Características biométricas de mudas de castanha-do-gurguéia em função de
calagem e NPK
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Introdução
A castanha-do-gurguéia (Dipteryx lacuniferaDucke) é uma planta que se distribui
por toda a região Meio-Norte do Brasil, principalmente, nos cerrados do Sul e
Centro-sul do Piauí e Maranhão (CARVALHO et al., 2008), explorada com base no
extrativismo, que tem suas amêndoas bastante apreciadas pela população e
comercializadas em feiras-livres (VIEIRA JUNIOR et al., 2007).
O potencial da castanha-do-gurguéia como frutífera comercial se dá devido ao
elevado teor de lipídios (41,9 b ± 1,29%) e moderado de proteínas (14,1 c ±
0,06%) e cinzas (2,5 b ± 0,20) da noz que pode ser usada como ingrediente na
produção de barras de cereais (CARVALHO et al., 2008) e na suplementação
alimentar de comunidades carentes, além de óleos essenciais contidos nas cascas
das frutas poderem ser usadas na indústria farmacêutica (VIEIRA JUNIOR et al.,
2007).
Para o desenvolvimento de uma cultura com potencial econômico há necessidade de
informações básicas, iniciando pelas recomendações técnicas para produção de
mudas de qualidade. A produção de mudas das culturas em geral e,
particularmente, das espécies frutíferas tropicais representa um dos mais
importantes pré-requisitos para o sucesso do empreendimento agrícola. Portanto,
alguns critérios devem ser adotados como, aquisição de material biológico de
boa qualidade, uso de sementes fitossanitariamente sadias, substratos com
composição e volumes adequados, manejo de adubação e balanço nutricional
(HARTMANN et al., 2002).
Os parâmetros utilizados para determinar a qualidade da muda baseiam-se em
aspectos morfológicos e fisiológicos, como: altura da parte aérea,
desenvolvimento do sistema radicular, diâmetro do colo, produção de massa seca
e verde das partes aérea e radicular, e aspectos nutricionais (HARTMANN et al.,
2002). Os aspectos morfológicos são os mais utilizados para determinar o padrão
de qualidade das mudas (GOMES et al., 2002), destacando-se que esse aspecto tem
uma compreensão mais intuitiva e necessita de uma definição mais precisa para
atender às exigências quanto à sobrevivência e ao crescimento, determinadas
pelas adversidades encontradas no campo após o plantio.
Nesse sentido, a definição de doses adequadas de nutrientes, principalmente o
nitrogênio, bem como a necessidade de preparo do substrato constitui em avanço
na produção de mudas dessa potencial espécie, como já foi estudado para outras
espécies nativas. Benedetti et al. (2009), trabalhando com espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia), em solução nutritiva na omissão de nitrogênio,
observaram que as plantas demonstraram desenvolvimento abaixo do normal, com
clorose generalizada. Cruz et al. (2006) em trabalho com a produção de mudas de
sete-cascas (Samanea inopinata(Harms) Ducke), uma planta pertencente à família
Leguminosae Mimosoideae, concluíram que a adubação nitrogenada com sulfato de
amônio afetou significativamente todos os parâmetros morfológicos avaliados
(altura, diâmetro do coleto e matéria seca da parte aérea e da raiz).
Adicionalmente, Marques et al. (2006a), em estudo com a produção de mudas de
sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth) planta da família Leguminosae,
verificaram que a altura de planta foi significativamente influenciada pelas
doses de N.
Objetivou-se com o presente experimento avaliar as características biométricas
na produção de mudas de castanha-do-gurguéia, submetidas às doses de N em
substrato sem e com calcário e PK.
Material e métodos
O experimento foi desenvolvido no município de Bom Jesus-PI, situado a
09º04'28" S, 44º21'31" O e altitude média de 277 m, durante o período de 02/12/
2010 a 13/03/2010. O experimento foi realizado no setor de horticultura sob
ambiente protegido a 50% de luminosidade.
Durante a execução do experimento foram monitoradas diariamente a temperatura
média e umidade relativa do ar (thermo-higromêtro digital, Quimis®) às 15:00
horas e a intensidade luminosa (luxímetro digital, Instrutherm®) às 12:00 horas
no interior da estufa, cujas representações de dispersão encontram-se na Figura
1.
