Desenvolvimento sustentável: qual a estratégia para o Brasil?
Vários componentes de uma estratégia de desenvolvimento sustentável podem ser
encontrados em políticas governamentais, em práticas levadas adiante por
empresas privadas e nos trabalhos de inúmeras organizações da sociedade civil
brasileira. Estas partes, entretanto, estão longe de formar um todo coerente, o
que lhes retira justamente o alcance estratégico. Desenvolvimento sustentável é
o processo de ampliação permanente das liberdades substantivas dos indivíduos1
em condições que estimulem a manutenção e a regeneração dos serviços prestados
pelos ecossistemas às sociedades humanas2. Ele é formado por uma infinidade de
fatores determinantes, mas cujo andamento depende, justamente, da presença de
um horizonte estratégico entre seus protagonistas decisivos. O que está em jogo
nesse processo é o conteúdo da própria cooperação humana e a maneira como, no
âmbito dessa cooperação, as sociedades optam por usar os ecossistemas de que
dependem.
As conquistas recentes na luta contra a pobreza, no Brasil, padecem de dois
problemas fundamentais: de um lado, apesar da redução na desigualdade de renda,
persistem as formas mais graves de desigualdade no acesso à educação, à
moradia, a condições urbanas dignas, à justiça e à segurança. Além disso, os
padrões dominantes de produção e consumo apóiam-se, sistematicamente, num
processo acelerado de degradação ambiental muito mais vigoroso do que o poder
da legislação voltada à sua contenção. Pior: o Brasil não está se aproximando
da marca dominante da inovação tecnológica contemporânea, cada vez mais
orientada a colocar a ciência a serviço de sistemas produtivos altamente
poupadores de materiais, de energia, e capazes de contribuir para a regeneração
da biodiversidade.
Este texto apresenta dois exemplos em que os significativos progressos dos
últimos anos são ameaçados pela ausência do horizonte estratégico voltado ao
desenvolvimento sustentável, tanto por parte do governo como das direções
empresariais: de um lado a redução no desmatamento da Amazônia não é
acompanhada por mudança no padrão dominante de uso dos recursos. Assim, apesar
da contenção da devastação florestal, prevalece entre os agentes econômicos a
idéia central de que a produção de commodities (fundamentalmente carne, soja e
madeira de baixa qualidade), minérios e energia é a vocação decisiva da região.
Além disso, ao mesmo tempo em que se reduz o desmatamento na Amazônia, amplia-
se de maneira alarmante a devastação do cerrado e da caatinga. De outro lado, o
segundo exemplo aqui apresentado mostra que o trunfo representado pela matriz
energética brasileira não tem sido aproveitado para a construção de avanços
industriais norteados pela preocupação explícita em reduzir o uso de materiais
e de energia nos processos produtivos. A conseqüência e o risco é que o
crescimento industrial brasileiro ainda que marcado por emissões
relativamente baixas de gases de efeito estufa se distancie do padrão
dominante da inovação contemporânea, cada vez mais orientada pela
descarbonização da economia.
AVANÇOS SIGNIFICATIVOS...
O ano de 2009 marca uma virada decisiva na postura do Brasil diante das
mudanças climáticas. Até então, a diplomacia brasileira recusava-se a assumir
metas de redução de emissões. O argumento era de que o Protocolo de Kyoto
(assinado em dezembro de 1997 para entrar em vigor em fevereiro de 2005) não
estabelecia obrigação neste sentido. Além disso, os países responsáveis
historicamente pela maior parte da concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera ou não tinham assinado o protocolo (caso dos Estados Unidos até hoje)
ou não conseguiam reduzir suas emissões na proporção com a qual se
comprometeram. Esta recusa brasileira, de certa forma, legitimava como
economicamente necessária a principal fonte de emissões do país, que era (e
ainda é) a destruição da superfície florestal na Amazônia e no cerrado. O
cerrado brasileiro é encarado, até hoje, como fronteira agrícola pronta para
ser desmatada e não como um bioma portador de uma das mais importantes
biodiversidades do planeta. Entre 2002 e 2008 foi suprimida vegetação nativa em
21 quilômetros quadrados por ano, contra 10 mil na Amazônia, segundo a
Procuradoria do Estado de Goiás3.
O notável é que em diversos círculos governamentais e, particularmente, entre
os responsáveis pelas negociações em torno do aquecimento global o desmatamento
era considerado (e, sobretudo no cerrado, ainda é) não uma excrescência numa
sociedade moderna, mas uma contrapartida do crescimento econômico de uma
economia emergente. Aceitar compromissos internacionais de limitação no
desmatamento era tolerar uma ingerência capaz de comprometer, na visão dos mais
importantes negociadores brasileiros, o próprio crescimento econômico4.
Em 2009 esta associação se desfaz, e o Brasil se engaja, durante a conferência
de Copenhague, a atingir metas ambiciosas de mudança em sua trajetória de
emissões. O país assumiu, voluntariamente, o compromisso de reduzir suas
emissões até 2020 em 1 Gt CO2eq, relativamente ao nível que atingiria (2,7 GT
CO2eq) na ausência de qualquer esforço neste sentido. A redução no desmatamento
da Amazônia a partir de 2004 (ver Gráfico_1) é a mais importante base para o
cumprimento desta orientação. O declínio na devastação florestal resulta ao
menos de quatro fatores, cada um deles fundamental embora insuficiente, como
se verá no próximo item na construção de uma estratégia de desenvolvimento
sustentável.
