Rotas de síntese e a homogeneidade dos precursores de mulita e cordierita
1. INTRODUÇÃO
As propriedades químicas, elétricas e mecânicasdas cerâmicas avançadas
dependem, fundamentalmente, da composição e pureza dos reagentes e do processo
de síntese utilizado1-7.Outro fator determinante para essas propriedades é a
homogeneidade da mistura de substâncias que irão reagir para formar a cerâmica
desejada. Esta mistura, com grau de homogeneidade variável, é denominada
precursor cerâmico8-13.
O grau de homogeneidade dos precursores está relacionado com o tamanho e a
distribuição das partículas existentes nesse material. Um grau de homogeneidade
elevado significa que o material precursor é constituído por partículas com
dimensões e distâncias médias da ordem de alguns nanometros.
O grau de homogeneidade do precursor cerâmico é um parâmetro importante no
processo de síntese, por determinar por exemplo, o mecanismo e a temperatura
mínima de calcinação para a formação da cerâmica, influenciando decisivamente
no tipo e na quantidade de compostos intermediários14-15.
Materiais cerâmicos têm sido sintetizados por meio de vários processos: reação
entre pós reativos, coprecipitação, spraypirólise e sol-gel16-18. Atualmente, o
processo sol-gel tem sido muito estudado, por permitir a formação de
precursores cerâmicos com elevado grau de homogeneidade. Nesse processo, a
síntese do material cerâmico resulta da conversão de um sol em um gel e do gel,
geralmente por calcinação, no produto final (óxidos, nitretos, fosfatos),
mantendo-se, no entanto, ao longo desse processamento, a homogeneidade do sol e
do gel 19-23.
Materiais cerâmicos constituídos por óxidos multielementares representam uma
parcela significativa das cerâmicas com aplicação tecnológica bem estabelecida,
sendo mulita (3Al2O3 2SiO2) e cordierita (5SiO2.2Al2O3.2MgO) bastante
representativas desse grupo24-30.
As correlações entre as rotas de síntese, a temperatura de cristalização e a
formação de intermediários com o grau de homogeneidade dos precursores desses
materiais cerâmicos têm sido discutidas, de forma dispersa, na literatura
corrente. Assim, o escopo deste trabalho é apresentar uma revisão de diversos
métodos de síntese para esses materiais, incluindo o método sol-gel em solução
aquosa, pouco discutido na literatura, e analisar, de forma crítica, as
relações entre esses métodos e o grau de homogeneidade dos precursores.
2. REAÇÕES ENTRE PÓS-REATIVOS
Várias sínteses de cerâmicas, constituídas de óxidos multielementares, têm sido
feitas utilizando o método tradicional da reação entre pós reativos. Nesse
método, óxidos metálicos apropriados ou carbonatos (ou outros sais
convenientes) na forma de pó são calcinados a temperaturas elevadas, permitindo
a interdifusão das espécies31-33. A cordierita, por exemplo, é obtida a partir
de uma mistura de argila, talco e hidróxidos de alumínio, ou pela cristalização
de vidros de cordierita calcinados a temperaturas em torno de 1500oC31.
A reação entre pós reativos pode ser exemplificada, esquematicamente, pela
formação do óxido multielementar ABO3 a partir das espécies químicas
precursoras AO e BO2. Na mistura dos pós de AO e BO2, o tamanho e a
distribuição das partículas são fatores importantes, pois a formação do produto
ABO3ocorre preferencialmente nos pontos de contato entre as partículas dos pós,
devido à lenta difusão das espécies. Outras espécies químicas intermediárias do
tipo A2BO4e AB2O5 também podem ser formadas pela reação entre ABO3 e AO ou BO2,
comprometendo o nível de pureza do produto desejado e fornecendo um indicativo
do grau de homogeneidade da mistura inicial34.
Geralmente, a mistura inicial dos precursores apresenta partículas com tamanho
entre 1 e 10 mm, sendo necessárias várias etapas de trituração e calcinação
para elevar o grau de homogeneidade dessa mistura. A reprodutibilidade do
processo de síntese é comprometida pela presença de partículas com diversos
tamanhos e pela perda da estequiometria em face da volatilização de algumas
espécies ou da formação de intermediários indesejáveis35.
