Empatia e engagement como preditores do burnout em cuidadores formais de idosos
ABSTRACT
The ageing of population requires formal caregiving of the elderly, but this
can elicit, among professional caregivers, burnout, empathy decreasing, and job
demotivation, damaging caregiving. We aim to verify if empathy and engagement
predict burnout. A sample of 78 formal caregivers of elderly participated, all
women with low professional responsibility jobs, and working in homes care and
day centres of the municipality of Castelo de Paiva, Aveiro. After formal
institutional authorization, we applied Portuguese versions of JSPE (Hojat et
al., 2001), UWES (Schaufeli & Bakker, 2003) and MBI (Maslach, Jackson,
& Leiter, 1996). We found low values of burnout and high levels of
engagement and empathy. Low empathy predicts 11% of emotional exhaustion and
18% of depersonalization, while high engagement predicts 18% of professional
accomplishment. We concluded that job motivation seems to prevent burnout.
However, it is important to investigate whether empathy prevents burnout or if
burnout reduces empathy.
Keywords- Burnout, Engagement, Empathy, professional caregivers of elderly
people, predictors.
Com o aumento da sobrevivência e o envelhecimento populacional, tem sido dada
maior importância ao papel e qualidade do serviço exercido por parte das
instituições e profissionais na prestação de cuidados a idosos (Özçakar,
Kartal, Dirik, Tekin & Güldal, 2012; Ribeiro, Ferreira, Magalhães, Moreira
& Ferreira, 2009). Associando a esta realidade o aumento do interesse pelos
riscos psicossociais no trabalho (Cabral, 2011), tem sido crescente a
preocupação com as queixas psicológicas relatadas por profissionais que cuidam
dos idosos (Cocco, 2010).
Entre as várias queixas psicológicas, como o cansaço, stress, ansiedade e
depressão, a literatura dá especial destaque ao burnout, afirmando que os
cuidadores formais de idosos encontram-se em risco de vivenciar esta síndrome,
atendendo á especificidade da sua função (Cocco, 2010; Francos, 2005; Özçakar
et al., 2012; Zamora & Sánchez, 2008). De facto, o cuidador formal de
idosos eserce uma actividade que implica um trabalho direto e contínuo com
pessoas que estão numa situação de dependência e vulnerabilidade física,
cognitiva e social ou de doença crónica ou terminal (Cocco, 2010; Zamora &
Sánchez, 2008). Como tal, os cuidados que têm de proporcionar podem ao longo do
tempo transformar-se numa tarefa árdua e complexa (Ribeiro et al., 2009),
resultante das exigência do ato de cuidar e de alguns fatores de
vulnerabilidade pessoal, podendo surgir situações de stress no trabalho.
Está amplamente demonstrado que quando o stress no trabalho se transforma numa
situação crónica, pode surgir o burnout (Gil-Monte, 2009; Maslach & Leiter,
1997; Maslach, Schaufeli & Leiter, 2001), sendo este já considerado um
problema de saúde pública (Gil-Monte, 2009), sobretudo em cuidadores (Lin &
Lin, 2013). O burnout resulta de um processo patológico gradual no qual se
verifica um desequilíbrio entre as exigências profissionais e os recursos
profissionais e/ou pessoais que o trabalhador possui para fazer face às mesmas
(Maslach & Leiter, 1997). É uma síndrome composta por três dimensões:
exaustão, despersonalização e baixa realização profissional (Maslach et al.,
2001), começando o profissional por se sentir esgotado, para em seguida
manifestar uma atitude negativa e desumanizada em relação ao trabalho e/ou às
pessoas com quem trabalha, avaliando também de forma negativa o seu desempenho
profissional e sentindo-se frustrado e sem realização profissional.