Em primeiro lugar, destaca-se a ação vigorosa da polícia federal em coordenação
com agências do Ministério do Meio Ambiente, tanto durante a gestão de Marina
Silva como no período em que Carlos Minc esteve à frente da pasta. O rigor, o
profissionalismo e, sobretudo, a independência da polícia federal é uma das
mais importantes conquistas recentes da sociedade brasileira e está na base da
ampliação da luta contra a criminalidade e a corrupção no país. Até hoje são
freqüentes as operações em que autoridades, empresários e técnicos são presos
pela ocupação ilegal de terras públicas e pela venda de madeira dali extraída,
sem que a ação da polícia federal seja bloqueada pela pressão dos interesses
políticos ou econômicos por ela feridos.
O segundo fator na origem da queda do desmatamento é a regulamentação de
orientações já previstas em lei há muito tempo e pelas quais os gerentes de
agências bancárias passam a restringir empréstimos a proprietários cujas áreas
estejam irregulares sob o ângulo ambiental, ou cuja propriedade não esteja
legalizada.
O terceiro elemento positivo, que teve início de forma vigorosa durante o
governo Fernando Henrique Cardoso, é a expansão dos parques nacionais e
estaduais e a demarcação de áreas indígenas. Durante a primeira década do
milênio, o Brasil é o país que mais aumenta áreas protegidas no mundo: cerca de
metade do que foi criado internacionalmente corresponde a áreas brasileiras5.
Hoje, dos 500 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia, quase 8%
correspondem a áreas de proteção integral, 11% destinam-se à exploração
sustentável (reservas extrativistas, por exemplo) e 21% são de terras
indígenas, conforme informações do Instituto Socioambiental6.
Por fim, é importante assinalar também a formação de instâncias de negociação
compostas por atores diversos em setores cruciais como a soja, os
biocombustíveis e, mais recentemente, a pecuária7. Estas instâncias colegiadas
formam-se, muitas vezes, a partir de denúncias feitas por ONG's que adotam
táticas conhecidas como naming and shaming8 com resultados significativos: na
origem da moratória da soja9 e das negociações em torno da pecuária sustentável
está a movimentação brasileira e internacional em que o Greenpeace apontava
exatamente as empresas que usavam produtos resultantes do desmatamento. Embora
polêmicas e atravessadas por conflitos quanto aos critérios com base nos quais
avaliam as situações específicas que enfrentam, estas instâncias de negociação
têm um efeito muito importante na conduta dos atores locais.
Esses quatro fatores deram ao ministro Carlos Minc autoridade para que pudesse
vencer as resistências que impediam o comprometimento do Brasil, em Copenhague,
com metas de redução das emissões decorrentes da destruição florestal. Apesar
de sua importância, não são, porém, nem de longe, suficientes para marcar uma
estratégia de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Ao contrário, há fortes
indícios de que a dinâmica atual do comportamento dos atores vai numa direção
bem diferente da apontada por estes elementos positivos e contribui para
distanciar a Amazônia de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
...MAS QUE NÃO VENCEM A FORÇA DA COALIZÃO DO DESMATAMENTO
São ainda extremamente minoritárias no meio empresarial as práticas voltadas à
exploração sustentável dos recursos e dos potenciais dos principais biomas
brasileiros vítimas de desmatamento generalizado. Roland Widmer, representante
brasileiro da articulação internacional Bank Track, sintetiza o problema com o
exemplo da Amazônia:
A Amazônia compete no mundo por suascommoditiese não por aquilo que
lhe é único. Isso parece absurdo. É como se você vendesse as
chuteiras da seleção brasileira, sem ver que o principal valor da
seleção reside na competência individual dos jogadores, em sua
interação orquestrada com a equipe10.
Esta não é uma particularidade da Amazônia: a Forest Footprint Disclosure
elaborou um questionário submetido a 217 companhias internacionais voltado a
compreender como as empresas encaravam o uso de mercadorias de risco florestal
(forest risk commodities): soja, óleo de palma, madeira, carne e
biocombustíveis. A primeira conclusão do texto mostra o quanto as empresas, até
aqui, são pouco sensíveis às oportunidades que o uso sustentável dos recursos
representa: "a modesta taxa de resposta a nosso questionário, neste primeiro
ano, reflete o reconhecimento limitado de que o desmatamento tem uma influência
significativa na mudança climática"11. No mesmo sentido, "vários negócios
importantes em que se gasta muito no marketing de segmentos de produtos
ambientalmente amigáveis mostram a inexistência de compromissos com a
sustentabilidade de suas compras totais"12.
É verdade que a pressão social suscitou acordos para que se levasse adiante o
rastreamento13 na área de pecuária e desencadeou a importante moratória da
soja, segundo a qual grandes empresas processadoras e exportadoras deixam de
comprar o produto vindo de áreas recentemente desmatadas. Não é menos certo
também que a ação repressiva do Estado teve efeito importante em conter ao
menos em parte o desmatamento. A pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia (Ipam), do WWF-Brasil, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
e do Woods Hole Research Centre, em Massachusetts (Estados Unidos), mostra que
37% do desmatamento evitado entre 2004 e 2006 no Brasil pode ser atribuído à
criação de reservas florestais14.
