Supervisão da enfermeira em Unidades Básicas de Saúde
PESQUISA
Supervisão da enfermeira em Unidades Básicas de Saúde
Nurse supervision in Health Basic Units
Supervisión de la enfermera en Unidades Básicas de Salud
Valesca Silveira CorreiaI; Maria Lúcia Silva ServoII
IEnfermeira. Enfermeira do Programa Saúde da Família do município de Feira de
Santana, BA. Especialista em Formação Pedagógica em Educação Profissional na
área de Saúde: Enfermagem. valesca.correia@gmail.com_
IIEnfermeira. Doutora em Enfermagem. Professor Adjunto e Coordenadora de
Pesquisa do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana,
BA lservo@uefs.br
1. INTRODUÇÃO
A supervisão realizada pela enfermeira independente do cargo ou função que
exerça é uma estratégia para a democratização das ações de saúde, pois visa à
transformação do modelo assistencial hegemônico através de uma assistência
integral, equânime e resolutiva aos usuários do sistema de saúde. O presente
estudo visa analisar se a supervisão, enquanto função inerente da enfermeira é
realizada de forma sistematizada ou não sistematizada.
Segundo Servo(1) "o padrão de supervisão sistematizada deve ser compreendido
como um processo que envolve planejamento, execução e avaliação das atividades
realizadas, através da utilização de técnicas e instrumentos de supervisão".
Espera-se com a supervisão, a melhoria na qualidade do serviço, além do
desenvolvimento de habilidades e competências da equipe de saúde, através da
educação permanente no serviço.
A importância da supervisão da enfermeira nas unidades básicas de saúde é
concretizada no exercício dessa prática, em função da assistência de enfermagem
prestada aos clientes, livre de risco e na satisfação pessoal daqueles que
trabalham nesta assistência.
Desse modo, questiona-se: qual o Padrão de Supervisão da enfermeira nas
Unidades Básicas de Saúde da sede do município de Feira de Santana, BA?
Espera-se que este estudo contribua para a socialização do conhecimento sobre
supervisão aplicada à enfermagem, tendo em vista a necessidade do
reconhecimento pelas enfermeiras sobre a sistematização da supervisão como
estratégia para a consolidação da autonomia profissional e efetivação do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Esta investigação tem como objetivo geral descrever o Padrão de Supervisão da
enfermeira nas Unidades Básicas de Saúde da sede do município de Feira de
Santana, BA e como objetivo específico identificar este padrão de supervisão.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Concepções sobre supervisão em saúde
As concepções sobre supervisão têm variado de acordo com o contexto político e
social de cada época e a função do elemento supervisor deve acompanhar essas
variações, para que possa exercer a supervisão de forma democrática.
Segundo Servo(1) "a supervisão caracteriza-se pelo exercício de uma comunicação
direta entre supervisor e supervisionado a nível de execução, diferenciado-se
dos outros instrumentos de controle, que geralmente atuam à distância".
Desse modo, a prática de supervisão adquire relevância no que diz respeito à
influência que esta exerce sobre o desempenho dos funcionários, possibilitando
que as atividades nas instituições sejam realizadas de forma satisfatória.
Embora a supervisão já tenha sido vista como uma função de caráter fiscalizador
e punitivo em que o supervisor assumia um papel "de assegurar o cumprimento das
ordens e dos regulamentos impostos pelo seu patrão"(2), atualmente a mesma
"evidencia a interação do supervisor com o supervisionado, interação que se
traduz pela resolução de problemas em conjunto, de forma cooperativa e
sistematicamente planejada"(3).
Um dos objetivos da supervisão é manter a educação permanente dos trabalhadores
de saúde através da constante avaliação do serviço realizado por estes, com
propósito de identificar as necessidades de orientação e treinamento, no
intuito de prevenir situações problemáticas.
Peters(4) nos afirma que para um supervisor manter sua posição na instituição
deve compreender a natureza do seu serviço, bem como realizar uma auto-
avaliação e apreender como extrair o máximo das pessoas.
Assim, o supervisor deve colocar-se como um elemento pertencente ao grupo e não
superior a este, posicionando-se a favor dos interesses coletivos, de forma a
possibilitar uma melhoria da assistência prestada.