A literatura tem apontado vários fatores que predispõem e predizem a emergência
do burnout, designadamente fatores pessoais e profissionais (Maslach et al.,
2001). Entre os fatores pessoais constam características sociodemográficas como
a idade, defendendo-se que são mais vulneráveis os profissionais mais jovens
dado serem menos experientes e sentirem-se mais inseguros para lidar com as
exigências do trabalho, ou então profissionais a meio da sua carreira de
trabalho e que lentamente vão sentindo o esgotar dos seus recursos emocionais
no enfrentamente do stress crónico do trabalho. Também se tem verificado que as
mulheres são mais susceptíveis ao burnout do que os homens, bem como
profissionais não casados e/ou sem filhos, o que significa que a existência de
uma rede de suporte social positiva ajuda o profissional a lidar melhor com as
situações stressantes do trabalho. Quanto às habilitações literárias, são os
profissionais com maiores níveis de escolaridade que apresentam maiores níveis
de burnout, talvez fruto de tarefas de maior responsabilidade ou de maiorores
expectativas que depoisvêm goradas no seu trabalho (Maslach et al., 2001).
Nos ultimos anos, relacionado com o conceito de burnout tem sido frequentemente
referido o conceito de engagement, sendo frequentes os estudos que os referem
como estando interrelacionados e que tentam analisar a relação que mantêm
(Leary, Green, Denson, Schoenfeld, Henley, & Langford, 2013; Schaufeli
& Bakker, 2003). Pode-se definir engagement como um estado de saúde mental
positivo e de bem-estar no trabalho, caracterizado pelo vigor, dedicação e
absorção (Schaufeli & Bakker, 2003; Schaufeli & Salanova, 2011).
Considerando esta definição, Schaufeli e colaboradores (2003, 2011) referem que
o burnout e o engagement são dois estados psicológicos independentes que
correspondem a dois tipos de experiência distintos: uma atitude negativa e uma
atitude positiva relativamente ao trabalho, respectivamente, não existindo uma
correlação negativa perfeita entre os dois constructos mas sim uma correlação
moderadamente negativa.
No que se refere aos recursos e características pessoais como por exemplo a
capacidade de ser empático, a literatura conclui que existe uma relação
negativa entre burnout e empatia (Passalacqua & Segrin, 2012; Wilczek-
Ruzyczka, 2011). Contudo, se o efeito do burnout sobre a empatia é claro e
evidente, ou seja, a vivência de burnout impede que o profissional seja
empático, o efeito da empatia sobre o burnout não é tão evidente e consensual
(Zenasni, Boujut, Woerner & Sultan, 2012), existindo autores que afirmam
que a empatia evita o risco de burnout pela ligação entre profissional e utente
(Wilczek-Ruzyczka, 2011; Zenasni et al., 2012) enquanto outros defendem que
empatia facilita o burnout pois esta ligação pode desgastar emocionalmente o
profissional (Larson & Yao, 2005; Lee, Song, Cho, Lee & Daly, 2003).
Estes resultados opostos podem traduzir a existência de duas concetualizações
distintas sobre a empatia, designadamente a definição de empatia enquanto
atributo cognitivo ou enquanto atributo emocional (Ogle, Bushnell & Caputi,
2013). Assim, alguns estudos afirmam que a empatia cognitiva está
correlacionada positivamente com a realização pessoal e negativamente com a
exaustão emocional e a despersonalização (Lee et al., 2003; Omdahl &
O'Donnell 1999), evitando, por isso, a vivência de burnout, enquanto a empatia
emocional se correlaciona positivamente com a exaustão emocional e a
despersonalização (Omdahl & O'Donnell 1999; Williams, 1989), facilitando
por isso o surgimento do burnout.
Neste estudo pretende-se, com uma recolha de dados de tipo exploratório e
transversal, conhecer os níveis de burnout, engagement e empatia nem cuidadores
formais de idosos e sua variação em função de características sociodemográficas
e profissionais, bem como verificar se a empatia e o engagement são preditores
do burnout.
MÉTODO
Participantes
Foi utilizada uma amostra por conveniência, composta por 78 cuidadores formais
de idosos, pertencentes às cinco instituições de prestação de cuidados a idosos
existentes no concelho de Castelo de Paiva, distrito de Aveiro, nas suas
respostas sociais de Lar, Centro de dia e Serviço de Apoio Domiciliário.
Utilizou-se como critério de inclusão o facto de os cuidadores prestarem
cuidados de forma directa, isto é, terem um contacto de maior proximidade com
os idosos no ato de cuidar, existindo um vinculo institucional, ou seja, um
contrato de trabalho.