Apesar desses avanços, o que predomina, entretanto, na Amazônia brasileira são
coalizões de interesses15, em que membros se organizam para usar os recursos
sociais e naturais a partir da contestação ou do franco desrespeito às leis
vigentes. As organizações empresariais sinalizam a seus membros, mais que
tolerância, a mensagem de que a ocupação do solo voltada à expansão da
exploração madeireira predatória, da pecuária e da soja, bem como a ocupação de
áreas indígenas ou públicas podem ser vetores consistentes de crescimento
econômico. Por exemplo, grandes frigoríficos (entre eles os gigantescos Bertin
e JBS) firmaram um acordo com o Greenpeace e um Termo de Ajustamento de Conduta
com o Ministério Público em julho de 2009 de que não comprariam gado de
fazendas onde houvesse desmatamento não autorizado, trabalho escravo ou
ocupação de áreas indígenas ou públicas. Ao final de fevereiro de 2010, porém,
apenas 10% dos pecuaristas do Estado do Pará tinham feito o Cadastro Ambiental
Rural, pelo qual poderiam ser monitorados. O presidente da Federação de
Agricultura e Pecuária do Pará foi taxativo: "nós não participamos disso. Esse
tipo de providência não se resolve de um dia para outro, vai demorar alguns
anos para se concretizar"16. A verdade é que a pecuária é uma atividade em que
o uso ilegal da terra (e obviamente tudo o que daí se segue em termos de
sonegação de impostos) é uma prática generalizada e amplamente consentida pelas
elites locais.
Chama a atenção também a ampla participação de autoridades em crimes para
"legalizar" madeira extraída irregularmente de áreas indígenas ou de reservas
florestais. No dia 20 de maio de 2010 a polícia federal prendeu sessenta
pessoas em Mato Grosso, entre as quais o chefe de gabinete do governador do
Estado, o ex-secretário de Meio Ambiente do Estado, além da esposa do
presidente da Assembléia Legislativa, proprietários de terra, engenheiros
florestais e servidores públicos17.
As modalidades convencionais de uso dos recursos (a devastação e a exploração
extensiva que, no caso da pecuária se exprime no contingente de uma cabeça de
gado por hectare na região ou a extração predatória de madeira) trazem ainda
benefícios privados significativos, apesar de suas tecnologias rudimentares e
baixíssima produtividade. Com isso, limitações nestas formas de uso aparecem
aos olhos de parte expressiva do empresariado como expressões burocráticas de
interesses contrários ao desenvolvimento regional. A força deste business as
usual é perfeitamente compreensível: um ambiente de negócios é formado por uma
espécie de consenso tanto no interior das firmas como nas relações entre elas
sobre os procedimentos aceitos como válidos para determinada atividade. O
contraste entre o dinamismo dos mercados (onde é crescente a demanda por
produtos sustentáveis e derivados da inteligência e não da destruição) e a
natureza conservadora das organizações que os compõem é um dos temas mais
explorados na literatura de economia, sociologia, psicologia e administração de
empresas.
Coalizões dominantes podem estabilizar suas relações e seu poder em torno de
práticas ultrapassadas, mas que ainda oferecem horizonte verossímil de ganhos
econômicos. Essas coalizões são abaladas não tanto pela perspectiva de
catástrofe apocalíptica, mas pela demonstração da viabilidade de alternativas
que têm sempre uma dimensão político-cultural e não apenas puramente
mercadológica. Por mais que as oportunidades ligadas à economia verde na
Amazônia sejam teoricamente imensas, a verdade é que a grande maioria dos
atores locais (e internacionais, como bem mostram as informações do Forest
Footprint Disclosure, citadas acima) concentra seus conhecimentos, sua
interação social e suas práticas reais em torno daquilo que já vêm fazendo há
décadas.
Este horizonte cultural que concebe algum tipo de proteção do meio ambiente,
mas distancia-se da idéia de desenvolvimento sustentável, é fortalecido também
pela produção de conhecimentos voltados a legitimá-lo. É o caso da pesquisa de
Evaristo Eduardo de Miranda, da Embrapa, que procura mostrar que a agricultura
brasileira está limitada em sua expansão (e, portanto, em sua possibilidade de
contribuir para o crescimento) em virtude da supostamente excessiva restrição
decorrente da soma de áreas indígenas, reservas florestais, áreas de proteção
permanente e reservas legais dentro das propriedades. A Confederação Nacional
da Agricultura fez ampla difusão deste estudo (nunca publicado em revista
científica internacional ou brasileira, mas acessível em vários sites na
internet18) como parte de uma campanha voltada a mostrar que suas bases estavam
ameaçadas por restrições ao uso da terra capazes de prejudicar o
desenvolvimento brasileiro. Além do absurdo de apresentar cálculos nacionais
(não levando em conta que, ao se excluir a Amazônia, nos outros biomas
brasileiros a superfície agrícola útil no Brasil corresponde à de países com
importância agrícola equivalente à sua), o trabalho justamente não leva em
conta que dentro de áreas voltadas à preservação dos ecossistemas, as
possibilidades de exploração econômica são inúmeras com horizonte de ganho
extraordinário. No entanto, são atividades empresariais distantes daquilo que
marca as práticas dominantes das elites que controlam o uso da terra na
Amazônia.
Uma reserva extrativista, por exemplo, é um território em que a produção de
soja não pode avançar, mas onde os potenciais de uso, com base em produtos não
madeireiros da floresta, são extraordinários. Além dos produtos, os serviços
ambientais das florestas podem ser uma fonte de riqueza muito mais consistente
do que as modalidades até aqui que predominam em seu uso e que, na maior parte
das vezes, conduzem à sua destruição. A pedido do International Institute for
Environment and Development, da Grã Bretanha, Landed-Mills e Porras19 estudaram
287 casos em quase todo o mundo mostrando a existência de promissores mercados
voltados à valorização dos serviços ecossistêmicos prestados pelas florestas:
conservação da biodiversidade, seqüestro de carbono, proteção das bacias
hidrográficas (água, solo, prevenção de secas e enchentes, controle da
salinização e manutenção dos ambientes aquáticos) e exploração das belezas
naturais são os quatro principais segmentos em que mercados podem ser
explorados e, ao mesmo tempo, contribuir de maneira decisiva tanto para a
resiliência dos ecossistemas, como na luta contra a pobreza. A criação desses
mercados não é simples, mas uma das conclusões importantes deste estudo é que
"mercados são negócios levados adiante por múltiplos atores sociais" (multi-
stakeholders affairs).