![](/img/revistas/rca/v42n4/a16fig01.jpg)
Como substrato foi usado um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO coletado na camada de 20 a
40 cm de profundidade e peneirado, cujas características químicas antes e após
a calagem encontram-se na Tabela_1.
[/img/revistas/rca/v42n4/a16tab01.jpg]
As sementes para a produção das mudas foram adquiridas de frutos oriundos de
plantas nativas do município de Bom Jesus-PI conduzidas sem manejo específico
quanto à adubação, poda, irrigação e controle fitossanitário. Após a colheita,
os frutos foram conduzidos ao laboratório para seleção e uniformização, onde
foi promovida a extração manual da polpa e as sementes foram imersas em água
durante 24 horas, objetivando superação de dormência, conforme recomendações de
Rocha (2009). Em seguida as sementes foram envolvidas em papel filtro e
umedecidas diariamente. Após germinação, as plântulas foram padronizadas quanto
ao número de folhas e repicadas às sacolas plásticas em 11/01/2010.
Como recipientes foram usadas sacolas plásticas nas dimensões 16 x 26 cm,
preenchidas com substrato e padronizados em massa equivalente a 2,7 kg. Para
determinação da necessidade de reposição hídrica diária, as sacolas foram
preenchidas com substrato e saturadas até a capacidade de campo e novamente
pesadas registrando-se como massa de referência 2,982 kg. Diariamente as
sacolas foram pesadas (balança digital Balmak Economic®) e o quantitativo
equivalente a 70% da evaporação foi reposta.
Adotou-se delineamento experimental em blocos casualizados com os tratamentos
distribuídos em esquema fatorial 5 x 2 com 4 repetições. O primeiro fator
correspondeu às doses de nitrogênio em cobertura e o segundo ao substrato
tratado. As doses de N testadas foram 0; 75; 150; 225 e 300 mg dm-3,
considerando-se como padrão a dose de 300 mg dm-3 de N, indicada como adequada
por Malavolta (1980) para experimentos em condições de vasos. O substrato
tratado correspondeu às práticas de calagem e adubação com fósforo e potássio.
No substrato tratado fez-se a aplicação de calcário (CaO = 32%; MgO = 11%; S =
4%; PN = 70%; PRNT = 60%), empregando-se o método do Al trocável, o que
corresponde à dose de 3,0 t ha-1ou 4,05 g por sacola de 2,7 dm-3 e mantida a
incubação por 30 dias para posterior semeadura. Além da calagem o substrato
tratado recebeu ainda 1,11g de fósforo/muda ou 411 mg dm-3de fósforo (fonte:
superfosfato simples, 18 % de P2O5) misturado ao substrato antes do enchimento
das sacolas e 150 mg dm-3de potássio (fonte: cloreto de potássio, 60% de K2O),
parcelado da seguinte forma: 30 mg dm-3 aos sete dias após a repicagem; 45 mg
dm-3 aos 21 e 35 dias após a repicagem e 30 mg dm-3 aos 49 dias após a
repicagem. Já o N na forma de uréia (45% de N) foi utilizado em três aplicações
(aos 7; 22 e 37 dias após a repicagem das mudas), nos respectivos percentuais:
primeira e segunda aplicação 40% de cada dose recomendada e terceira aplicação
20% de cada dose recomendada, via água de irrigação. As adubações seguiram as
recomendações de Malavolta (1980).
Aos 60 dias após a repicagem, foram avaliadas: i) altura de planta: determinada
da superfície do solo à inserção da última folha com auxílio de régua
milimetrada; ii) diâmetro do caule: mensurado a 2 cm da superfície do solo por
meio de leituras em paquímetro digital (Digimess®); e iii) número de folíolos:
contagem visual. Em seguida as plantas foram separadas em parte aérea e sistema
radicular para determinação de: i) massa fresca (g) e seca (mg) de raiz e de
parte aérea: determinados por pesagem (balança Bioprecisa®); ii) comprimento da
maior raiz (cm): realizado com régua milimetrada; iii) volume radicular (cm3):
realizada por meio da medição do deslocamento da coluna de água em proveta
graduada, ou seja, colocando-se as raízes, após lavagem, em proveta contendo um
volume conhecido de água (100 mL). Pela diferença, obteve-se a resposta direta
do volume de raízes, pela equivalência de unidades (1 mL = 1 cm3), segundo
metodologia descrita por Basso (1999). Para mensuração das massas secas, o
material vegetal foi conduzido à estufa com circulação forçada de ar à
temperatura de 65 ºC até atingir peso constante.
