Identificação dos motivadores de alterações de
produto e seus impactos financeiros no desempenho
do PDP: um estudo em uma empresa montadora de
medidores de energia elétrica
1 Introdução
Em 2001, a população brasileira foi obrigada a mudar
seus hábitos de consumo de energia elétrica devido
ao risco de corte no fornecimento. Segundo Secco
(2001), a baixa diversificação da matriz energética foi
uma das causas, pois 97% da energia consumida era
produzida por hidrelétricas. Outra causa apontada foram
os investimentos em infraestrutura, que, até o início
dos anos 90, eram de aproximadamente R$ 20 bilhões
por ano e que foram reduzidos para menos da metade.
Além disso, o processo de privatização de empresas
do setor de energia também motivou a redução dos
investimentos no setor, devido à restrição tarifária
imposta pelo Governo. De acordo com o Relatório de
Auditoria TC 006.734/2003-9 emitido em 15 de julho
de 2009, pelo Tribunal de Contas da União (Brasil,
2009), o “Apagão”, como ficou conhecido, gerou um
custo direto de R$ 45,2 bilhões. Valor repassado às
distribuidoras de energia elétrica, sendo que 60% foi
pago pelos usuários, por meio de repasse tarifário,
e o restante, pelo Tesouro Nacional, onerando os
contribuintes.
Sabe-se que estes acontecimentos desencadearam
mudanças em todo o setor de Geração, Transmissão
e Distribuição de energia elétrica (GTD). Surgiram
novas leis, normas e regulamentos técnicos foram
revisados e também programas governamentais
visando a eficiência energética foram criados.
Estes fatores somados à ampliação da infraestrutura
e ao aumento da concorrência têm impulsionado
o desenvolvimento de novos produtos com novas
tecnologias e funcionalidades, além da readequação
constante dos elementos usuais do sistema, como o
caso do medidor de energia elétrica.
O setor e o mercado de medidores de energia
elétrica são regulamentados e fiscalizados por agências
governamentais, órgãos metrológicos e associações
normativas. Eles definem responsabilidades e tarifas,
determinam características construtivas, funcionalidades
e verificam a conformidade dos produtos com normas
e exigências legais. Podem também validar ou não sua
comercialização. Dentre estas instituições, podem-se
citar as mais relevantes: a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), o Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a
Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Além destes grupos de influência, nota-se uma
grande segmentação do mercado consumidor.
Segundo a ABRADEE, em 2014, o Brasil possuía
aproximadamente 77 milhões de unidades consumidoras
de energia elétrica, que, de acordo com a Resolução
Normativa Nº. 414, publicada pela ANEEL em 9 de
setembro de 2010 (ANEEL, 2010), estão divididas em
oito classes de consumo. Na Tabela 1, são apresentados
as principais classes de consumo e o percentual de
consumidores de cada uma delas.
Como pode ser visto, a classe residencial representa
85,54% do mercado de medidores de energia elétrica,
disputado pelas empresas fabricantes deste tipo de
produto.
Entretanto, para que a energia elétrica possa ser
consumida, são necessárias empresas para a sua
distribuição. O Decreto N°. 41.019, de 26 de fevereiro
de 1957 (ANEEL, 1957) e a Resolução Normativa
Nº. 414, publicada pela ANEEL em 9 de setembro
de 2010 (ANEEL, 2010), determinam os direitos e
obrigações das empresas distribuidoras. Elas são
as proprietárias dos medidores de energia elétrica e
têm a obrigação de prover a sua instalação por meio
de concessão quando solicitada pelos consumidores
(residências, comércio, indústrias etc.), que também
têm seus direitos e obrigações definidos por essas
determinações.
De acordo com a Associação Brasileira de
Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE,
2014a, b), há atualmente 42 distribuidoras estatais
e privadas. Cada uma delas possui necessidades e
características peculiares e atuam em todas as regiões
do país, sendo responsáveis pelo fornecimento
de eletricidade a 98% dos consumidores. Pode-se
dizer então que um dos pontos de convergência das
demandas desses diferentes atores se dá no tipo de
medidor de energia elétrica empregado.
O medidor de energia elétrica tem como principais
funções medir e registrar o consumo de eletricidade.
Ele é um dos extremos da complexa cadeia do setor de
GTD e tem sido impulsionado por estas transformações.
Possui papel fundamental na gestão da energia elétrica.
Pode-se concluir dos estudos de Barbieri (2006) e
pelo exposto nos parágrafos anteriores que por meio
dele se dá a relação entre as distribuidoras de energia
elétrica e o consumidor final.
Em um primeiro momento, imagina-se que a
necessidade de reposição do medidor de energia
elétrica seja baixa por ser um bem durável com
longa vida útil e regulamentado. Entretanto, como
já exposto no início, este é um produto que também
vem sofrendo a grande transformação tecnológica.