O empresário Roberto Waack fala do tema com a experiência de quem dirige a mais
importante organização mundial de certificação socioambiental, o Forest
Stewardship Council, referindo-se à
[...] proposta do manejo sustentável, que busca reproduzir o ciclo da
natureza. Retiram-se algumas árvores que já estão no final do seu
ciclo de vida, deixando suas filhas e netas crescerem e regenerarem.
As toras colhidas são rastreadas até serrarias, que aproveitam ao
máximo a madeira com uso de tecnologias produtivas avançadas.
Sementes, frutos, óleos e extratos são colhidos e armazenados
adequadamente, sendo depois transformados em matérias-primas para
mercados sofisticados, como o de cosméticos ou de alimentos. Modelos
de remuneração de serviços ambientais são desenvolvidos, assim como
inovações nas formas de precificar e comercializar certificados de
crédito decorrentes do desflorestamento evitado20.
Não se trata simplesmente do aproveitamento de oportunidades, mas de um campo
social, por definição, conflituoso. O documento estratégico da Academia
Brasileira de Ciências deixa bem claro que não se trata de ver a Amazônia como
santuário intocável: "a valorização econômica dos recursos florestais e
aquáticos da Amazônia se coloca como um marco fundamental para sua
conservação"21.
É chocante o contraste entre as propostas de Waack (corroboradas pelo documento
da Academia Brasileira de Ciências), por exemplo, e a idéia sobre a vocação das
áreas de fronteira agrícola do Brasil contida no argumento do deputado Aldo
Rebelo quanto à necessidade de reforma do código florestal. Mostra bem os
obstáculos à criação de mercados prósperos voltados a áreas distantes daquilo
que os atores sociais já fazem. Segundo o deputado, relator da comissão
especial de reforma do Código Florestal, há uma conspiração internacional para
[...] congelar a fronteira agrícola, transformar o Código Florestal
numa espécie de Código Tributário, para jogar nas costas da
agricultura brasileira um custo que não pode ser jogado na
Organização Mundial do Comércio [...]. Acham que é preciso conter a
expansão da fronteira agrícola do Brasil, ela se constitui numa
ameaça aos nossos concorrentes lá fora. Guerra da soja, do algodão,
do açúcar, da carne22.
Aldo Rebelo exprime bem os interesses em torno dos quais a maioria do
agronegócio se articula23. É nítido o ambiente de contestação das próprias leis
ambientais. É claro que a repressão inibe o que essas práticas têm de pior: o
problema é que o uso predatório dos recursos não é a expressão episódica de
grupos marginais e sim o procedimento habitual de parte majoritária do
empresariado, ou seja, é o modo dominante de se fazer negócios e de,
supostamente, promover o crescimento regional. Os efeitos sobre o conjunto do
tecido social e econômico dos locais em que esses procedimentos prevalecem
acabam atingindo todos os setores sociais.
Apesar da importância da ação repressiva e da criação de áreas de reserva, o
governo federal também sinaliza aos atores sociais locais que a grande vocação
da Amazônia está na exploração de minérios, de energia e no crescimento das
modalidades convencionais do agronegócio. É verdade que situações absurdas como
a que levou à construção da usina de Tucuruí não vão se repetir e são quase
impossíveis em um ambiente democrático. Mas uma rápida listagem de atitudes
recentes mostra que a utilização dos recursos na Amazônia obedece ao velho
estilo: concebem-se os projetos e, em seguida, elaboram-se medidas para atenuar
seus impactos ambientais. Em outras palavras, trata-se de uma estratégia de
crescimento econômico em que o meio ambiente é uma externalidade e será tratado
como tal.
Esta orientação materializa-se, em primeiro lugar, no permanente isolamento em
que se encontra o Ministério do Meio Ambiente com relação ao restante do
governo. O paroxismo desta situação exprimiu-se quando a elaboração do Plano
Amazônia Sustentável foi entregue à Secretaria de Assuntos Estratégicos (sob a
direção de Roberto Mangabeira Unger), gota d'água para a saída de Marina Silva
do governo Lula, em 2008. É verdade que o Projeto de Macrozoneamento Ecológico-
Econômico da Amazônia Legal (elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente)
representa um avanço notável nas práticas de licenciamento, bem como a
legislação que permite às comunidades indígenas o veto sobre grandes projetos
(salvo na construção de hidrelétricas). No entanto, ao mesmo tempo em que se
discute o macrozoneamento, o próprio Ministério do Meio Ambiente (sob a gestão
de Isabella Teixeira) assina decreto que abre caminho para a construção de
hidrelétricas em áreas de preservação permanente e o senado federal autoriza
obra de hidrovia em áreas indígenas24. Mais que isso: nos debates legislativos
em torno da revisão do Código Florestal existe a possibilidade de anistia para
quem ocupa áreas ilegais e não há tomada de posição do Executivo de que vetará
esse tipo de orientação, caso aprovada pelo Congresso.
