O conhecimento intuitivo no cuidado de enfermagem
PESQUISA
O conhecimento intuitivo no cuidado de enfermagem
Intuitive knowledge in nursing care
El conocimiento intuitivo en el cuidado de enfermería
Alcione Leite da SilvaI; Sonciarai Martins BaldinII; Keyla Cristiane do
NascimentoII
IEnfermeira, Doutora em Filosofia de Enfermagem, Professora Titular do Depto.
de Enfermagem e Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC, Pesquisadora do CNPq, E-
mail: alcionep@nfr.ufsc.br
IIEnfermeira assistencial
1 Introduçao
Nas últimas duas décadas, estudos sobre o conhecimento intuitivo vêm se
destacando na literatura da enfermagem norte-americana, bem como em outras
áreas do conhecimento. O interesse crescente pelo conhecimento intuitivo emerge
em plena crise da racionalidade ocidental, na qual se baseia o paradigma da
ciência tradicional. Nesse paradigma, o conhecimento intuitivo, por ser
considerado uma forma não estruturada de raciocínio e sem o uso de cálculos
deliberados, foi subestimado em relação ao uso da lógica analítica e linear de
raciocínio, a qual se processa através de etapas deliberadas e informações
específicas e óbvias.
Historicamente, a enfermagem aceitou a superioridade da ciência e dos métodos
científicos de validar o conhecimento; entretanto, a literatura tem evidenciado
a existência de uma variedade de formas pelas quais o conhecimento tem sido
construído(1).
Um estudo da literatura norte-americana, ao evidenciar quatro padrões de
conhecimento na enfermagem - empírico, estético, ético e pessoal - e apontar a
intuição como um padrão de conhecimento estético, parece ter contribuído para o
interesse crescente pelo conhecimento intuitivo(2). Esse conhecimento vem
também sendo considerado uma dimensão do conhecimento pessoal(3), o que
demonstra uma divergência de posição na literatura. Moch, ao focalizar o
conhecimento pessoal, identificou três componentes: conhecimento experiencial,
conhecimento interpessoal e conhecimento intuitivo ou intuição, sendo esse
último um dos mais abordados na literatura(1).
A intuição tem sido descrita na literatura como conhecimento e sentimento que
possibilita a tomada de decisão sem o recurso do processo analítico consciente.
No entanto, algumas autoras parecem fazer distinção entre sentimento intuitivo
e pensamento intuitivo(5-8). Essa dicotomia se opõe ao nosso entendimento,
tendo em vista que o sentimento e o pensamento são indissociáveis, estando um
sempre ligado ao outro(9). Neste sentido, o conhecimento atribuído à intuição é
aquele baseado no reconhecimento de um padrão global, de totalidade, a partir
de informações complexas(10-12).
Há evidencias empíricas de que o conhecimento intuitivo tem sido desvalorizado
na prática de enfermagem. Um estudo evidenciou que enquanto 56% das enfermeiras
valorizavam os sentidos como forma preferida de percepção, somente 21% delas
utilizavam a intuição como função dominante e, 23% como função auxiliar(13).
Esse resultado sugere que a educação tem enfatizado a percepção sensorial em
detrimento da percepção intuitiva(13).
Na literatura da enfermagem brasileira há uma lacuna significativa para estudos
que busquem investigar a natureza do conhecimento intuitivo e sua função no
cuidado de enfermagem. Encontramos somente uma revisão de literatura(14) e três
estudo(15-17) enfocando a intuição na enfermagem. Um dos estudos encontrado
apresenta descrições de experiências intuitivas no cuidado a pessoas com AIDS e
considera o processo intuitivo como um dos requisitos básicos para o verdadeiro
e efetivo processo de cuidar(15). O outro estudo trata-se de um paradigma para
a saúde, denominado de cuidado transdimensional, o qual apresenta a experiência
da autora com o conhecimento intuitivo e o inclui no padrão de experiência
interior desse paradigma. O processo intuitivo é entendido enquanto fenômeno de
qualidade criativa e de síntese, sendo imprescindível na prática do Cuidado
Transdimensional(16).