A amostra tem uma média de idades de 42,3 anos (DP=9,57) e todos os seus
elementos são do sexo feminino (100%) e com a tarefa de auxiliar como vínculo
institucional de cuidador formal. Predominantemente são casadas (83,3%), têm
filhos (84,6%) e possuem baixos níveis de escolaridade (59% possui o 9º ano).
Relativamente ao local de prestação de cuidados, 50% da amostra presta cuidados
no contexto de Serviço de Apoio Domiciliário, 38,5% em Lar e 11,5% em Centro de
Dia. A experiência de trabalho nesta profissão variou entre 1 a 31 anos (M=8,23
e DP=6,78), apresentando uma carga horária semanal predominante de mais de 35
horas semanais (83,3%).
Material
Foi utlizado um questionário composto por quatro grandes grupos, sendo primeiro
composto por questões sociodemográficas e profissionais, nomeadamente idade,
estado civil, habilitações literárias, existência de filhos, tipo de
instituição, experiência profissional, tipo de horário laboral e carga horária
semanal. Seguidamente utilizou-se a Jefferson Scale of Physician Empathy (JPSE,
de Hojat et al., 2001) traduzida e adaptada para investigação por Rodrigues
(2008), com base no estudo de Alcorta-Garza, González-Guerrero, Tavitas-
Herrera, Rodríguez-Lara e Hojat (2005). Este instrumento foi concebido para
medir a empatia dos estudantes de medicina em situações de cuidado dos doentes,
sendo constituída por 20 itens de resposta tipo Likert, de 7 pontos, que variam
desde o 1 (totalmente em desacordo) ao 7 (totalmente de acordo).
Utilizou-se também a Utrecht Work Engagement Scale (UWES, de Schaufeli &
Bakker, 2003; Marques-Pinto & Picado, 2011), constituída por 17 itens de
resposta tipo Likert, de 7 pontos, que variam desde 0 (nenhuma vez) a 6
(todos os dias) e estão organizados em três subescalas, de acordo com as
dimensões do constructo: vigor, dedicação e absorção. A presença de engagement
implica pontuações elevadas nas três subescalas. Por fim, utilizou-se o Maslach
Burnout Inventory (MBI, de Maslach, Jackson & Leiter, 1996; Marques-Pinto
& Picado, 2011), constituído por 22 itens numa escala de Likert de 7
pontos, que variam também de 0 (nunca) a 6 (todos os dias), estando
organizados em três subescalas: exaustão emocional, despersonalização e
realização pessoal. A obtenção de pontuações elevadas nas subescalas de
exaustão emocional e despersonalização e de pontuações baixas na subescala de
realização pessoal é indicadora de burnout. Os alfas de Cronbach encontrados
são minimamente adequados, embora pouco elevados, talvez pelo reduzido tamanho
da amostra (Field, 2009).
Procedimento
Foi efectuado um primeiro contacto informal com as instituições de prestação de
cuidados a idosos (Lares e Centros de Dia) existentes no concelho de Castelo de
Paiva, distrito de Aveiro, por existência de contactos privilegiados e por
conhecimento das características do concelho. Em seguida foi enviado um pedido
formal (por carta e por e-mail) às 5 instituições contactadas, solicitando
autorização para recolha de questionários junto dos cuidadores da instituição,
bem como a descrição dos objetivos do estudo e o questionário a aplicar. Após o
parecer positivo das cinco instituições, procedeu-se à distribuição dos
questionários, entregues ao director técnico de cada instituição que se
responsabilizou pela distribuição e recolha dos questionários aos cuidadores
interessados no seu preenchimento. Antes desta distribuição foi efectuada uma
pequena apresentação dos objectivos do estudo e do próprio questionário aos
cuidadores de cada instituição, salientando-se o carácter voluntário do seu
preenchimento. Os questionários foram entregues e recolhidos entre Julho e
Setembro de 2012, sendo dado a ler o consentimento livre e informado. Perante
os receios manifestados pelos cuidadores de perda de anonimato, optou-se por
não utilizar a declaração de participação voluntárias assinada e apenas obter a
devolução dos questionários preenchidos.
