco como o consumo de substâncias na
adolescência e juventude. Assim, identificando os factores de risco e de
protecção, seria possível perceber como decorria a iniciação do consumo,
avaliar os índices ou níveis de risco e de protecção dos indivíduos, planear
estratégias de prevenção e reduzir os riscos dos adolescentes e jovens para se
envolverem em tais comportamentos (Hawkins, Catalano, & Miller, 1992). E de
facto, diversas investigações têm verificado correlações estatisticamente
significativas entre diversos factores apontados por este modelo, especialmente
entre os factores de risco e o consumo de substâncias (e.g. Alvarez, Marín,
Vergeles & Martin, 2003; Frisher & Beckett, 2006; González, Jiménez
& Rubio, 2004; Martínez-González, Robles-Lozano & Mendonza, 2003;
Torrecillas, Martin, Fuente & Godoy, 2000).
No entanto, apesar dos resultados encontrados em diversos estudos
correlacionais, a investigação tem demonstrado que a mera exposição aos
factores de risco, mesmo em número substancial, não se traduz necessariamente
em comportamentos de risco, como acontece na prevenção de doenças físicas como
as doenças cardíacas ou pulmonares (Dillon, et. al, 2007). Daí que algumas
limitações tivessem sido apresentadas, desde a dificuldade em distinguir quando
os factores são realmente causas ou apenas factores correlacionados
(Farrington, 2000); a estigmatização de grupos de jovens, famílias e
comunidades que decorreu da identificação de alguns factores de risco
(Constantine, Bernard & Diaz, 1999); o facto de conhecer os factores não
permitir necessariamente perceber quais as estratégias a implementar para
reduzir o risco nem perceber os processos ou percursos que intervêm entre os
factores de risco e os comportamentos (Benard, 1991). Aparecem, assim,
reforçadas as teorias que se tentam focar sobre a promoção de factores de
protecção e resiliência – desviando o foco de atenção dos riscos e das
patologias, para as acções e estratégias positivas dirigidas à promoção do
ajustamento psicológico (Benard, 1991; Fergus & Zimmerman, 2005). Mais do
que abandonar o conhecimento dos factores de risco ou de protecção, uma vez que
é na presença deles que ocorre o desenvolvimento, a investigação devia focar-se
na compreensão do desenvolvimento saudável, mesmo quando os sujeitos estão
expostos a factores de risco (Fergus & Zimmerman, 2005).
Numa revisão recente, Dillon et. al, (2007) salientam um conjunto de factores
pessoais e de contexto, fortemente correlacionado com o desenvolvimento da
resiliência. Indivíduos resilientes seriam capazes de operacionalizar um
esquema em que percebem, por exemplo, o consumo de substâncias como um risco
para si mesmo e assim evitam esse comportamento; estabelecem outros objectivos
focados na resiliência; e tentam fortalecer o seu sentido de eficácia para
manter estas decisões em prática (Dillon et al., 2007). Parece assim reforçado
o papel da auto-regulação, um processo em que o indivíduo assume um papel
activo na construção do seu destino (Reider & de Wit, 2006), através da
activação, monitorização, inibição, preservação e adaptação do comportamento,
emoções e estratégias cognitivas para alcançar objectivos desejados (Barkeley,
1997; Demetriou, 2000; Diaz & Fruhauf, 1991; Lengua, 2003; Novak &
Clayton, 2001).
Apesar de ser um conceito que tem sido aplicado com relevância a outros
contextos, como o escolar ou o organizacional, a sua aplicação no contexto da
saúde é mais complexa, dada a discrepância entre os objectivos de saúde e os
comportamentos que os indivíduos fazem (ou não) para os alcançar. Nesse
sentido, a auto-regulação percebe o comportamento de saúde como o investimento
de objectivos a longo prazo que implicam o controlo de necessidades mais
imediatas e a mobilização de pensamentos, sentimentos e comportamentos para
objectivos de saúde (Muraven, Tice & Baumeister, 1998; Reider & de Wit,
2006). Neste contexto, o auto-controlo adquire um papel essencial na medida em
que permite ao indivíduo resistir a tentações mais imediatas para atingir
objectivos de longo prazo. E de facto, diversos estudos experimentais
permitiram comprovar a importância da capacidade de controlo (Baumeister et
al., 1998; Muraven, Tice & Baumeister, 1998), especificamente em termos de
resultados escolares, problemas de controlo de impulsos, ajustamento
psicológico e relacionamentos interpessoais (Tangney, Baumeister & Boone,
2004). Outros estudos verificam uma relação entre auto-regulação e resiliência
(Garcia del Castillo & Dias, 2007; Gardner, Dishion & Connell, 2008),
chegando mesmo a ser apontada como um potencial indicador da resiliência dos
adolescentes (Dishion, & Connell, 2006).
