Competências profissionais de enfermeiros e sua gestão em um hospital
particular
INTRODUÇÃO
Em virtude de várias mudanças que vêm ocorrendo no mundo e no Brasil, nas
diversas esferas da vida humana, inclusive no campo do trabalho, tem-se
ampliado a discussão sobre as competências profissionais e sua gestão dentro e
fora das organizações. No campo específico da enfermagem, a gestão de
competências é um assunto emergente, visando sinergia entre as equipes
interdisciplinar e multiprofissional que compõem o quadro dos serviços de saúde
(1). Por mais qualificado seja o ensino acadêmico, ainda existem dúvidas sobre
o limite da competência profissional de um enfermeiro e qual modelo regula os
limites da competência de tais profissionais (1-2).
Note-se que os padrões de trabalho correlacionam conhecimento e compreensão
para obter desempenho efetivo(3). Nesta perspectiva, os enfermeiros são
entendidos como profissionais que recriam métodos, processos e instrumentos,
adequando-os aos cenários onde elementos tais como auto-confiança,
sensibilidade, pró-atividade e resistência, dentre outros, podem interferir e
denotar competência; no entanto, estes fatores não são formalmente avaliados e
nem normalizados para este fim(3). Complementa-se este raciocínio com o fato de
que as pessoas possuem potenciais tanto para criar quanto para solucionar
problemas, mas para que isto ocorra é preciso que tenham oportunidade e espaço
para reflexão(4).
Quanto à distribuição do trabalho, a complexidade da enfermagem é explícita,
pois "é uma atividade que dispende tempo e requer, da parte de quem a faz,
conhecimentos relativos às necessidades da clientela, à dinâmica da unidade, às
características da equipe de enfermagem e às leis trabalhistas"(5).
O contingente de profissionais de enfermagem vem crescendo nas diversas áreas
de atuação desse profissional(6). Enquanto estrutura organizacional complexa, o
hospital vem tentando se adaptar às mudanças ambientais e uma das consequências
desse processo é justamente a emergência da necessidade de novos perfis
profissionais(7), que incluem qualificação e competência profissional.
Note-se, ainda, o senso de urgência que permeia o trabalho ali realizado, o que
implica, no plano organizacional, modelos de gestão peculiares e, no plano
individual, vivências de situações limites constantes(8), as quais exigem
competência do profissional, em diversos sentidos: experiência clínica,
maturidade, estabilidade emocional, agilidade e efetividade no processo de
tomada de decisão(9) além de funções de diversos outras atribuições como a
assistência clínica, os próprios cuidados de enfermagem e a coordenação de
pessoas e ações.
Diante dessa realidade, o objetivo geral da pesquisa desenvolvida foi analisar
como se configuram e são geridas as competências profissionais de enfermeiros
em um hospital particular mineiro, na percepção deles próprios. O Hospital
particular onde se deu a pesquisa foi inaugurado em Belo Horizonte (MG) em 1968
por uma equipe de médicos. Atualmente, ocupa aproximadamente 12 mil m2, possui
cerca de cem leitos, mais de 500 empregados e um corpo clínico que se distribui
em 39 especialidades.
Esta pesquisa justifica-se com base nos seguintes argumentos: escassez de
pesquisas que versam sobre o trabalho de enfermagem(10) e sobre competência
profissional do enfermeiro(1,10); possibilidade de mudanças e melhorias nos
processos envolvidos na gestão de pessoas a partir do conhecimento gerado(4) e,
especificamente, no processo de gestão de competências dos enfermeiros no
hospital abordado; importância dos hospitais como organizações fundamentais no
contexto da saúde no Brasil(2), assim como os profissionais de enfermagem nesse
contexto laboral(4).
REFERENCIAL TEÓRICO
Historicamente, as competências foram estruturadas desde o princípio da
organização do trabalho pautadas no binômio qualificação/profissão, mas não se
refletem em componentes ou aspectos estáveis(11). Pode-se conceber competência
profissional como um "conjunto complexo e integrado de capacidades que as
pessoas põem em jogo em diversas situações reais de trabalho para resolver os
problemas com os quais se defrontam"(11). Relaciona-se, ainda, com uma
disposição de se saber coordenar e/ou improvisar coordenações(12), para a qual
é necessário ter "domínio de conceitos, conhecimentos, métodos e ferramentas
específicas para o exercício de uma determinada função" (1).
Considera-se que a competência vai além da qualificação, do potencial de ação:
trata-se de uma mobilização real e produtiva de um conjunto de saberes de
natureza diferenciada - formados por cinco componentes, a saber: intelectual;
técnico-funcional; comportamental ou pessoal; ética e política - cujo resultado
é reconhecido e valorizado tanto pelo próprio indivíduo como por terceiros(13).
Não é tão facilmente apreensível por outras pessoas, dado que diz respeito a um
comportamento, um ato em si do indivíduo, cujo repasse não é simples ou
imediato(13).
