Opinião de estudantes de enfermagem sobre doença mental e assistência na área
PESQUISA
Opinião de estudantes de enfermagem sobre doença mental e assistência na área
Opinion of nursing students about mental disorders and the care in this area
Opinión de estudiantes de enfermería sobre enfermedad mental y asistencia
Antonia Regina Ferreira FuregatoI; Vera Lúcia Mendiondo OsinagaII
IProfessora Titular do Depto EPCH da EERP ' Universidade de São Paulo
IIDoutoranda em Enfermagem Psiquiátrica pela EERP ' Universidade de São Paulo
1 Introdução
Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, tem-se discutido com mais afinco o modelo
asilar e autoritário da assistência psiquiátrica. Inglaterra, França e Estados
Unidos deslocaram a ênfase centrada nos hospitais psiquiátricos para criar
serviços na comunidade, assim como novas formas de internação. O modelo
denominado Psiquiatria Democrática Italiana veio enfatizar a necessidade de
tomar, como ponto de partida, o interior do manicômio para promover sua
desmontagem.
A Reforma Psiquiátrica brasileira, fortemente influenciada pelo modelo
Italiano, prescreve a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e outras
medidas conseqüentes, conforme teor do Projeto Paulo Delgado. Serviços
alternativos à hospitalização têm sido propostos, tais como ampliação da rede
de ambulatórios de saúde mental com criação de centros de saúde mental
comunitários, hospitais-dia/hospitais-noite, pensões protegidas, oficinas de
trabalho terapêutico, enfermarias psiquiátricas em hospital geral, entre outros
(1).
Em conseqüência, os pacientes que foram confinados por décadas em instituições
manicomiais passam a conviver, na sociedade com pessoas que nunca tiveram
contato com doentes mentais. Da mesma forma, profissionais das diferentes
especialidades da área da saúde que conheceram a doença mental somente durante
a vida acadêmica, precisam saber como lidar com esta nova realidade.
Assim, interessou-nos investigar o conhecimento acerca da doença mental e os
seus tratamentos, entre os estudantes que estarão ingressando no mercado de
trabalho brevemente.
2 Objetivo
Investigar a opinião dos estudantes, do último ano de um curso de enfermagem,
acerca da doença mental e da assistência psiquiátrica.
3 Metodologia
3.1 Tipo do estudo:Exploratório/Descritivo.
3.2 População:Alunos do último ano do Curso de Graduação em Enfermagem da EERP/
USP.
3.3 Instrumento:Escala de Medida de Opinião (EMO) baseada nos preceitos das
escalas psicométricas, e contém 56 afirmativas relativas à assistência e aos
conceitos sobre saúde e doença mental. Cada afirmativa oferece cinco opções:
concordo totalmente, concordo pouco, sou indiferente, discordo pouco, discordo
totalmente. O sujeito assinala apenas uma opção em cada afirmativa.
3.4 Procedimentos éticos e de coleta dos dados:Após concordância do Comitê de
Ética da EERP-USP, pesquisamos uma data onde todos os alunos estivessem
reunidos para alguma atividade acadêmica. O docente responsável por aquela
atividade permitiu a aplicação do instrumento, o que demorou por volta de 20
minutos. A participação foi voluntária com o consentimento esclarecido.
3.5 Análise dos dados:Os dados da EMO, apresentados descritivamente foram
analisados comparando as opiniões dos alunos em 4 categorias. O referencial
teórico que sustenta a discussão é o do movimento da reforma psiquiátrica.
4 Análise dos Resultados
Dos 82 alunos do 4º ano de graduação em enfermagem, 38 participaram sendo 2 do
sexo masculino. Suas respostas foram analisadas de acordo com suas opções.
Esses dados serviram de referência para a análise em 4 categorias, previamente
estabelecidas, considerando as respostas dos sujeitos às 56 afirmativas. O
doente, a família e o tratamento (afirmativas 1, 3, 4, 9, 11, 13, 15, 19, 21,
24, 26, 30, 40, 42, 55). Políticas e assistência em psiquiatria(afirmativas 1,
12, 14, 17, 20, 25, 32, 33, 35, 36, 38, 39, 43, 44, 45, 49, 51, 52, 54).
Concepções sobre a doença e o doente mental(afirmativas 5, 6, 9, 10, 13, 18,
27, 28, 34, 36, 41, 45, 47, 48, 49, 51, 53). Cuidados de enfermagem e
tratamentos(afirmativas 2, 7, 16, 22, 23, 26, 29, 32, 33, 37, 39, 51, 55, 56).