Também no consumo de substâncias, diversos trabalhos têm verificado uma relação
entre a auto-regulação e o uso de álcool (Aubrey, Brown & Miller, 1994;
Brown, Miller, & Lewandowski, 1999; Wills & Dishion, 2004; Wills,
Walker, Mendonza & Ainette, 2006), tabaco (Gardner, Dishion & Posner,
2006), e outras substâncias (Percy, 2008). Outros estudos, no entanto, não
verificam relação entre estas variáveis (Carey, Neal, Collins, 2004; Neal &
Carey, 2005). Também num estudo realizado no contexto português, e apesar de se
encontrarem correlações fortes entre a auto-regulação e a resiliência,
ressaltou a falta de relação significativa entre a auto-regulação e a
experiência e o consumo de substâncias (tabaco, álcool, marijuana, crack e
outras drogas) (Garcia del Castillo & Dias, 2007). Torna-se assim
pertinente estudar melhor as características psicométricas dos instrumentos que
permitem a avaliação da auto-regulação e perceber a dinâmica entre auto-
regulação, consumo de substâncias e resiliência.
MÉTODO
Participantes
Participaram no estudo 248 alunos do ensino secundário, 37,9 % do 10º ano
(n=94), 31,9% do 11º ano (n=79) e 30,2% do 12º ano (n=75). Os sujeitos eram, na
sua maioria do sexo feminino (n=159, 64,4%), com idades compreendidas entre os
14 e os 19 anos (M=16,33, DP=1,10).
Material
Através do Questionário Reduzido de Auto-regulação(Carey, Neal & Collins,
2004), um instrumento constituído por 31 itens concebido para a obtenção de um
índice total de auto-regulação. Estudos posteriores sugeriram uma estrutura de
dois factores: Controlo de impulsos e Estabelecimento de objectivos(Neal &
Carey, 2005). Para uma análise mais particularizada, optou-se por esta
estrutura mais específica e próxima da definição de auto-regulação adoptada.
Para a avaliação da Resiliência, foi utilizada a Escala de Resiliência(Wagnild
& Young, 1993), adaptada para a população portuguesa por Vara e Sani
(2006).
Para a avaliação do consumo de substâncias foram utilizadas questões sobre o
consumo actual (“Actualmente consomes alguma tipo de substâncias”; “Se sim,
Consomes álcool? Consomes tabaco?”; “No último mês: quantos cigarros fumaste
por dia? Quantos dias consumiste bebidas alcoólicas?”; “Quantas vezes,
aproximadamente, te embebedaste?”).
Procedimento
Para a elaboração deste trabalho foram inicialmente contactados os autores dos
instrumentos no sentido de obter autorização para a sua adaptação para a
população portuguesa e utilização neste estudo. Uma vez definida a população e
os instrumentos a utilizar, foram contactadas escolas secundárias do norte do
país para a recolha dos dados. Após autorização das escolas, os instrumentos
foram distribuídos e preenchidos pelos alunos na sala de aula, durante o
horário lectivo normal, em tempos cedidos pelos professores para o efeito. As
respostas dos alunos foram codificadas e analisadas no pro-grama de tratamento
estatístico SPSS, versão 15, que permitiu perceber as características
psicométricas dos instrumentos e efectuar estatísticas descritivas e
inferenciais, evidenciado sempre que possível relações e dependências entre as
variáveis.
RESULTADOS
A apresentação de resultados será estruturada em dois pontos distintos: de
análise da validade e fidelidade da versão reduzida do Questionário de Auto-
regulação; e estudo da relação entre auto-regulação, consumo de substâncias e
resiliência.
Validade
Através do teste de esfericidade de Bartlett e da medida de Kaiser-Meyer-Olkin,
foram encontrados os valores respectivamente de 2206,390 (p ≤ 0,001) e 0,87,
verificando-se a adequabilidade dos dados para a análise factorial.
No sentido de verificar a estrutura factorial proposta pelos autores do
“Questionário reduzido de Auto-regulação”, os 31 itens que o compõem foram
submetidos a uma análise factorial de componentes principais com rotação
varimaxforçando a extracção de dez factores. Através deste procedimento, foi
possível encontrar uma solução factorial capaz de explicar 32,34% da variância.
Tal como se percebe pela leitura do quadro seguinte (quadro 1), o Factor 1, com
um valor próprio de 7,78 agrupa os itens 1, 5, 8, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 21,
24, 25, 26, 28, 29, da subescala Estabelecimento de Objectivosque permite
explicar 25,10% da variância. O factor 2, com um valor próprio de 2,25, agrupa
os itens 2, 3, 4, 6, 7, 9, 10, 11, 16, 19, 22, 23, 27, 31, da subescala
Controlo de Impulsos, e permite explicar 7,25% da variância.
Quadro 1
Estrutura factorial do Questionário Reduzido de
Auto-regulação.
