Crescimento de mudas de gravioleira (Anonna muricata L.) em substrato com
superfosfato simples e vermicomposto
FITOTECNIA
Crescimento de mudas de gravioleira (Anonna muricata L.) em substrato com
superfosfato simples e vermicomposto1
Growing of soursup seedlings (Anonna muricata L.) in substrate with simple
superphosphate and earthworm
Carlos Alberto Spaggiari SouzaI; Fernando Luiz de Oliveira CorrêaII; Vander
MendonçaIII; Janice Guedes de CarvalhoIV
IEng. Agrônomo, Dr. Prof. Visitante do Departamento de Agricultura-UFLA, Cx.
Postal 137, CEP 37200-000, Lavras-MG, Fone (0xx35)3821-2851, E-mail
casouza@ufla.br
IIEng. Agrônomo, M. Sc. Doutorando em Agronomia/Fitotecnia -UFLA - Pesquisador
CEPLAC/ESTEX-OP, Ouro Preto do Oeste- RO, Cx.Postal. 11, Fone (0xx35) 3821-
1929, E-mail floc@ufla.br
IIIEng. Agrônomo M.Sc. Doutorando em Agronomia/Fitotecnia-UFLA, Lavras-MG, CEP
37200-000, fone (35)3822-5210, vander@ufla.br
IVEng. Agrônoma Dra. Profa. Titular , Depo. de Solos - UFLA, Lavras-MG, CEP
37200-000, fone: (35)3829-1269, janicegc@ufla.br
INTRODUÇÃO
A gravioleira (Anonna muricata L.) está presente em quase todos os países da
América tropical. Embora não seja nativa do Brasil, é cultivada, praticamente,
em todos os estados do norte e nordeste.
A propagação da gravioleira passa pela produção de mudas que é um dos meios
para a exploração técnica e comercial dessa espécie. Trata-se de uma cultura
perene e os erros cometidos no processo de produção de mudas, com toda certeza
poderão proporcionar conseqüências danosas por todo o período de exploração da
cultura.
Para a obtenção de mudas de boa qualidade, faz-se necessário a utilização de
substratos, os quais devem apresentar propriedades físicas e químicas adequadas
e fornecer os nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta. Além
disso, a qualidade do substrato depende, primordialmente, das proporções e dos
materiais que compõem a mistura ( Silva et al., 2001).
O substrato exerce influência significativa sobre a arquitetura do sistema
radicular, no estado nutricional das plantas (Spurr & Barnes, 1973) e no
movimento da água no sistema solo-planta-atmosfera (Orlander & Due, 1986).
Os substratos são escolhidos em função da disponibilidade e de suas
propriedades físicas e, muitas vezes, substratos com baixos teores de
nutrientes são usados, sendo necessária a adição de fertilizantes (Souza,
1983). Bons substratos apresentam boas características de firmeza, volume
razoavelmente constante quando secos ou úmidos, capacidade de retenção de água,
porosidade para facilitar a drenagem e permitir a aeração, boa sanidade, baixo
nível de salinidade e boa disponibilidade de nutrientes (Hartmann & Kester,
1975; Blanc, 1981).
Na produção de mudas de fruteiras, vários substratos têm sido utilizados tais
como: esterco de curral associado com carvão vegetal, solo e areia (Mendonça et
al., 2003); casca de arroz carbonizada (Souza, 2001); bagaço de cana-de-açúcar
(Toledo et al., 1997); esterco de animais (Sediyama et al., 2000), isolados ou
associados a fontes e doses de fertilizantes minerais (Vichiato et al., 1998;
Brasil et al., 1999). No entanto, na produção de mudas de gravioleira,
trabalhos utilizando substratos são escassos, restringindo-se aos de Barbosa
(1990) e Pinto & Silva (1994).
Na formação de mudas, um suprimento adequado em fósforo proporciona respostas
significativas tanto no crescimento do sistema radicular como da parte aérea.