Outro estudo, ao investigar os significados do cuidado, a partir de
experiências vividas por enfermeiras e clientes, detectou poucas referências à
intuição, em detrimento da dimensão técnica do cuidado. Diante da pouca
expressividade da intuição nos discursos das participantes, foi questionado se
as enfermeiras estariam usando o conhecimento intuitivo no cuidado, ou se
haveria um certo preconceito em falar sobre este tipo de conhecimento (17).
Considerando as lacunas existentes em nossa realidade acerca de estudos sobre o
conhecimento intuitivo, a importância deste no cuidado de enfermagem, aliados
ao nosso interesse acerca do tema, optamos pelo estudo em questão, que teve por
objetivo caracterizar o conhecimento intuitivo no cuidado de enfermagem. Nesse
sentido, as questões norteadoras da pesquisa foram: quais as terminologias
utilizadas para designar a intuição no cuidado de enfermagem? Que significados
ou atributos definidores são atribuídos à intuição? Que tipos de intuição
emergem no cuidado de enfermagem?
2 Referencial teórico
A compreensão da natureza do conhecimento intuitivo tem sido considerada
problemática em decorrência da sua aparente diferença do processo de raciocínio
linear(9). Apesar de pessoas estarem conscientes de usarem suas intuições, não
sabem como o processo intuitivo acontece. Há evidências de que a intuição é um
processo inconsciente, espontâneo, inexplicável e sem esforço do raciocínio(7).
Tomando como base os padrões de raciocínio mantidos pela civilização ocidental,
a intuição é um processo irracional, mas com uma base racional(9). Isto porque
nossa civilização valoriza o conhecimento tido como racional, ou seja, aquele
que é alcançado de formas conscientes, sistemáticas e de forma explícita. Já o
conhecimento intuitivo se dá de forma global, através do uso inconsciente do
processo de raciocínio não-linear. Isto significa que não podemos forçar a
intuição, mas podemos nos preparar, criar as condições propícias para ela.
As evidências empíricas sugerem que a intuição ocorre em resposta ao
conhecimento, sendo desencadeado pela ação e/ou reflexão e, assim, tem uma
direta conexão com o processo analítico no cuidado ao paciente/cliente(18).
Esta síntese da lógica e intuição é denominada de "Gestalt de Enfermagem"(19).
Na literatura da enfermagem norte-americana, a intuição tem sido abordada por
diferentes terminologias, tais como: sexto sentido, insight, instinto,
sentimento interior, pressentimento, prognóstico, palpite(18,20), sentimento
instintivo, cognição imediata, conhecimento inato, inspiração, adivinhação(20).
A intuição tem sido definida através de diferentes atributos, tais como:
conhecimento de um fato ou verdade como um todo; compreensão imediata do
conhecimento e; conhecimento independente do processo de raciocínio linear(20).
Três tipos de intuição têm sido identificados na literatura: inferência
cognitiva, intuição gestáltica e função precognitiva(21). A inferência
cognitiva ocorre quando as conclusões são determinadas espontaneamente, em
circunstâncias em que as pistas verbal e visual são observadas tão rápida e
subliminarmente que suas contribuições são virtualmente esquecidas no final da
decisão. A intuição gestáltica se dá em situações em que há uma falta de dados
ou relações ocultas dentro de um todo. A função precognitiva opera em níveis de
completa ausência de pistas ou informações e implica na possibilidade de obter
informação diretamente do futuro ao invés de inferências baseadas no
conhecimento do passado e do presente. Nestes tipos de intuição não há limites
muito claros, nenhuma demarcação óbvia e nenhum arranjo seqüencial.
A intuição tem uma direta relação teórica com a arte e a ciência do cuidado
humano; contudo essa relação ainda está por ser articulada na enfermagem(22).