Tal como se pode verificar pela leitura do quadro 1, verifica-se a existência
de uma boa estrutura factorial, com todos a maioria dos itens a apresentar
saturações elevadas (genericamente superiores a 0,40) nos factores a que
pertencem. Exceptuam-se os itens 30 (“Eu sei o que quero ser”) que parece não
diferenciar entre os factores e o item 20 (“Sou capaz de resistir a tentações”)
que, contrariamente ao esperado, apresenta saturação mais elevada no factor
relativo à subescala “Estabelecimento de objectivos”. Optou-se assim, pela
eliminação desses itens.
Fidelidade
Para o cálculo da fidelidade recorreu-se à análise de consistência interna e
foi efectuado o cálculo do alfa de Cronbach. Como se apresenta no quadro
seguinte, foi possível encontrar um valor de alfa total de 0,89, variando entre
os 0,82 na subescala Controlo de Impulsose 0,85 na subescala Estabelecimento de
Objectivos.
Quadro 2
Consistência interna, estatística descritiva e
correlação item-total corrigida.
Relação entre auto-regulação, sexo e idade
No estudo da relação entre as subescalas do questionário de auto-regulação em
função das variáveis demográficas sexo e idade, apenas se verificaram
diferenças estatisticamente significativas na subescala controlo de impulsos,
mais elevada nas raparigas (M=53,06 para M=48,76 dos rapazes, t (221) = -4,16,
p=0,0001). Já em relação à idade, não se encontraram diferenças significativas.
Relação entre auto-regulação, consumo de substâncias e resiliência
Do total da amostra, 31 sujeitos referem consumir tabaco actualmente (12,9%) e
42 consomem álcool (16,9%). No estudo da relação entre o consumo de tabaco e
auto-regulação, os indivíduos que consomem apresentam pontuação mais baixa e
estatisticamente significativa nas subescalas Controlo de Impulsos (M=46,41
para M=52,49, p=0,0001) e estabelecimento de objectivos (M=55,74 para M=58,73,
p=0,03). Também junto dos indivíduos que consomem álcool se verifica que
apresentam uma pontuação mais baixa e estatisticamente significativa nas
subescalas Controlo de Impulsos (M=47,62 para M=52,60, p=0,0001) e
Estabelecimento de Objectivos (M=55,52 para M=58,82, p=0,007).
Da amostra, verifica-se que 188 adolescentes não consumiram qualquer cigarro
(88,68%), 15 consumiram 1a5cigarrospor dia(7,08%) e 9 adolescentes consumiram
mais de 6 cigarros (4,24%). No estudo da relação entre o consumo de cigarros e
as dimensões da auto-regulação, verificou-se uma diminuição das pontuações
médias nas subescalas de Controlo de Impulsos (M=52,42 entre os sujeitos que
não consumiram, M=45,73 nos que consumiram entre 1 e 5, até aos M=46,67 entre
os sujeitos que consumiram mais de 6 cigarros por dia) e Estabelecimento de
Objectivos (dos 65,69 entre os sujeitos que não consumiram, 60,85 dos que
consumiram entre1e5, e 59,70 entre os adolescentes que consumiram mais de 6
cigarros por dia). As diferenças encontradas foram estatisticamente
significativas em ambas as subescalas – no Controlo de Impulsos (F(2,209)=7,85,
p=0,001) e no Estabelecimento de Objectivos (F(2,196)=5,43, p=0,005).
Pelas respostas, verifica-se ainda que 132 adolescentes não consumiram bebidas
alcoólicas durante o último mês (64,08%), 61 consumiram 1 a 5 bebidas
alcoólicas (29,61%) e 13 adolescentes consumiram mais de 6 bebidas no último
mês (6,31%). Os adolescentes que consumiram bebidas alcoólicas, apresentaram
pontuações médias inferiores nas subescalas de controlo de impulsos (dos 53,28
dos sujeitos que não consumiram, 48,84 nos que consumiram entre1 e 5, até aos
47.08 dos que consumiram mais de 6 bebidas alcoólicas no último mês) e
estabelecimento de objectivos (M= 66,55 entre os sujeitos que não consumiram,
M=62,82 dos que consumiram entre1e5,e M=61,46 entre os adolescentes que
consumiram mais de 6 bebidas alcoólicas no último mês). Foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas em ambas as subescalas, no Controlo
de Impulsos (M (2,216) =10,84, p=0,0001) e no Estabelecimento de Objectivos (F
(2,203) = 6,97, p=0,001).
