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EuPTCVAg0254-02232001000200001

EuPTCVAg0254-02232001000200001

variedadeEu
ano2001
fonteScielo

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COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO E VITÍCOLA DA CV. TOURIGA NACIONAL NUMA PARCELA DE VINHA “AO ALTO” NA REGIÃO DEMARCADA DO DOURO*

INTRODUÇÃO Face aos diferentes condicionalismos de ordem sócio-económica que surgiram a partir de 1960 na Região Demarcada do Douro, relacionados essencialmente com a fraca disponibilidade de mão-de-obra, os esquemas de implantação e exploração de novos vinhedos sofreram profundas adaptações de forma a torná-los mais mecanizáveis (Almeida et al., 1982; Aguiar, 1987; Queiroz, 1996; Magalhães, 1998). Entre as diversas alterações efectuadas destacou-se a armação do terreno em patamares largos (≈3,8m de largura, 2 filas de videiras) ou estreitos (≈2,2m de largura, 1 fila de videiras), segundo as curvas de nível e com talude de terra, ou mantendo o declive original para disposição da vinha segundo as linhas de maior declive (vinha “ao alto”) (Félix e Guerra, 1998).

Num cômputo geral, estas modificações possibilitaram grandes melhorias, sobretudo em termos de produtividade do trabalho. Porém, relativamente à conservação do solo, estes novos sistemas passaram a exigir cuidados redobrados para minimizar a erosão provocada pela escorrência das águas superficiais, especialmente durante a queda de chuvas torrenciais.

Particularmente, numa vinha “ao alto” é provável que o solo surribado sofrendo alterações quantitativas e qualitativas ao longo das linhas de maior declive. Neste trabalho é apresentado um estudo comparativo de videiras situadas em cotas extremas duma parcela de vinha “ao alto”, onde se procuraram avaliar as consequências, quer fisiológicas quer vitícolas, dessas alterações edáficas.

MATERIAL E MÉTODOS Material vegetal e tratamentos: O ensaio de campo foi realizado na Quinta do Seixo (latitude 41°10’N, longitude 7°33’W, altitude 100m), situada no concelho de Tabuaço, na sub-região Cima-Corgo da Região Demarcada do Douro, no ano de 1996. escolheu-se uma parcela de vinha, com a casta tinta Touriga Nacional (clone 4106) enxertada, na Primavera de 1986, em 1103P. A parcela está localizada numa encosta com declive de 16° (30%), estando os bardos conduzidos segundo as linhas de maior declive, com orientação NW-SE, compasso de 2,0 m de distância na entrelinha e 1,20 m de planta a planta (4167 cepas/ha). A vinha está conduzida, na metade inferior da parcela, em cordão bilateral, tipo Royat, isto é, exclusivamente podada a talões, com uma carga média de 12 olhos/cepa e, na metade superior da parcela, em cordão unilateral, também tipo Royat, com uma carga média de 8 olhos/cepa. Esta diferente carga à poda nas videiras da parcela é uma consequência directa das características físico-químicas do solo. Com efeito, da análise físico-química do solo (quadro I), concluiu-se que a parcela é constituída por duas zonas bem distintas quanto às características do solo: na metade superior o solo é mais pedregoso e cascalhento, tem maiores percentagens em areia grossa e areia fina e, em contrapartida, tem menores percentagens em limo e argila do que na metade inferior da parcela; na posição superior do terreno o teor em matéria orgânica é também bastante baixo e, do ponto de vista químico, é muito mais pobre em fósforo e potássio assimilável, mas menos ácido; os valores de pF permitem também constatar que os limites superior (pF2,0) e inferior (pF4,2) de água utilizável, equivalente à água retida à capacidade de campo ou no ponto de emurchecimento, respectivamente, eram bastante mais baixos no solo da cota superior do terreno. Partindo desta informação de base, neste trabalho procedeu-se à comparação do comportamento fisiológico e vitícola das videiras nessas duas zonas, denominando-se “cota superior” a um conjunto de 40 videiras (10 plantas em cada bardo, sendo estes contíguos) localizado no extremo superior da parcela de vinha “ao alto” e “cota inferior” a um igual número de videiras situadas no extremo inferior da mesma e nos mesmos bardos. Durante o ciclo vegetativo em que decorreu esta experiência as operações culturais não sofreram qualquer alteração em relação à prática normal na empresa proprietária da parcela do ensaio e na região.

