Grupos de pesquisa em educação em Enfermagem: linhas de pesquisa e produção
científica em três regiões do Brasil
INTRODUÇÃO
O avanço científico de uma determinada área depende de inúmeros fatores. Na
área da saúde, em especial na Enfermagem, destacam-se a capacidade de produzir
conhecimentos novos a partir da competência das instituições de ensino,
principalmente em nível de pós-graduação, em formar investigadores e do
interesse dos profissionais em buscar capacitação por meio de programas de
mestrado e doutorado, para desenvolver pesquisa a partir das necessidades dos
distintos setores da saúde. Também se faz necessário viabilizar políticas e
prioridades em pesquisas, por meio das quais seja possível apoiar Grupos de
Pesquisa (GP) e, por conseguinte, fortalecer linhas de investigação a partir
das prioridades atribuídas para as diferentes áreas de um país(1-3).
Na Enfermagem brasileira, o processo de desenvolvimento científico estruturou-
se a partir da década de 1970, com a instituição de cursos de pós-graduação
stricto sensu e o estabelecimento dos Grupos de Pesquisa em algumas
universidades públicas. Os Grupos de Pesquisa foram criados para atender as
demandas dos programas de mestrado e doutorado, que precisavam de espaços para
discutir os projetos de pesquisa e seus resultados entre professores,
estudantes de graduação e pós-graduação e pessoal de apoio técnico(1,4-5).
Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
os Grupos de Pesquisa organizam-se em torno de linhas de pesquisa segundo uma
regra hierárquica fundada na experiência e na competência técnico-científica
dos pesquisadores. As linhas de pesquisa representam temas aglutinadores de
estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa, de onde se
originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre si. Dessa forma, as
linhas de pesquisa subordinam-se ao grupo, e não o contrário(4).
Assim entende-se que as linhas de pesquisa podem sofrer alterações, pois
dependem dos participantes dos GP. Atualmente o CNPq considera atípica a
participação de um pesquisador em mais de quatro Grupos de Pesquisa e alguns
Programas de Pós-Graduação exigem que as propostas de pesquisa submetidas ao
processo seletivo dos cursos de mestrado e doutorado estejam de acordo com as
linhas dos Grupos de Pesquisa do Programa(4).
Essas medidas decorrem do fato que a adoção de linhas de pesquisa pelos GP pode
facilitar a definição dos projetos de pesquisa e gerar maior afinidade entre os
estudos realizados pelos membros do Grupo. Desse modo, "cada vez mais tem se
buscado uma maior interface entre as temáticas nas linhas de pesquisa dentro
dos grupos, de modo a consolidar a construção de conhecimento de forma mais
gregária, menos segmentada, numa perspectiva de complementaridade dos projetos
de pesquisa desenvolvidos e seus resultados"(6:4).
Frente a isso, como avaliar se os GP estão realmente desenvolvendo suas
investigações dentro das linhas de pesquisa propostas? Segundo o Censo CNPq de
2008, existem no Brasil trezentos e setenta e três (373) Grupos de Pesquisa em
Enfermagem e um mil e cinquenta e nove (1.059) linhas de pesquisa, determinando
que, em média, cada GP se organiza a partir de duas ou três linhas de pesquisa
(4).
Desde 2007 o Grupo de Pesquisas em Educação em Enfermagem e Saúde (EDEN), do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), tem participado ativamente de um projeto de pesquisa
multicêntrico intitulado "A produção investigativa de Educação em Enfermagem: o
estado da arte" resultado de uma parceria entre pesquisadores da Universidade
Nacional de Colômbia da Faculdade de Enfermagem e pesquisadores brasileiros,
convidados por meio da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), a partir de
uma necessidade de expandir o estudo para o âmbito ibero-americano. Desta
forma, ampliou-se para o cenário brasileiro o questionamento sobre as
diferentes publicações, resultantes de processos investigativos, tendências
metodológicas, reflexões e conclusões formuladas por pesquisadores de Educação
em Enfermagem, analisando os dados por Regiões Geográficas do país.