Inicialmente contemplando quatro componentes(3), o modelo adaptado por Paiva e
Melo(13) teve como acréscimo a componente política e suas descrições são as
seguintes:
a. Intelectual ou Cognitiva: diz de saber teórico, de domínio de
conhecimento formal;
b. Técnico ou funcional: refere-se à aplicação do conhecimento na
ocupação do sujeito no processo produtivo e na organização, à
habilidade de executar tarefas, produzindo resultados específicos na
respectiva função;
c. Comportamental ou pessoal: relaciona-se à habilidades relacionais,
à capacidade de adoção de comportamentos observáveis em situações de
trabalho;
d. Ética ou valores: reflete adesão a códigos morais, sensibilidade
para necessidades e valores de terceiros, cuidado na inserção e
manutenção de neófitos na profissão;
e. Política: habilidade em jogos políticos e nas relações de poder
inerentes às organizações, na manutenção do profissionalismo.
Pode-se perceber tais componentes por meio da ação, do comportamento efetivo do
sujeito, chamado de "metacompetências na organização"(3), as quais se referem
aos processos comunicativos, à criatividade, à capacidade de solução de
problemas, à aprendizagem e ao autodesenvolvimento, à agilidade mental etc.,
frutos de um permanente processo de reflexão a partir das percepções do próprio
indivíduo e de terceiros que lhe informam a respeito de sua atuação(3).
Essa perspectiva considera ainda o caráter contextual das competências, já que
as insere em um "contexto" e um "ambiente" de trabalho: a primeira refere-se a
uma "situação particular na qual um profissional é requisitado a operar"; e o
ambiente diz respeito a "condições físicas, culturais e sociais que envolvem um
indivíduo no trabalho".
Assim, "não basta dispor de conhecimentos e de habilidade para agir com
competência ou para elaborar estratégias eficazes de ação": é preciso que
ocorra flexibilização e integração entre teoria e prática(12). No caso da
enfermagem, tais junções tomam contornos peculiares.
A enfermagem é o exercício regular de uma profissão que visa o cuidar da saúde
debilitada de enfermos, vitimados por acidentes, incapacitados etc., assistindo
quem precisa de cuidados especiais e, se necessário e prescrito, ministrando
medicamentos, cuidando dos tratamentos diversos, zelando e respeitando a vida e
a dignidade da pessoa(1), caracterizando-se como uma prática social que visa à
saúde(14). Quem exerce atividades como enfermeiro tem de estar preparado para
lidar com paradoxos, como vida e morte, dor e prazer(10).
Assim, na enfermagem, o trabalho constitui um processo de intervenção que atua
na saúde-doença, na dinâmica social e organização dos serviços; tanto na
promoção, quanto na prevenção e/ou recuperação da saúde(10), constituindo uma
forma de atividade pautada na dimensão prática e de técnicas, de um lado, e, do
outro, do saber administrativo, pois são dependentes no sistema de atendimento
(14).
Note-se, ainda, que "os papéis da equipe de enfermagem devem estar condizentes
com a formação e a capacitação, claros e legitimados pela Lei do Exercício
Profissional (...)"(4). No Brasil, a norma que regula o exercício da enfermagem
é a Lei nº 7.498/1986(15). Como complemento, a Lei explicita as restrições que
normalmente são atribuídas à rotina dos profissionais em enfermagem, ou seja,
do enfermeiro assistencial, do enfermeiro diarista, do técnico e do auxiliar de
enfermagem.
No entanto, as aptidões ou qualidades pessoais de um enfermeiro são difíceis de
serem expressas ou mensuradas: rigor, força de convicção, curiosidade de
espírito, reatividade etc. (12). Tais aptidões são necessárias ao enfermeiro
(4), porém elas são de ordem particular, ou seja, podem variar também de acordo
com a administração hospitalar(12). Desta forma, deve-se considerar a gestão de
competências profissionais um processo mais amplo que considere três aspectos
(11):
a. O reconhecimento do indivíduo, através da competência ou
competência profissional sem a necessidade de diplomas educacionais;
b. O gerenciamento dos sistemas educacionais de forma que possam
desenvolver as competências profissionais;
c. O desenvolvimento contínuo das competências dos indivíduos ao
longo de sua carreira, incluindo os desempregados.
Logo, a lógica da competência deve levar a uma revisão "das atividades
particulares da gestão de pessoas. Tais atividades podem ser assim
exemplificadas: descrição, análise e avaliação dos cargos; delineamento de
carreiras; recrutamento e seleção; admissão e demissão; treinamento e
desenvolvimento; avaliação funcional (desempenho, resultados e potencial);
saúde e segurança ocupacional; relações com entidades de classe / sindicatos
etc"(13). Importante frisar que as iniciativas a este respeito devem partir
tanto da gerência como do próprio empregado(13).