A correlação entre os resultados desse método de síntese e os tamanhos das
partículas, que definem o grau de homogeneidade, pode ser exemplificada pela
síntese da mulita realizada por Sacks e colaboradores36 e Okada e
colaboradores37, em que foram utilizados pó de quartzo com tamanho de
partículas de 2 mm e pó de a-Al2O3 com tamanho de partículas entre 0,3 - 0,5
mm, formando mulita entre 1600 e 1700oC. Entretanto, Mizumo e colaboradores38 e
Somiya e colaboradores39 prepararam mulita por volta de 1200oC a partir da
mistura de Al2O3 e SiO2 com partículas de dimensões coloidais. Nestes casos, o
tamanho das partículas determinou uma maior homogeneidade do precursor
representado pela mistura das substâncias com dimensões coloidais, resultando
em uma temperatura menor para a cristalização.
As reações entre pós reativos ainda são muito utilizadas na preparação de
material cerâmico como a mulita e a cordierita, mas devido à necessidade de
calcinação em altas temperaturas e à trituração da sílica e da alumina, que
apresentam dureza elevada, tem-se buscado processos alternativos que
cristalizem essas cerâmicas em temperaturas menores e sem a etapa de
trituração. Dentre os vários processos disponíveis, o sol-gel tem apresentado
resultados promissores.
3. PROCESSO SOL-GEL
O processo sol-gel diferencia-se em relação aos demais pela possibilidade de
preparação de géis com o mesmo grau de homogeneidade da solução inicial. Outra
vantagem que contribui para o crescente interesse neste processo é a facilidade
de modelar os géis, permitindo a obtenção de corpos cerâmicos com formato pré-
definido40-50.
Na síntese de cerâmicas multielementares por processo sol-gel, o gel é
geralmente seco a baixas temperaturas, transformando-se em um precursor do
material cerâmico. A temperatura de calcinação, necessária para a formação da
cerâmica, dependerá do grau de homogeneidade do gel inicial e da variação desta
nas etapas de secagem e calcinação51-55.
Materiais precursores de mulita e cordierita com elevado grau de homogeneidade
têm sido preparados a partir de géis coloidais e géis poliméricos56. Devido ao
elevado grau de homogeneidade dos precursores preparados a partir desses tipos
de géis, essas cerâmicas têm sido obtidas em temperaturas menores que as
necessárias nas reações de pós reativos, sem que ocorra uma mudança
significativa das suas propriedades intrínsecas57-66.
Uma compreensão das interações físico-químicas, envolvidas na formação de géis
coloidais e poliméricos, é decisiva para o entendimento e o controle das
sínteses por processamento sol-gel, pois estas interações influenciam no grau
de homogeneidade dos precursores, na formação de intermediários e,
conseqüentemente, na temperatura necessária para a obtenção da cerâmica.
3.1. Sol-Gel Coloidal
Sóis são formados pela dispersão e/ou pela formação de partículas carregadas ou
não, com diâmetros típicos de 1-100 nm em um meio líquido. A união entre as
partículas, pelo processo de crescimento e agregação, pode levar à
desestabilização da dispersão coloidal, formando géis ou precipitados56.
As partículas que constituem os sóis estão em constante movimento e submetidas
a dois tipos de forças: forças atrativas de van der Waals e repulsivas de
natureza eletrostática. As cargas superficiais das partículas dos sóis, geradas
através da adsorção preferencial de íons ou moléculas, influenciam na
estabilização da dispersão coloidal e, portanto, o pH e a adsorção de moléculas
na superfície dessas partículas são fatores que podem controlar a estabilidade
do sol56,67.
A estabilidade de sóis pode ser descrita pelo modelo chamado DLVO (Derjaguim,
Landau, Verwey e Overbeek)68-70. Este modelo trata a estabilidade dos sóis em
termos das variações de energia provocadas pela aproximação das partículas. A
figura_1 representa a energia total de interação obtida pela soma das energias
de atração e repulsão. Se o máximo de energia potencial for grande em
comparação com a energia térmica das partículas, o sistema deverá ser estável,
caso contrário, irá flocular.