Portanto, a supervisão torna-se pertinente na medida em que auxilia as pessoas
a alcançar metas ou padrões de atendimento, os quais, elas mesmas conceberam,
tendo como parâmetro as políticas institucionais e adaptando-se as realidades
locais(1).
Através da ação supervisora pretende-se melhorar a qualidade dos serviços de
atenção à saúde, colaborando para a promoção, proteção e recuperação da saúde
rumo à consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS).
2.2 A unidade básica e o sistema de saúde
Os programas de saúde são definidos por Sala(5)como "um conjunto de práticas
que, a partir de um referencial epidemiológico, tomam como seu objeto de
intervenção a saúde e a doença no coletivo".
No entanto, para que os programas de saúde (ação programática) obtenham sucesso
é necessário um efetivo controle das atividades realizadas pelos trabalhadores
de saúde e posterior análise destes efeitos sobre o coletivo. Esta atividade
depende diretamente da atuação do supervisor da unidade de saúde local.
Quando "se o agente (do trabalho) é capaz de articular o objeto a ser
manipulado com os meios (instrumentos e conhecimentos) para a intervenção, é
porque detêm em si, potencialmente a transformação pretendida"(6).
A enfermeira faz parte da equipe de enfermagem e na medida em que avalia o
serviço no qual está inserida, realiza sua auto-avaliação, pois a efetividade
do serviço esta diretamente relacionada a sua atuação enquanto supervisora.
A partir da análise da crise política dos anos 70 no Brasil, período no qual
houve a crise da previdência brasileira, surgiu à necessidade de uma
articulação entre a assistência médica e a Saúde Pública; o Estado passou então
a investir nas políticas sociais que seriam consolidadas através de programas
nas unidades de saúde.
Contudo, as unidades de saúde passam a necessitar de uma programação para
atender a clientela que a categoria médica não assistiria, sendo que a alocação
de recursos por parte do Estado não era suficiente para suprir as demandas
destas unidades. Tal descaso fez germinar a reforma sanitária, movimento que
teve como bandeira de luta assegurar a saúde como direito de todos e dever do
Estado.
Assim, as unidades de saúde passaram por mudanças na sua organização para
ajustar-se a nova demanda espontânea, o que gerou uma reforma no sistema de
saúde para que a população pudesse ter acesso aos serviços de saúde.
Portanto, a Unidade Básica de Saúde foi pensada como porta de entrada de um
sistema público de serviço de saúde, pois como porta ela absorveria a demanda
universal e daria resolutividade a maioria das intercorrências(7).
O grande desafio para a implementação de ações programáticas continua sendo a
organização dos modelos de gestão e de atenção à saúde, pois a lógica
mercadológica ainda prevalece, e em virtude disto à operacionalização do SUS
torna-se uma questão parcialmente resolvida.
2.3 A supervisão da enfermeira em unidade básica de saúde
A supervisão é uma atividade que faz parte do cotidiano da enfermeira, à medida
que esta planeja, executa e avalia o processo de trabalho da equipe na qual
encontra-se inserida. Desta forma sistematiza o processo de supervisão em
enfermagem.
Neste sentido, a sistematização da supervisão configura-se em um instrumento
viável para elevação do nível da assistência prestada a clientela, pois
potencializa os recursos humanos e aprimora os recursos materiais.
A história da enfermagem nos relata que "a profissionalização da enfermagem se
processou basicamente através de duas categorias sociais distintas: a das
ladie-nurses e das nurses"(1).
Segundo esta autora as ladies-nurses realizavam atividades "leves" como
ensinar, supervisionar os serviçais a as nurses, as quais faziam parte do
quadro da administração hospitalar, restando a estas executar atividades de
menor complexidade.
Observa-se que a divisão social do trabalho determina quem pensa e quem faz as
ações de enfermagem. Assim, tem-se o reflexo desta história nas relações
interpessoais entre a enfermeira e os auxiliares/técnicos de enfermagem.
Para que cada profissional tenha determinado o que lhe compete, criaram-se as
leis do exercício profissional, sendo que a Lei n.º .498/86(8) dispõe sobre o
exercício da enfermagem e afirma no artigo 11º alínea c, que é privativo do
enfermeiro o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos
serviços de assistência de enfermagem.