Sob ótica semelhante, a gestão de competências pode ser compreendida como
"todos os esforços individuais, coletivos, organizacionais e sociais, no
sentido de formação e desenvolvimento de competências, que propiciam resultados
de variadas naturezas, observáveis pelo indivíduo e por terceiros" (13). Desta
maneira, cada ator social pode contribuir para o processo de formação e
desenvolvimento de competências, considerando que:
a. As instituições de ensino são formadoras formais do profissional,
ou seja, as universidades e suas políticas e práticas internas
pedagógicas e de gestão de pessoas são responsáveis tanto pela
formação e desenvolvimento das competências profissionais individuais
como pela absorção desses sujeitos no mercado de trabalho;
b. O Estado legisla sobre a formação, por meio das Leis de Diretrizes
Básicas da Educação e pareceres do Conselho Nacional de Educação;
c. As organizações onde os profissionais trabalham, por meio de suas
políticas e práticas de gestão, contribuem para a formação contínua e
contextualizada do profissional;
d. As instituições de interesse coletivo (associações e conselhos
profissionais, sindicatos etc.) regulam a atuação do profissional e o
sindicato das categorias profissionais envolvidas.
Desse modo, o modelo conceitual adotado para fins da pesquisa aqui apresentada
foi o de Paiva e Melo(13), ilustrado a seguir:
Assim, sendo, a gestão de competências profissionais articula-se num espaço
mais amplo e manifesta-se nas ações dos sujeitos no ambiente de trabalho. No
caso dos enfermeiros, tal espaço é permeado de dificuldades peculiares,
considerando principalmente o contexto e a natureza das atividades sob sua
responsabilidade, as quais usualmente geram insatisfação, sentimentos de
frustração, impotência e insegurança(16).
Com vistas ao desnudamento desse fenômeno em um hospital particular, foi
realizada uma pesquisa nos moldes seguintes.
MÉTODO
O modelo que mais espelha esta pesquisa é a descritiva, de campo, com abordagem
qualitativa, nos moldes de um estudo de caso(17). O principal instrumento de
coleta de dados foi a entrevista. Seu roteiro foi estruturado e abrangeu também
a aplicação de uma técnica projetiva de associação, com objetivo apreender
outras percepções, como recomenda a literatura(13). No quadro a seguir, seguem
as figuras apresentadas aos entrevistados, utilizadas na análise dos dados:
Quadro_1
Esta utilização de instrumentos de coleta diferentes dentro de uma abordagem
qualitativa caracteriza uma triangulação intramétodo(19).
Após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética e Pesquisa do hospital
(protocolo CAAE - 0012.0.230.230-09), foram realizadas 15 entrevistas, sendo
que todas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra, para
permitir a análise dos dados. Cada entrevistado preencheu um formulário de
identificação de modo a permitir traçar um perfil dos abordados e assinou um
termo de consentimento livre e esclarecido. Assim sendo, o critério de inclusão
dos informantes foi a acessibilidade(17), dada pela disponibilidade em conceder
a entrevista e a permissão da chefia; já os critérios de exclusão foram estar
de férias, licença ou qualquer tipo de ausência do ambiente de trabalho durante
a coleta, já que ela se deu no espaço onde as atividades dos informantes são
desenvolvidas, considerando-se tal contexto peculiar e importante para o
fenômeno em observação.
Os dados das entrevistas foram analisados de duas formas: estatística
descritiva univariada para os dados do formulário de identificação; e análise
de conteúdo para os dados da entrevista em si, incluindo os comentários dos
entrevistados a respeito das figuras apresentadas na técnica projetiva. O
tratamento dos dados foi disposto em três etapas: preparação dos dados
(transcrição das entrevistas na íntegra e organização das respostas por
perguntas); análise ou tabulação quantitativa (realização de síntese das
respostas e frequência das mesmas); e análise temática (levantamento e síntese
das temáticas consideradas importantes pelos entrevistados que não foram
inicialmente explicitadas no roteiro). Esta forma de tratar e analisar os dados
aderiu a recomendações da literatura(13).
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Os dados demográficos dos 15 entrevistados podem ser sintetizados da seguinte
forma: sexo ' treze são do sexo feminino e dois do masculino; faixa etária '
duas têm idade até 25 anos; seis entre 26 e 30 anos; quatro de idade de 31 a 35
anos; uma de 36 a 40 anos; uma de 41 a 45 anos; e uma de 46 a 50 anos; estado
civil ' oito são solteiros; seis casados; e uma divorciada; nível de
escolaridade ' dez deles possuem o curso superior completo; e cinco
especialização; tempo de casa ' dois estão há menos de 1 ano no hospital; oito
de 1 a 5 anos; dois de 6 a 10 anos; um de 11 a 15 anos; e dois de 16 a 20 anos;
cargo ' dez são enfermeiros assistenciais; três ocupam cargo de coordenadores;
um supervisor; e um gerente; tempo no cargo atual ' três estão há menos de 1
ano no cargo atual; nove de 1 a 5 anos; dois de 6 a 10 anos; e uma de 16 a 20
anos; tempo de experiência total na enfermagem ' um tem menos de 1 ano de
experiência profissional; seis de 1 a 5 anos; seis de 6 a 10 anos; um de 16 a
20 anos; e um com mais de 20 anos de experiência.