O licenciamento ambiental hoje sofre de dois grandes problemas. Em primeiro
lugar, não houve um processo de aprendizagem em que os critérios do
licenciamento tenham se tornado mais rigorosos e voltados aos reais impactos
das iniciativas: o licenciamento é excessivamente focado nos efeitos diretos
das obras e não considera temas como os grandes deslocamentos populacionais e
seus resultados futuros previsíveis: a dimensão tópica do licenciamento existe,
mas as conseqüências territoriais dos empreendimentos são mal avaliadas.
O segundo problema do licenciamento ambiental é o contraste notável entre a
melhoria do nível profissional e intelectual do funcionalismo público em
Brasília e os imensos problemas por que passa o Ibama e que se traduzem,
segundo nota recente assinada por vinte ONGs25 que atuam na região, na
instabilidade de sua direção, bem como na crescente defasagem entre a
remuneração de seus técnicos, quando comparada com outros segmentos do poder
público federal.
O elemento mais importante em uma estratégia de desenvolvimento sustentável na
Amazônia está na aplicação sistemática da ciência e da tecnologia para o uso e
a exploração sustentável de sua biodiversidade, o que supõe atividades
empresariais e políticas públicas bem diferentes das que predominam nos dias de
hoje. O já citado documento da Academia Brasileira de Ciências afirma:
O patrimônio natural Amazônico e os serviços ambientais por ele
prestados devem ser vistos como base para uma verdadeira revolução da
fronteira da ciência, que deverá prover a harmonia entre o
desenvolvimento regional e a conservação ambiental. A utilização
racional dos vastos recursos naturais da Amazônia deve ser
incorporada definitivamente às estratégias de desenvolvimento
nacional26.
Reprimir a ilegalidade, ampliar as áreas de reserva, não financiar quem não
cumpre a lei e rastrear a produção de soja e carne são conquistas fundamentais,
mas às quais falta o essencial: oportunidades de ganhos econômicos e de
realização profissional com base em negócios voltados fundamentalmente a
fortalecer a resiliência dos mais importantes ecossistemas do país. O
fortalecimento desse horizonte empresarial permitiria (não sem tensões, é
claro) que as atividades econômicas de populações ribeirinhas, indígenas e
extrativistas fossem valorizadas não sobre a base da destruição da
biodiversidade pela qual são hoje responsáveis, mas, ao contrário, a partir de
sua exploração sustentável. Porém até o momento, o setor privado e as políticas
governamentais são claramente dominados por um horizonte que enxerga nos mais
importantes biomas brasileiros a fronteira agrícola a ser desbravada, a jazida
de recursos minerais ou um manancial de recursos energéticos.
O TRUNFO DA ENERGIA LIMPA...
O desmatamento respondia em 2000 por 18% das emissões mundiais de gases de
efeito estufa, nível superior ao da indústria e dos transportes, com 14% cada
(Gráfico_2).
No Brasil, as "mudanças no uso da terra e florestas" entram com nada menos que
57,5% das emissões, segundo os valores preliminares expostos ao senado federal
pelo ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia)27. A agricultura, como
mostra a Tabela_1, soma outros 22,1%. O contraste com a situação mundial é
nítido: tanto nos países desenvolvidos, como na China, na Índia e na África do
Sul, a geração de energia é quase inteiramente dependente de fontes fósseis,
petróleo, carvão e gás, basicamente.
Pode-se dizer que, nestes países (onde o desmatamento não representa uma fonte
importante de emissão de gases de efeito estufa quanto no Brasil), a
descarbonização das economias ocorre basicamente em dois planos. Em primeiro
lugar, é impressionante o avanço da energia solar, eólica e geotérmica. Em
poucos anos, no berço da indústria petrolífera, a energia eólica vai preencher
as necessidades domésticas de consumo de todo o Texas, como mostra Lester
Brown28. Na China e na União Européia as transformações são igualmente
extraordinárias.
O Brasil, nesse sentido, tem um trunfo decisivo 46% de sua oferta interna de
energia vem de fontes renováveis. A média mundial é de 12,9% e a dos países da
OECD não chega a 7%. Na China, as fontes renováveis entram com apenas 8% do
total da oferta de energia29. Em São Paulo, o horizonte para 2020 é que 57% da
energia consumida tenha origem não fóssil. Esse desempenho explica-se
basicamente pelo etanol e pelo uso da energia hidrelétrica.
...NÃO É NECESSARIAMENTE SINÔNIMO DE EFICIÊNCIA
Não se pode dizer, entretanto que o trunfo da matriz energética brasileira
represente por si só uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Em primeiro
lugar porque pesa sobre as fontes brasileiras de energia a dúvida a respeito
dos impactos socioambientais de sua expansão: no último plano decenal de
energia da Empresa de Pesquisa Energética30 é previsto forte crescimento de
usinas hidrelétricas na Amazônia, onde, no entanto, é crescente a contestação
socioambiental a esse tipo de iniciativa, como mostram as manifestações
recentes em torno da Usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, próximo ao
município de Altamira31. No que se refere ao etanol, cuja eficiência energética
e econômica é incontestável, há problemas sérios com relação tanto a suas áreas
de preservação permanente, como, sobretudo, aos impactos de sua expansão no
cerrado32. O outro biocombustível que entra na matriz energética brasileira, o
biodiesel, e que deveria ter, quando seus planos de produção foram concebidos,
forte presença da mamona vinda do semi-árido nordestino, hoje é produzido à
base de soja (85% da oferta total), cuja eficiência energética é sabidamente
baixa33.