No que diz respeito ao consumo intensivo no último mês, encontramos na amostra
161 alunos que referem não se ter embebedado (72,85%), 29 referem ter-se
embebedado uma vez (13,12%), 20 adolescentes da amostra referem ter-se
embebedado 2 a 6vezes (9,05%) e 11 sujeitos referem ter-se embebedado mais de 6
vezes (4,98%). Analisando a relação entre o consumo intensivo de álcool,
verificou-se uma diminuição das pontuações médias nas subescalas de controlo de
impulsos (M=53,27 entre os sujeitos que referiram não ter tido nenhuma
bebedeira no último mês, M=48,00 entre os que tiveram uma bebedeira no ultimo
mês, M=46,65 entre os que se embebedaram entre2 a 6 vezes, e M=45,09 entre os
que se embebedaram mais de 5 vezes no ultimo mês) e estabelecimento de
objectivos (M=66,75 entre os sujeitos que não tiveram nenhuma bebedeira no
ultimo mês, M=62,23 dos que tiveram uma vez, M=58,39 dos que tiveram
entre2e6vezes no ultimo mês e M=61,27 entre os adolescentes que tiveram mais de
6 bebedeiras no último mês). Foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas em ambas as subescalas, no Controlo de Impulsos (F
(3,217)=11,57, p=0,0001) e Estabelecimento de Objectivos (F (3,204)=10,56,
p=0,0001).
Como se apresenta no quadro seguinte (quadro 3), verificam-se correlações
moderadas entre resiliência e o controlo de impulsos (r (199) = 0,36, p=0,0001)
e elevadas entre resiliência e o estabelecimento de objectivos (r (187) = 0,64,
p=0,0001). Entre as subescalas do questionário de auto-regulação verifica-se
uma correlação elevada (r (198) = 0,54, p=0,0001).
Quadro 3
Correlação entre auto-regulação e resiliência
DISCUSSÃO
No que diz respeito aos estudos de adaptação do Questionário Reduzido de Auto-
regulação (Carey, Neal & Collins, 2004), foi possível confirmas as suas
boas propriedades psicométricas no que diz respeito à estrutura factorial e
consistência interna. Para refinar a estrutura factorial, optou-se pela
eliminação de dois itens, ficando a subescala “Estabelecimento de Objectivos”
constituída pelos mesmos 15 itens (1, 5, 8, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 21, 24, 25,
26, 28, 29) e a subescala “Controlo de Impulsos” constituída por 14 itens (2,
3, 4, 6, 7, 9, 10, 11, 16, 19, 22, 23, 27, 31).
No estudo da relação entre auto-regulação e consumo de substâncias,
verificaram-se pontuações mais baixas nas subescalas Estabelecimento de
Objectivos e Controlo de Impulsos entre os sujeitos que consomem álcool e
tabaco actualmente e entre os sujeitos que relataram um consumo intensivo de
álcool no último mês. Encontrou-se, ainda, uma correlação moderada entre
resiliência e o controlo de impulsos e elevada entre resiliência e o
estabelecimento de objectivos. Percebe-se, portanto, a importância do estudo da
auto-regulação como competência desenvolvimental.
De uma forma geral, os resultados vão de encontro ao encontrado na literatura,
que sugere a importância da auto-regulação nos consumos de substâncias e
resiliência (ex. Aubrey, Brown & Miller, 1994; Brown, Miller, &
Lewandowski, 1999; Dishion, & Connell, 2006; Gardner, Dishion &
Connell, 2007; Wills, Sandy & Yaeger, 2006; Wills & Dishion, 2004;
Wills, Walker, Mendonza & Ainette, 2006).
No que diz respeito ao consumo de substâncias, os resultados são contraditórios
com um estudo anterior realizado no contexto Português (Garcia del Castillo
& Dias, 2007), e com outros estudos que utilizaram o mesmo instrumento, e
que verificam apenas uma relação entre auto-regulação e consumo intensivo
(Carey, Neal, Collins, 2004; Neal & Carey, 2005).
Percebe-se, portanto a necessidade de continuar estes estudos no sentido de
perceber melhor a dinâmica entre estas variáveis especialmente junto das
populações mais jovens. De facto, existe um conjunto abrangente de conhecimento
no âmbito da auto-regulação mas que tem sido desenvolvido com o recurso a
amostras com adultos e jovens adultos (Gibbons, Gerrard, Reimer, & Pomery,
2006). Importa portanto, promover estudos que tenham em conta as
características específicas da adolescência, uma etapa de vida tão pertinente
para o estabelecimento de estilos de vida e ajustamento às inúmeras mudanças
pessoais, sociais e contextuais (Geldard & Geldard, 1999; Frydenberg &
Lewis, 1994).
Apesar dos resultados estimulantes, importa reconhecer algumas limitações.
Desde logo, a utilização de uma amostra seleccionada e com um reduzido número
de sujeitos limita a possibilidade de generalização dos resultados. Para além
disso, no que diz respeito ao consumo de substâncias, registam-se taxas de
consumo baixas, o que pode indiciar a existência de características protectoras
do consumo, que pode ter influência nos resultados finais.