Novos requisitos e a necessidade de melhorias na
gestão por parte das distribuidoras vêm exigindo a
renovação e consequente substituição dos antigos
medidores eletromecânicos pelos eletrônicos. O que
permite às distribuidoras reduzir perdas comerciais
(fraudes) e possibilita ao governo estimar com maior
eficiência o consumo total de energia elétrica do
país. Com isto, permite melhor dimensionamento e
previsão de investimentos neste setor.
Tabela 1. Classes de consumo e percentual de consumidores.
Classes de consumo
Percentual de consumidores
Residencial
85,54%
Comercial
7,21%
Rural
5,54%
Industrial
0,74%
Fonte: Adaptado de ABRADEE (2014a, b).
Pelo exposto anteriormente, nota-se uma grande
quantidade de fatores de influência no desenvolvimento
de soluções para o mercado de medidores de energia
elétrica. Há uma necessidade de adaptar demandas
distintas de forma competitiva, emprego de estruturas
de baixo custo e gestão de um portfólio de produtos
tidos como padrão, mas que devem atender a um
mercado com grande variedade de necessidades
e requisitos. As empresas que visam atuar neste
mercado demandam um processo de desenvolvimento
de produtos (PDP) diferenciado e adaptá-lo a este
cenário de customização em massa é um desafio que
demanda pesquisas.
1.1 Oportunidade e objetivo da pesquisa
O objeto de estudo é uma empresa multinacional
que está inserida dentro do cenário apresentado, sendo
uma montadora de medidores de energia elétrica,
localizada na região sul do Brasil. Além disso, possui
uma organização matricial forte de projetos e adota
um PDP baseado em Stage Gates.
Nota-se ciclicamente um número sensível de
alterações de projeto distribuídas em todas as fases do
ciclo de vida do produto. Segundo Back & Forcellini
(2002), o custo de mudanças no projeto do produto
ao longo dos estágios de desenvolvimento aumenta
progressivamente. Além disso, de acordo com o PMI
(2008) os custos das mudanças e correções de erros
aumentam significativamente conforme o projeto se
aproxima do término. Na Figura 1, é apresentada a
relação do custo de mudanças ao longo dos estágios
de desenvolvimento do produto.
Como pode ser visto na Figura 1, os custos de mudanças
em cada um dos estágios de desenvolvimento crescem
em progressão geométrica de razão dez, ilustrando
quão onerosos são os gastos de modificações à medida
que se avança nos estágios de desenvolvimento.
No caso da empresa analisada, no cenário corrente
não se sabe quanto tem sido gasto em modificações
nos produtos e tampouco quais as principais causas
dessas despesas. Contudo, dado o cenário de alterações
conhecido pela equipe de projeto, sabe-se que há um
custo de desenvolvimento destas alterações.
Rozenfeld et al. (2006) afirma que, como todo
processo de negócio, o desenvolvimento de produto
deve ser monitorado por meio de indicadores de
desempenho. Sabe-se que o número de alterações de
projeto é um indicador importante e que se relaciona
com uma série de indicadores de ordem financeira.
Se estas alterações não forem monitoradas de
modo a induzir alterações no PDP da empresa,
novos projetos, nele baseados, podem resultar em
erros semelhantes. Alterações cíclicas nos projetos
remetem a um problema no PDP da empresa, que guia
seus projetos. Contudo, tem-se conhecimento de que
mudanças no PDP devem ser realizadas com rigor, a
fim de amadurecer o processo de desenvolvimento de
produtos e mitigar os investimentos em modificações
após a fase de desenvolvimento dos produtos. Logo, é
de extrema importância identificar as causas corretas,
de modo a atuar nas mudanças de maior impacto
no desempenho do PDP em projetos futuros de
melhorias do processo. Portanto, saber os maiores
e mais impactantes motivadores de alterações pode
auxiliar a guiar o processo de melhoria do PDP da
empresa em estudo.
Assim sendo, o objetivo principal deste trabalho é
relacionar um apanhado dos principais motivadores de
alterações de produto e seus custos, tendo como base
os últimos cinco anos do ciclo de vida de um medidor
eletrônico de energia elétrica, após o encerramento
da fase de projeto.
A escolha desta temática foi feita em virtude
da necessidade de melhoria do PDP da empresa.
Além disso, traz à tona uma parte da realidade de
um setor da indústria pouco estudado, apesar de sua
grande importância para o país, e contribui para que
outros setores façam os mesmos questionamentos com
relação aos custos gerados após o desenvolvimento
de produtos, buscando a melhoria contínua do seu
PDP pelo levantamento de dados semelhantes e
criação de indicadores de desempenho para o PDP.
2 Procedimento metodológico
A pesquisa busca identificar e classificar os
motivadores de mudanças no produto por meio
dos custos destas alterações, assim possui caráter
exploratório. Devido às limitações ditadas pela
empresa, elaborou-se procedimento ad hoc que faz
uso de dados do ciclo de vida de cinco anos de um
medidor de energia elétrica polifásico residencial.