A gelatinização de um sol é um caso particular da floculação em que, além das
interações partícula-partícula e partícula-solvente, são também importantes os
fatores estérico, a velocidade de crescimento das partículas e o número de
núcleos que dão início à sua formação. A figura_2 representa esquematicamente
este processo56.
Géis coloidais obtidos de sóis de sílica, contendo sais de alumínio e magnésio
dissolvidos, têm sido usados para a preparação de precursores de mulita e
cordierita com elevado grau de homogeneidade.
Bertran e colaboradores71obtiveram mulita cristalina a partir de uma solução
aquosa de metassilicato de sódio, sais de alumínio e uréia. Os sóis de sílica
foram obtidos pela diminuição do pH e a agregação das partículas originou um
gel coloidal. A mulita foi obtida pela calcinação do gel seco em torno de
1000oC, representando uma diminuição de temperatura de cristalização de cerca
de 200oC daquela necessária para a síntese a partir de pós reativos de
dimensões coloidais.
Cordierita estável foi obtida em torno de 1100oC por Bertran e colaboradores72-
73e Sales e colaboradores74, utilizando sóis de sílica, sais de alumínio e
magnésio. Entretanto, em torno de 900oC, foi observada a formação dos
intermediários m-cordierita (fase metaestável), quartzo e spinélio (MgAl2O4). A
formação deste intermediário e a segregação de sílica na forma de quartzo são
indicativos de que o material precursor não apresenta um elevado grau de
homogeneidade.
Estudos de sínteses que utilizam sistemas coloidais mostram que o pH, a
temperatura, o tempo de envelhecimento e a natureza dos ânions da solução são
determinantes do grau de homogeneidade dos géis e dos precursores cerâmicos
preparados por esta rota75-77. Embora a complexidade do controle desses
parâmetros dificulte a obtenção de precursores com homogeneidade elevada, este
método tem como vantagem o baixo custo dos reagentes, a simplicidade da síntese
e a possibilidade de obtenção dos produtos a temperaturas menores que a dos
processos com pós reativos.
3.2. Sol-Gel Polimérico
Neste tipo de processo sol-gel, o gel é formado pela interação entre cadeias
poliméricas, resultantes da polimerização de um monômero disperso em um
solvente78. Os óxidos, que darão origem às cerâmicas, são formados a partir de
géis poliméricos obtidos principalmente por dois tipos de reagentes: solução de
alcóxidos metálicos ou solução de alcóxido de silício com sais inorgânicos78-
82.
a) Géis formados a partir de alcóxidos metálicos
Alcóxidos têm sido empregados freqüentemente nas sínteses de materiais
cerâmicos, principalmente, devido à elevada pureza dos reagentes químicos e à
maior facilidade de controle do processo de gelatinização, quando comparados
aos géis provenientes de dispersões coloidais83-86.
A transformação de uma solução de alcóxido em um gel polimérico é devida a três
tipos de reações87-88: a hidrólise do alcóxido, e a condensação e polimerização
das espécies hidrolizadas. A hidrólise é representada pela equação (1):
M(OR)n + xH2O ® M(OH)x(OR)n-x + xROH (1)
Simultaneamente à hidrólise, ocorrem a condensação e polimerização, por
oxolação entre as espécies hidrolizadas, formando a ligação -M-O-M- via
desidratação ou dealcolização, como descrito nas equações (2) e (3):
M(OH)x(OR)n-x + M(OH)y(OR)n-y ® (OR)n-x(OH)x-1 (2)
M-O-M(OH)y-1(OR)n-y+ H2O
M(OH)x(OR)n-x + M(OH)y(OR)n-y ® (OR)n-x-1(OH)x (3)
M-O-M(OH)y-1(OR)n-y+ ROH
As cadeias dos óxidos poliméricos são construídas progressivamente e a presença
do grupo alquila evita que as condensações sucessivas resultem na formação de
colóides.
O tipo de solvente, a concentração dos alcóxidos, a temperatura, o pH e a
quantidade de água determinam as velocidades das reações de hidrólise, de
condensação e de polimerização e, dependendo do ajuste desses fatores, pode ser
formado um gel polimérico linear ou um gel reticulado89-91.