Para a análise e o tratamento dos dados recorreu-se ao software IBM SPSS 19,
tendo sido utilizado como procedimentos estatísticos a análise descritiva,
correlação linear momento-produto de Pearson, testes não paramétricos para
amostras independentes, regressão múltipla (método enter) e regressão linear
simples (método stepwise).
RESULTADOS
No que se refere á identificação dos níveis de burnout, engagement e empatia
(quadro_1), verifica-se que a amostra apresenta baixos valores de exaustão
emocional e de despersonalização e elevados valores de realização profissional,
o que sugere baixos níveis de burnout. Para o engagement foram encontrados
valores elevados no vigor, dedicação e absorção, indicando elevado nível de
engagement. Valores elevados foram também encontrados no que diz respeito à
empatia.
No que se refere à variação em função de características sociodemográficas e
profissionais, foram encontradas diferenças pouco significativas (quadro_2),
sendo possível constatar que a exaustão emocional é menor nas cuidadoras que
trabalham em serviço de apoio domiciliário. No que se refere ao engagement,
varia em função das habilitações literárias nas dimensões vigor e dedicação,
apresentando as cuidadoras com níveis mais baixos de escolaridade (até ao 9º
ano) valores mais elevados, comparativamente aos restantes níveis de
escolaridade. No que se refere à existência de filhos, constata-se a existência
de diferenças significativas na dedicação, apresentando as cuidadoras que não
têm filhos valores mais elevados.
Para testar o valor preditivo do engagement e da empatia no burnout, foi
efectuada uma regressão múltipla usando o método Enter (Field, 2009). Os
resultados (Quadro_3) revelaram que a empatia e o engagement são preditores
significativos para as três dimensões do burnout. No que se refere à exaustão e
à despersonalização, é a empatia que as explica de forma mais significativa
(11% e 18% respectivamente), já que o engagement explica quase 9% e 4%,
respectivamente. Quanto à realização profissional o engagement explica 18% e a
empatia apenas 4,7%.
Por fim, efectuou-se uma análise de regressão linear simples, pelo método
stepwise, a qual revelou (Quadro_4) que, para a exaustão, apenas a pouca
dedicação explica quase 8% e para a despersonalização a pouca empatia explica
quase 18%. No que diz respeito à realização profissional, o vigor explica 14% e
a empatia explica 5%.
DISCUSSÃO
Os cuidadores formais alvo deste estudo exploratório não parecem encontrar-se
em risco de burnout e apresentam-se como cuidadores engaged e empáticos no
contexto laboral. Pela caracterização da amostra verificou-se que estes
cuidadores são residentes na zona e desempenham o seu papel laboral num meio
pequeno e rural, meio sobre o qual vários estudos afirmam a existência de uma
maior percepção de suporte social recebido (Lopes, 2004; Paúl, Fonseca, Martin
& Amado, 2005). Ora, sendo o suporte social um factor protector na vivência
de Burnout (Pines, Ben-Ari, Utasi & Larson, 2002) e promotor da saúde
física e mental (Ramos, 2002), pressupõe-se que os baixos níveis de burnout
apresentados pela amostra devem-se, em parte, à existência de uma boa rede de
suporte social.