Este projeto caracteriza razoavelmente bem o PDP
da empresa e a problemática anteriormente discutida,
de acordo com os profissionais da empresa.
Figura 1. Custo de mudanças nos estágios de
desenvolvimento. Fonte: Adaptado de Back & Forcellini
(2002) e PMI (2008).
O trabalho iniciou-se pela pesquisa exploratória
por meio do levantamento de artigos nos portais de
periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Scientific
Eletronic Library Online (Biblioteca Científica
Eletrônica Online – SCIELO). Também, fez-se a
consulta em livros e trabalhos de conclusão disponíveis
na biblioteca da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná (UTFPR). Além disso, foi feita a busca
direta em outros portais genéricos de busca na
internet. Assim, buscou-se a fundamentação teórica
dos seguintes assuntos:
a) Processo de desenvolvimento de produtos (PDP);
b) Gestão do processo de desenvolvimento de
produtos (GDP);
c) Medição de desempenho no PDP;
d) Alterações de projeto.
Feita a fundamentação, o estudo foi dividido em
sete etapas, que se seguem:
a) Selecionado o produto, identificar o período de
início e fim do ciclo de vida do projeto;
b) Identificar os processos para alteração de produtos
instituídos na empresa, a fim de compreender
como essas são tratadas, quais os meios e locais
utilizados para registrá-las;
c) Levantar e listar as alterações dos últimos cinco
anos do ciclo de vida do produto selecionado.
No levantamento serão considerados os seguintes
critérios de seleção:
i. Considerar somente as alterações que
ocorreram após a fase de desenvolvimento
do produto que foi finalizado em 30 de
setembro de 2007;
ii. Considerar somente as alterações que causaram
modificações físicas e/ou funcionais no
produto;
iii. Agrupar os documentos que tratam da mesma
alteração do produto.
d) Levantar os custos internos e investimentos
gerados por cada alteração do produto;
e) Identificar e listar os motivadores (causas) de
cada alteração do produto por meio de consulta
à documentação técnica da empresa;
f) Relacionar os motivadores das alterações do
produto aos custos das alterações do produto;
g) Analisar e discutir os resultados.
3 O PDP e as alterações de projeto
3.1 Processo de desenvolvimento do
produto
Para Rozenfeld et al. (2006), desenvolver produtos
consiste em um conjunto de atividades por meio das
quais busca-se, a partir das necessidades do mercado
e das possibilidades e restrições tecnológicas, e
considerando as estratégias competitivas e de produto
da empresa, chegar às especificações de projeto
de um produto e de seu processo de produção,
para que a manufatura seja capaz de produzi-lo.
O PDP faz a interface entre a empresa e o mercado,
sendo responsável por identificar e se antecipar
às necessidades e propor-lhes soluções. Daí a sua
importância estratégica (Rozenfeld et al., 2006).
Conclui-se então que o processo de desenvolvimento
de produtos não é uma atividade exclusiva da
engenharia. Envolve diversas áreas de conhecimento
dentro e fora de uma empresa. Tal fato exige que as
empresas busquem gerenciar de forma coordenada
a integração destas áreas ao longo do ciclo de vida
do projeto e do produto.
De acordo com Cunha (2008), ao longo da história,
ocorreu uma evolução e, com ela, o surgimento de
diversas abordagens em gestão de desenvolvimento de
produto. Atualmente pode-se encontrar na literatura
uma gama enorme de autores que sugerem as mais
variadas abordagens para o PDP (Back et al., 2008;
Baxter, 2003; Boothroyd et al., 1994; Pahl et al., 2005;
Rozenfeld et al., 2006; Dubberly, 2005). Cada qual
com sua particularidade, seja na área de tecnologia
ou no modo como são tratadas cada uma das etapas
pelas quais o desenvolvimento de um produto passa.
Porém, apesar das diferenças, nota-se que todas
oferecem ferramentas para que as empresas procurem
realizar um PDP mais formal, sistemático e integrado.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), o desenvolvimento de
produto também envolve atividades de acompanhamento
do produto após o lançamento para assim serem
realizadas as eventuais mudanças necessárias nas
especificações, planejada a descontinuidade do
produto no mercado e incorporadas, no PDP, as lições
aprendidas ao longo do ciclo de vida do produto.
Para Romero et al. (2010), o ciclo de vida de um
produto varia muito em função do tipo de produto,
mas todos passam por quatro fases, sendo elas:
introdução; crescimento; maturidade; e declínio.
Também argumenta que alguns autores sugerem ainda
um estágio intermediário entre os estágios maturidade
e declínio, denominado saturação. Neste estágio,
devem ser adotadas medidas para a criação de novos
produtos ou promover a revitalização do produto,
de modo a prolongar o período de maturidade e, se
possível, induzir um novo estágio de crescimento
nas vendas.