4.1 O doente, a família e o tratamento
Dentre as 56 afirmativas, 15 referem-se prioritariamente ao portador de doença
mental e sua família sendo que apenas 1 teve consenso total e se refere à
importância da participação da família no tratamento do portador (nº 21).
Outras respostas tiveram alto índice de consenso entre os alunos, como por
exemplo 96,8% dos alunos concordam que o familiar era excluído dos tratamentos
psiquiátricos.
Nossa experiência profissional evidencia que muitos pacientes já nem sabem mais
a localização de sua família, perderam sua própria identidade, perderam seus
vínculos sociais. Importante pesquisador brasileiro analisa essas questões sob
a ótica da ética, enfatizando a importância da responsabilidade profissional e
social com relação ao portador de doença mental(2).
As transformações que estão ocorrendo na assistência têm reflexos diretos na
concepção da família do doente mental e sua participação nos tratamentos. As
afirmativas 21 e 42 evidenciam esta mudança. Os alunos não têm dúvidas quando
afirmam em 100% que o familiar é um elemento importante no tratamento e que as
visitas freqüentes favorecem este tratamento.
Visitar o doente de forma dissociada como acontecia em tempos atrás não é o que
se espera. Hoje, desde a 1ª manifestação de transtorno mental, o familiar é
chamado a participar do processo de recuperação. Para tanto, o familiar precisa
reconhecer que o comportamento apresentado pela pessoa é um sinal, um sintoma
de doença; que tenha conhecimento da real situação apresentada pelo doente, da
doença, dos transtornos pertinentes, da conduta que poderá auxiliar a proposta
terapêutica. Além disso, precisa ter orientação sobre a importância da
regularidade de uso dos medicamentos, dos retornos ao serviço e dos recursos
institucionais e não-institucionais de sua comunidade. Também é necessário que
o familiar tenha conhecimento das prováveis recaídas e dos sintomas indicadores
de reentrada em surto agudo.
A família precisa ter informações claras sobre a doença para não classificá-lo
como vagabundo, aproveitador ou malandro.
É tão verdadeiro este posicionamento que nas questões 55 e 11 houve
concordância próxima dos 100% de que é necessário dar suporte à família para
que possa cuidar do doente mental e que o enfermeiro tem função importante
junto à família, tanto nos hospitais como na comunidade.
Não se pode falar de emprego de medidas terapêuticas (psicofármacos,
psicoterapias, técnicas de reabilitação) de maneira isolada. Os objetivos
gerais da intervenção devem ser: o incremento da consciência do paciente a
respeito dos seus problemas pessoais, familiares, de trabalho, econômicos,
sociais e culturais; o incremento da autonomia afetiva-material-social do
paciente e o incremento da incorporação do paciente na vida de relação social e
política(3).
Na questão 4 houve concordância total em 89,5% e parcial em 7,9% de que o
doente mental é uma pessoa que causa ansiedade nos outros membros da família.
Além disso, 92% concordaram que a doença mental em uma pessoa, causa ansiedade
nos outros membros da família. Esta questão mereceu a mesma avaliação por parte
dos portadores, dos familiares e dos profissionais em outro estudo(4).
A convivência com o doente mental provoca tensão e conflitos que vão, por sua
vez, gerar outras doenças e desequilíbrios. Sabe-se que a convivência
prolongada com pessoas doentes (sejam estas doenças físicas ou emocionais)
provoca tensão no meio familiar e exige, destes, mais trabalho, em diferentes
níveis. Um estudo, realizado por enfermeiros evidencia o fardo que significa
ter, na convivência diária, um esquizofrênicos(5).
Apesar disso, reconhece-se que o portador de doença mental tem o direito de ter
um trabalho e de manter suas relações familiares, como foi apontado pelos
alunos na afirmativa nº 9.
Na afirmativa 3, os alunos mostram sua descrença quanto a vantagem do doente
mental estar com a família. Dos 38 alunos, 20 concordaram pouco e 10
discordaram pouco que o doente mental seja melhor tratado na família do que no
hospital. Os 38 alunos, 24 concordam pouco e 5 discordaram pouco sobre que o
melhor lugar para o doente mental é ficar com sua família. Isto significa que
78,9% e 47,3%, respectivamente, não têm certeza quanto a este benefício. Este
resultado é indicativo do período de transição pelo qual a sociedade passa em
relação à desospitalização.