Condições ambientais e relações hídricas: Os dados climáticos obtiveram-se a partir de uma estação meteorológica (Delta-T Devices, UK) instalada na parcela. Nessa informação (Moutinho-Pereira e Torres-Pereira, 2000), relativamente à normal (período de 1961/902 ), a salientar a elevada pluviosidade ocorrida em 1995/96 durante o Inverno e no mês de Maio e, em contrapartida, a ausência de precipitação durante os meses de Verão (figura 1).

O potencial hídrico das folhas (Ψf) foi determinado com uma câmara de pressão (ELE International, England), de acordo com o método descrito por Scholander et al. (1965). As medições foram efectuadas ao fim da noite (Ψf de base) e ao meio-dia solar (Ψf mínimo) em folhas expostas e do terço médio dos sarmentos.

Medições das trocas gasosas das folhas: As determinações da fotossíntese aparente (A), taxa de transpiração (E), condutância estomática (gs), concentração em CO2 nos espaços intercelulares (Ci) e temperatura da folha (Tl) foram efectuadas com um analisador de gás por radiação infravermelha, funcionando em modo diferencial e em circuito aberto (modelo LCA-3, da Analytical Development Co.Ltd.), e segundo as fórmulas de cálculo propostas por von Caemmerer e Farquhar (1981). Em computador, procedeu-se ainda ao cálculo da razão A/Ci (gm) e A/gs para se obter uma estimativa da condutância do CO2 no mesófilo clorofilino (Candolfi-Vasconcelos, 1990) e da eficiência intrínseca do uso em água (Düring, 1994; Flexas et al., 1998), respectivamente.

-Pigmentos clorofilinos: No período da maturação (14 Agosto) foram retirados discos foliares (3,14 cm2) de folhas expostas e do terço médio dos sarmentos, congelados em N2 e armazenados a -80 °C. Em laboratório procedeu-se à quantificação espectrofotométrica da clorofila a e b em extractos foliares dissolvidos em acetona a 80 % (Sesták et al. 1971). No mesmo extracto acetónico utilizado para a quantificação das clorofilas doseou-se o teor em carotenóides totais (Lichtenthaler, 1987).

Açúcares solúveis e amido: Para a quantificação dos açúcares solúveis (glucose, frutose e sacarose) e insolúveis (amido, expresso em equivalentes de hexose) foram colhidas amostras de folhas (2 discos com 2 cm ø) em todas as modalidades e em 2 períodos diferentes do dia, no período da maturação (16 Agosto): antes de nascer o Sol e próximo das 16 horas. Os discos, depois de envolvidos em papel de alumínio, foram imediatamente congelados em azoto líquido e posteriormente armazenados a -80°C até ao momento da extracção. No processo de extracção e quantificação espectrofotométrica destes metabolitos procedeu-se conforme a metodologia descrita por Jones et al.

(1977) e Osório (1994).

Estimativa do índice de área foliar: Para esta avaliação (L), aplicou-se o modelo semi-empírico da intercepção da radiação pela vegetação, adaptado por Oliveira e Santos (1995) para os sistemas de condução tradicionais do Douro e baseado fundamentalmente na aplicação da lei de Beer [Sh(L) = Sh(0)exp(-KL)] e no trabalho de Campbell (1986). Para o efeito, utilizou-se um ceptómetro (Decagon Sunfleck Ceptometer, Delta-T Devices LTD), constituído por uma haste com 80 sensores distribuídos linearmente ao longo da haste, para registar 15 valores médios de PPFD transmitida pela vegetação ao meio-dia solar e por tratamento, Sh(L). Media-se também, no mesmo momento, a radiação incidente no local, Sh(0). O coeficiente de extinção (K) obteve-se dividindo o dobro da área média de sombra do copado, ao meio-dia solar, pela área exposta de todo o copado. Os valores obtidos (L) expressam a superfície foliar total que existe sobre a área de projecção da parede de vegetação no plano horizontal, a superfície do solo.