3.2 Alterações do projeto de um produto
em seu desenvolvimento
Para Carvalho & Benedetto (1999), a grande
competitividade entre as empresas, a crescente
necessidade de inovação dos produtos e a grande
variedade de necessidades dos clientes fazem com que
modificações nos produtos não possam ser evitadas
e a capacidade das empresas em incorporar essas
mudanças é uma arma poderosa.
Carvalho & Benedetto (1999) também definem
que modificação de engenharia é qualquer alteração
em uma peça ou conjunto existente no produto e
que afete a forma, interface ou função. Além disso,
também cita que os motivos para uma modificação
de engenharia incluem a correção de erros de projeto,
melhorias na fabricação ou montagem das peças,
melhorias necessárias pela ação da concorrência e
alterações exigidas pelos clientes.
Assim sendo, conclui-se que mesmo com um PDP e a
gestão deste estabelecidos, muitas vezes, são necessárias
alterações no produto no pós-desenvolvimento,
seja para prolongar o seu ciclo de vida ou devido a
correções de projeto, exigências mercadológicas e
também por questões estratégicas da própria empresa.
Unido a isso, atualmente os ciclos de vida, tanto dos
projetos quanto dos produtos, tendem a reduzir e
fazem com que, cada vez mais, as empresas devam
se preocupar com as modificações de produtos na
fase de pós-desenvolvimento.
Contudo, como foi visto, estas alterações
devem ser controladas e minimizadas, pois afetam
significativamente a lucratividade de uma empresa.
O modelo de PDP adotado para guiar os projetos
de desenvolvimento deve incorporar o adequado
encadeamento de ações para antecipar essas alterações
o quanto possível. No caso em estudo, nota-se que
o processo necessita de melhorias, mas a empresa
precisa saber os pontos críticos para direcionar as
mudanças. Investigar as alterações e seus impactos
mostra-se importante para situar o desempenho do
PDP da empresa.
3.3 PDP da empresa
O objeto de estudo deste trabalho é o medidor
eletrônico de energia elétrica que é constituído
por partes mecânicas e eletrônicas. Este tipo de
medidor executa a sua função básica de medição
eletronicamente, no entanto há interação entre as duas
tecnologias. As partes mecânicas desempenham uma
série de funções tais como, suportar, fixar e proteger
as partes eletrônicas, isolar partes vivas e proporcionar
a interface do produto com o usuário, bem como
protegê-lo, evitando acidentes e trazer ao produto
um visual adequado. Além disso, tanto as partes
eletrônicas quanto mecânicas estão sujeitas a diversos
tipos de exigências legais e normativas. Isso demanda
investimento em pesquisa e desenvolvimento contínuo
em novas tecnologias, materiais e soluções para
atender ao mercado cada vez mais exigente e que
demandam do PDP da empresa uma perfeita sincronia
entre as tecnologias empregadas no produto e os
prazos e custos estabelecidos tanto pelo mercado
quanto pela empresa. Na Figura 2, é apresentada a
vista explodida de um medidor eletrônico de energia
elétrica onde é possível observar as partes eletrônicas
e mecânicas do produto.
O PDP da empresa é estruturado em uma sequência
lógica de fases, separadas por pontos de decisão.
Estes fornecem a base para uma gestão integrada,
tomada de decisão e autorização de financiamento para
cada fase dentro do PDP. Assim sendo, as atividades
pertencentes a uma fase seguinte não devem ser
iniciadas antes da aprovação da fase anterior.
O processo se inicia na macrofase M0 e
sequencialmente nas macrofases M10, M20, M70
e M90. Nestas, são mandatórias as tomadas de
decisão para continuar, revisar ou cancelar o projeto.
Na Figura 3, é apresentado de forma resumida o
ciclo de vida do projeto e do produto dentro do PDP
da empresa.
Figura 2. Vista explodida de um medidor eletrônico de
energia elétrica. Fonte: Adaptado de Shore-Design (2015).
A Figura 3 mostra as macrofases de gerenciamento
de projetos e os pontos de tomada de decisão. Também
demonstra os ciclos de vida do projeto e do produto
bem definidos e as áreas envolvidas em cada uma das
fases do PDP. Na prática, é percebido que, durante
o ciclo de vida do projeto, são realizadas atividades
em paralelo de responsabilidade de diferentes áreas
da empresa. Demonstrando que o modelo de gestão
adotado busca a integração entre as diversas áreas de
conhecimento. Porém, como já exposto anteriormente,
muitas vezes, mudanças em produtos já na fase de
pós-desenvolvimento são necessárias e no caso, a
empresa em estudo não é uma exceção.