Relativamente à variação da empatia, engagement e burnout em função de
características sociodemográficas e profissionais, constatou-se que as
cuidadoras que trabalham em serviço de apoio domiciliário apresentam valores
mais baixos de exaustão do que as cuidadoras que trabalham em centro de dia ou
lar. Estes resultados encontram justificação no tipo de tarefa desempenhada
nestes diferentes tipos de resposta social, ou seja, as tarefas laborais em
serviço de apoio domiciliário não pressupõem um conjunto de características
predisponentes da exaustão, designadamente, o trabalho rotineiro (Grazziano
& Ferraz Bianchi, 2010), o contacto prolongado no tempo com o utente
(Greenglass, Burke & Fiksenbaum, 2001; Spooner-Lane & Patton, 2007) que
é menor, e a sensação de responsabilização pelo idoso (Francos, 2005) que
também é menor dada a existência de suporte familiar por parte do idoso, que
também auxilia o cuidador na prestação de cuidados, reduzindo, assim, a sua
sobrecarga de trabalho. Além disso, a amostra foi constituída por cuidadoras
com funções de auxiliares, diferentes das estudadas a nível internacional,
frequentemente associadas a cuidadores formais com funções de enfermagem ou
medicina. No que se refere às habilitações, as cuidadoras com níveis mais
baixos de escolaridade (até ao 9º ano) apresentam valores mais elevados de
vigor e de dedicação, comparativamente com as cuidadoras que possuem níveis de
escolaridade superiores. Schaufeli e Bakker (2003) não encontraram diferenças
quanto às habilitações e afirmam que são os profissionais com mais idade que
apresentam maiores níveis de engagement, em todas as suas dimensões. Ora, pelo
sistema de ensino português, os sujeitos com menor escolaridade são também os
mais velhos em idade. Nesta amostra são também as cuidadoras com mais idade que
apresentam níveis mais baixos de escolaridade, o que justifica o resultado
obtido. Quem também apresenta valores mais elevados de dedicação são as
cuidadoras que não têm filhos, comparativamente com aquelas que têm e esta
variação parece encontrar suporte no conflito família-trabalho (Noor, 2002;
Parasuraman, Purohit, Godshalk, & Beutell, 1996). Ou seja, quanto mais
tempo o individuo se dedicar à família, menos tempo terá para se dedicar ao
trabalho, aumentando o conflito família-trabalho Assim, a inexistência de
filhos aumenta a disponibilidade destas cuidadoras para dedicarem-se mais ao
trabalho, dado não existir qualquer tipo de interferência para uma ou outra
direcção.
Relativamente aos preditores do burnout, verificou-se que o alto engagement
prediz 18% da realização profissional, o que significa que a motivação para a
tarefa parece prevenir a vivência de burnout (Maslach & Leiter, 1997). Já
no que se refere à empatia, constatou-se que a pouca empatia prediz 11% da
exaustão e 18% da despersonalização, sendo estes dados coerentes com os estudos
existentes no que respeita à relação entre burnout e empatia (Lee et al., 2003;
Omdahl & O'Donnell 1999) em que se afirma a existência de uma relação
negativa, quando é tida em consideração a empatia enquanto atributo
predominantemente cognitivo (Wilczek-Ruzyczka, 2011; Zenasni et al., 2012).
Porém não é claro se é a empatia que evita a vivência de burnout ou se é este
que faz diminuir a empatia (Larson & Yao, 2005), pelo que parece importante
investigar esta relação em estudos posteriores.
O estudo realizado apresenta algumas limitações que não poderão deixar de ser
mencionadas, designadamente, a dimensão da amostra que pode ser pouco
representativa da população de cuidadores formais de idosos, pelo reduzido
número de participantes que a integraram e pelo facto de apenas terem funções
de auxiliares na prestação de cuidados a idosos. Note-se, ainda, que todos os
participantes são do sexo feminino e pertencem a um meio (meio rural) com
características particulares. Outra limitação diz respeito ao uso da Jefferson
Scale of Physician Empathy (JPSE, Hojat et al., 2001) na avaliação da empatia,
pois este instrumento avalia a empatia enquanto atributo predominantemente
cognitivo, e seria mais rico e interessante compreender a relação entre burnout
e empatia tendo em consideração as duas dimensões da empatia: empatia cognitiva
e empatia emocional, adoptando-se uma visão integradora da empatia (Lee &
Brennan, 1999).
No que diz respeito a sugestões para a investigação futura desta temática,
reconhece-se a importância de utilizar uma amostra maior e mais heterogénea
quanto ao género e ao meio em que os cuidadores residem/trabalham, tentando
obter resultados representativos da população de cuidadores formais de idosos.
Sugere-se o recurso ao Interpersonnel Reactivity Índex (IRI, de Yarnold,
Bryant, Nightingale & Martin, 1996) ou à Escala Multidimensional de
Reactividade Interpessoal (EMRI, de Koller, Camino & Ribeiro, 2001), no
sentido de compreender se existem diferenças na relação da empatia com o
burnout em função dos diferentes tipos de empatia (emocional ou cognitiva) ou
da forma como o trabalhador enfrenta as situações stressantes no trabalho
(Snyder, 2012). Por fim, a perceção de suporte social não foi investigada no
presente estudo, mas seria importante, em estudos posteriores, tê-la em
consideração, analisando a sua função preventiva do burnout.