No entanto, na preparação de géis multicomponentes a partir de misturas de
alcóxidos, as interações entre os monômeros e a velocidade da hidrólise de cada
um deles é determinante para o tipo de cadeia polimérica. A figura_3 mostra,
esquematicamente, as diversas possibilidades de formação de cadeias
poliméricas. As diferenças de velocidade de hidrólise entre os componentes da
mistura precursora do gel podem formar géis com diferentes graus de
homogeneidade e diferentes relações estequiométricas entre os oxihidróxidos que
irão constituir as cadeias poliméricas92-95.
Géis multicomponentes precursores de mulita e cordierita, constituídos por
cadeias poliméricas lineares de diversos tamanhos, têm sido preparados a partir
de tetraetilortossilicato (TEOS), tetrametilortossilicato (TMOS), isopropóxido
de alumínio e etóxido de magnésio87-96.
No entanto, a preparação desses géis multicomponentes a partir de alcóxidos de
silício é dificultada pela menor velocidade de hidrólise deste alcóxido quando
comparada com as velocidades de hidrólise dos alcóxidos de alumínio e de
magnésio74.
Devido às diferenças nas velocidades de hidrólise e policondensação dos
alcóxidos de silício, alumínio e magnésio, as sínteses de mulita e de
cordierita têm apresentado a formação de compostos intermediários antes da
cerâmica desejada tornar-se a fase majoritária. A formação de um
aluminossilicato de baixa cristalinidade do tipo espinélio (6Al2O3SiO2), na
síntese da mulita, e a formação de espinel (MgAl2O4), quartzo (SiO2), enstatita
(MgSiO3) e forsterita (2MgO.SiO2), na síntese de cordierita, são indicativos da
falta de homogeneidade dos precursores, resultante da dificuldade do controle
da velocidade de hidrólise dos alcóxidos empregados96-99.
Para obter precursores com elevado grau de homogeneidade, ácidos carboxílicos,
b-dicetonas e 2,4-pentanodiona têm sido usados como substâncias quelantes
controladoras das velocidades de hidrólise, facilitando o controle da
copolimerização100-102.
Como exemplo podemos citar Selvaraj e colaboradores102, que obtiveram um
material precursor da cordierita de elevado grau de homogeneidade, resultando
em a-cordierita a 1040oC sem a formação de intermediários do tipo espinel,
quartzo, enstatita e forsterita, utilizando 2,4-pentanodiona como controladora
da velocidade de hidrólise dos alcóxidos de alumínio e magnésio.
b) Géis formados a partir de alcóxidos de silício e sais inorgânicos
Devido às diferenças de velocidades de hidrólise e policondensação dos
alcóxidos de silício, alumínio e magnésio nas sínteses de mulita e de
cordierita, têm-se substituído os alcóxidos mais reativos por sais hidratados
em combinação com tetraetilortossilicato (TEOS)103-105. Por meio do controle da
velocidade de hidrólise e de condensação das espécies hidroxiladas tem sido
possível a obtenção de géis e precursores cerâmicos com grau de homogeneidade
elevado.
As reações de hidrólise dos sais inorgânicos e a condensação das espécies
hidrolizadas em meio aquoso podem formar uma grande variedade de íons e
moléculas, como indicado pela equação (4).
[M(H2O)n]z+ + y H2O ® [MOu(OH)y-2u(H2O)n-y+u](z-y) + (4)
yH3O+
A hidrólise destes sais, controlada pelo ajuste do valor de pH das soluções,
resulta em um cátion metálico ligado a três tipos diferentes de ligantes: aquo
(H2O), hidroxo (OH-) e oxo (O2-), dependendo do grau de hidratação106.
O gel é formado pela reação de condensação entre as espécies hidrolizadas
segundo os mecanismos de olação e oxolação107. A reação de olação, representada
esquematicamente pelas reações 5 e 6, entre as espécies hidrolizadas do tipo [M
(OH)x(H2O)n-x](z-x)+ , sendo x<n, resulta na formação de ligações do tipo M-OH-
M pela substituição nucleofílica do grupo aquo pelo grupo hidroxo, sendo a
labilidade da ligação H2O-M um fator determinante da cinética da reação78.