O conceito de competência apreendido pelos entrevistados pauta-se em diversas
componentes do modelo analítico adotado(13), com predominância da funcional,
voltada para a eficácia no trabalho, ou seja, atingir os fins a que o
profissional se propõe no seu ambiente de trabalho (8 deles: E3, E4, E2, E5,
E7, E9, E13, E14). Outra resposta recursiva refere-se à componente cognitiva,
que se relaciona aos conhecimentos técnicos e teóricos necessários ao
desempenho (7 deles: E11, E10, E12, E15, E3, E5, E8), mais voltados para
qualificação(13). Competência também foi verbalizada como envolvimento com a
organização (5 deles: E1, E5, E6, E15, E8), que reflete as componentes ética e
política(13). A responsabilidade no trabalho também foi mencionada (2 deles:
E5, E8), trazendo à tona as componentes funcional, ética e política(13). Por
fim, 2 entrevistados (E5, E8) falaram sobre a postura ética do profissional, o
que está diretamente ligado à componente ética da competência(13). Salientem-se
os seguintes relatos ilustrativos, os quais demonstram a variedade de
componentes para um exercício competente de uma profissão.
Eu acho que tem que ter várias coisas, que tem que estar envolvidas,
ele tem que ser dedicado, tem que ter a responsabilidade do trabalho,
tem que saber o horário de chegar, o horário de sair, tem que estar
envolvido dentro da empresa e ter postura ética e ter o conhecimento
técnico científico, que a gente precisa, no caso dos enfermeiros,
precisa do conhecimento para estar no dia a dia com os pacientes
(E5).
Um profissional competente num modo geral é aquele profissional que
tem um conhecimento técnico aliado as questões gerenciais... exemplo:
meu cargo, as questões gerenciais... pode ser num modo geral, né,
conhecimento das ferramentas de gestão, conhecimento das competências
mesmo de liderança, conhecimento técnico que eu não acredito que,
principalmente na enfermagem, que dá pra você gerir sem ter o
conhecimento... eu acho que o conhecimento é um aliado nosso para na
gestão, por isso que muitas vezes o enfermeiro é o gestor exatamente
por esse conhecimento (E12).
Especificamente sobre o sujeito competente na área de saúde, as respostas
denotaram maior ênfase nas componentes funcional e cognitiva, tendo sido
mencionado por sete dos entrevistados (E3, E8, E10, E11, E12 E13, E15) o ter
"conhecimento prático e teórico". Além disso, o cuidar da pessoa, do ser humano
e do seu bem-estar, que abriga componentes funcional, comportamental e ética
(13), também foi mencionado por 4 dos entrevistados (E1, E4, E7, E9). Outras
respostas abordaram o cumprir o papel junto ao paciente pelo qual se está
responsável (componentes funcional, ética, política(13); entrevistado E7), o
respeitar a ética profissional (componentes ética e política(13); entrevistado
E1) e o ter um bom relacionamento (componente comportamental(13); entrevistado
E14). Tais respostas alinham-se à perspectiva do profissional de enfermagem
caracterizado pelo cuidado a que se propõe à saúde do ser humano, de forma
sistematizada, partindo do conjunto de conhecimento específico à prevenção,
promoção e recuperação da saúde humana(4).
Além disso, o preparo constante que qualifica o sujeito para o exercício da
profissão também se fez presente nas falas, além da necessidade de foco quando
dos processos formativos e da própria prática profissional como meio de
desenvolver sua competência, denotando a face reflexiva de tal processo(13):
Eu procuro ler muito sobre a minha profissão, os assuntos que
abrangem a minha profissão, eu leio muito, é assim que eu procuro ser
(E3).
Na área da saúde, na nossa área, por exemplo, é muito ampla essa
competência e a gente tem diversas áreas de atuação... Então eu acho
que para você ser competente você tem que limitar um pouco a sua área
de atuação... Somente na área da enfermagem é muito vasto, então,
você não pode fazer de tudo um pouquinho, acho que você tem que fazer
bem tendo noção de toda amplitude da sua profissão (E13).
