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BrBRCVAg0100-29452001000300042

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variedadeBr
ano2001
fonteScielo

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GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DE MUDAS DE PITANGUEIRA (Eugenia uniflora L.) SOB CONDIÇÕES DE SOMBREAMENTO GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DE MUDAS DE PITANGUEIRA (Eugenia uniflora L.) SOB CONDIÇÕES DE SOMBREAMENTO1

INTRODUÇÃO As árvores produzem valiosos produtos como madeira para os mais diversos fins, frutos comestíveis, forragens, resinas ou gomas, produtos químicos, medicamentos, néctares, polens e lenha, dentre outros (Silva et al., 1997). As conseqüências da grande devastação na cobertura vegetal do País tem sido a eliminação direta de espécies vegetais, a redução da oferta de alimento e o abrigo para a fauna silvestre, a exposição das bordas do fragmento à irradiação solar direta, e o favorecimento ao estabelecimento de espécies invasoras (Souza e Silva, 1994).

A vegetação do cerrado apresenta uma grande riqueza florística, e, segundo Batalha et al. (1997), vários pesquisadores têm feito levantamentos dessas espécies. Entretanto, ainda são poucos os estudos sobre a propagação e desenvolvimento das mudas das espécies nativas dessa região.Grande parte do esforço da silvicultura visando a maximizar a obtenção de produtos florestais como madeira, látex, frutos e resinas baseia-se no cultivo de espécies mais adaptadas a condições de luz, temperatura e umidade entre outros fatores da região do cerrado (Martins, 2000).

Embora geralmente as sementes de cerrado germinem sem dificuldade, existem problemas de estabelecimento no habitat. As espécies do gênero Eugenia parecem não ter problemas de germinação, uma vez que elas caem no início das chuvas; entretanto, a sobrevivência das mudas pode ser afetada (Rizzini, 1971).

A pitangueira (Eugenia uniflora - Myrtaceae) é uma árvore frutífera medindo cerca de 6-12m de altura, podendo ser utilizada no paisagismo ou cultivada em pomares domésticos. A madeira é empregada na confecção de cabos de ferramentas e outros instrumentos agrícolas. Floresce entre agosto e novembro e os frutos amadurecem entre outubro e janeiro. (Lorenzi, 1998). O fruto do tipo drupa, contendo de 1 a 2 sementes, apresenta entre outros nutrientes, a Vitamina C. A pitanga pode ser utilizada para diminuir a pressão arterial, combater azia, bronquite, cólicas e doenças do estômago (Korbes, 1995), o chá das folhas é anti-reumático, antidisentérico, febrífugo e utilizado contra diabetes. Os agricultores utilizam a pitanga também pela versatilidade dos frutos que, além de serem utilizados na cosmetologia, fornecem geléias, doces, refrescos, sorvetes, licores e vinhos de qualidade apreciável. A pitangueira é recomendada também para reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente, visando a proporcionar alimento a avifauna.

A luz que atravessa o dossel da floresta, sofre mudanças consideráveis quanto à sua intensidade, duração e qualidade. Em geral, os diferentes graus de luminosidade causam mudanças morfológicas e fisiológicas na planta, e o grau de adaptação é ditado por características genéticas da planta em interação com o seu meio ambiente (Moraes Neto et al., 2000). Amo (1985), analisando essas mudanças no processo de regeneração e crescimento de mudas, concluiu que as diferenças de luz quanto à sua intensidade possuem, nas condições naturais, efeito mais significativo no crescimento das plantas do que a sua qualidade, principalmente no que se refere ao acúmulo de matéria seca. Diversas variáveis de crescimento têm sido utilizadas para avaliar o comportamento das mudas de espécies florestais em relação à luz, sendo a altura e o diâmetro de caule usados com maior freqüência. O maior diâmetro de caule é uma característica desejável em mudas porque garante maior sustentação da muda. A produção de matéria seca, a área foliar e as relações entre a biomassa das partes aérea e radicular são variáveis também utilizadas na avaliação do crescimento das mudas quanto à luz (Farias et al., 1997).

Os objetivos deste trabalho foram avaliar a capacidade germinativa das sementes de pitanga e o crescimento das mudas sob condições de sombreamento.

MATERIAL E MÉTODOS As sementes foram coletadas diretamente das árvores quando os frutos se apresentavam completamente vermelhos. As sementes foram despolpadas e deixadas secar ao sol durante 48 horas. O experimento foi conduzido na Área de Pesquisa Experimental da UNIGRAN ¾ Dourados-MS, no período de outubro de 1999 a junho de 2000.