3 Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo exploratório descritivo. A amostra
foi composta de 78 profissionais de enfermagem do sexo feminino, sendo 31
enfermeiras, 29 técnicas de enfermagem e 18 auxiliares de enfermagem. Foram
selecionadas as informantes que se prontificaram a participar, após a
divulgação do estudo. A amostra representou 13 unidades de internação de três
serviços hospitalares de Florianópolis. O estudo incluiu profissionais de
enfermagem, ligadas à prática clínica da enfermagem. A idade das profissionais
variou entre 23 a 52 anos, sendo que para as enfermeiras, a maioria (23) se
concentrou na faixa de 23 a 37 anos, para as técnicas, esta faixa se ampliou 42
anos (26), e para as auxiliares, a concentração se deu na faixa de 33 a 47 anos
(13).
A coleta das informações foi realizada através de entrevistas individuais em
uma sala privada do hospital, apoiada nas seguintes questões: 1) Você utiliza a
intuição no cuidado de enfermagem? Você presta atenção à intuição dos/as
pacientes que estão sob seus cuidados? Como você definiria a intuição? Conte-me
sobre a sua experiência com a intuição no cuidado de enfermagem?
As entrevistas foram gravadas com a permissão das participantes, e
posteriormente transcritas e analisadas com base no software para pesquisa
qualitativa QSR Vivo(23), a partir das questões de pesquisa, e discutidas com o
apoio do referencial teórico. Utilizamos para identificar as falas das
profissionais de enfermagem os seguintes códigos: Enfermeira - E, Técnica de
Enfermagem - TE, Auxiliar de Enfermagem - AE, acompanhados dos números de
identificação das mesmas
O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. As participantes assinaram o
consentimento livre e esclarecido, tendo sido garantido o anonimato e a
confidencialidade dos dados obtidos.
4 Resultados e discussão
A quase totalidade das profissionais de enfermagem referiu utilizar suas
intuições no cuidado de enfermagem (72) e dar atenção às intuições dos (as)
clientes (70). Da categoria profissional, as auxiliares parecem mais
confortáveis em falar sobre suas intuições, seguidas das técnicas de enfermagem
e das enfermeiras. Apesar desse padrão elevado de respostas afirmativas, várias
profissionais demonstraram dificuldades quando solicitadas a definir a intuição
ou a dar exemplos de situações de cuidado em que se deixaram guiar pelas suas
intuições ou pelas dos (as) clientes. Ficou evidente o desconhecimento, por
parte da maioria das profissionais, acerca da intuição enquanto forma de
conhecimento essencial e legítimo do cuidado de enfermagem. Apesar de muitas
estarem incorporando a intuição no cuidado, esse ato ainda é perpassado por um
clima de desconforto, como algo ilegal, tendo em vista que não se trata de um
conhecimento científico e, portanto, válido. Nesse sentido, muitas referem
utilizar mais a intuição em suas vidas pessoais do que profissionais.
Afirmações semelhantes a apresentada abaixo, foram expressas pelas
profissionais que utilizam a intuição, como pelas que não a utilizam:
No meio profissional é difícil, a gente se policia um pouco...tudo,
quase tudo que a gente faz tem uma razão, uma lógica não é? Seja
explicado cientificamente, a partir do momento que alguma coisa foge,
então isto é um fator que limita, que é arraigado e eu não consigo
controlar. Agora falando eu me dei conta que a nossa posição de
profissional é essa busca por uma enfermagem mais científica,
limitando esta capacidade intuitiva que a mulher principalmente tem(E
-28).
Afirmação semelhante foi encontrada em um estudo sobre os significados do
cuidado(17), através do depoimento de uma enfermeira:
Ah! Eu não sei se te digo. Você vai achar que sou meio bruxa. É uma
intuição... Eu tenho isto muito forte..., em relação a tudo. Eu sei,
por alguma razão, quando uma coisa não ta boa, entende? A coisa é tão
pouco científica, que você fica até meio sem graça de falar... Não
sei, mas comigo dá certo. Sabe, eu acredito (17:195).
Outros estudos também verificaram que algumas enfermeiras se encontravam
relutantes em confiar na intuição por causa de sua educação baseada na ciência
(20, 24). Esse fato demonstra a desvalorização da intuição. Essa desvalorização
parece estar ligada à tradição cultural da identificação da intuição com
determinados grupos de indivíduos, nos quais se incluem mulheres, crianças e
pessoas de países não industrializados(25). Esses grupos tendem a ter
relativamente pouco poder em circunstâncias nas quais a racionalidade é
valorizada. Conseqüentemente, tais grupos podem ser tratados como inferiores e
suas contribuições largamente subestimadas(25). Essa desvalorização também é
evidente nos currículos de enfermagem através da ênfase na lógica analítica e
linear de raciocínio, na tentativa de alinhar-se com o poder e statusda
epistemologia científica tradicional.