O supervisor irá selecionar em consonância com os objetivos e características
da instituição na qual estiver atuando, as técnicas e os instrumentos a serem
utilizados de acordo com as necessidades e a viabilidade de aplicação para
realizar atividades de sua competência.
Neste contexto, a enfermeira é responsável pelo planejamento e coordenação da
unidade de saúde, sendo que a mesma possui o compromisso de viabilizar em
conjunto em conjunto com outros atores sociais o Sistema Único de Saúde,
incentivando a participação da equipe na organização e produção dos serviços de
saúde, atendendo as reais necessidades dos usuários.
3. METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos propostos, o modelo da investigação classifica-se
como um estudo exploratório e descritivo. O universo do estudo constitui-se de
todas as unidades básicas de saúde da sede do município de Feira de Santana,
BA, totalizando 33 unidades.
De acordo com o caráter da pesquisa estabeleceu-se que o estudo seria realizado
nas unidades básicas de saúde da sede que dispusessem de enfermeiras em seu
quadro de pessoal e que estivessem em pleno exercício profissional no local da
pesquisa.
Nas trinta e três (33) unidades de saúde identificaram-se cinqüenta e uma (51)
enfermeiras(os), sendo que uma (01) encontrava-se de licença saúde e seis (06)
à disposição de outro órgão.
A população em estudo foi constituída então, por quarenta e quatro (44)
enfermeiras/os, o que correspondeu a 86,3% da população em estudo. A
representatividade dos dados foi mantida de acordo com a homogeneidade da
amostra.
A técnica escolhida para a realização do levantamento de dados foi o
questionário contendo questões abertas e fechadas, com alternativas
dicotômicas, tricotômicas, respostas múltiplas e abertas.
Realizou-se um estudo piloto aplicando o instrumento à vinte e sete (27)
enfermeiras/os das unidades de saúde do município de Feira de Santana, BA no
mês de dezembro de 2001 em uma reunião na Secretaria Municipal de Saúde, com o
objetivo de detectar possíveis falhas no questionário bem como o ajustamento
das mesmas.
Após a aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual de Feira de Santana, visitou-se às enfermeiras(os) nas unidades de
saúde com o intuito de estabelecer um contato prévio e informar as/os
enfermeiras/os sobre o objetivo da pesquisa. Foram agendadas datas através do
contato verbal para entrega e recolhimento dos questionários em cada
instituição e do Termo de Consentimento.
Apesar de quarenta e nove enfermeiras/os verbalizarem interesse para responder
o questionário apenas dezesseis (16) responderam e devolveram o instrumento.
Agendou-se novas datas e as mesmas ainda não tinham respondido o instrumento ou
o esqueciam. Tal postura hostil deve-se ao fato de excesso de trabalho,
desmotivação e falta de conhecimento sobre a importância da pesquisa para a
enfermagem.
Utilizou-se procedimentos de estatística descritiva. Realizou-se uma análise
quanti-quantitativa. A construção do banco de dados, para a pesquisa, foi
realizada no pacote estatístico EPIInfo v.6.0. Neste obteve- se as freqüências
absolutas e percentuais do perfil da clientela, bem como da caracterização da
instituição.
No programa SPSSWin v.9.0 realizou- se a contrução do indicador da
sistematização e obteve- se as tabelas de contigência, ou seja, verificou- se a
associação entre alguns fatores (variáveis) e a variável reposta (padrão de
sistematização).
Aplicou- se os testes estatísticos Qui-quadrado de Pearson e o teste exato de
Fisher. O nível de significância estabelecido no teste foi de 5%. O padrão de
supervisão sistematizado foi obtido mediante as incidências de respostas "sim"
extraídas do questionário. Estabeleceu-se a média igual ou acima de 60% para o
padrão de supervisão sistematizada. Quanto as incidências de respostas "às
vezes" e "não" evidenciaram as aplicações eventuais da supervisão ou ausência
desta.
4. RESULTADOS
Apresenta-se a seguir o padrão de supervisão sob forma de processo, que se dá
de forma integral, eventual ou ausente. Nos próximos itens serão discutidos os
resultados diante da análise realizada.
A tabela_1 mostra a distribuição do padrão de supervisão encontrado e que é
desenvolvido pela enfermeira nas unidades de saúde estudadas.