3.4 Gestão de alterações do produto da empresa
A empresa possui um sistema eletrônico de gestão
de documentos (GED), no qual são disponibilizados
todos os procedimentos e fluxogramas das áreas que a
compõem. Por meio da consulta a este sistema, foram
identificados os procedimentos destinados à alteração
de produto, a fim de compreender o mecanismo
usado quando da necessidade de modificação de um
produto já na fase de pós-desenvolvimento, pós M70
de acordo com a Figura 3.
O procedimento identificado é denominado:
Desenvolvimento de Projetos e Alteração de Produtos.
Ele define que novos produtos e alterações de produtos
existentes sejam realizados por meio de projetos.
Alterações de produtos cujo custo de projeto previsto
seja inferior a US$ 60,000 devem ser tratadas por
meio de uma Análise para Alteração de Produto (AAP)
ou simples revisões da documentação do produto.
A AAP possui um fluxograma próprio e é armazenado
no GED da empresa. Tem o objetivo de assistir no
gerenciamento e integração das diversas áreas da
empresa que estejam envolvidas quando modificações
de produto são necessárias. O personagem responsável
pela abertura, acompanhamento e fechamento deste
documento é o engenheiro do produto. Nela são
descritos a alteração, bem como sua justificativa,
origem e objetivos. Além disso, são apresentadas
estimativas de custos de projeto, estudos de viabilidade
e prazo das atividades necessárias. Uma vez aberta, é
submetida a diferentes níveis de hierarquia da empresa
para aprovação, dependendo da sua complexidade.
Vale a pena ressaltar que a decisão de abertura ou
não de uma AAP é anterior à sua aprovação e é decidida
em reunião organizada pelo engenheiro do produto
com as áreas a serem envolvidas na modificação
do produto. Nos casos em que se decida pela não
abertura da AAP, devido à baixa complexidade ou
outro motivo que justifique tal decisão, pode esta ser
decidida pela revisão da documentação do produto.
Neste estudo, a documentação do produto restringe-se
à documentação mecânica (DM) que é formada por
desenhos de peças, conjuntos, embalagens, entre
outras, e, também, pela documentação eletrônica
(DE) composta por desenhos da placa de circuito
impresso (PCB) e de montagem da placa de circuito
impresso (PCBA) e documentos do firmware (FW).
A documentação do produto também é armazenada
no GED da empresa, bem como o histórico de suas
revisões e segue um procedimento denominado:
Elaboração e Controle de Documentos. Ele determina
que na necessidade de alteração, correção e/ou algum
tipo de ajuste deste tipo de documentação estes devem
ser formalizados pelo próprio GED, pela abertura de
uma Solicitação de Revisão (SR) ou pela simples
abertura de revisão do documento. Em ambos os casos,
as modificações devem ser justificadas e aprovadas
previamente pelo coordenador da área responsável
pelo documento e pelo engenheiro do produto, antes
de serem liberadas para as demais áreas da empresa
e encaminhadas para fornecedores.
Figura 3. Ciclo de vida do projeto e do produto adotado pela empresa. Fonte: Adaptado do procedimento interno da empresa.
A empresa é certificada pela NBR ISO 9001 e,
em seus procedimentos, busca atender aos requisitos
exigidos pela norma, inclusive no PDP. O ciclo de
análise crítica na alteração do produto é uma prática
recomendada pela ISO na qual o PDP se beneficia
justamente pela busca do aumento da qualidade do
projeto.
Dada à existência de toda esta estrutura para
controlar as alterações, viu-se a oportunidade de
usá-la neste caso para rastrear informações e verificar
os seus impactos, tendo em vista que isto não é
feito de forma automática. Como será apresentado
na sequência, na prática, o registro das alterações
depende da disciplina dos usuários. Nota-se que,
na situação corrente, a base de dados dos registros
está fragmentada, o que dificulta o resgate pleno das
informações.
3.5 Medição de desempenho do PDP
Para Kaydos (1999), a importância de medir o
desempenho, se dá porque ele ajuda na definição
de responsabilidades e objetivos, alinhamento
estratégico dos objetivos, entendimento do processo
e da capacidade dele, maior eficiência na alocação
de recursos, possibilidade de delegação e de
mudança na cultura organizacional. Este último
pode ser compreendido como mudança do PDP
da organização.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), na indústria,
são usados os mais variados tipos de indicadores de
desempenho e diversos deles aplicáveis no PDP da
empresa. Entretanto, sabe-se que o produto usado para
este estudo tem um histórico de modificações, o que
remete a possíveis problemas no PDP da empresa.
Isto posto, optou-se por investigar o número de
alterações e seus respectivos custos, sendo que as
medições de outros parâmetros de desempenho do
processo não fazem parte deste trabalho.
3.6 Trabalhos similares
Nesta etapa da pesquisa, foram realizadas buscas
por trabalhos similares. Pretendia-se com isso
vislumbrar um método de pesquisa e análise das
alterações de produtos que orientasse a criação de
uma relação das causas destas alterações com os seus
custos, de modo a identificar possíveis melhorias no
PDP. No entanto, não foram encontradas fontes que
tratassem especificamente do tema, sendo necessário
elaborar uma abordagem de pesquisa específica para
este trabalho.