Esta visão ampla da profissão está alinhada à percepção de que a prestação de
serviços na área da saúde deve ser visualizada como um todo a fim seu trabalho
impactar diretamente a relação com o paciente(1). No entanto, quando
perguntados especificamente sobre suas ações visando à formação e ao
desenvolvimento de competências profissionais, notou-se uma centralidade no
próprio sujeito, o que traz à tona o caráter individualizante em que o discurso
da competência tem se circunscrito(13). Suas respostas versaram sobre: manter-
se atualizado no mercado de trabalho (7 deles: E3, E8, E10, E11, E12, E14,
E15); atender as expectativas da instituição (4 deles: E4, E5, E7, E10); ter
eficácia no desempenho (3 deles: E4,, E5, E9); aperfeiçoar técnica e
teoricamente (E1, E13); trabalhar em equipe (E6, E13); e respeitar a ética
profissional (E1). Observou-se, assim, ênfase nos processos individuais e
diretamente relacionados ao trabalho diário dos enfermeiros. Desse modo, o
próprio trabalho é a principal fonte de oxigenação das competências desses
profissionais, pautado em conhecimentos teóricos que os qualificam, fato
considerado no modelo analítico adotado, por meio da abrangência ao ambiente e
ao contexto de trabalho(13). Os relatos que se seguem enriquecem a análise:
Acho que é estar buscando mais conhecimento, estar se atualizando no
mercado de um modo geral e, na sua área específica, estar lendo,
estudando acho que é mais ou menos em cima disto que a gente consegue
estar alcançando, né... (E11).
Eu busco aperfeiçoamento não só na vida acadêmica, então, dentro das
instituições, universidades, como aqui dentro do próprio hospital
(E9).
O trabalho em equipe também foi mencionado quando da apresentação da Figura_I
para 8 dos entrevistados (E1, E2, E3, E4, E5, E7, E9, E14). Notem-se os
comentários:
O pessoal correndo pra atender uma urgência, né, a equipe médica e
enfermagem (E1).
São pessoas que estão correndo... eu interajo no meu setor, como um
atendimento de urgência... os três estão tentando andar mais rápido
para tentar atender o paciente de uma forma mais urgente (E9).
![](/img/revistas/reben/v65n6/a03fig01.jpg)
Além disso, a discussão de um caso clínico pela equipe também foi apontada por
meio da aplicação da técnica projetiva: após visualizarem as Figuras_II, III e
IV, vários dos entrevistados (quatro deles na Figura_II - E5, E10, E14, E15 ',
oito deles na Figura_III - E2, E4, E6, E8, E9, E10, E12, E14 ' e três na Figura
IV - E4, E7, E9) apontaram que esta forma de solucionar casos mais complexos
também contribui para a formação de competências, principalmente pautadas nas
componentes funcional e ética(13). Observe-se o relato ilustrativo:
[Sobre a Figura_IV] É... acho que é corrida de leito, né, parece, é o
que a gente faz, os médicos discutem o caso clínico, a gente corre os
leitos, depois discute com eles... (E7).
O estudo de caso clínico não se encerra na prescrição da terapia para o
paciente. Este procedimento usual no hospital - e que, ressalte-se, não foi
verbalizado nas respostas das perguntas das entrevistas, mas apenas quando da
aplicação da técnica projetiva ' promove interação no interior da equipe e
segurança nos membros, dado o compartilhamento da responsabilidade acerca do
tratamento do caso.
Quando da visualização da Figura_V, quatro enfermeiros (E1, E5, E9, E14) se
reportaram novamente à discussão de um caso e cinco deles (E13, E4, E6, E11,
E12) indicaram as dúvidas que as pessoas têm durante o processo de tomada de
decisão a respeito do caso do paciente. A fala de um entrevistado (E12) espelha
tal análise:
A dúvida, a dificuldade que a gente enfrenta, às vezes, na hora de
uma tomada de decisão, numa determinada situação, é sempre quando a
gente tem com quem compartilhar, é mais fácil, te dá mais segurança
nessas situações (E12).
Quanto à competência manifesta particularmente no hospital abordado (ou seja,
os modos de externalizar a competência profissional no hospital abordado), as
respostas mais recursivas dos enfermeiros mencionaram o trabalho em equipe
(quatro deles: E8, E10, E11, E13), que reflete componentes funcional,
comportamental, ética e política(13), além da eficácia no trabalho (quatro
deles: E4, E5, E7, E9), pautada substancialmente na componente funcional(13).
Além disso, foram relatados o buscar o bem estar dos pacientes (três deles: E2,
E4, E9), o manter-se atualizado (3 deles: E3, E15, E1), o conhecer os processos
do hospital (três deles: E13, E14, E15) e o utilizar as ferramentas de gestão
(E12). Assim, percebe-se a mescla de responsabilidade, autonomia e trabalho em
equipe(2), necessária à efetividade do trabalho do enfermeiro, como resume o
relato de um dos entrevistados:
Eu procuro executar tudo o que eu aprendi, de forma que possa agradar
o todos os pacientes que eu atendo, e que eles dêem uma resposta
positiva para o Hospital, para o pronto-socorro, no caso, que eu
trabalho (E4).
Desse modo, a competência não se observa apenas no nível individual, mas também
é possível perceber seus resultados no trabalho entre os pares, com
subordinados, chefias e a própria organização, considerando-se seus diversos
processos(13).