Estimativa do número de camadas de folhas: Para esta estimativa seguiuse a técnica do “Point Quadrat” (Smart e Robinson, 1991). Para isso, inseriuse transversalmente uma vara fina no copado, numa zona ligeiramente acima dos cachos, registando-se o número de contactos com folhas nesse trajecto.

Em cada modalidade fizeram-se 50 medições, sensivelmente em intervalos de 50 cm ao longo do bardo, e calculou-se o número médio de camadas de folhas (LLN= número total de folhas/número de inserções).

Microclima luminoso no interior do copado ao nível dos cachos: As medições dos níveis de PPFD no interior do copado foram efectuadas com um ceptómetro (Decagon Sunfleck Ceptometer, Delta-T Devices LTD). Para o efeito, seleccionaram-se 2 níveis no perfil do bardo, onde era colocado o ceptómetro em posição horizontal e paralelamente à orientação dos arames do bardo, e que designamos por topo (radiação incidente no topo do bardo e tida como radiação de referência) e cachos (radiação incidente no interior do bardo, zona dos cachos, a cerca de 20 cm da base da parede de vegetação.

Relativamente à razão vermelho/vermelho longínquo (660nm/730nm) (R/FR), as medições foram feitas no interior do copado, junto aos cachos, usando 2 radiómetros em simultâneo (Radiometer/Photometer, modelo IL1400A, international light INC, USA), estando um ligado a um sensor red (660nm) e o outro a um sensor far-red (730nm). Em computador procedeu-se ao cálculo da razão R/FR. Quer estas determinações quer as da PPFD foram feitas num dia de céu completamente limpo e em período próximo do meio-dia solar.

Rendimento e qualidade das uvas: À vindima, nas 40 videiras de cada de modalidade, foram registados o número de cachos e o respectivo peso por videira. Durante a maturação e à vindima colheram-se 180 bagos por tratamento para, em laboratório, se proceder à determinação do peso e volume médio por bago, teor em sólidos solúveis totais (°Brix), acidez total e pH (OIV, 1990).

Registos à poda: No Inverno, após a poda, procedeu-se à pesagem do varedo de poda de cada videira e calculou-se o peso médio por lançamento. Estes dois parâmetros foram usados como indicadores da expressão vegetativa e do vigor, respectivamente (Champagnol, 1978).

Análise estatística: Os dados foram submetidos à análise de variância com um critério de agrupamento. As médias foram comparadas, atribuindo-se a seguinte notação simbólica: ns, *, ** e *** para diferenças não significativas (P>0,05), significativas (P<0,05), muito (P<0,01) e altamente significativas (P<0,001), respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise dos dados experimentais recolhidos neste ensaio sugere que a disposição da vinha segundo as linhas de maior declive é susceptível de provocar comportamentos fisiológicos e agronómicos distintos nas videiras ao longo dos bardos. Relativamente aos resultados do Ψf obtidos ao longo do Verão, constatou-se que os seus valores foram significativamente mais elevados nas videiras da cota inferior do terreno, particularmente nas determinações efectuadas antes do nascer do sol (figura 2). Este comportamento está, certamente, relacionado com a maior capacidade de retenção de água por parte do solo da cota inferior do terreno. Com o decorrer do período estival, as videiras da cota superior demonstraram sempre maiores dificuldades em restabelecer e manter o seu estado hídrico, provavelmente exacerbado pelo acréscimo suplementar de superfície foliar formada no período inicial do ciclo vegetativo.

Tais resultados tiveram reflexos consideráveis nas trocas gasosas (CO2 e H2O) das folhas expostas. Com efeito, registaram-se valores médios de gs, A e E significativamente mais elevados nas folhas das videiras da cota inferior mas, em termos de A/gs, o comportamento dessas videiras foi, em geral, pior do que nas folhas das videiras da cota superior do terreno (figura 3). Naquela modalidade notou-se ainda que tanto a Ci como a gm foram significativamente mais elevadas, particularmente nas medições efectuadas ao meio-dia solar. De acordo com Farquhar e Sharkey (1982), o mesmo comportamento relativo da Ci e da A sugere que o controlo estomático terá sido a principal causa das diferenças registadas na assimilação líquida de CO2 entre as modalidades estudadas. Aliás, esta constatação é também reforçada pelos coeficientes de correlação bastante elevados que se obtiveram entre a A e a gs (r>+0,95), independentemente da cota do terreno, o que vai de encontro aos resultados de vários estudos efectuados em videiras, em dias típicos de Verão mediterrâneo (Chaves et al., 1987; Naor et al., 1994; Osório, 1994; Chaumont et al., 1994, 1997).