4 Levantamento das alterações,
motivadores e seus impactos
4.1 Levantamento das alterações de
produto
O GED da empresa permite a busca de documentos
a partir de palavras-chave, sendo utilizado o nome
do produto, que neste artigo é denominado Alfa por
questões de sigilo industrial. Sabe-se também que o
projeto teve início em março de 2006 e foi concluído
em setembro de 2007. Portanto, determinou-se que
o período de pesquisa se daria a partir de outubro de
2007 a dezembro de 2012, sendo levantado um total
de 345 documentos, entre AAP e a documentação
do produto.
Contudo, sabe-se que nem todos os documentos
encontrados referem-se a alterações do produto.
Assim sendo, por meio da leitura de cada documento
levantado, foram descartados os documentos que não
se referiam às modificações do produto.
Durante a leitura da documentação, percebeu-se
também que as AAP podem estar relacionadas às
diversas documentações do produto, isto é, referem-se
à mesma alteração. Fato que também foi percebido
nas documentações mecânica e eletrônica. Portanto,
os documentos que se referiam à mesma modificação
foram agrupados e considerados como uma única
alteração do produto.
Chegou-se a 127 alterações do produto que
correspondem a 37% do total de documentos levantados.
Além disso, 31 documentos consultados não permitiam
determinar se eram modificações do produto, pois
não possuíam quaisquer informações que permitissem
essa identificação, sendo desconsiderados no estudo.
4.2 Levantamento dos custos das alterações de produto
Sabe-se que qualquer atividade dentro de
uma empresa gera um custo e que, muitas vezes,
investimentos e/ou modificações em dispositivos e
equipamentos também são necessários para efetuar
uma alteração do produto.
As áreas da empresa em questão estão divididas
em centros de custo, em que cada uma possui uma
conta e orçamento pré-estabelecidos e a gestão destes
é responsabilidade do gestor de cada área.
Além disso, quando há necessidade, o setor pode
criar subcontas, denominadas Ordens Internas (OI),
nas quais são alocados os gastos para um determinado
projeto e/ou atividade, por exemplo, alterações do
produto. Essas OI são criadas e controladas pela
própria área pelo Sistema de Gestão da organização
e por meio de planilhas eletrônicas. Informações
essas que são repassadas para o setor financeiro da
empresa periodicamente.
Sabendo disso, buscou-se identificar na documentação
levantada a existência de alguma informação, por
exemplo, o número da Ordem Interna que permitisse
o rastreamento dos custos e investimentos realizados
para cada alteração do produto identificada. Somente
três AAP possuíam OI que permitiram rastrear os
gastos realizados para estas alterações do produto.
Porém, constatou-se que estas OI se referiam apenas
à área de Engenharia de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D).
À vista disso, foi necessário consultar as demais
áreas envolvidas nestas AAP na intenção de levantar os
seus respectivos gastos. Entretanto, constatou-se que
somente a Engenharia de Pesquisa e Desenvolvimento
e Engenharia de Manufatura adotam Ordens Internas
como forma de controle financeiro de suas atividades.
Entretanto, as demais áreas, apesar de terem um
controle de seus gastos, ele não é detalhado ao
ponto de permitir rastrear os gastos das alterações
do produto identificadas.
Como já citado, alterações do produto podem gerar
a necessidade da fabricação e/ou modificação de
equipamentos. Por meio da documentação levantada,
verificou-se que algumas geraram esta necessidade.
Sabe-se também que a área responsável por gerir
este tipo de ativo da empresa é a Engenharia de
Manufatura, que possui um controle das modificações
destes ativos. Assim sendo, de posse dos números
e revisões dos documentos levantados no item 4.3,
foi possível fazer o levantamento dos investimentos
realizados nas alterações do produto que impactaram
a fabricação e/ou modificação destes ativos.
Feito isso, foi possível levantar o custo parcial de
somente 8% das alterações identificadas. As demais
alterações não apresentaram qualquer informação
que permitisse rastrear os seus respectivos custos.
Isto aponta para um problema no sistema de registro
e que deve ser trabalhado nos processos de melhoria.
4.3 Motivadores das alterações do produto
Com as informações encontradas na documentação
pesquisada, tentou-se identificar os motivadores de
cada alteração do produto. Para isso, foi identificado
o motivo que gerou cada alteração de produto, com
base nas informações encontradas nos documentos
e no GED da empresa. Sendo então atribuído a cada
modificação um motivador.
Porém, a fim de facilitar a compreensão e a tabulação
dos demais dados obtidos, estes motivadores foram
organizados por afinidade, chegando-se a uma relação
de nove motivadores, como apresentado na Tabela 2.
A Tabela 2 mostra a relação dos nove motivadores
criados e uma breve descrição de cada um deles.