No entanto, diversas dificuldades são experimentadas pelos entrevistados para
se manter competente, principalmente a falta de tempo que permita conciliar o
trabalho em si com o desenvolvimento de suas competências (cinco deles: E1, E5,
E7, E9, E13), o que explica, em parte, o fato de serem suas atividades laborais
suas principais fontes de manutenção de suas competências. Além disso, outras
dificuldades também foram apontadas pelos enfermeiros abordados, quais sejam:
saber lidar com as pessoas (E2); dificuldades financeiras (E3); dificuldades
com outros setores (E4); mudanças de escala (E8); relacionamento com a equipe
(E10); falta de infraestrutura (E11); exercer mais de uma função (E12); falta
de oportunidades para subir de cargo (E14); e limitações do cargo (E15). Estes
dados espelham parte dos percalços envolvidos em tais processos. Tais
dificuldades exprimem questões relacionadas ao próprio indivíduo na sua relação
com seu trabalho e com a instituição, além de processos peculiares ao trabalho
no âmbito hospitalar, como é o caso da sobrecarga do sistema e das escalas e
turnos:
Eu acho que hoje tem muito em relação a tempo, né, porque para gente
fazer (...), isso demanda certo tempo, e eu... Esse tempo que a gente
tem que ter às vezes não é compatível com o que a empresa
disponibiliza pra gente (E1).
Às vezes, a dificuldade que eu enfrento hoje é a dificuldade de
escala, né, às vezes a gente tem uma escala um pouco apertada, se eu
tiver uma demanda grande de pacientes - o meu setor é o CTI -, então,
se tiver um número grande de pacientes, a minha escala é um pouco
apertada, de funcionários e enfermeiros, então às vezes a gente acaba
tendo um pouco de dificuldade para o ideal, o correto (E5).
A sobrecarga, o cansaço e a exaustão também foram mencionados quando da
exibição das Figuras_VI e VII, tendo sido esta percepção verbalizada por doze
dos entrevistados (E1, E2, E3, E4, E5, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E15). Os
relatos apontam para momentos de descanso e reflexão:
O que vem primeiro na minha mente é "profissionais cansados", assim
exaustos, desanimados... (E12).
Uma médica cansada (risos) é..., bom, depois de um dia inteiro de
trabalho (...), cansada mesmo, refletindo como é que foi o dia, para
poder conceber tudo (E7).
A aplicação da técnica projetiva apontou para outras dificuldades além da
exaustão, também mencionada por três dos entrevistados (E1, E8, E14) quando da
visualização da Figura_VIII.
A maioria dos entrevistados (dez deles: E2, E3, E4, E5, E6, E9, E10, E11, E12,
E15) reportou-se a sentimentos negativos experimentados pelo enfermeiro durante
seu trabalho, como "desespero", "insatisfação", "tristeza", "desilusão",
"angústia", "incerteza", "limite da capacidade", dentre outros.
Essa é pesada (risos)... Eu acho que é um momento de... desespero,
assim, de insatisfação mesmo, foi alguma coisa que aconteceu que não
deu certo, acredito (E3).
Lidar com tais sentimentos faz parte de um processo de aprendizagem e reflete o
desenvolvimento de competências, o qual se inicia pela própria identificação
das situações nas quais tal enfrentamento faz-se necessário. Nestas ocasiões,
podem ser desenvolvidas competências pautadas em componentes comportamental,
funcional, ética e política(13).
Apesar das dificuldades no processo de manutenção de competências(13), quando
foi perguntado especificamente sobre as possíveis contribuições do hospital
para o desenvolvimento dos enfermeiros, quase todos os entrevistados (quatorze
deles: E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9, E11, E12, E13, E14, E15) responderam
positivamente, mencionando principalmente os seminários e cursos de capacitação
oferecidos pela organização (dez deles: E2, E3, E4, E5, E7, E8, E9, E12, E13,
E15). Além disso, 3 deles (E10, E13, E15) mencionaram a flexibilização de
horários para estudos fora do ambiente hospitalar. Outros dois (E1, E12)
discorreram sobre o investimento em recursos. Outras contribuições assinaladas
foram o fornecimento de artigos do jornal do Conselho Regional de Enfermagem
(COREN) (E6), o atendimento das necessidades do profissional (E11), o pagamento
de transporte e inscrição em cursos (E13), a manutenção de um bom
relacionamento entre os médicos (E14). Segundo o entrevistado E10, tais
contribuições poderiam ser melhores, mas não entrou em detalhes a esse
respeito, indicando expectativas frustradas desse profissional em relação ao
hospital. Além disso, investimentos em tecnologia de gestão foram rememorados
por um entrevistado (E12) como algo que propicia ampliação no escopo de
competências dos enfermeiros:
Como agora, principalmente, com esse investimento que o hospital está
fazendo, comprou um software só de gestão, eles vão proporcionar pra
gente treinamentos, então eu acho que isso já é investimento... (E12)
Apesar da filiação obrigatória ao conselho profissional, o Conselho Regional de
Enfermagem, COREN, seis dos entrevistados (E7, E8, E9, E10, E11, E12) afirmaram
não participar de suas atividades. Além disso, seis (E1, E4, E5, E6, E13, E14)
mencionaram ações do Conselho no sentido de contribuir para seu
desenvolvimento: buscando melhores condições de trabalho (E1), viabilizando
estudos por meio do registro (E4), organizando congressos e cursos (E5),
disponibilizando artigos no jornal e no site (E6 e E14) e dando orientações
profissionais (E13).