4.2 Políticas e assistência em psiquiatria
Apenas um terço dos alunos (32%) é totalmente favorável a que seja colocada em
prática a lei proposta pelo deputado Paulo Delgado, recentemente aprovada e por
mais de 10 anos debatida politicamente. A lei nº 10.216 de 06/04/01 dispõe
sobre a proteção e os direitos do portadores de doença mental e redireciona o
modelo assistencial em saúde mental.
Com o mesmo índice, 32% concordam totalmente que o Movimento da Reforma
Psiquiátrica tem ampliado recursos extra-hospitalares para a assistência, sendo
que 50% não têm a mesma certeza.
Esses 38 alunos acabaram de passar pela disciplina de enfermagem psiquiátrica
no Curso de Graduação e conheceram serviços de assistência na rede básica e
hospitalar. Mesmo não encontrando os reflexos dessa reforma na assistência,
eles tiveram informações teóricas à respeito deste movimento no Brasil e no
mundo.
Esta incerteza é reforçada na afirmativa nº 43 pois, somente 3 discordam
totalmente que essas mudanças estejam acontecendo na prática e 84% (32 alunos)
demonstram dúvidas a respeito dessa afirmativa. Entretanto, na afirmativa 33
(92%) concordam que estão acontecendo mudanças nos tratamentos dos doentes
mentais.
Quando solicitada a manifestação se as diretrizes políticas da saúde mental
melhoram a qualidade da assistência, novamente percebe-se a dificuldade dos
alunos apoiarem essa afirmativa, ou seja, apenas 29% concordam totalmente.
Deixam transparecer essa descrença na afirmativa nº 49 pois não estão certos
sobre a presença de prisões e quartos fortes em hospitais psiquiátricos. Era de
se esperar, pela nova concepção de doença mental, que estas prisões e quartos
fortes fossem coisas do passado.
Menos de 30% acham que a equipe terapêutica mudou seu modo de tratar o doente
mental. Por outro lado, 82% concordam que ficam preocupados com a possibilidade
de maus tratos quando alguém é internado.
A reforma sanitária brasileira objetiva um sistema de saúde igualitário,
descentralizado e universal, esperando que os serviços sejam organizados de
forma regionalizada e, hierarquizada com a integralidade da atenção. O momento
atual é caracterizado por importantes mudanças no sistema de saúde brasileiro,
especialmente na área de saúde mental(6).
Na mesma proporção, apenas 26% dos alunos concordam que os portadores de
problemas psiquiátricos estão sendo tratados fora dos hospitais; 63% não têm
muita certeza. Os alunos discordam maciçamente (97%) que o hospital
psiquiátrico seja a única solução para o doente mental e (82%) são totalmente
favoráveis a que o profissional, em qualquer especialidade, deva saber atender
a pessoa que tem problemas psiquiátricos.
Hoje, tendo avançado, a ciência na questão da qualidade dos medicamentos,
principalmente, os antipsicóticos, o paciente apresenta menos sintomas adversos
e, melhores condições de convívio na sociedade. Os alunos não estão bem
informados sobre estes avanços pois, 25% discordam de que, quando o paciente
toma a medicação corretamente, ele nem parece que é doente. Por outro lado, 89%
dos alunos não concordam que depois que o paciente psiquiátrico começa a tomar
remédios, ele só vai piorando. Entretanto, persiste a idéia de imputabilidade/
periculosidade do sujeito, o que impõe sua separação da comunidade e, sua
custódia pela instituição psiquiátrica, apesar destes avanços.
As práticas, desenvolvidas ao longo das experiências de transformação da
psiquiatria e os avanços científicos, permitiram que fosse rompida a vinculação
histórica entre periculosidade social e doença mental(7).
Se é de fato que a Reforma Psiquiátrica está processando mudanças na
assistência, o portador de doença mental só estaria sendo internado para
tratamento em fases agudas e, por período curto. Além disso, como concordam os
alunos em 95%, o hospital psiquiátrico tem funções específicas, não sendo o
lugar para acolher mendigos (nº 36).
Espera-se, que haja maior expansão da rede de atenção ao doente mental, fora do
hospital psiquiátrico. Não estando o doente mental internado, ele vai buscar
atendimento especializado na rede, como o faria para qualquer outro tipo de
necessidade de saúde.