(5)
<formula/> (6)
De forma análoga ao discutido nas equações 2 e 3 para o gel polimérico, a
reação de oxolação entre os íons do tipo [MOx(OH)n-x](n+x-z), sendo x<n,
resulta na formação de ligações do tipo M-O-M78.
A dependência desses mecanismos em relação aos métodos de elevação do pH,
durante o processo de gelatinização, causam diferenças na homogeneidade de géis
e precursores de mulita e cordierita, formadas a partir de alcóxidos de silício
e sais.
Okada e colaboradores108obtiveram a mulita por meio da calcinação de um gel
preparado a partir da hidrólise e condensação de uma solução alcoólica de TEOS
e nitrato de alumínio. Para a gelatinização, o pH foi aumentado pela adição de
solução de hidróxido de amônio. Mulita também foi preparada por I. Jaymes e
colaboradores109,110 utilizando os mesmos precursores, porém fazendo com que o
aumento do pH ocorresse através da termólise da uréia a 80oC. Na síntese em que
o processo de hidrólise e condensação foi realizado pela adição de hidróxido de
amônio, foi verificado que o mecanismo de cristalização de mulita passou pela
formação da fase tipo espinélio a 980oC e a mulita tornou-se a fase majoritária
a partir de 1150oC, enquanto no processo que utilizou a termólise da uréia a
mulita cristalizou diretamente do precursor amorfo por volta de 960oC,
indicando a maior homogeneidade neste último caso.
A menor homogeneidade dos precursores obtidos pela hidrólise dos sais com
hidróxido de amônio durante a gelatinização também foi observado por Saha e
colaboradores111 na síntese de cordierita, que obtiveram esse material a partir
de um gel preparado pela mistura de TEOS, nitrato de alumínio e nitrato de
magnésio seguida de calcinação a 1300oC, passando pela formação de m-
cordierita, espinélio e cristobalita.
Nas sínteses em que foi utilizado hidróxido de amônio nas etapas de hidrólise e
condensação, é razoável supor que a elevação de pH resultou inicialmente na
precipitação do hidróxido de alumínio e/ou magnésio seguida da coprecipitação e
adsorção do sol de sílica sobre ele. Na calcinação, este material é
desidratado, formando um núcleo rico em alumina e/ou óxido de magnésio e uma
camada externa rica em sílica. Na síntese em que foi utilizada a precipitação
homogênea por meio da termólise da uréia, foram obtidos precursores com elevado
grau de homogeneidade, uma vez que a lenta e homogênea geração de amônia
provoca simultaneamente a hidrólise do íon alumínio e a policondensação das
espécies hidrolizadas de Al e Si, resultando em um gel constituído, pelo menos
em parte, por uma rede composta por copolímeros do tipo Si-O-Al112-113.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações feitas neste trabalho, sobre as diversas rotas de síntese de
materiais cerâmicos, mostram que o mecanismo e a temperatura de cristalização
de materiais cerâmicos, tais como a mulita e a cordierita, a partir de seus
precursores dependem fundamentalmente da história prévia do material calcinado.
Na síntese de cerâmicas multielementares, que apresentam dois ou mais tipos de
cátions, é necessário um entendimento adequado e profundo da química envolvida
em cada processo, devido ao elevado número de interações possíveis entre os
diferentes componentes químicos.
O processo sol-gel tem sido cada vez mais aceito e oferece vantagens em relação
ao métodos tradicionais de reações de estado sólido, como baixa temperatura de
síntese, curto tempo de processamento, elevada homogeneidade e pureza.
O processamento sol-gel através de géis coloidais apresenta um grande número de
parâmetros complexos para serem controlados, entretanto, este método tem como
vantagem o baixo custo dos reagentes quando comparado aos alcóxidos, a
simplicidade da síntese e a possibilidade de obtenção dos produtos a
temperaturas menores que a dos processos com pós reativos.
Apesar da maioria das sínteses de aluminossilicatos pelo processo sol-gel
relatadas até o momento terem-se concentrado em misturas de alcóxidos, pode-se
verificar que a utilização de sais inorgânicos, em substituição aos alcóxidos
mais reativos, também apresenta-se como uma opção viável na obtenção destes
materiais a baixa temperatura.