A semeadura foi realizada em recipiente de polietileno de 10 x 20cm, contendo como substrato terra adubada com esterco de curral curtido (10:1), sendo colocada 1 semente por recipiente, perfazendo um total de 300 sementes. A cada seis dias, durante três meses, foram realizadas contagens das sementes germinadas para cálculo da porcentagem germinativa e índice de velocidade de emergência segundo Popinigs (1985).

Aos três meses após a emergência, as mudas foram levadas para condição de sombrite 50% e 70% de luz e a pleno sol. O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados, com 4 repetições de 15 mudas por tratamento. Um mês após aclimatação das mudas, foram avaliadas a altura e o diâmetro de caule, com medições aos 4; 5; 6 e 7 meses de idade. Ao final do experimento, foram avaliados a área foliar (dm2) com auxílio de integrador de área foliar LI COR 3000 e o peso seco total das mudas (g), calculados a razão de peso foliar - RPF (g/g) e o peso específico de folhas PEF (g/dm2) segundo Benincasa (1988).

RESULTADOS E DISCUSSÕES As sementes de pitanga apresentaram 65,7% de germinação, sendo essa porcentagem inferior àquela observada por Carvalho et al. (1998), que obtiveram germinação superior a 80%. O índice de velocidade de emergência foi de 3,34 e as sementes iniciaram o processo de germinação aos 23 dias após a semeadura. Esses dados sugerem que as condições em que o teste de germinação foi conduzido, não foram plenamente satisfatórias para a germinação das sementes, embora uma germinação acima de 60% seja considerada boa em testes de germinação.

Durante os sete meses nos quais as mudas de pitangueira foram avaliadas, a altura e o diâmetro de caule mantiveram-se maiores naquelas crescendo a pleno sol (Figura_1). A altura e o peso seco foram maiores quando crescidas a pleno sol, não variando entre as sombrites (Tabela_1). O diâmetro de caule também foi maior a pleno sol, do que a 50% de sombreamento, todavia foi semelhante ao de 70% de sombreamento. A 50%, as mudas apresentaram o menor diâmetro. Estes dados indicam que as mudas a pleno sol apresentaram maior crescimento, uma vez que o maior diâmetro de caule sugere maior particionamento de fotoassimilados da parte aérea.

A área foliar foi maior sob sombreamento, o que é normalmente observado nessa condição, uma vez que necessidade de ampliar a superfície fotossintetizante para maximizar a absorção luminosa.

As mudas sob sombreamento, apresentaram menor peso seco e maior área foliar, quando comparadas com as mudas a pleno sol. Resultados semelhantes foram observados por Farias et al. (1997), estudando o desenvolvimento das mudas de cedrorana (Cedrelinga catanaeformis (Ducke)Ducke) sob pleno sol, 30; 50 e 70% de luz. Esses resultados podem ser explicados baseado nos dados de peso específico de folha, que representa a espessura foliar. As folhas sob alta disponibilidade luminosa apresentam espessura foliar maior, como recurso de proteção aos pigmentos fotossintetizantes, o que pode ter contribuído para aumentar o peso seco total. Assim, analisando o peso específico da folha, observa-se que não houve diferenças significativas entre os sombreamentos, e que o valor foi inferior quando comparado com as mudas a pleno sol. Resultados semelhantes foram observados por Longstreth et al. (1981), trabalhando com Hydrocotyle bonaniensis Lam. e Farias et al. (1997), trabalhando com cedrorana .

As mudas a pleno sol apresentaram crescimentos em altura e diâmetro superiores desde o início do experimento, seguidas pelas mudas sob 70% de sombreamento (Figura_1). Provavelmente, os 30 dias em que as mudas permaneceram sob diferentes luminosidades para aclimatação, tenham sido suficientes para causar a diferença de crescimento em altura observada. Moraes Neto et al. (2000), estudando o desenvolvimento de mudas de espécies arbóreas, observaram diferenças significativas de comportamento em altura e diâmetro do caule entre as espécies, em relação aos diferentes níveis de luminosidade e idade, sendo que a sangra-d'água (Croton urucuranaBaill) apresentou maior altura em menor tempo comparado com o jenipapo (Genipa americanaL.).

CONCLUSÃO Diante dos resultados, observa-se que a pitanga é uma espécie de fácil propagação por sementes, e suas mudas crescem melhor sob condição de luz plena.


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