Os dados foram submetidos à análise de variância, pelo teste "F", para
diagnóstico de efeito significativo (1 e 5% de significância), as médias do
fator substrato tratado foram comparadas entre si pelo teste de Tukey (1% de
significância) utilizando o software Assistat e os níveis de N foram submetidos
à análise quantitativa de regressão polinomial (teste F a 1% de significância)
no software Sigmaplot. Foi realizada ainda análise de correlação entre todas as
variáveis dependentes do estudo no software Statistica 5.0.
Resultados e discussão
Pelos resultados da análise de variância contidos na Tabela_2, observam-se
diferenças significativas para a aplicação de calcário e PK no substrato apenas
para número de folíolos e massa fresca da parte aérea, já com relação às doses
de nitrogênio todas as variáveis estudadas (altura de planta, diâmetro do
caule, número de folíolos, massa fresca e massa seca da parte aérea)
apresentaram diferenças significativas.
As plantas que receberam a dose de 300 mg dm-3 de N apresentaram mortalidade de
quase 100%, inclusive com sintomas visuais de toxidez pela aplicação excessiva
desse nutriente.
A interação entre o tratamento do substrato e as doses de nitrogênio exerceu
efeitos significativos para altura de planta, número de folíolos, massa fresca
e massa seca da parte aérea (TAB._2), situação que evidencia interdependência
entre os fatores estudados para estas variáveis, entretanto somente a variável
diâmetro do caule apresentou interação não significativa.
Com relação às variáveis, número de folíolos e massa fresca da parte aérea
houve diferença estatística, onde as plantas cultivadas no substrato tratado
apresentaram aumento percentual de 11,14 e 12,14% maior em relação ao não
tratado, respectivamente (TAB._2).
Em função das doses de N, as plantas do substrato não tratado que não receberam
adubação de cobertura (0 mg dm-3 de N) obtiveram um incremento de 53,03% (FIG.
2B) maior em altura que as plantas que receberam 225 mg dm-3 de N, já as
plantas do substrato tratado obtiveram apenas incremento de 37,25% para a mesma
variável nas mesmas condições (FIG._2A).
Marques et al. (2006a), trabalhando com produção de mudas de sabiá (Mimosa
caesalpiniaefolia Benth) planta da família Leguminosae, verificou que a altura
de planta foi significativamente influenciada pelas doses de N, aumentando
linearmente com o acréscimo das doses, resultado divergente ao encontrado no
presente estudo. Por outro lado Santin et al. (2008) trabalhando com erva-mate,
concluíram que a adubação nitrogenada promoveu efeitos negativos para altura de
planta, diâmetro do colo, massa fresca da parte aérea, massa seca da parte
aérea e massa seca da raiz, portanto em concordância com os resultados da
Figura_2.
Chaves et al. (2003) avaliando adubação nitrogenada na produção de mudas de
sesbânia (Sesbania virgata), pertencente à família Leguminosae, constataram que
a aplicação de diferentes doses de nitrogênio, não alterou o crescimento em
altura e diâmetro das mudas.
Os resultados encontrados demonstram a necessidade de estudos específicos para
espécies leguminosas, dentre as quais a castanha-do-gurguéia, principalmente
porque há poucos estudos sobre a fixação biológica do N nessa espécie, bem como
não se identifica uma recomendação de inoculantes estimulantes da fixação de N.
Observa-se no presente trabalho que houve correlação negativa (R = - 0,72**)
entre a massa seca de parte aérea e a altura de planta e, paralelamente,
correlação positiva entre o número de folíolos e massa seca da parte aérea (R =
0,81**), resultados que evidenciam o direcionamento do desenvolvimento vegetal
da castanha-do-gurguéia em detrimento do crescimento em altura durante a fase
de formação da muda.