Desta forma, um substrato deficiente em P poderá ocasionar um crescimento
reduzido ou menor das raízes e da parte aérea, sendo necessária a fertilização
com adubos fosfatados (Yeager & Wright, 1984).
Por outro lado, vários trabalhos envolvendo o uso de diferentes fontes de
fertilizantes fosfatados ressaltam sua importância na fase de formação das
mudas de diferentes espécies frutíferas: maracujá (Peixoto, 1986), mamão
(Rocha, 1987), citros (Souto, 1993) e banana (Menezes, 1997). Neste sentido,
objetivou-se neste trabalho avaliar o crescimento de mudas de gravioleira em
substrato, utilizando doses de superfosfato simples e vermicomposto.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de Fruticultura do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Minas Gerais. As mudas
utilizadas nesta pesquisa foram obtidas de sementes oriundas de plantas da
variedade Lisa da Estação Experimental Filogônio Peixoto, em Linhares (ES),
pertencente à Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC.
Como substrato, utilizou-se solo classificado como Latossolo Vermelho
distroférrico, coletado na camada de 0-20 cm de profundidade, no campus da
UFLA, cujos resultados da análise química encontram-se na Tabela_1.
As sementes foram colocadas para germinar em bandejas com substrato de areia
lavada e após 20 dias da germinação, realizou-se o transplantio para sacos
plásticos (14x28 cm), com capacidade para 2,0 kg de solo, furados lateralmente.
Foi transplantada uma única muda por recipiente, conforme a recomendação de
Pinto & Silva (1994).
A adubação do substrato realizou-se uma semana antes do transplantio,
misturando ao substrato o vermicomposto nas quantidades de 0; 10; 20 e 40% do
volume do substrato e o superfosfato simples (180 g de P2 O5 kg-1, solúvel em
água) nas doses de 0; 2,5; 5; e 10 kg por metro cúbico de substrato.
O experimento foi conduzido em viveiro coberto com sombrite 50%, por um período
de 7 meses após o transplantio. Os tratos culturais utilizados foram a
irrigação, o controle de pragas e doenças e a monda das plantas daninhas. A
adubação de cobertura, via foliar, foi realizada mensalmente durante 5 meses,
iniciando após um mês do transplantio com aplicação de nitrogênio, utilizando
as seguintes fontes alternadamente: uréia (0,2%) e sulfato de amônio (0,4%).
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, em esquema
fatorial 4 x 4. Os tratamentos foram constituídos pela combinação de 4 doses de
superfosfato simples ( 0; 2,5; 5 e 10 kg por metro cúbico de substrato ) e 4
doses de vermicomposto ( 0; 10; 20 e 40% do volume do substrato) com 4
repetições. Cada parcela foi constituída de 3 mudas (3 recipientes com 1 muda
cada). As combinações dos tratamentos encontram-se descritas na Tabela_2.
As variáveis avaliadas, aos 7 meses após o transplantio, foram: altura de
planta (cm), medida a partir do colo da muda até a gema apical; diâmetro do
caule (cm) a 5 cm do solo; número de folha/planta e, em seguida, as mudas foram
cortadas rente ao solo, separando a raiz, caule e folha, lavadas em água de
torneira e água destilada, e as partes acondicionadas, separadamente, em saco
de papel. As folhas, antes da secagem, foram usadas para determinar a área
foliar (cm2.planta-1), utilizando-se integrador de área foliar. Posteriormente
as partes foram secadas em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de
±65oC, até atingir peso constante para obtenção da matéria seca.
Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos dados
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, sendo seguidas as
recomendações de Gomes (2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela análise de variância observou-se efeitos significativos da interação das
doses de superfosfato simples e do vermicomposto para as variáveis número de
folhas, diâmetro do caule, área foliar, matéria seca do caule e da raiz. Para a
altura da muda e a matéria seca da folha, houve efeito significativo apenas as
doses de vermicomposto.