Cabe comentar também que estes motivadores são
fatores de influência no desenvolvimento de soluções
para o mercado de medidores de energia elétrica.
Eles podem ser considerados de modo preventivo,
e dentro do possível, desde as etapas iniciais do
desenvolvimento de novos produtos.
4.4 Tabulação das alterações do produto, custos e motivadores
De posse de todas as informações levantadas, foi
criada uma tabela contendo todos os documentos
que se referem a alterações do produto. Sendo eles:
Análise para Alteração do Produto, Documentação
Mecânica e Documentação Eletrônica. A tabela
contém 15 colunas e 127 linhas, de acordo com a
quantidade de alterações do produto identificadas em
cada tipo de documento. Na Figura 4, é apresentado
um excerto da tabela elaborada.
A Figura 4 mostra uma visão geral da tabulação
dos dados obtidos a partir da consulta à documentação
levantada e selecionada, incluindo as OI encontradas,
seus respectivos investimentos e custos, bem como os
motivadores de cada alteração do produto. Nos casos
em que os dados não foram encontrados e/ou não são
aplicáveis, as células foram mantidas em branco.
Tabela 2. Relação de motivadores de alteração do produto.
Motivador
Descrição
Correção projeto
Correções identificadas internamente pelas áreas de Engenharia e Qualidade e que
resultaram em alteração do produto
Demanda mercado
Alterações oriundas da área de Marketing e/ou pesquisas de mercado
Evolução tecnológica
Substituição de partes e peças com nova tecnologia
Melhoria desempenho
Alterações que visam melhorar o desempenho do produto em campo
Padronização
Padronização de partes e peças
Redução custo
Mudança de processo de manufatura e que impacte em alterações do produto
Eliminação de partes e peças
Solicitação cliente
Customizações do produto para clientes e/ou reclamações de clientes
Solicitação fornecedor
Alterações que visam melhorar as condições dos processos de manufatura de partes e
peças oriundas de fornecedores
Solicitação produção
Alterações que visam melhorar as condições de montagem interna do produto oriundas
da produção
Fonte: Elaborado pelos autores.
Neste exemplo, os dados de investimento e
custo foram suprimidos para preservar a empresa
analisada, mas os impactos financeiros a seguir são
divulgados em percentuais deste para ter uma ideia
de sua magnitude.
5 Apresentação dos resultados
Por meio da consulta à documentação técnica
da empresa e segundo os critérios de seleção
estabelecidos, foram identificadas 127 alterações do
produto, o que exigiu grande esforço. Estimou-se que
foram necessários aproximadamente dois meses para
identificar todas as modificações do produto, devido
ao grande volume de informações fragmentadas na
documentação, sendo, em alguns casos, necessário
consultar as pessoas envolvidas nas alterações.
Outra premissa deste trabalho era rastrear o custo
total de cada alteração. Entretanto, não foi possível
devido à fragmentação dos registros. Constatou-se
que o sistema não permitiu o levantamento e somente
o custo parcial de 8% das alterações identificadas foi
rastreado. No entanto, o total levantado corresponde a
12% do custo total de desenvolvimento do produto Alfa,
mas percebe-se que há uma tendência deste número
ser muito maior, o que é alarmante. Demonstrando
quão onerosas são as modificações efetuadas após
a fase de desenvolvimento.
Outro resultado a que se chegou foi a identificação
dos motivadores das alterações do produto. Na Figura 5,
é apresentada a distribuição percentual dos motivadores
dentro do universo pesquisado.
A Figura 5 mostra que os principais motivadores
de alterações do produto são a solicitação de cliente e
melhoria de desempenho, ambos com 22%. Também
se destacam o montante das alterações por solicitação
de fornecedor, com 15%, e por padronização, com
11%. Estes evidenciam a influência dos clientes e
fornecedores nas soluções que o produto deve conter.
Figura 4. Excerto da tabela elaborada para tabular as alterações do produto, custos e motivadores. Fonte: Eladorado pelos
autores.
Figura 5. Distribuição Percentual dos Motivadores de Alteração de Produto. Fonte: Eladorado pelos autores.
Outro resultado pretendido inicialmente era
relacionar os custos das alterações do produto com
os motivadores por meio de um gráfico. Este poderia
ilustrar quais os motivadores com maior influência
financeira. Entretanto, devido à ineficiência do
sistema em associar os custos às alterações, este
relacionamento não foi possível.
Contudo, pode-se apontar que as solicitações de
clientes tendem a gerar o maior impacto financeiro
devido às customizações do produto solicitadas por
diferentes clientes. Essas solicitações, segundo a
documentação pesquisada, geralmente desencadeiam
necessidade de mudanças ou fabricação de ativos
existentes, como moldes e ferramentas e que demandam
um alto investimento.
6 Discussões
Este trabalho é investigativo e permite diferentes
abordagens, que talvez possam ter diferentes resultados.