Pelos dados contidos na Figura_3A percebe-se que as mudas que mais
desenvolveram folíolos no substrato com calcário e PK foram aquelas que
receberam em cobertura a dose de 75 mg dm-3 de N. Já no substrato não tratado
(FIG._3B) observa-se incremento percentual de 53,45% em numero de folíolos das
mudas da testemunha sobre aquelas que receberam a dose 225 mg dm-3de N. A massa
fresca da parte aérea (FIG._4A) das mudas produzidas no substrato tratado que
receberam 75 mg dm-3 apresentou um acréscimo de 17,39% com relação à aquelas
que não receberam adubação em cobertura, por outro lado, no substrato não
tratado (FIG._4B) houve um decréscimo dessa variável de 30,47% das mudas
produzidas sem adubação de cobertura sobre aquelas que receberam 75 mg dm-3,
resultado em parte semelhante à massa seca da parte aérea com e sem tratamento
de substrato (FIG._5).
Para diâmetro do caule (FIG._6) ocorreu decréscimo exponencial nessas médias
com o aumento das doses de N, resultado semelhante ao encontrado por Santin et
al. (2008), trabalhando com produção de mudas de erva-mate.
[/img/revistas/rca/v42n4/a16fig06.jpg]
Numa avaliação global das variáveis de parte aérea observa-se que as duas
menores doses de N (0 e 75 mg dm-3), invariavelmente, apresentaram as maiores
médias, independentemente do tratamento do solo. Quanto a esse resultado é
possível inferir que possivelmente o teor de matéria orgânica inicial do solo
usado como substrato (2,33 g kg-1) pode ter sido suficiente para suprir a
planta de castanha-do-gurguéia durante a fase de formação de mudas ou a fixação
biológica no nitrogênio possa ter sido satisfatória, visto que não foram
identificados sintomas visuais de deficiência em quaisquer das doses de N,
inclusive na testemunha. Ressalta-se que não são conhecidos ainda na literatura
científica os requerimentos dessa espécie na fase inicial de desenvolvimento.
Fernandes et al. (2008) trabalhando com fava d'anta (Dimorphandra mollis
Benth), planta da família Leguminosae, em LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO com 24 g
kg-1 ou seja 2,4 % de matéria orgânica observaram que as máximas produções de
massa seca da parte aérea e massa seca da raiz foram obtidas nas doses de 237 e
245 mg dm-3, respectivamente, enquanto para altura de planta e diâmetro do
caule os maiores valores foram encontrados nas doses de 226 e 200 mg dm-3,
respectivamente. Embora a adubação nitrogenada possa inibir a nodulação
conforme verificaram Araújo et al. (2007), no presente estudo foi verificada a
presença de nódulos nas raízes mesmo nos níveis mais elevados de N. Resultados
semelhantes foram encontrados por Marques et al. (2006b) em experimento com
produção de mudas de jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra (Vell.) Fr.All. ex
Benth.) planta também da família Leguminosae, onde se verificou que a altura de
planta foi significativamente influenciada pelas doses de N, aumentando
linearmente, com o acréscimo das doses independente da fonte.
De uma forma geral os principais aspectos de excesso de nitrogênio absorvido e
metabolizado estão relacionados ao desvio de carboidratos para as proteínas,
que promove excesso de desenvolvimento vegetativo da parte aérea, em detrimento
do reprodutivo, causando também aumento da relação parte aérea/raiz,
prejudicando o desenvolvimento do sistema radicular e capacidade de resistência
das plantas a períodos secos bem como o acamamento das mesmas, podendo levar a
morte da planta (PRADO, 2008).
As formas preferenciais de absorção de N pelas plantas são a amoniacal (NH4+) e
a nítrica (NO3-), destacando-se que as plantas, de modo geral, respondem bem a
adubação nitrogenada, porém, o excesso de N é prejudicial (MARSCHNER, 2005). De
acordo com Prado (2008), o N absorvido na forma nítrica pode ser armazenado no
vacúolo das células ou metabolizado, no entanto o N absorvido na forma
amoniacal deve ser todo metabolizado, pois ao se acumular na planta pode ser
tóxico, podendo causar a morte da mesma, o que aconteceu com todas as plantas
que receberam a dose de 300 mg dm-3 de N. Adicionalmente, há possibilidade de
excesso de uréia na planta causado por um possível teor baixo de níquel, visto
que esse elemento participa na estrutura e no funcionamento da enzima uréase,
responsável pela quebra da uréia na planta (GERENDAS et al., 1999).