A altura da muda de gravioleira variou de 22,88 cm sem aplicação de
vermicomposto até 44,35 cm com aplicação de 40% de vermicomposto (Figura_1). A
matéria seca de folha ficou entre 4,42 g sem aplicação de vermicomposto e 12,66
g com aplicação de 40% de vermicomposto (Figura_2). Estes resultados evidenciam
que a adição de vermicomposto ao substrato de formação das mudas proporcionou
um maior crescimento das mesmas, com efeito significativo a partir da dose 20%
de vermicomposto, para as duas variáveis. Rego (1992), estudando o efeito da
adubação orgânica (esterco bovino curtido) nas doses de 0, 5, 15 e 20% do
volume de substrato em mudas de gravioleira, durante quatro meses, verificou
que para a altura da muda, diâmetro do colo e número de folhas a dose de 15%
foi o mais eficiente. Na formação de mudas de laranjeira cultivar Pêra, Toledo
et al. (1997), utilizando várias formulações de substrato, verificaram que a
relação 30-40-30% de solo-areia-vermicomposto, foi a que apresentou efeitos
significativos para altura e diâmetro do colo.
Para a variável número de folhas nas mudas de gravioleira, a melhor resposta
foi com 20% de vermicomposto e 5,0 kg de superfosfato simples por metro cúbico
de substrato, apresentando em média 26,7 folhas/planta (Figura_3). Para área
foliar, a interação foi significativa para a dose 10 kg de superfosfato simples
por metro cúbico de substrato sem a adição de vermicomposto, com área foliar de
381,38 cm2.planta-1 (Figura_4). O diâmetro do caule das mudas de gravioleira
foi maior na dose 40% de vermicomposto e 5 kg de superfosfato simples por metro
cúbico de substrato, com valor médio de 1,02 cm de diâmetro. Na dose de 10 kg
de superfosfato simples houve redução no diâmetro do caule das mudas de
gravioleira, exceto para o tratamento que não recebeu vermicomposto (Figura_5).
A interação entre superfosfato simples e vermicomposto foi significativa para a
matéria seca da raiz na combinação de 40% de vermicomposto e 2,5 kg de
superfosfato simples por metro cúbico de substrato, com a matéria seca média de
raiz de 15,12 g (Figura_6). Para a matéria seca do caule de mudas de
gravioleira, a interação foi significativa nas doses de superfosfato simples
combinadas com 20% e 40% de vermicomposto, com matéria seca de caule em média
de 16,54 g na dose de 2,5 kg de superfosfato simples e 40% de vermicomposto
(Figura_7). Lima et al. (2001) também encontraram resultados similares para a
matéria seca da parte aérea e número de folhas em mudas de cajueiro anão-
precoce com aplicação de matéria orgânica e fertilizante mineral (uréia,
superfosfato triplo e cloreto de potássio). Entretanto, Cardoso et al. (1992),
utilizando doses de superfosfato simples (1,25; 2,5 e 5,0 kg.m-3 de substrato),
constataram incrementos na matéria seca da parte aérea e das raízes de mudas de
cafeeiro 'Mundo Novo' e 'Catuaí' produzidas em saquinhos de polietileno. No
entanto, estes mesmos autores constataram incremento na altura da mudas com a
utilização do superfosfato simples, o que não foi observado nesta pesquisa com
mudas de gravioleira, uma vez que apenas o vermicomposto a 40 % de volume de
substrato teve influência na altura das mudas.
CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos e nas condições que foi desenvolvido esta
pesquisa, conclui-se que:
1) A associação de vermicomposto e fertilizante superfosfato simples promoveu
aumento no número de folhas, diâmetro do caule, na matéria seca de raízes e de
caule de mudas de gravioleira.
2) A aplicação de superfosfato simples na dose de 5 kg por metro cúbico de
substrato com 40% de vermicomposto proporcionou a obtenção de mudas de
gravioleira mais vigorosas.