Além disso, chama a atenção no caso brasileiro a dificuldade de diversificar as
fontes alternativas de energia, como, por exemplo, a conversão fotovoltaica de
energia solar. Zilles e Rüther34 mostram que, apesar de promissores, os
sistemas fotovoltaicos são pouco estimulados no Brasil. Pior: eles apontam o
perigo de aprovação no Congresso Nacional da medida que isentaria de impostos a
importação de módulos fotovoltaicos, o que acabaria por inibir o
desenvolvimento de um forte setor nacional nesta área. No mesmo sentido,
Feitosa35 indica o risco de que o país deixe de aproveitar os benefícios da
energia solar fotovoltaica, hoje mais cara, mas cuja curva de aprendizagem já
permite prever em pouco tempo condições competitivas com relação à
convencional.
O que mais chama a atenção, entretanto, é o contraste flagrante entre a
tendência, certamente positiva, de redução nas emissões de gases de efeito
estufa por unidade de produto gerado pela economia brasileira e, ao mesmo
tempo, um aumento preocupante no uso total de energia por parte da indústria.
De forma geral, há fortes indicações de que, nacionalmente, está sendo adotado
o que Lucon e Goldemberg36 não hesitam em chamar de "modelo inercial", que
consiste em utilizar o potencial de hidreletricidade, promover a expansão do
etanol, concluir Angra 3 e continuar dependente do petróleo.
A maneira como se estimula a oferta de energia no Brasil tem o efeito perverso
de beneficiar o menor preço, mesmo que comprometa o meio ambiente. É o que
ocorre com o barateamento (e a entrada vigorosa na matriz energética) das
usinas termelétricas, em contraste com a suposta inviabilidade daquelas que se
apóiam em energia solar ou eólica37. Juntando-se a isso a falta de estímulo
para a economia no consumo de energia e os pesados investimentos em petróleo
anunciados com o pré-sal, compreende-se o contraste entre o padrão brasileiro e
o internacional quanto à intensidade energética da economia (ou seja, a
quantidade de energia necessária para produzir os bens e os serviços de que o
país depende). A Tabela_2, com dados da Agência Internacional de Energia e da
OECD, mostra que com exceção da Arábia Saudita, o Brasil é o país do G20 que
menos reduziu a intensidade energética de sua economia entre 1990 e 2005.
Na fronteira do avanço tecnológico contemporâneo estão tecnologias que permitem
reduzir de forma crescente a intensidade energética da produção industrial, dos
transportes e do próprio consumo doméstico. Friedman38 mostra o avanço das
redes elétricas inteligentes (smart grids), em que as empresas fornecedoras
serão remuneradas não em função da ampliação do consumo de seus clientes, mas,
ao contrário, por sua capacidade de promover sua redução. Ao mesmo tempo, os
próprios aparelhos que usam energia elétrica são e serão cada vez mais
concebidos para que usem a menor quantidade possível de energia. Produzir e
consumir não apenas emitindo menos carbono, mas usando menos energia e menos
materiais: esta é a dimensão mais relevante das invenções e das descobertas
industriais recentes.
Chama a atenção, nesse sentido, um contraste flagrante entre a tendência,
certamente positiva, de diminuição nas emissões de gases de efeito estufa por
unidade de produto gerado pela economia brasileira e, ao mesmo tempo, um
aumento preocupante no uso total de energia. Cai a intensidade de carbono (pela
presença de fontes energéticas pouco dependentes de energia fóssil), mas
aumenta a intensidade energética da indústria.
Estes dados estão claramente expostos no Balanço Energético do Estado de São
Paulo, de 2008. De forma agregada, a economia paulista apresenta uma redução
notável da emissão total de CO2 por queima de combustível, não só por
habitante, mas também como razão do Produto Interno Bruto (PIB) estadual
(Gráficos_3 e 4).
No entanto, quando se observa a intensidade energética do PIB paulista, o que
se vê é um aumento considerável. O consumo de energia por unidade de produto,
que declina em quase todos os países do G-20, em São Paulo se eleva, assim como
para todo o Brasil. Mas os dados setoriais da Tabela_3 revelam algo ainda mais
preocupante: cai a intensidade energética do setor primário (o que indica menor
uso de energia, na agricultura e na mineração, por uma mesma magnitude de PIB
estadual), mas fica estável a do setor terciário e, mais importante, aumenta de
forma muito significativa a intensidade energética da indústria em São Paulo.
Na indústria, entre 1994 e 2006, há um aumento de 26% no consumo de energia por
unidade de produto. É exatamente o contrário da tendência dos países
desenvolvidos, em que o consumo de energia por unidade de valor produzido na
indústria cai. Esta queda, na Europa, por exemplo, explica-se em parte pelo
fechamento de indústrias altamente ineficientes nos países do Leste. Mas mesmo
nos países de industrialização mais avançada, ela ocorre.
O que há nesta questão, de um lado, é um processo positivo que corresponde ao
uso da biomassa (do etanol) por parte das próprias usinas de cana-de-açúcar e
ao fornecimento de energia para a rede elétrica, que se soma ao emprego de
fontes vindas da hidreletricidade. No entanto, de outro lado, o padrão geral de
uso de energia não se altera de forma significativa, o que representa o risco
de que a indústria esteja em descompasso com os parâmetros globais que regem a
inovação contemporânea e onde a redução na intensidade energética é decisiva.