Embora tenha sido pesquisada a existência de trabalhos
similares, estes não foram encontrados. Portanto,
adotou-se a abordagem descrita neste artigo.
A abordagem limitou-se à documentação que se
refere às alterações do produto (AAP e documentação
do produto), o que restringiu as fontes para consulta e
identificação de alterações do produto e seus custos.
Mas essa foi a abordagem adotada neste trabalho,
uma vez que os procedimentos internos identificados
não citam outras possíveis fontes que pudessem ser
consultadas.
Entretanto, o desenvolvimento do presente trabalho
foi revelador. Acreditava-se que, dada a estrutura de
registro de alterações e custos existente, seria possível
quantificar as alterações, seus motivadores e levantar
seus custos diretos e inferir os custos indiretos.
Embora seja possível, o levantamento delas exigiria
um trabalho extremamente minucioso envolvendo
o contato com as pessoas envolvidas em cada uma
destas alterações. Porém, muitas não trabalham mais
na empresa, o que dificulta mais ainda o acesso a
estas informações. Isso comprova a importância de
uma gestão de documentos eficiente e, ainda mais,
da gestão do conhecimento no desenvolvimento de
novos produtos.
Outro fato constatado foi a existência de documentos
sem nenhum procedimento formal no GED da empresa
e que, portanto, não foram considerados neste estudo.
Isto evidencia, novamente, o problema de registro
de informações no PDP da empresa e a existência
de impactos financeiros negativos não mapeados.
Apesar disto, os resultados obtidos podem sugerir
mudanças no PDP da empresa, principalmente no
que diz respeito ao levantamento e interpretação das
necessidades dos clientes, uma vez que o maior índice
de alterações do produto se refere à solicitação de
clientes. O que sugere uma oportunidade de melhoria
no processo de identificação das necessidades dos
clientes, buscando o desenvolvimento de métodos
que permitam à empresa atender a uma fatia maior do
mercado e se destacar entre os concorrentes. Além desta
sugestão, pode-se citar também outras sugeridas
pelos resultados, como um maior envolvimento de
fornecedores no PDP e a adoção de ferramentas e
métodos que permitam identificar e selecionar as
soluções mais adequadas e assertivas no que se refere
à melhoria de desempenho do produto.
7 Conclusões
Este artigo apresentou uma forma de identificar
os tipos de motivadores de alterações do produto
obtidos por meio de uma proposta de procedimento
e de classificação destes motivadores aplicável
em outros ramos da indústria, desde que pequenas
adaptações na classificação dos motivadores sejam
feitas de acordo com a realidade de cada organização.
A empresa objeto de estudo não dispõe de um sistema
que apresente de forma automática as informações
de alterações e seus custos como realizado neste
trabalho. A pesquisa entrega para a empresa uma
planilha que relaciona as alterações do produto, seus
custos e respectivos motivadores. Informações que
podem ser utilizadas para outros trabalhos dentro
da empresa.
Os resultados são uma evidência da influência
dos clientes e fornecedores nos produtos, pois
juntos representam 37% das alterações de produto
identificadas e, além disso, sugerem que melhorias
no PDP da empresa devem ser feitas. Remetem a
princípios básicos como levantamento e interpretação
das necessidades dos clientes e envolvimento dos
fornecedores na fase de desenvolvimento do produto,
o que é reforçado pelo resultado alarmante de 8%
levantado e 12% no custo de desenvolvimento e,
também, pelo constatado durante a pesquisa e leitura
da documentação levantada, em que muitas das
alterações talvez pudessem ter sido previstas durante
a fase de desenvolvimento.
Entretanto sabe-se que o produto objeto deste
estudo foi o primeiro projeto no qual a empresa
empregou uma metodologia formal para gestão do
desenvolvimento de produto e que diversas melhorias
e a adoção de novas ferramentas foram realizadas
em desenvolvimentos posteriores.
O estudo aponta que há diferenças entre o que está
documentado no PDP da empresa e de fato o que as
pessoas estão fazendo. Isto reflete a dificuldade de
rastrear as informações. A premissa inicial era a de
que a informação estaria disponível, pois é isto que
os procedimentos internos exigem. Contudo somente
8% das alterações de produto analisado permitem
o rastreamento dos seus respectivos custos diretos.
Além disso, há variedade da fonte e da forma de
registro dos dados pelas pessoas, dificultando inclusive
inferir os custos indiretos destas modificações, o
que se comprova também pela grande parcela de
documentos, não permitindo determinar se se tratavam
ou não de alterações de produto. Uma prova de que o
PDP não está adaptado às pessoas, mas está exigindo
delas a adaptação.
Enfim, acredita-se que esta pesquisa aliada a
outros indicadores permita auxiliar na identificação
de mudanças no PDP da empresa, moldando-o para a
realidade do seu mercado de atuação e assim buscar
a evolução do seu PDP.