Verificou-se também que nas folhas das videiras da cota superior do terreno as concentrações em clorofila a, b e total e em carotenóides totais eram mais reduzidas do que nas folhas das videiras da cota inferior do terreno (quadro II). Os resultados obtidos mostraram ainda que nas folhas das videiras da cota superior os decréscimos em clorofila a foram relativamente mais acentuados do que em clorofila b, pelo que a razão entre estas duas formas foi mais deprimida do que nas folhas das videiras da cota inferior do terreno. De acordo com Candolfi-Vasconcelos (1990), as menores razões Cla/b, quando associadas a menores teores em clorofila total, reflectem um aumento do complexo captador de luz clorofila a/b-proteína, relativamente ao conteúdo total de clorofila dos cloroplastos. Este complexo contém toda a clorofila b e está intimamente associado ao PSII.

No que concerne aos teores em açúcares solúveis e amido, pôde-se registar -uma certa analogia com o que se observou ao nível das trocas gasosas das folhas das videiras das duas cotas do terreno. Com efeito, as concentrações de sacarose e amido foram bastante mais elevadas nas folhas das videiras da cota inferior do terreno (quadro II), precisamente onde se determinaram as maiores taxas fotossintéticas (figura 3). Aliás, também nos estudos efectuados por Chaves (1986) se constatou que os teores em açúcares redutores e solúveis eram mais elevados nas folhas com maior actividade fotossintética. Quanto ao amido, Botos-Bålo et al. (1992) puderam registar, através de imagens obtidas em microscópio electrónico, que os cloroplastos das folhas com maior capacidade fotossintética tinham grãos de amido muito mais volumosos. Neste ensaio é ainda de sublinhar o acréscimo de concentração de sacarose e, principalmente, de amido, desde manhã cedo até à tarde, confirmando as mesmas tendências referidas por Osório (1994), Chaumont et al. (1994) e Hunter et al. (1995), em ensaios de campo.

Quanto à análise dos parâmetros de vegetação, a estimativa da superfície foliar total permitiu constatar a ausência de diferenças significativas ao pintor mas à maturação, para além do esperado decréscimo de área foliar em todas as videiras, a área foliar das videiras da cota inferior do terreno foi significativamente mais elevada (quadro III), presumivelmente porque nesta fase adiantada do ciclo vegetativo as diferenças de água disponível entre os solos das duas cotas do terreno eram mais acentuadas e, por conseguinte, mais discriminatórias do desenvolvimento vegetativo das videiras. Em termos de densidade do copado, verificou-se que as paredes de vegetação eram menos densas (menor de camadas de folhas) nas videiras da cota superior do terreno (quadro III), particularmente no período da maturação em que a senescência das folhas da base dos sarmentos era bastante expressiva. Ao nível do microclima luminoso no interior do copado, a PPFD interceptada na zona dos cachos das videiras da cota superior do terreno foi, por conseguinte, mais elevada e as diferenças acentuaram-se significativamente desde o pintor até à maturação. Quanto à razão R/FR, em geral, também os maiores valores foram determinados nas videiras com menor carga à poda (quadro III). De referir que, mesmo na outra modalidade, onde essas razões foram menores, os valores médios estiveram bastante acima de 0,1, limite abaixo do qual os copados são considerados excessivamente densos e desfavoráveis para importantes aspectos do metabolismo vegetativo e reprodutivo das videiras (Smart e Robinson, 1991; Dokoozlian e Kliewer, 1995a, 1995b).