Conforme nos mostra a tabela acima, o padrão de supervisão sistematizada
alcança freqüência superior, correspondendo a 63,6% do total da população,
seguido do padrão de supervisão não sistematizada com índice percentual de
36,4%.
Assim o padrão de supervisão sistematizado engloba as atividades de supervisão
realizadas sob forma de processo, ou seja, planejamento, execução e avaliação.
As tabelas a seguir, demonstram a relação entre padrão de supervisão e perfil
da clientela estudada.
A tabela_2 apresenta os resultados dos dados relativos ao padrão de supervisão
segundo o sexo dos sujeitos.
Verifica-se nesta tabela significativa predominância do sexo feminino na
população estudada (97,7%). Constata-se que a maior freqüência 63,6% incide
sobre a supervisão sistematizada realizada pela enfermeira.
A tabela_3, a seguir, indica a relação entre padrão de supervisão e nível
salarial das enfermeiras que compõem este estudo.
Conforme os dados apresentados nesta tabela, 77,2% dos sujeitos que
participaram deste estudo encontram- se numa faixa salarial de 3 a 9 salários
mínimos e 50% realizam supervisão sistematizada e 27,3% não sistematizam a
supervisão. Nota- se que 6,8% dos sujeitos encontram- se numa faixa salarial de
09 ou mais salários mínimos e realizam supervisão sistematizada.
A tabela_4, demonstra os dados do Padrão de Supervisão segundo a relação das
políticas do setor saúde com o trabalho da enfermeira.
Pode-se assinalar que 77,3% das enfermeiras não reconhecem que as políticas do
setor saúde têm relação com o seu trabalho, das quais 50% realizam supervisão
sistematizada.
A tabela_5 revela o padrão de supervisão segundo a participação da coordenação
de enfermagem nas decisões políticas e administrativas.
Verifica-se através da análise desta tabela que 45,5% das enfermeiras
participam da coordenação de enfermagem nas decisões políticas administrativas
das quais 36,4% sistematizam a supervisão, enquanto 9,1% não a sistematizam.
A tabela_6 concentra os dados do padrão de supervisão e a existência de
instrumentos administrativos nas unidades de saúde em que a população deste
estudo trabalha.
Nesta tabela detecta-se que 75% dos sujeitos atuam em unidades de saúde
providos de instrumentos administrativos, sendo que 52,3% realizam a supervisão
sistematizada e 22,7% não sistematizam a supervisão.
5. DISCUSSÃO
Para melhor compreender o fenômeno em estudo, apresenta-se a discussão dos
dados frente a análise estatística realizada obedecendo a classificação
temática.
Neste estudo procurou-se descrever o padrão de supervisão executado pela
enfermeira nas unidades de saúde pesquisadas através da variável dependente -
Padrão de supervisão.
5.1 A enfermeira e as unidades de saúde
O perfil da clientela estudada é, predominantemente, do sexo feminino (97,7%),
e, 63,6% sistematizam a supervisão (Tabela_2).
Apesar da variável sexo, ser considerada estatisticamente como fator que não
interfere no padrão de supervisão sistematizada ou não, o alto percentual
encontrado na categoria feminina nos leva a concluir que é um fator
significativo no trabalho da enfermeira e consequentemente no exercício da
supervisão.
Este dado possibilita a compreensão dos problemas de enfermagem referentes à
posição e aceitação da mulher, devido ao preconceito com relação ao gênero
feminino presente na sociedade.
Através da tabela_3, observa-se que 6,8% dos sujeitos do estudo recebem nove ou
mais salários mínimos e sistematizam a supervisão e 15,9% recebem de um a três
salários mínimos, sendo que 9,1% não realizam supervisão sistematizada. Diante
dos dados percebe-se que o nível salarial interfere no padrão de supervisão,
funcionando como estímulo para o desenvolvimento das atividades pelos sujeitos.
Constatou-se que as enfermeiras não reconhecem que as políticas do setor saúde
interferem no seu trabalho, como podemos observar na tabela_4. Tendo em vista o
entendimento da influência existente entre políticas do setor saúde e o
trabalho da enfermeira, torna-se importante à reflexão sobre a ação
supervisora, pois esta é inerente a qualquer processo de trabalho e realiza-se
em bases coletivas.