No processo de análise da Região Sul do Brasil já se alcançaram achados
importantes no tocante a caracterização dos Grupos de Pesquisa em Educação em
Enfermagem (GPEE), nos quais cumpre destacar: a baixa interdisciplinaridade na
composição destes Grupos; a alta qualificação dos pesquisadores, tendo em vista
que 86% possuem a titulação de mestrado e doutorado; a baixa presença de
estudantes de graduação nestes espaços; a necessidade da criação de uma
política de integração entre o ensino, o serviço e a pesquisa; o escasso
fomento para o desenvolvimento das pesquisas que são desenvolvidas; e, a
importância da integração de interesses para a criação de redes colaborativas
no setor, que estimule o espírito científico, o pensamento crítico-reflexivo e
o consequente fortalecimento da profissão(2).
Na Região Sudeste, existe a concentração de financiamento e centros de
excelência tanto no setor de pesquisa em saúde quanto na distribuição dos
recursos humanos, revelando iniquidades regionais quando comparado com as
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil(7). Assim, está discutido os
esforços que estão sendo empregados a partir da década de 1990 para fixar
doutores nas universidades em outras regiões brasileiras, promovendo uma
possível descentralização da pesquisa em saúde, porém, ainda hoje o número de
programas de graduação e pós-graduação em enfermagem é menor nas Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste quando comparados à Região Sudeste(3,6-7).
Como uma das atribuições do GP para avançar no processo de desenvolvimento
científico é produzir novos conhecimentos a partir das linhas de pesquisa que o
compõem, bem como socializar estes resultados, poderia a produção científica
publicada pelos pesquisadores de um GP demonstrar essa congruência?
Com a intenção de responder esta pergunta, o presente estudo tem por objetivo
identificar as temáticas das linhas de pesquisa (LP) e da produção científica
publicada pelos Grupos de Pesquisa em Educação em Enfermagem (GPEE) de três
regiões do Brasil.
MÉTODO
Trata-se de um estudo documental, exploratório, descritivo, com adoção da
Análise de Conteúdo(7). Para a coleta dos dados, desenvolveram-se os seguintes
passos: acesso ao site do CNPq (<www.cnpq.br>,) selecionando "Banco de Dados e
Estatísticas" e, em seguida, "Grupos de Pesquisa - Censos" e, finalmente,
"Plano Tabular". Escolhido o ano do censo, neste caso 2008, foram selecionadas
as seguintes variáveis: "Área de Atuação", "Por UF", "Por Instituição". Na
sequência, foi realizado o filtro da primeira variável, sendo escolhida a área
"Enfermagem". Assim, o sistema gerou uma tabela em que se realizou a coleta dos
dados discriminados a partir das variáveis selecionadas do total de Grupos de
Pesquisa em Enfermagem no Brasil em 2008. Foram construídas tabelas no
Microsoft Excel 2003® divididas por região geográfica.
Para cada uma das regiões Norte (N), Nordeste (NE) e Centro-Oeste (CO) foram
identificados os seguintes elementos: instituições e caráter institucional das
mesmas; número total de Grupos de Pesquisa na área de Enfermagem; número
específico de Grupo de Pesquisa em Educação em Enfermagem (GPEE), sendo que o
critério para identificação foi apresentar a palavra "educação" ou sinônimos
(ensino e formação) no nome do grupo; número total de Linhas de Pesquisa;
presença de Programas de Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem; nome
completo, ano de início e a sigla do GPEE; número, formação, titulação e
atuação profissional dos pesquisadores e técnicos dos GPEE; número, formação e
titulação dos estudantes dos GPEE; número de Bolsistas de Iniciação Científica
entre os estudantes de graduação.
Neste artigo são apresentados as seguintes variáveis: número de Grupo de
Pesquisa em Educação em Enfermagem (GPEE) das três regiões estudadas, número de
Linhas de Pesquisa por GPEE e produção científica dos pesquisadores que atuam
nos GPEE. Em relação à produção científica os dados foram complementados por
meio das informações disponibilizadas on-line no Diretório dos Grupos de
Pesquisa do CNPq, no currículo Lattes dos pesquisadores e no site da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Além da distribuição quantitativa da produção de artigos científicos, também
foi verificada a qualificação dos periódicos em que foram publicados, por meio
da lista de veículo de divulgação científica denominada Qualis/CAPES referente
ao ano de 2008. Segundo esse indicador, a produção intelectual dos programas de
Pós-Graduação strictu sensu é realizada pelas áreas de avaliação e passa por
processo anual de atualização e esses veículos de divulgação científica são
enquadrados em estratos indicativos da qualidade, sendo A1 o nível mais
elevado, seguido por A2; B1; B2; B3; B4; B5 e C, este com peso zero. O
aplicativo que permite a classificação e consulta ao Qualis das áreas, bem como
a divulgação dos critérios utilizados para a classificação de periódicos, é o
WebQualis, disponível no portal virtual da CAPES - http://qualis.capes.gov.br/
webqualis.