As terminologias utilizadas pelas profissionais para se referirem à intuição
apareceram predominantemente ligadas ao sentimento, tais como: pressentimento,
premonição, sentimento instintivo e sentimento inexplicável. A intuição como
forma de conhecimento emergiu com menor ênfase, através de termos como:
conhecimento imediato, conhecimento antecipado,conhecimento inato, insighte
aviso. Outros termos também encontrados foram: sexto sentido, instinto (impulso
espontâneo), olho clínico, olho biônico,visão interna, clicke inspiração (anjo
da guarda, alguém lá de cima). Muitos desses termos, que aparecem também na
literatura norte-americana(18, 20), foram utilizados, neste estudo, pelas
profissionais dos três níveis de formação. Contudo, houve uma menor ênfase da
intuição como forma de conhecimento para as técnicas e auxiliares de
enfermagem. Muitas dessas noções abstratas têm levado a associação da intuição
com misticismo, o que tem contribuído para que cientistas denigram a
legitimidade do papel da intuição no julgamento clínico(6).
A intuição emergiu, predominantemente, como sentimento, mas também como
conhecimento e, em menor proporção, como ambos. Através dos depoimentos das
profissionais, a intuição pode ser definida como: sensação diferente,
perturbadora e muitas vezes vaga, algo pessoal, inexplicável, que surge
inesperadamente, só se concretiza com o acontecimento real, não tem uma fonte
específica, não tem como explicar, não pode ser definido cientificamente, como
dom que nem todo ser humano conseguiu desenvolver.
Caracterizou-se por ser um fenômeno diferenciado, marcante, que amplia a
capacidade de julgamento e de tomada de decisão, provém do espaço, interior ou
exterior (inspiração), independente da vontade, através de uma freqüência de
repetições e direcionada ao tempo futuro, gerando um alerta e requerendo uma
ação antecipada.
A dificuldade em definir a intuição fez com que várias profissionais se
utilizassem de metáforas, tais como: luz no final do túnel, olho biônico, olho
clínico. vozinha que buzina no ouvido. Outras vezes elas empregaram expressões
como: não sei explicar, ou através de situações, como exemplificamos abaixo:
Não sei, acho que é uma coisa difícil de responder, é quando tu
sentes realmente o que tu deves fazer, que caminho tu deves tomar
(E31).
Eu acho que a gente percebe algo que as pessoas não percebem, eu não
sei explicar, pra mim eu tenho uma certa intuição, eu to numa
determinada situação, acho uma saída e percebo alguma coisa, é uma
coisa de cada pessoa, cada um tem mais ou tem menos, as pessoas que
tem intuição são mais observadoras, prestam mais atenção nas coisas
(TE13).
É tudo que eu imagino, é lá na frente acontece...no outro dia eu
digo: "..eu avisei que ia acontecer ontem", aí eu tenho uma intuição,
né(AE7).
Intuição é como se tivesse uma coisa te dizendo o que fazer, como
fazer, uma coisa que fica te remoendo, te falando que tu devia fazer
alguma coisa. Não sei te explicar direito(AE10).
A intuição esteve também ligada aos atributos: conhecimento de um fato ou
verdade; compreensão imediata do conhecimento; conhecimento independente do
processo de raciocínio linear(20). O primeiro atributo apareceu com mais
freqüência no discurso das técnicas e auxiliares de enfermagem, em
contraposição do terceiro atributo que foi mais abordado pelas enfermeiras. Já
o segundo atributo foi o menos explicitado. Esses atributos foram encontrados
em um estudo que teve como objetivo descrever como as (os) (61) enfermeiras
(os) experienciavam a intuição na prática(4). Exemplos de segmentos ligados aos
atributos encontrados, em nosso estudo, são apresentados abaixo.