Eu acho que o Coren poderia contribuir mais, mas eu participo pouco
também, a minha participação poderia ser maior, porque ele também tem
o congresso, tem seminários que ele vira e mexe estão oferecendo...
desses eu nunca participei, não (E5).
Ele contribui (...) através dos artigos do jornal do Coren assim, só
dessa forma, no geral não (E6).
Verifica-se um círculo vicioso na relação do enfermeiro com o Conselho, em que
pouca participação leva a pouca legitimidade e esta, por sua vez, a pouca
mobilização, não se verificando um sistema de cooperação de competências(12),
que tem impactos diretos na profissionalização da categoria.
Do mesmo modo, doze deles (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9, E11, E12, E13)
também não participam ativamente do respectivo sindicato. Apenas um
entrevistado (E10) percebe contribuições do mesmo, em termos de oferta de
cursos, seminários e congressos, para manutenção de suas competências
profissionais.
Assim sendo, a contribuição do hospital só foi explicitada quando perguntada
diretamente, o que ratifica a percepção de maiores esforços individuais do que
organizacionais ou mesmo coletivos e sociais, denotando fragilidades no
processo de gestão de competências(13), extremamente centrado no indivíduo.
Já os relacionamentos dos entrevistados com outros atores sociais parecem ser
saudáveis e estar contribuindo para o desenvolvimento das componentes
comportamental e política(13)da competência profissional em diversos níveis. De
modo geral, todos os relacionamentos foram caracterizados de forma positiva por
todos os entrevistados:
[/img/revistas/reben/v65n6/checkmark.jpg] Com seus colegas de
profissão, gerando impactos no atendimento do paciente:
Bom, a gente tem uma boa convivência, a gente tenta conviver bem pra
poder prestar um serviço melhor, porque se a gente não conviver bem
eu acho que... falta até para o paciente (E4).
[/img/revistas/reben/v65n6/checkmark.jpg] Com outros membros da
equipe multidisciplinar:
Eu acho que, acima de tudo, existe um respeito, (...) principalmente
a gente que trabalha, (...) faz parte de uma equipe multidisciplinar
então eu acredito que é muito bom (E15).
[/img/revistas/reben/v65n6/checkmark.jpg] Com subordinados, apesar de
conflitos e resistências que vem sendo gerenciados:
Alguns subordinados... é mais difícil lidar, por causa de
resistência, mas, de qualquer maneira, a gente tenta colocar tudo
claro (E7).
[/img/revistas/reben/v65n6/checkmark.jpg] Com familiares e pacientes,
repercutindo positivamente na assistência prestada, já que o
enfermeiro tem se colocado no lugar deles (E6) e os tratado de forma
humana e com respeito (E7 e E9).
Além disso, a maior parte dos entrevistados (doze deles: E1, E2, E4, E5, E7,
E8, E9, E10, E11, E13, E14, E15) afirmou que as atividades de outros
profissionais contribuem para a efetividade do trabalho exercido por eles
próprios, denotando o caráter contextual e relacional da competência
profissional(13) na realidade observada.
Manutenção, serviço de hotelaria, copa, é... acho que (...) os outros
setores, blocos cirúrgicos que me mandam os pacientes, que eu recebo
os pacientes deles, a unidade de internação que eu mando os meus
pacientes para eles, o pessoal da portaria que (...) isola para gente
o serviço, os horários, os familiares que vão entrar e sair, a gente
acaba pegando um pouquinho de cada um (E5).
O reconhecimento da competência do profissional também é abordada no modelo
analítico adotado(13), já que é informada por terceiros e faz com que, a partir
da reflexão do sujeito, este repense e revise suas componentes e externalize-as
por meio de ações que vão gerar resultados legítimos para os envolvidos,
denotando sua base em um sistema de valores mais amplo(12). Nesse sentido,
manifestações de legitimação são percebidas pelos entrevistados, já que, quando
perguntados sobre como os demais colegas os percebem dentro do hospital, as
respostas de treze deles (E1, E2, E3, E4, E5, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E13,
E15) foram positivas. Segundo eles, os demais profissionais percebem seu bom
trabalho (E5, E8, E9), percebem pelo retorno do seu trabalho e sua convivência
no hospital (E11, E12), eles são valorizados pela instituição e pelos colegas
(E1, E13), ajudam de alguma forma (E3), acham imprescindível a profissão de
enfermeiro (E4), julgam-no competente (E7), percebem que o enfermeiro é
sobrecarregado no hospital (E10), assim como o dinamismo do setor de enfermagem
(E15), por fim, eles se sentem respeitados (E2). O comentário de um
entrevistado (E8) denota transparência no relacionamento com os demais membros
e como isso pode facilitar o feedback que contribui diretamente no processo de
gestão de competências no nível individual e coletivo(13):
[10 segundos de silêncio] Eu acho que percebem como um bom trabalho
porque, se não fosse, eu acho que já teriam reclamado alguma coisa
para a gente tentar melhorar (E8).