A estimativa da expressão vegetativa permitiu observar um certo paralelismo com superfície foliar total das videiras de cada cota do terreno no período do pintor, como aliás também foi realçado por Murisier (1996) em ensaios efectuados com as cultivares Chasselas e Gamay. Nessa estimativa não se registaram diferenças significativas entre as duas modalidades (quadro III). no que respeita ao vigor, foi nas videiras da cota superior do terreno que, por terem sido podadas com menor carga, os sarmentos cresceram muito mais vigorosamente (quadro III). Tanto Clímaco e Chaves (1984) como Gal et al.

(1996) chegaram a idênticas conclusões, quanto à expressão vegetativa e vigor das videiras podadas com diferente carga, embora em condições edáficas muito homogéneas. No nosso ensaio, dadas as diferenças que existiam entre os solos das duas cotas, em textura (quadro I) e supostamente em profundidade, as diferenças, em termos de expressão vegetativa, teriam sido certamente mais acentuadas, caso a carga à poda tivesse sido a mesma em todas as videiras da parcela. Isto mesmo foi constatado por Myburgh et al. (1996) em videiras implantadas em solos com diferente profundidade.

Relativamente à produção de uvas, registaram-se diferenças bastante significativas entre as videiras das duas cotas, quer a nível qualitativo quer quantitativo. O índice de maturação, expresso pela razão entre os açúcares e a acidez total dos bagos, foi mais elevado nas videiras da cota superior do terreno mas, em contrapartida, foi nas videiras da cota inferior do terreno que a produção de uvas por cepa foi mais elevada (acréscimos de 34%), devido essencialmente ao maior número de cachos por videira (quadro III). As mesmas tendências tinham sido referidas por outros autores, designadamente por Clímaco e Chaves (1984) na cv. “Vital”, Yuste et al. (1996) na cv. “Tempranillo” e Murisier (1996) na cv. “Chasselas”.

O índice de Ravaz, calculado através do quociente entre o peso de uvas de cada videira e o respectivo peso da lenha de poda, revelou que as videiras da cota inferior geriram muito melhor a repartição de assimilados pelas “sinks” vegetativa e reprodutiva. Com efeito, foi nessa cota do terreno que esse índice foi mais elevado (quadro III), ultrapassando mesmo o limite de 5, valor abaixo do qual Bravdo et al. (1985) consideraram como desajustado entre as referidas “sinks”, em prejuízo do volume de colheita. Os baixos índices de Ravaz calculados nas videiras da cota superior do terreno, positivamente relacionados com uma maior proporção de órgãos “source” em relação à quantidade de cachos (Smart e Robinson, 1991), justificam, em certa medida, a tendência para maiores teores em açúcar dos bagos nessa modalidade.

CONCLUSÕES Na Região Demarcada do Douro, a formação de uma vinha segundo as linhas de maior declive tem como principal inconveniente, para o solo da cota mais elevada da parcela, o gradual empobrecimento em elementos argilo-húmicos, devido à acção dos agentes meteorológicos, e a consequente diminuição da capacidade de armazenamento de água. Esta realidade obriga a um reajustamento permanente das práticas culturais visando, por um lado, a preservação dos solos nessa zona do terreno e, por outro lado, o prolongamento, tanto quanto possível, da longevidade e capacidade produtiva das videiras implantadas. No presente trabalho, foi possível verificar diferenças de comportamento a nível fisiológico e a nível produtivo entre as duas situações em estudo: (1) durante o período estival, tanto o potencial hídrico foliar como a capacidade fotossintética das folhas expostas das videiras da cota superior do terreno foram mais reduzidas; a nível do mesófilo clorofilino, a menor taxa de assimilação líquida de CO2 esteve associada a menores teores em clorofila a, b e total, e em carotenóides totais.

(2) durante a maturação, a senescência foliar foi menos intensa nas videiras da cota inferior do terreno, o que é confirmado pela menor PPFD interceptada na zona dos cachos dessas videiras, durante este período.

(3) a produção de uvas por cepa foi bastante menor nas videiras da cota superior do terreno; em contrapartida, o índice de maturação, expresso pela razão entre os açúcares e a acidez total dos bagos, foi maior nessa videiras do que nas videiras da cota inferior do terreno, onde o quociente entre o peso de uvas de cada videira e o respectivo peso de lenha de poda foi mais equilibrado.


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