Pelos resultados da análise de variância contidos na Tabela_3, não se observam
diferenças significativas para o tratamento do substrato, para massa fresca e
massa seca da raiz, volume radicular e comprimento radicular. Entretanto, a
interação entre o tratamento do substrato e as doses de nitrogênio exerceu
efeitos significativos para massa seca da raiz e comprimento radicular,
mostrando que existe interdependência entre esses fatores (TAB._3).
Esses resultados evidenciam a adaptabilidade e rusticidade dessa espécie quanto
ao tratamento de substrato, principalmente porque o substrato usado no
experimento foi oriundo da região onde essa espécie é encontrada
espontaneamente.
Observou-se que houve efeito do N sobre a massa fresca de raiz (FIG._7), no
entanto a maior média foi obtida nas plantas em que não receberam adubação
nitrogenada em cobertura (0 mg dm-3). Por outro lado, o volume radicular também
foi influenciado pela adubação nitrogenada em cobertura, entretanto a maior
média foi obtida com a aplicação de 75 mg dm-3 de N (FIG._8). Nesse sentido,
Bloom (1997) observou que o desenvolvimento radicular é resposta não apenas à
quantidade de nitrogênio inorgânico da rizosfera, mas também à forma (NH3+,
NH4+ ou NO3-), o que concorda com os resultados de Vamerali et al. (2009) ao
concluírem que elevados níveis de adubação nitrogenada podem reduzir o
crescimento radicular até um nível crítico, independentemente da
disponibilidade hídrica, o que está em consonância e pode justificar os
resultados do presente trabalho.
Comparando para massa seca da raiz (FIG._9) o tratamento que não recebeu
adubação nitrogenada em cobertura com o que recebeu a dose de 225 mg dm-3,
houve um decréscimo de 93,1% no substrato tratado, e de 94,74% no substrato não
tratado.
O maior comprimento radicular (FIG._10) encontrado no substrato tratado foi
obtido nas mudas que receberam a aplicação de 75 mg dm-3 de N em cobertura, no
entanto no substrato não tratado o maior comprimento radicular foi obtido nas
mudas que não receberam adubação em cobertura.
É importante destacar que os processos de desenvolvimento do sistema radicular
não são totalmente conhecidos ainda, em parte devido às diferentes respostas em
função das espécies e, adicionalmente, os fatores externos que influenciam no
desenvolvimento radicular incluindo nitrogênio inorgânico, pH e potencial redox
que atuam simultaneamente (BLOOM et al., 2003).
Nesse sentido, Prado (2008) afirma que os principais aspectos de excesso de N
absorvido e metabolizado estão relacionados ao desvio de carboidratos para as
proteínas, o qual prejudica o desenvolvimento do sistema radicular, o que ficou
evidenciado nas Figuras_7; 8; 9 e 10 com produção de mudas de castanha-do-
gurguéia (Dipteryx lacuniferaDucke), visto que quanto maior a quantidade de N
aplicada, menores foram as médias de crescimento e desenvolvimento radicular,
inclusive de forma visual.
Benedetti et al. (2009) analisando a produção de mudas espinheira-santa
(Maytenus ilicifolia), verificaram que, de maneira geral a omissão de N reduziu
a relação MSPA/MSR. Segundo Taiz e Zeiger (2004), plantas em condições de
deficiência nutricional tendem a investir mais energia na produção de raízes
para ampliar o potencial de absorção desses nutrientes.
Conclusões
1. Há influência das doses de N na formação de mudas de castanha-do-gurguéia;
2. O substrato tratado (NEOSSOLO QUARTZARÊNICO) influencia positivamente o
número de folíolos e a massa fresca da parte aérea;
3. Para a produção de mudas em substrato (NEOSSOLO QUARTZARÊNICO) sem calcário
e PK não há necessidade de adubação nitrogenada em cobertura, enquanto para o
substrato corrigido recomenda-se a dose de 75 mg dm-3 N.