As linhas de pesquisa citadas pelos GPEE que constam do Diretório do CNPq foram
dispostas em um quadro e organizadas por convergência de tema em cinco grandes
áreas, a saber: educação; cuidado; gestão e trabalho; ética; e saúde mental.
Entre os artigos científicos publicados no período de 2004-2008 e citados no
currículo Lattes dos pesquisadores dos GPEE, os que estavam disponibilizados
on-line foram captados na íntegra e organizados no gerenciador bibliográfico
EndNote®. O Quadro_1 exemplifica como foi realizada a categorização das linhas
de pesquisa de um GPEE da região Centro-oeste, com oito linhas de pesquisa.
A leitura dos resumos dos artigos permitiu classificar a produção científica
dos grupos em cinco temas: Educação em Enfermagem e em Saúde, Cuidado em
Enfermagem e Saúde, Estudos Epidemiológicos, Processo de Trabalho em Saúde e
Outros temas.
Vale ressaltar que essas categorizações foram embasadas na Análise de Conteúdo,
que permite "classificar elementos em categorias impõe a investigação do que
cada um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento é a
parte comum existente entre eles. É possível, contudo, que outros critérios
insistam noutros aspectos de analogia, talvez modificando consideravelmente a
repartição anterior"(8:112).
Como se tratar de uma pesquisa documental em que as informações estão
disponibilizadas em bases de dados de domínio público, o estudo não foi
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. No entanto, cabe
ressaltar que foram seguidos os preceitos éticos para o tratamento dos dados em
pesquisas dessa natureza.
Tabela_1
RESULTADOS
Foram identificados doze (12) GPEE nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
do Brasil que apresentaram quarenta e cinco (45) linhas de pesquisa. A Tabela
reúne os dados que relacionam os GPEE segundo o número de LP e suas respectivas
temáticas expressas nas cinco categorias já mencionadas.
Verificou-se que dezesseis (16) linhas de pesquisa possuíam relação com o tema
educação, como currículo, práticas educativas, ensino e formação profissional;
quinze (15) relacionavam-se ao tema cuidado, como atenção a saúde da mulher e
assistência de enfermagem; sete (07), com o tema gestão e trabalho, por
exemplo, gestão de pessoas e organização dos serviços de saúde; cinco (05), com
o tema ética -que incluía bioética e questões de cidadania e duas (02), com o
tema saúde mental, como depressão e problemas psiquiátricos em crianças e
adolescentes.
No total foram encontrados quatrocentos e quarenta e oito (448) artigos
científicos entre os anos de 2004-2008, sendo que duzentos e sessenta e sete
(267) foram publicados em revistas A, B1 e B2, de acordo com o Qualis/CAPES de
2008. Duzentos e vinte e nove (229) foram acessados on-line na íntegra e
tornaram-se objeto de análise desta investigação. Esses artigos foram
categorizados em cinco grandes temas de interesse: Educação em Enfermagem e em
Saúde, Cuidado em Enfermagem e Saúde, Estudos Epidemiológicos, Processo de
Trabalho em Saúde e Outros temas. Os resultados são apresentados a seguir,
divididos por Região Geográfica.
Região Norte
O único GPEE da Região Norte encontra-se no estado do Pará. Apresenta duas
linhas de pesquisa, uma sobre educação e outra sobre cuidado. Publicou onze
(11) artigos científicos entre os anos de 2004-2008, sendo que oito (8) foram
publicados em revistas A1, A2, B1 e B2, que classificados a partir de temas de
interesse na tabela_2.
![](/img/revistas/reben/v65n2/a20tab02.jpg)
Região Nordeste
Na região Nordeste, existem sete (7) GPEE distribuídos em cinco (5) Estados,
com um total de vinte e seis (26) linhas de pesquisa. Desses, um (1) grupo
pertence ao Estado da Bahia, um (1) ao Ceará, um (1) ao Maranhão, dois (2) ao
Piauí e dois (2) ao Rio Grande do Norte.