Dessa forma, é coerente a posição dos alunos que reconhecem que o profissional,
em qualquer especialidade, deveria saber atender minimamente o portador de
doença mental. Ampliando a rede de atenção psiquiátrica, ou seja, saindo dos
muros do manicômio, é de se esperar que melhore a assistência, evitando-se
internações. A afirmativa 51 mostra que 95% dos alunos concordam com esta
posição. A questão 17 vem também reforçar que o bom atendimento, no momento da
necessidade, poderá evitar novos casos psiquiátricos e a cronificação da doença
(82% concordam).
Nossos sujeitos não mostram muita certeza mas, de um modo geral (84%),
concordam e nenhum deles discorda que a internação deveria ser facilitada nos
casos de agressão ou descontrole.
As afirmações sobre semi-internações levam-nos a pensar que o aluno entende a
necessidade de atenção diária para o doente mental (92%), facilitando a
convivência com a família. Entretanto, não estão bem certos de que a semi-
internação seja o melhor tratamento e, apenas 9 deles (24%) concordam
totalmente com isto.
4.3 Concepções sobre doença e doente mental
A epilepsia é uma afecção crônica do Sistema Nervoso Central, é caracterizada
por acessos repetidos/crises devido a uma excitação neuronal anormal.
Representa um complexo de sintomas e de etiologias variáveis tendo como
principais causas o trauma do parto ou uma anomalia congênita, distúrbio
metabólico, trauma craniano, infecção cerebral ou neoplasia cerebral(3).
Deve-se, assim, afirmar que o paciente epiléptico: não é um enfermo mental; não
é um incapacitado intelectual e não é (apesar de alguns cuidados) um
incapacitado para o trabalho e vida normais. As respostas à afirmativa 53
demonstram que os alunos estão cientes, em 95%, de que a epilepsia não é doença
mental.
Entretanto esta mesma certeza não aparece nas respostas à afirmativa (06) de
que o alcoolismo é doença mental, na qual 63% estão de acordo. Isto reflete uma
representação equivocada que paira nos próprios meios médicos. Apesar das
conseqüências clínicas, psicológicas e orgânicas do alcoolismo serem muito
claras, não existe ninguém em medicina que reconheça esses pacientes como parte
integrante de sua própria disciplina. O tratamento natural do alcoolismo,
depois da fase aguda, não deveria estar na dependência dos serviços sanitários,
mas da comunidade(3).
Da mesma forma, não está clara para os estudantes a questão das drogas. Na
afirmativa 31, as respostas ficaram pulverisadas entre concordância e
discordância sobre se uma pessoa usa droga, acaba ficando doente mental.
Dentre os muitos livros sobre as drogas, destacamos o da Federação do Comércio
do Estado de São Paulo, do Serviço Social do Comércio da Federação das
Instituições (FIESP), com o Serviço Social da Indústria (SESI) e Consulados dos
Estados Unidos e da França. Essas entidades representativas da sociedade, em
1987, buscavam soluções para o problema. Afirmam que a droga não é uma doença
do corpo, porém, não é menos mortal do que outras pestes(8).
Os estudantes de enfermagem discordam total (97%) e parcialmente (18%) que o
nervosismo seja um sinal de loucura. Entretanto, não estão com a mesma certeza
sobre a agressividade do doente mental, nem tampouco sobre a periculosidade.
Apenas 39% discordam totalmente e 32% parcialmente e, nenhum concorda
totalmente com a afirmativa de que o doente mental seja agressivo. Estes
estudantes, por sua idade e pouca experiência, possivelmente não tenham
elementos para fazer comparações sobre a periculosidade real ou imaginária do
doente mental.
O que caracteriza quase todos os transtornos mentais é a presença da ansiedade.
Esta ansiedade, somada às condições bio-psico-sociais, pode levar ao
desenvolvimento de diferentes formas de manifestação, tais como a
agressividade, o isolamento total e comportamentos desconexos ou não
compreensíveis(3).
Nesse caso, estamos falando de sintomas que tanto podem estar presentes na
doença mental como em outras doenças incapacitantes, assim como em situações de
estresse em pessoas consideradas normais. Assim, também, é o caso da depressão.
A depressão, tanto pode ser parte de uma sintomatologia neurótica, como de uma
manifestação de psicose afetiva ou o sintoma de uma demência (nas psicoses
orgânicas), ou resposta a uma vivência de estresse(3).
Os alunos, em 97%, têm clareza de que depressão seja doença mental e que o
doente mental não é um ser inútil. Interessante notar que três alunos discordam
um pouco, um é indiferente e os demais concordam que o doente mental deva ter a
vida mais próxima possível de uma pessoa normal, mantendo suas relações
familiares e de trabalho, convivendo em sociedade.