Esse descompasso se exprime também no fato de que a grande mudança na indústria
automobilística, representada pelos automóveis flex, apóia-se em modalidade de
uso da energia cuja eficiência pode ser duplamente contestada. De um lado,
apesar do avanço tecnológico representado pelo etanol, seu uso destina-se a
motores a explosão interna do qual há fortes indicações de que corresponde a
uma fase em plena superação (em benefício dos motores elétricos) por parte da
indústria automobilística. De outro lado, mesmo que o etanol seja neutro do
ponto de vista das emissões, não se pode dizer que os veículos que ele coloca
em movimento são eficientes do ponto de vista da utilização de energia. São
Paulo corre o risco de o combustível limpo escamotear o fato de que o
transporte individual na mega metrópole ser cada vez menos compatível com um
mínimo de eficiência no emprego do tempo e dos recursos materiais.
CONCLUSÃO
O sucesso brasileiro em reduzir as queimadas na Amazônia e o trunfo de sua
matriz energética são importantes, mas nem de longe caracterizam uma dinâmica
própria ao desenvolvimento sustentável. É verdade que o Brasil passou, nos
últimos anos, por um processo expressivo de redução simultânea e inédita da
pobreza e da desigualdade de renda. Os avanços nesta direção, entretanto, não
se apóiam hoje em formas de crescimento econômico voltadas explicitamente a
menor uso de energia e de materiais. O crescimento industrial brasileiro corre
fortemente o risco de dissociar-se do que de mais avançado se faz hoje em
termos internacionais com o avanço, por exemplo, dos automóveis elétricos. As
políticas públicas não cumprem o papel decisivo de antecipar aos atores sociais
os comportamentos necessários a uma estratégia voltada à ampliação das
liberdades humanas no âmbito do uso sustentável da biodiversidade. Ao
contrário, apostando no cenário chamado, com razão, por Bessermam Vianna, Veiga
e Abranches39 de business as usual, elas perpetuam o permanente confronto entre
as necessidades do crescimento e as exigências da "questão ambiental". Os
exemplos aqui mencionados mostram que o Brasil não está diante de uma questão
ambiental e sim do desafio de formular uma verdadeira estratégia de
desenvolvimento sustentável. O permanente isolamento do Ministério do Meio
Ambiente com relação ao restante do governo é a expressão emblemática do
processo social mais amplo que transforma a "questão ambiental" num tema à
parte e não transforma a resiliência dos ecossistemas no eixo de criação de
oportunidades na luta contra a pobreza.
Este atraso é mais nítido na Amazônia que em qualquer outro lugar, como bem
mostra o já citado documento fundamental da Academia Brasileira de Ciências.
Com efeito, por maiores que sejam as conquistas representadas pelo aumento das
áreas de reservas e pela recente concertação de atores para reduzir a
devastação, não se formou ainda uma coalizão social capaz de transformar a
biodiversidade, os produtos e os serviços ecossistêmicos da exploração
florestal sustentável na grande fonte de ganhos econômicos para os agentes
privados e para a região como um todo. Ninguém sabe, hoje, exatamente, como
fazer isso. Mas certamente aí reside o grande desafio da elaboração de uma
estratégia de desenvolvimento sustentável para o Brasil.
RICARDO ABRAMOVAY, professor titular do Departamento de Economia da FEA/USP e
coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental (NESA).
[*] Agradeço os comentários e as sugestões de José Eli da Veiga, Sérgio Leitão,
Beto Ricardo, Reginaldo Magalhães, Arilson Favareto, Isabel Drigo e Thiago
Morello Silva, que, evidentemente, não são responsáveis pelos erros e omissões
do trabalho.
[1] Sen, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo, Companhia das
Letras, 1999.
[2] Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and human wellbeing: synthesis.
Washington, DC: Island Press, 2005.
[3] "Devastação do cerrado é maior que da Amazônia". JusBrasil Notícias, 11/9/
2009. Disponível em <http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1867382/devastacao-
do-cerrado-e-maior-que-da-amazonia>, consultado em 5/6/2009.
[4] Fearnside, P. M. "Science and carbon sinks in Brazil". Climatic Change,
2009, pp. 373-78.
[5] Ângelo, C. "Perda de florestas cai 19% em uma década". Folha de S. Paulo,
26/3/2010, p. 17.
[6] Disponível em <http://www._socioambiental.org/uc/quadro_geral>, consultado
em 4/6/2010.
[7] Abramovay, R. e outros. "Social movements and NGOs in the construction of
new market mechanisms". Economic Sociology. The European Electronic Newsletter,
2010, vol. 11, nº 2, mar, pp. 24-30.
[8] Bartley, Tim. "Institutional emergence in an era of globalization: the rise
of transnational private regulation of labor and environmental conditions".
American Journal of Sociology, 2007, vol. 113, nº 2, set., pp. 297-351.
[9] Cardoso, F. Do confronto à governança ambiental: uma perspectiva
institucional para a moratória da soja na Amazônia. São Paulo: dissertação de
mestrado, Procom/USP, 2008.
[10] Iervolino, T. "Os bancos não possuem uma atuação sustentável na Amazônia e
às vezes são cúmplices da violação da Lei vigente, afirma especialista".
Entrevista de Roland Widmer, 2010. Disponível em <http://_www.amazonia.org.br/
noticias/_noticia.cfm?id=354389>, consultado em 25/5/2010.
[11] Campbell, K. T. e outros. The forest footprint disclosure: annual review
2009. Oxford: Global Canopy Programme, 2010, p. 5.
[12] Ibidem.
[13] Rastreamento é um conjunto de procedimentos voltados a expor os impactos
socioambientais de um sistema produtivo. Ele é fundamental no crescente
movimento de certificação que hoje vai muito além de produtos de nicho,
começando a atingir biocombustíveis, soja, óleo de palma, entre outros. É claro
que se trata de um processo polêmico, cuja construção supõe que os diferentes
atores e interesses sociais tenham força para fazer prevalecer seus pontos de
vista sobre a natureza e a importância dos diferentes impactos. Ver, nesse
sentido, Abramovay e outros, op. cit.