No período entre 2004-2008, esses grupos publicaram um total de duzentos e
setenta e oito (278) artigos científicos, cento e oitenta e cinco (185) em
revistas A, B1 e B2. Destes, apenas cento e sessenta e dois trabalhos (162)
estavam disponíveis online para consulta e foram classificados segundo temas de
interesse apresentados na tabela_3.
Região Centro-Oeste
Foram encontrados quatro (4) GPEE na Região Centro--Oeste: dois no Distrito
Federal, um em Mato Grosso e um em Mato Grosso do Sul. Juntos possuem dezessete
(17) linhas de pesquisa.
Quanto à produção científica, esses GPEE publicaram cento e cinquenta e nove
(159) artigos científicos no período em estudo, setenta e quatro (74) em
revistas A2, B1 e B2. Destes, cinquenta e nove (59) estavam disponíveis online
para consulta e foram classificados segundo temas de interesse, conforme a
tabela_4.
A produção científica dos 12 GPEE das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
agrupada por temas de interesse, revela o panorama expresso na tabela_5.
Vale ressaltar que dentre os cento e vinte e três (123) artigos publicados em
revistas B3, B4 ou B5 pelos GPEE, entre os diversos temas abordados, também
foram encontrados estudos que discutiam o tema educação, a saber: práticas
educativas, educação em saúde, políticas públicas e formação do enfermeiro.
DISCUSSÃO
O número de linhas de pesquisa por GPEE das Regiões Norte, Nordeste e Centro-
Oeste corresponde à média brasileira de Grupos de Pesquisa em Enfermagem, de
três linhas de pesquisa por Grupo(9). Todavia este dado não pode ser
generalizado, pois foram encontrados grupos com uma única linha de pesquisa e
outros com até oito linhas. Um estudo sobre grupos de pesquisa em Enfermagem
realizado em 2009 constatou que 92% dos grupos possuíam entre 1 a 5 linhas de
pesquisa, organização que permite um maior direcionamento da produção do
conhecimento às linhas de pesquisa dos grupos, sistematizando a produção
científica(9).
Dentre os GPEE selecionados para este estudo, um não possuía LP em educação e
apenas três apresentaram LP somente sobre educação. Visto que são GPEE, vale
refletir sobre o papel da LP nessa organização; o fato de ter mais de uma linha
pode prejudicar o desenvolvimento das pesquisas na área específica de educação
e, consequentemente, a produção científica do grupo?
Ao definir suas LP, um grupo de pesquisa o faz no sentido de organizar um guia
no qual irá estruturar seus estudos e suas pesquisas. Um GPEE deve ser
reconhecido pelo seu papel na pesquisa sobre educação em enfermagem.
Atualmente, a forma mais difundida um grupo de pesquisa tornar-se conhecido no
meio acadêmico é por meio da publicação de artigos científicos(5), não somente
pela quantidade, mas pela qualidade desta produção. Sendo assim, anualmente são
avaliados o nível dos periódicos e seu impacto em nível nacional (revistas
conceito B2, B3, B4, B5) e internacional (revistas conceito A e B1)(4).
Em relação à relevância da produção científica, vale destacar que 60% dos
artigos científicos foram publicados em revistas conceito A, B1 e B2, de acordo
com o Qualis/CAPES de 2008. Esse dado é bastante promissor e indica o esforço
dos GPEE no investimento na publicação em revistas de impacto nacional, mas
principalmente internacional, buscando a visibilidade e qualidade de sua
produção.
Há entre os grupos de pesquisa os que defendem a solidariedade intelectual
entre os pesquisadores e a superação de práticas endogênicas de produção,
divulgação e consumo do conhecimento. Ademais, um espaço que permita a reunião
de diferentes sujeitos - professores, alunos (graduação e pós-graduação),
profissionais da assistência - para pesquisar e discutir um mesmo tema de
interesse, pode reduzir a distância entre os campos de formação acadêmica/
produção científica e a prática assistencial(10).
Não parece ser esse o caso dos GPEE das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
nos quais somente 36% das linhas de pesquisa versavam sobre educação, temática
que era abordada somente em 25% das publicações. Contraditoriamente, 34% das
linhas de pesquisa desses GPEE eram sobre cuidado, tema presente em 44% das
publicações.