Afirmamos neste teste que qualquer pessoa pode vir a ser doente mental. A
opinião dos alunos (84%) está quase toda voltada para esta direção. Dos 38
graduandos, 82% não têm certeza se é difícil diferenciar um doente mental de
uma pessoa normal, mas 68% estão certos de que para ter certeza de que alguém é
doente mental, é preciso estar próximo dele.
Sabemos que só a partir de um exame criterioso, realizado por profissional
competente pode-se dizer que alguém é doente mental. As pessoas têm opiniões
pessoais, baseadas em comportamentos observados no seu dia-a-dia e mesmo
baseadas no senso comum sobre estes atos. Entretanto, o diagnóstico é tarefa de
competência profissional.
4.4 Cuidados de enfermagem e tratamentos
Seguindo o raciocínio das categorias anteriores, percebe-se que o aluno está
informado sobre a evolução da assistência em saúde mental, sobre os avanços e
sobre as dificuldades de que o discurso antimanicomial esteja de fato sendo
vivenciado na prática.
Destacando da EMO as afirmativas que dizem mais diretamente respeito à atuação
do profissional e em especial do enfermeiro, a análise mostra o seguinte:
A representação de que qualquer pessoa pode trabalhar em hospitais
psiquiátricos (basta ter jeito) deve ter provocado nos futuros enfermeiros
alguma reflexão sobre seu papel profissional. Assim, 29 dos 38 esperam que a
competência profissional seja um fator importante neste trabalho.
Outra representação que paira no ideário é que o enfermeiro precisa ser forte
para dar conta do doente mental, principalmente, em momentos de crise. As
respostas dos alunos levaram-nos a refletir se suas respostas se referem à
força física ou emocional. Da mesma forma, na afirmativa 23 afirma-se que
cuidar de doente mental é uma tarefa sofrida e os alunos demonstraram não ter
muita firmeza nesta posição.
Os alunos quase não têm dúvida (92%) de que é através do contato direto com a
pessoa que sofre, que o enfermeiro conhece suas verdadeiras necessidades. São
unânimes em julgar que conhecendo as necessidades, da pessoa que sofre fica
mais fácil, para o enfermeiro ajudá-la. Concordaram que o enfermeiro poderá
ajudar a família a conhecer melhor os problemas decorrentes da doença. Assumem
que é importante o contato do enfermeiro com o familiar, tanto nos hospitais
como na comunidade.
Os alunos perceberam a importância da atuação de outros profissionais na equipe
(não apenas o psiquiatra). Isto valoriza a participação do enfermeiro na
equipe. Referente a equipes, vale destacar a importância que tem sido colocada
na humanização da assistência e a valorização das atividades dos profissionais,
voltados para a ajuda terapêutica.
Os alunos, em 87%, concordam que o principal modo do enfermeiro ajudar o doente
mental é através das relações interpessoais. É através da relação terapêutica
que o enfermeiro pode ajudar o outro a encontrar seus próprios caminhos na
busca do equilíbrio, do crescimento, do amadurecimento e da resolução dos
problemas que enfrenta.(9)
5 Conclusões
Os estudantes de enfermagem, no último ano de sua formação, manifestaram sua
opinião acerca de conceitos de saúde e doença mental e da assistência, nesta
área, através da EMO ' Escala de Medida de Opinião.
Os alunos sabem que existem outras possibilidades para o portador de doença
mental, além da internação psiquiátrica. Fica evidente que é preciso preparo
profissional para que o enfermeiro possa de fato ajudar a pessoa que sofre por
ser portador de distúrbio mental e, que a família tem importante papel neste
processo.
Destacam-se, as opiniões de que nem todos os problemas sociais ou, nem todas as
doenças devem ser abarcadas pela instituição psiquiátrica, havendo maior
clareza e especificidade desta área e de sua competência, assim como da
dimensão social destes transtornos e suas conseqüências.
Em suma, as transformações que estão ocorrendo nos conhecimentos das
manifestações emocionais, das pessoas e, na organização do sistema de atenção à
doença mental têm reflexos no desempenho dos profissionais, da área da saúde e
o aluno de enfermagem expressou seu conhecimento e suas dúvidas frente a este
processo.
Obs: As autoras registram agradecimento especial à Andressa Carla Cornelian que
auxiliou na coleta dos dados, enquanto bolsista IC do NUPRI-CNPq.