[14] Soares Filho, B. e outros. "Reducing carbon emissions from deforestation:
the role of ARPA's protected areas in the Brazilian Amazon". IPAM/UFMG/WWF/
Woods Hole Research Center, 2008. Disponível em <http://www.whrc.org/resources/
published_literature/pdf/SoaresFilhoetal.IPAM.08.pdf>, consultado em 25/5/2010.
[15] North, D. C. e outros. Violence and social orders: a conceptual framework
for interpreting recerde human history. Cambridge: Cambridge University Press,
2009.
[16] Freitas, T. "Pecuária sustentável sob pressão". O Estado de São Paulo, 24/
2/2010, p. B 18.
[17] Formenti, L. . "PF prende 60 de quadrilha acusada de faturar R$ 1 bilhão
com madeira ilegal". O Estado de São Paulo, 22/5/2010, p. A 25.
[18] Disponível em <http://abag._technoplanet.com.br/images/pdfs/
evaristo_miranda.pdf>, consultado em 29/5/2010.
[19] Landell-Mills, N. e Porras, T. I. "Silver bullet or fools' gold? A global
review of markets for forest environmental services and their impact on the
poor". Instruments for Sustainable Private Sector Forestry Series. Londres:
International Institute for Environment and Development, 2002.
[20] Waack, R. "Uma luz sobre a floresta". Época Negócios, 2008, jul., pp. 42-
9, p. 48.
[21] "Amazônia desafio brasileiro do século XXI: a necessidade de uma revolução
científica e tecnológica". Academia Brasileira de Ciências, 2008, p. 13.
Disponível em <http://_www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-20._pdf>, consultado em 8/6/
2010.
[22] Zanatta, M. "Código Florestal precisa deixar o agricultor em paz.
Entrevista com Aldo Rebelo". Valor Econômico, 17/5/2010, p. A 14.
[23] No âmbito do projeto Agricultural Land Use and Expansion Model, a equipe
dirigida por Gerd Sparovek mostra não só a importância do código florestal para
proteger os mais importantes biomas brasileiros (apesar da necessidade de que
ele seja repensado em seus mecanismos), mas, sobretudo, sustenta de maneira
muito fundamentada que a "agropecuária definitivamente não precisa de novas
terras para poder se desenvolver (Sparovek, Gerd e outros. "Considerações sobre
o Código Florestal brasileiro". Projeto Agricultural Land Use and Expansion
Model, 2010, p. 5. Disponível em <http://www._ekosbrasil.org/media/file/OpCF_
gs_010610_v4.pdf>, consultado em 8/6/2010).
[24] Zanatta, "Projeto do Senado autoriza obra de hidrovia em áreas indígenas".
Valor Econômico. 8/3/2010, p. A 6.
[25] Disponível em <http://www._inesc.org.br/noticias/noticias-gerais/_2010/
abril/nota-publica>, consultado em 25/5/2010.
[26] Academia Brasileira de Ciências, op. cit, p. 13.
[27] A versão definitiva do segundo inventário brasileiro (o primeiro contém
dados de 1994 e foi divulgado em 2004) deve ser divulgada em outubro de 2010.
[28] Brown, Lester. PLAN B 4.0 mobilizing to save civilization. Nova York:
Norton Books, 2009.
[29] Pan, J. e Zhu, X. "Energy and sustainable development in China". Helio
International, 2006. Disponível em <http://www.rcsd.org._cn/NewsCenter/
NewsFile/Attach-_20060511135615.pdf>, consultado em 26/5/2010.
[30] "Plano decenal de expansão de energia 2019". EPE, 2010. Disponível em
<http://www.epe.gov.br/_PDEE/20100504_1.pdfm última consulta 25/05/2010> .
[31] São especialmente persuasivos os argumentos expostos por Silva, M."Represa
de erros". Folha de S. Paulo, 26/4/2010, p. A 2. Quanto aos
problemas ligados à usina de Belo Monte, ver Smeraldi, R. "Xingubras, uma
aposta na incerteza". Folha de S. Paulo, 16/4/2010, p. A 3.
[32] Abramovay, "Eficiência e contestação socioambiental no caminho do etanol
brasileiro". Política Externa, 2008, vol. 2, set.-out.-nov.
[33] Doornbosch, R. e Steenblik, R. "Biofuels: is the cure worse than the
disease?". OECD/SG/SD/RT, 2007. Disponível em <http://www.oecd._org/dataoecd/
15/46/39348696._pdf>, consultado em 25/5/2010.
[34] Zilles, R. e Rüther, R. "Telhados solares e a indústria fotovoltaica".
Valor Econômico, 4/4/2010, p. A 12.
[35] Feitosa, P. H. A. "Energia solar no Brasil". Valor Econômico, 24/3/2010,
p. A 12.
[36] Lucon, O. e Goldemberg, J. "Crise financeira, energia e sustentabilidade
no Brasil". Estudos Avançados, 2009, vol. 23, nº 65, pp. 121-30, p. 24.
[37] Ibidem, p. 125.
[38] Friedman, T. Hot, flat and crowded. Nova York: Farrar, Straus and Giroux,
2009.
[39] Besserman Vianna, S.; Veiga, J. E. da e Abranches, S. "A sustentabilidade
do Brasil". In: Giambiagi e Barros (orgs.), Brasil pós-crise: agenda para a
próxima década. Rio de Janeiro: Campus, 2009, pp. 305-24.