No entanto, E6 e E14 manifestaram-se de modo contrário, explicitando
dificuldades pessoais com outros colegas (E6) e a percepção de que nem todos
reconhecem o trabalho do enfermeiro no hospital (E14). Observe-se o relato de
um deles, relacionado à perspectiva de carreira na instituição:
Tem gente aqui que tem vontade de ser [enfermeiro], mas não tem
vontade de melhorar, ou seja, quer ser, mas não procura melhorar, aí
fica aquele clima meio ruim, mas eu já superei isso, no começo era
pior, hoje em dia não, hoje em dia eu encaro por que é uma profissão,
é o que eu escolhi e é o que eu vou fazer (E6).
Diante dos dados apresentados e analisados, CONSIDERAÇÕES FINAIS foram tecidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral deste estudo foi analisar como se configuram e são geridas as
competências profissionais de enfermeiros em um hospital particular mineiro,
segundo a percepção deles próprios. Visando aprofundamento conceitual e
delimitação do modelo analítico adotado(13), o referencial teórico tratou de
competências profissionais e de sua gestão, e especificidades observadas na
enfermagem no contexto hospitalar.
A pesquisa descritiva realizada foi de caráter qualitativo, nos moldes de um
estudo de caso. Os dados foram coleta-dos por meio de entrevistas junto a 15
enfermeiros e analisados conforme técnica de análise de conteúdo.
Foi observado que as principais competências profissionais consideradas pelas
enfermeiras foram a conjugação de conhecimentos práticos e teóricos (ênfase nas
componentes cognitiva e funcional da competência) e o cuidado para com o
paciente (ênfase nas componentes funcional, comportamental e ética da
competência), as quais são externalizadas por meio do trabalho em equipe, dos
resultados apresentados (eficácia no trabalho), da permanente atenção ao bem
estar dos pacientes e à atualização, inclusive quanto aos processos do
hospital, que vem investindo em tecnologia de gestão.
Notou-se também que as ações voltadas para a gestão de competências
profissionais são vistas como de responsabilidade do próprio enfermeiro, que
vive uma realidade exaustiva e angustiante ' muito enfatizada quando da
aplicação da técnica projetiva ao final da entrevista, dada a sobrecarga de
trabalho que muitas vezes dificulta tal processo. As iniciativas do hospital
nesse sentido foram citadas apenas quando perguntadas diretamente,
principalmente as de cunho formal.
A técnica projetiva também trouxe à tona as atividades relacionadas às
discussões de casos clínicos como uma das formas usuais de desenvolver
competências na instituição. De modo mais sutil, os jogos políticos, inerentes
a qualquer tipo de organização, também foram alvo da atenção de parte dos
entrevistados, principalmente em relação aos seus próprios subordinados ' os
outros membros da equipe de enfermagem ' e aos médicos, vistos como figuras
centrais nos processos de trabalho dentro do hospital, porém com um
distanciamento cujas razões carecem de aprofundamento em futuras pesquisas,
conforme já observado em outros estudos(6,20), que também têm apontado para a
necessidade de conjugação de temas para uma melhor compreensão da realidade do
enfermeiro, em especial no contexto hospitalar(20).
Diante dos dados analisados e da limitação de se ter realizado o estudo em
apenas um hospital privado, sugere-se a ampliação da pesquisa para outros
hospitais, inclusive públicos, e para outras categorias profissionais que
compõem a equipe multidisciplinar na assistência à saúde, pois os achados
apresentados evidenciaram o caráter contextual e também relacional das
competências profissionais, o que precisa ser entendido como de fato acontece:
um fenômeno, uma prática social complexa e que envolve diversos atores sociais
(11,13).
Quanto ao hospital e aos enfermeiros, revisar as políticas de gestão de pessoas
concretiza-se como opção para alavancar a formação e o desenvolvimento de
competências, ou seja, sua gestão em diversos níveis, principalmente com
incentivos mais amplos relacionados tanto a meios formais como informais de
aprendizagem, além da institucionalização de processos relacionados às
discussões de casos clínicos de modo a tornar essa atividade mais extensa e
democrática, dado seu potencial de contribuição ainda não explorado.