Destaca-se a fala de alguns sujeitos no tocante à relação da política do setor
saúde com o seu trabalho:
"o meu trabalho está inserido no contexto de reorganização das
práticas de assistência à saúde a nível de SUS, sendo uma delas a
reorientação do modelo assistencial com a implantação do programa de
saúde da família".(30)
"a medida em que as políticas são modificadas mudam- se as diretrizes
que regem o trabalho/atendimento no setor saúde/unidade de saúde".
(36)
"sempre que ocorre uma mudança na secretária do governo todo o nosso
trabalho volta à estaca zero".(19)
De acordo com a fala dos sujeitos percebe- se que existe um nível de
consciência a respeito da interferência que as políticas públicas exercem na
realização das atividades desenvolvidas pelas enfermeiras, embora a maior parte
dos sujeitos não nos relate esta interferência.
A enfermeira necessita articular-se politicamente na intermediação dos
interesses da equipe e dos usuários dos serviços com a gerência. Diariamente,
esta se depara com embates relativos ao exercício da hierarquia e do poder,
conforme a organização tecnológica e social do trabalho.
5.2 A instituição em que trabalha
Procurou-se inquirir aos sujeitos deste estudo sobre a participação da
coordenação de enfermagem nas decisões políticas e administrativas das unidades
de saúde, onde 45,5% das enfermeiras afirmaram participarem em tais decisões e
34,1% participam eventualmente. (Tabela_5).
A todo o momento a enfermeira vivência situações em que são necessárias a
tomada de decisões políticas e administrativas em seu ambiente de trabalho,
visando detectar os entraves existentes em busca de uma assistência de
qualidade.
No tocante aos instrumentos administrativos utilizados à tabela_06 demonstrou
que 75% das enfermeiras dispõem de instrumentos administrativos e 52% realizam
supervisão sistematizada, demonstrando que os instrumentos como o prontuário do
paciente, o plano de supervisão, o cronograma, o manual de normas e rotinas,
dentre outros, interferem na sistematização da supervisão.
E assim, de acordo com as variáveis sexo, nível salarial, políticas do setor
saúde, participação em decisões administrativas e instrumentos administrativos,
verificaram-se sua interferência no padrão de supervisão executada pela
enfermeira, pois refletem a política de trabalho, recursos humanos,
remuneração, planejamento e estrutura técnico administrativa, fatores
condicionantes para o êxito da supervisão.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Procurou-se neste estudo, através da análise e discussão dos resultados,
identificar qual o padrão de supervisão realizado pela enfermeira nas unidades
básicas de saúde da sede do município de Feira de Santana, BA, bem como
descrever o referido padrão.
Encontrou-se predominância do padrão de supervisão sistematizado (63,6%) o que
demonstra uma postura crítica dos profissionais diante de um contexto
neoliberal no qual se está inserido.
Este resultado contribui para a implementação de ações sistematizadas através
de um método de trabalho de enfermagem. O exercício da função gerencial
centralizado na qualidade da assistência ao paciente, deve orientar as ações do
enfermeiro na implementação de um método para sistematizar e organizar a
assistência de enfermagem(9).
Para se ter uma supervisão eficiente, é necessário a adoção de uma metodologia
de trabalho que a contemple como processo dinâmico que envolve o planejamento,
a execução e a avaliação das atividades realizadas.
Planejar em enfermagem significa adotar um roteiro para coordenar as ações da
equipe de enfermagem, visando uma assistência qualificada e obtenção de
melhores condições de trabalho.
A responsabilidade pela promoção da saúde nos serviços deve ser compartilhada
entre indivíduos, comunidade, grupos, profissionais da saúde, instituições e
gestores de saúde(10).
A enfermagem desempenha um papel fundamental para a efetivação de um serviço de
saúde com qualidade, sendo que o principal instrumento para revelar o que
acontece na prática é a divulgação do que é vivenciado no cotidiano.
Portanto, é necessário posicionar-se de forma crítica perante as políticas do
setor saúde, cabendo a enfermagem utilizar um método eficaz para prestar
assistência aos usuários do SUS de forma global, coerente e responsável,
ajustando princípios e medidas administrativas à solução de problemas de sua
competência, além da socialização destas experiências.