As LP são caminhos a serem seguidos pelos investigadores, o que ainda não se
evidencia nos GPEE, pois os dados apontam que há mais publicações sobre cuidado
que sobre educação nesses grupos. Essa indicação vale também para os demais
Grupos de Pesquisa em Enfermagem no Brasil, visto que, em estudo publicado em
2009, as pesquisadoras encontraram que a indicação do vínculo das produções em
linhas de pesquisa ainda mostra pouca clareza(9). No caso dos GPEE, faz-se
necessário instigar uma maior relação entre as LP apresentadas e a produção
científica publicada no seu foco específico: a educação em enfermagem.
Outro fato a destacar nas publicações dos GPEE diz respeito ao item Outros
Temas, pois esses artigos representaram 21% das publicações, o que representa
parcela considerável da produção científica dos GPEE e demonstra a necessidade
de consolidação da produção científica nos temas e áreas definidos pelos
próprios grupos, e em especial para o foco educativo.
A falta de vínculo entre a produção científica e as linhas de pesquisa pode ser
devida à superposição de linhas, imbricação ou interfaces, concentração ou
convergência, pulverização ou diversidade de temas, entre outros. Todavia,
conforme o CNPq apregoa, é das linhas de pesquisa que deveriam surgir ou
derivar os projetos dos GP nas suas diferentes modalidades(4,9). Denota-se,
portanto, a necessidade dos GPEE congregar a produção científica nas linhas de
pesquisa, visto que os artigos científicos tendem a apresentar os resultados
dos projetos de pesquisa elaborados e desenvolvidos a partir dessas linhas.
No caso dos GPEE das Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, essa
congruência não foi observada, o que sugere a necessidade de alteração nas
linhas de pesquisa dos Grupos ou uma revisão dos projetos de pesquisa. Esse
processo deve ser acompanhado pela revisão reflexão dos membros do GP, pois a
produção intelectual do pesquisador/docente deve compor linhas de pesquisa(9).
Dessa forma, é fundamental refletir sobre o significado das linhas de pesquisa
de um grupo e sua implicação na produção de conhecimento.
A escolha de uma LP tem o objetivo de delimitar o foco das pesquisas
desenvolvidas por um grupo que produz conhecimento substantivo sobre
determinado assunto(9). No caso dos GPEE, o foco é a educação em enfermagem e
saúde. Esse fato deve ser levado em conta quando se considera a possibilidade
de transformar a pesquisa em ato educativo, capaz de despertar o interesse e a
co-responsabilidade dos envolvidos, enquanto sujeitos de um processo em
construção, e converter a instituição de ensino em um cenário de intercâmbio
reflexivo, produtor de conhecimentos(11,12).
Os GPEE poderão demonstrar seu compromisso com a ciência ao produzir e publicar
resultados a partir de pesquisas cientificamente orientadas, que integrem
diferentes níveis de formação em um objetivo comum de avanço do conhecimento, o
que possibilitará ampliar e desenvolver a capacidade de produção científica
multidisciplinar, oferecendo maior visibilidade à Enfermagem(13).
Em relação aos temas dos trabalhos sobre educação publicados em revistas
conceito B3, B4 e B5, não foi encontrada diferença em relação aos temas sobre
educação publicados nas revistas conceito A, B1 e B2. Isso leva a supor que a
escolha por esses veículos de divulgação não tenha ocorrido pela dificuldade de
se publicar sobre o tema Educação em Enfermagem em periódicos indexados, mas
sim devido à qualidade do material escrito ou ao público-alvo desejado.
CONCLUSÕES
Muitos arranjos e mudanças ainda são necessários para avançar na consolidação
da Enfermagem brasileira como produtora de conhecimentos na área de educação em
enfermagem, sendo que a possibilidade de refletir e repensar a organização dos
Grupos de Pesquisa em Educação em Enfermagem, a partir de linhas e projetos de
pesquisa, pode acelerar esse processo nessa área da Enfermagem.
Outros estudos são necessários para identificar se os resultados deste trabalho
representam a realidade dos demais GPEE do Brasil e também de outros Grupos que
abordam os diversos temas de pesquisa em Enfermagem. Nesse sentido, vale o
desafio, tendo em vista a importância de repensar continuamente as práticas em
saúde e Enfermagem, balizadas por conhecimentos científicos que são produzidos
por meio de investigações, em sua maioria, desenvolvidas no interior dos Grupos
de Pesquisa.