A análise das informações das profissionais quanto aos tipos de intuição,
evidenciou que estas contemplam as três categorias: inferência cognitiva,
intuição gestáltica e função pré-cognitiva, tendo uma prevalência para a última
(Quadro_2).
Nesta análise, encontramos dificuldades em diferenciar a inferência cognitiva
da intuição gestáltica. Esta dificuldade decorreu do fato de que nem sempre é
possível determinar se as pistas verbais e visuais foram observadas de forma
rápida e subliminarmente (inferência cognitiva), ou se houve falta de dados ou
relações ocultas dentro de um todo (intuição gestáltica). Expressões tais como:
É algo inexplicável, vem a nós sem querermos ou Ato de pressentir o que nem
sempre pode ser explicado, poderiam tanto ocorrer na presença de pistas, como
também na ausência destas. Já a função pré-cognitiva foi a mais fácil de ser
verificada.
Outra autora também referiu ter encontrado dificuldade em diferenciar a
inferência cognitiva da intuição gestáltica(4). Em seu estudo, houve uma menor
prevalência para a função pré-cognitiva. Por ser este tipo de intuição
especificamente preditivo, "não científico", as enfermeiras podem se sentir
pouco a vontade para falar sobre ele(4). Contudo, todos os tipos de
experiências intuitivas devem ser reconhecidos, tendo em vista que afetam as
decisões e ações das/os enfermeiras/os(4). Neste sentido, o uso potencial da
intuição na prática da enfermagem é valioso para ser ignorado(24).
5 Considerações finais
Ao buscarmos, neste estudo, caracterizar o conhecimento intuitivo no cuidado de
enfermagem, verificamos que a intuição é definida como conhecimento, sentimento
e como ambos. A intuição emergiu como um fenômeno diferenciado, marcante, que
amplia a capacidade de julgamento e de tomada de decisão; provém do espaço
interior ou exterior (inspiração); surge independente da vontade, através de
uma freqüência de repetições e direcionada ao tempo futuro, gerando um alerta e
requerendo uma ação antecipada.
A intuição esteve ligada aos atributos: conhecimento de um fato ou verdade;
compreensão imediata do conhecimento; conhecimento independente do processo de
raciocínio linear(20). Quanto aos tipos de intuição(21), este estudo evidenciou
que para profissionais de enfermagem, em nossa realidade, a intuição contempla
as três categorias: inferência cognitiva, intuição gestáltica e função pré-
cognitiva, tendo uma prevalência para a última.
Verificamos que há na prática do cuidado de enfermagem um importante elemento
analítico, mas há também um insight artístico e imaginativo que dirige a tomada
de decisões e a ação criativa, o qual se dá também através da intuição(12). A
enfermagem, ao englobar a arte e a ciência, requer o uso da intuição. Neste
sentido, uma abordagem exclusivamente científica na enfermagem e,
consequentemente, no cuidado, reduziria a qualidade e a excelência da ação
profissional. Esta premissa abre espaço para considerarmos a intuição enquanto
uma forma legítima de conhecimento na enfermagem(4).
Reconhecemos que limites se impuseram ao estudo, os quais inclui o fato da
amostra se composta somente de profissionais de enfermagem de serviços
hospitalares de um município e de serem exclusivamente do sexo feminino. Deste
modo, sugerimos que outros estudos possam ser desenvolvidos com profissionais
de ambos os sexos e em outros contextos de atuação.
Embora não tenhamos a pretensão de buscar generalizações, o resultado deste
estudo aponta para novas argumentações e questionamentos, abrindo novas áreas
de investigação que poderão aprofundar outros aspectos de expressão da intuição
no cuidado de enfermagem. Considerando que a intuição tem sido negligenciada em
nossa realidade e que a sua utilização no cuidado pode contribuir para uma
melhor qualidade desta prática, sugerimos uma maior atenção sobre este tema por
parte das (os) pesquisadoras (es) e espaços em suas agendas de pesquisas, com
vistas a uma maior compreensão de seus padrões de expressão.
Agradecimentos: As autoras agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - CNPq, pelo apoio financeiro dado à pesquisa.